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    Mil Vezes Boa Noite & Bolo de Aipim

    Estava eu vagando pela Netflix (quem nunca?) e acabei me deparando com Mil Vezes Boa Noite. Já fiquei com vontade de assistir quando vi Juliette Binoche na capa, pois quando tem ela, geralmente, temos um bom filme. Li a sinopse, achei interessante. Para completar tinha recentemente terminado de ver Gamer of Thrones e andava cativada por Jaime Lannister (Nikolaj Coster Waldau), o irmão sentimental de Cersei, então concluí que deveria mergulhar naquelas quase duas horas de filme.

    Nos primeiro 15 minutos de filme ficamos sabendo quem é Rebecca (Binoche), uma fotógrafa que está em um país africano, fotografando um ritual de um grupo de mulheres. Após simularem o que parecia um funeral, elas começam a prender dezenas de bombas no corpo de uma integrante. Depois de um tempo nos damos conta que aquela é a preparação de um ato terrorista. Rebecca segue com sua câmera até o ato da explosão, que é filmada com maestria. Mesmo ferida, ela segue tirando fotos, obcecada pelo registro de tudo.

    De volta para casa, em recuperação do atentado, onde acabou quase morrendo, Rebecca recebe um ultimato do marido Marcus (Kikolaj Coster Waldau): ou ela abandona a carreira, ou ele vai se separar dela.

    Ela entra então em um complexo dilema pessoal: deve ela deixar a responsabilidade de fotógrafa jornalistica, que é expor ao mundo os horrores da guerra, ou manter sua família integra e saudável?

    Além do marido, existem duas filhas. A mais velha, Steph, tem com ela ótimos diálogos e situações que fazem com que Rebecca repense muito toda sua vida profissional e familiar. É clara a dor da família, o medo de perdê-la a cada viagem, a falta que ela faz em casa. As meninas estão confusas e melindradas. Por vezes se mostram revoltadas por não terem aquela mãe padrão, porém, há também aquela admiração pela força que ela tem e pela profissional que ela é, fazendo toda uma diferença no mundo.

    Nesse meio tempo, a filha começa a se interessar mais pelo trabalho da mãe, passando a entender o verdadeiro propósito de tudo aquilo. Muitos conflitos começam exatamente por isso, como se já não bastasse toda o stress que vivia aquela família.

    O diretor e roteirista norueguês Erik Poppe usa a direção de arte para expor as duas opções que Rebecca tem de escolher seguir. Em tonalidades mais azuis, quando está mais próxima a família e apostando no preto quando ela está mais para o trabalho, simbolizando o luto que o trabalho traz para ela.

    O trabalho da direção de fotografia é belíssimo, ele fala por si só. Poppe cria planos minimalistas para contar a história, quando ela está em casa e com a família, closes com baixa profundidade de foco nos dão uma sensação de solidão e sofrimentos. Quando ela está trabalhando, no meio da zona da guerra, temos planos mais abertos, remetendo ao conforto dela dentro da situação.

    Mil vezes boa noite é um filme lindo, denso e amargurado. Entramos naquela dúvida junto com ela sobre o que fazer, se estivéssemos naquela situação. Um belo trabalho de Binoche, nos levando pela mão junto aos tão camuflados e temidos mundos da guerra.

    Uma realidade que deve ser sim mostrada ao mundo, alguém precisa fazer o “trabalho sujo” para que o universo se conscientize que é um ato cruel, onde muita gente morre e muitas vezes não leva a nada.

    Trailer:

    Resolvi postar com o bolo de aipim, pois ele me deixa com sensação de estar em casa. E isso para mim é uma coisa muito valiosa. Aquele aconchego que só o canto da gente dá. Ao contrário da personagem de Binoche, eu prefiro meu canto do que o mundo. Um tabuleiro de bolo de aipim não quer guerra com ninguém. Vamos a receita?

    bolo de aipim

    Bolo de Aipim

    Prep: 60 mins
    Cozimento: 40 min
    Serve: 6

    Ingredientes

    • 500 g de aipim descascado e picado em cubos
    • 3 ovos
    • 1 xíc. de açúcar
    • 1/2 xíc. de leite
    • 1/2 xíc. de leite de coco
    • 100 g de coco ralado
    • 1 pitada de sal
    • Manteiga para untar a forma

    Modo de fazer:

    1. Pré-aqueça o forno a 180º
    2. Unte a assadeira com a manteiga (usei uma de 18×28 cm)
    3. Bata todos ingredientes no liquidificador, exceto o coco ralado.
    4. Em uma tigela, despeje a mistura e incorpore o coco ralado.
    5. Coloque na assadeira e leve ao forno por 40 minutos.
    6. Retire do forno e sirva.
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    Cebola em Conserva & Vida

    Como podem ter notado faz algum tempo que não ando postando direito por aqui. Mas aí me pergunto: o que seria postar direito?

    Eu já tive muitos blogs, desde o tempo que deixei de ter agendas (alôoou adolescência anos 90) quando a era digital começou, eu tive meu primeiro blog. Depois existiram mais alguns, acho que uns 2 ou 3, alguns em conjunto com amigos, outros sozinha. Os meus blogs pessoais sempre foram como grandes desabafos e um modo de compartilhar experiências, referências, músicas, filmes, livros, poesia, bobagens, noites alcoolizadas ou tardes no Bom Fim.

    Hoje em dia eu sinto falta daquele formato, pois ele, além de trazer um grande alívio na alma, trazia amigos. Fiz muitos amigos através dos blogs. Amigos que saíram do virtual e vieram pra vida real. Eu dividi ap com pessoas que conheci pelo blog (O saudoso Ap da Osvaldo), eu conquistei amigos do peito, eu conheci gente de tudo que foi pedaço do Brasil (e também de fora). Não existia monetização de blogs. Não existia contagem de views para ver o quanto se podia ganhar com isso. Existia sim ir até o contador de acessos para ver de qual outro blog tinha vindo a visita, pra poder ir lá e agradecer. Conhecer. Compartilhar comentários.

    Um pouco de vida real

    O mundo digital era mais bonito quando não se importava em manter a beleza do seu blog/site pela quantidade de seguidores que ele poderia ter, mas sim por dar uma experiência bonita também aos olhos de quem vinha para ler o que você tinha a dizer.

    Não era preciso ter a melhor máquina fotográfica, fazer cursos de fotografia ou muitos fundos desfocados para ser reconhecido.

    Eu sinto falta da realidade, sintonia e liberdade dos blogs antigos.

    Acho que por isso que ando escrevendo pouco, me desmotivei. Talvez depois de todo esse desabafo eu volte, gostei de fazer isso. Sinceramente foi ótimo.

    Recentemente me mudei para uma casa e essa era a coisa que eu mais queria na vida. Achei que pela falta de tempo (devido as arrumações e adaptações) eu não tinha postado mais. Hoje pela manhã, analisando tudo isso, eu tive certeza que não.

    Cacau & Zen ~ Wa e Oli

    Um dos meus cães, o Wasabi foi operado de uma hérnia que surgiu do dia pra noite na semana passada. Eu compartilhei tal fato no Instagram, que é uma das únicas redes sociais que ainda me agrada. Foi tamanha a quantidade de energias positivas, comentários carinhosos e afagadores que recebi que fiquei pensando: é isso que é bom. É dessa interação que eu sinto falta, dessa coisa de amizade e não de ter mais e mais números para “agregar valor no camarote”.

    Mudar para uma casa me deu um gosto melhor na vida, me deu vontade de cozinhar mais, de poder plantar na terra, de ter vasos espalhados pelas muretas cheios de tempero. Meus cachorros de 2, passaram a ser 4. Eu e meu namorado finalmente conseguimos levar os cães dele também para morar com a gente, sendo assim ganhei mais dois filhos (enormes) de quatro patas.

    A vida anda sendo bem generosa para mim, apesar da grana curta, o amor é grande. E eu acho que no fim é isso que importa. O amor da gente com as pessoas, animais e com a natureza.

    O limoeiro, com Cacau ~ a nossa primeira flor

    Fato emocionante do momento: temos um limoeiro <3

    Por conta de tudo isso, resolvi acompanhar esse papo todo com uma receita de conserva de cebola. Tenho um alemão em casa que me fez pegar um certo vício por conservas, então, aprendi a fazer. Não, não quero concorrer com as da minha sogra, que são incríveis, mas a gente se esforça, né? Espero que gostem.

    Cebola em Conserva

    Preparo: 30 min
    Cozimento: 15 min
    Rendimento: 500 g

    Ingredientes

    • 1/2 kg de cebolas para conserva
    • 250 ml de vinagre de vinho
    • 250 ml de água
    • 1 1/2 colheres de sopa de sal
    • 25 ml de azeite
    • 2 dentes de alho
    • 2 folhas de louro
    • 1 colher de café de pimenta do reino (inteiras, sem moer)
    • 1 colher de café de pimenta calabresa
    • 1 colher de café de sementes de mostarda
    • 1 colher de café de orégano

    Modo de Fazer:

    1. Descasque as cebolas e leve para ferver em uma panela com água por 5 minutos. Desligue e escorra.
    2. Ferva todos os ingredientes: vinagre, água, azeite, sal, alho, louro e os condimentos escolhidos.
    3. Acomode as cebolas no vidro, coloque o liquido fervido em cima. Tampe bem.
    4. Em uma panela cheia de água leve o vidro para ferver, de cabeça para baixo por uns 30-45 minutos.
    5. Conserve em um local sem muita luz por uma semana, depois de aberto conservar na geladeira.
  • Depois da Tempestade - Hirokazu Koreeda
    Drama,  Salgados

    Depois da Tempestade & Curry (Kare) Japonês

    Hirokazu Kore-eda e sua perfeição em retratar o cotidiano simples e absolutamente encantador, como fazia com maestria Yasujiro Ozu.

    Em “Depois da tempestade” temos como personagem principal Ryota (Abe Hiroshi), um escritor que teve apenas um livro publicado com algum sucesso e devido a crise econômica se dedica a ser detetive particular.

    Ryota e a mãe

    Ryota acaba de se separar da mulher, com quem tem um filho que consegue ver apenas uma vez por mês. Nem sempre é possível pagar a pensão, o que o deixa frustrado e inseguro na relação que tem com o menino.

    Do outro lado temos a mãe dele, uma senhora adorável, a qual Hirokazu Kore-eda consegue mostrar de forma singular e poética a vida de uma pessoa idosa. Na singeleza de regar as plantas, cozinhar, ou fazer aula de música clássica com os vizinhos também de idade avançada.

    Você não pode encontrar a felicidade, até ter se desapegado de algo.

    O modo como ela fala sobre as lembranças do passado, do marido que já se foi, mostrando as fotos e cartões ainda escritos a mão é uma das coisas mais bonitas que já se viu. Ela não quer ser uma velhinha descolada, ela apenas demonstra o que é já ter uma vivência, uma trajetória formada na vida, mas que se preocupa muito com o futuro do filho quando ela não estiver mais por aqui.

    Ryota, o filho e a ex-mulher
    Ryota bebe e gosta de jogos de azar. Isso não o desabona em nada, afinal é um ser humano como qualquer um: tem defeitos, porém conseguimos ver também qualidades naquele homem sentimental e inseguro, muitas vezes.

    Temos aqui um clássico drama familiar, que se denota quando essa família já desfeita, se reúne em uma noite de tempestade na casa da matriarca, daí o título do filme.

    Nessa noite a costa do Japão foi assolada por uma enorme tempestade, onde as pessoas não eram aconselhadas a saírem de casa. Muitas vezes nem conseguiam um transporte para isso, foi assim que a família “se obrigou” a passar a noite junta novamente.

    Depois da Tempestade
    É muito difícil falar sobre os filmes de Hirokazu Kore-eda, pois ele retrata o cotidiano, o dia-a-dia, sem tramas incríveis ou surpreendentes. É a velha poesia do que se vive. Se analisarmos nossas próprias vidas, nem sempre elas contam com coisas apoteóticas diariamente. E é nessa beleza simples que nos traz tanta satisfação em assistir os filmes do japonês.

    …mas continuamos vivendo, desfrutando os dias.

    Na verdade, é por isso que continuamos.

    Então, encontramos alegria, dia após dia.

    Isso é complexo.

    Não, é simples.

    A vida é simples.

    O filme é profundo e gentil, com doses de humor e muita simplicidade. Temos o que fica, que é o amor, mesmo que possa parecer que ele já tenha ído embora.

    Fica por conta do espectador idealizar o que acontecerá a seguir, mas o que temos razão completa é que esse é mais um daqueles belos filmes que a gente termina pensando na nossa própria existencia e reflete sobre ele durante o resto da vida.

    Trailer:

    Para ver mais filmes de Hirokazu Kore-eda que já falei aqui no blog clique aqui.

    A receita de hoje é um Curry japonês, o prato é feito a partir do curry, chamado no Japão de kare (カレー). O curry tem origem indiana mas foi adaptado ao paladar japonês a partir da Era Meiji e acabou se tornando um dos pratos mais populares do país.

    No filme, a mão de Ryota cozinha um excelente curry com macarrão, que agrada a todos e é muito elogiado. Tem aquela coisa nostálgica do gostinho da casa da mãe (ou da vó).

    Existem várias maneiras de se comer o Kare, pode ser com arroz – o Kare Raisu, com macarrão – o Kare Udon e também com pão, chamado de Kare Pan.

    O Kare é feito com legumes picados, carne (aqui substituí pelo shitake) e cozidos em um molho de curry, sem grandes dificuldades no preparo.

    Ingredientes para o Karê - Curry Japonês

    Pode ser feito com pó de curry ou ainda na versão de tabletes prontos. São compostos por vários condimentos e especiarias que podem incluir açafrão-da-terra, cardamomo, coentro em grãos, gengibre, cominho, casca de noz-moscada, cravinho, pimenta vermelha, pimenta do reino, canela, entre muitos outros.

    No Japão, os tabletes de curry são os mais utilizados no preparo. Comprei o tablete na parte de comidas orientais do supermercado, dê uma olhadinha que é fácil de achar. O nível de pimenta é classificado de 1 a 5, sendo que o 3 é considerado o médio, foi o que comprei, eu não achei muito forte, mas o namorado achou bem hot! Vamos a receita?

    Karê - Curry Japones com macarrão

    Curry (Kare) Japonês com Macarrão

    Preparo: 60 min
    Cozimento: 30 min
    Serve: 4 porções

    Ingredientes

    • 300 g de cogumelo shitake
    • 3 batatas em cubos
    • 2 cenouras em cubos
    • 1 cebola grande em cubos
    • 1/2 tablete de curry (usei Golden Curry)
    • 300 g de macarrão oriental (de Yakissoba, Udon, o que tiveres disponível)
    • Cebolinha verde picada
    • 1 colher de sopa de óleo vegetal (usei de algodão)
    • 500 ml de água

    Modo de Fazer

    1. Aqueça o óleo em uma panela, refogue a cebola. Junte o shitake até dourar.
    2. Adicione as batatas e cenouras e deixe refogar em fogo baixo por uns 5 minutos.
    3. Acrescente a água e deixe cozinhando até que os legumes fiquem macios.
    4. Coloque o tablete de curry e mexa até que se dissolva e cozinhe por mais uns 10 minutos em fogo baixo.
    5. Cozinhe o macarrão conforme as instruções da embalagem.
    6. Sirva o macarrão com o molho de curry e salpique as cebolinhas verde em cima.
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    O novo álbum da banda alemã Milky Chance está uma delícia. Lançado no último mês, eles trazem aquela sonoridade incrível de sempre, misturando um pouco de folk com eletrônica. Eu já era viciada nesses guris, agora estou mais ainda. Vale cada apertada no PLAY.

    naturally-linkspost copy

    No blog Naturally Ella tem 3 tipos de sanduíches vegetarianos para um almoço bem gostoso. Há muitas opções para quem ainda se pergunta #vegetarianocomeoque?

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    A Thais, do Coisas de Divas, fez um post super legal sobre 8 coisas que você não sabe quando vai morar sozinha. Concordei com a lista toda, mas o que mais me apavora, ainda hoje, é o quanto se gasta com material de limpeza.

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    No site Resiliência Mag esse texto incrível da Thamilly Rozendo sobre o amor. “Não é o amor que sustenta o relacionamento, é o modo de se relacionar que sustenta o amor.” – concordo plenamente.

    batata-links-post

    Por fim, um canal do Youtube com vídeos simplesmente incríveis de comida. De forma poética e totalmente artística e bem filmada, as receitas vão sendo contadas como um filme bem dirigido. Fotografia incrível e com trilha sonora impecável.  Vai até o Food, People, Places e se delicie.