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    Mães Paralelas & Tortilla de Batata

     “Não existe história muda. Por mais que a queimem, por mais que a quebrem, por mais que mintam, a história humana se recusa a ficar calada”.

    (Eduardo Galeano)

    O diretor espanhol Pedro Almodóvar é conhecido por sua habilidade em contar histórias envolventes com personagens complexos e cheios de camadas. Em seu filme “Mães Paralelas” (“Madres Paralelas”) ele segue essa tradição e oferece uma reflexão profunda sobre a maternidade, o amor e o destino.

    Aqui ele conta a história de duas mulheres que se conhecem em um hospital, enquanto aguardam o nascimento de seus filhos. Janis (Penélope Cruz) é uma jovem mulher que engravidou de seu namorado Arturo (Israel Elejalde), ele é casado com uma mulher que não pode ter filhos e decidiu adotar uma criança. A outra mãe, Ana (Milena Smit), é uma adolescente que não tem apoio da família e decidiu ter o bebê sozinha.

    À medida que os bebês nascem, as duas mulheres se tornam amigas e descobrem que têm mais em comum do que imaginavam. Janis e Ana compartilham um segredo que as liga de maneira profunda e, aos poucos, começam a construir uma relação que ultrapassa as convenções sociais.

    Almodóvar, como sempre, dirige o filme com maestria e cuidado. Sua câmera capta os rostos e os gestos dos personagens com precisão, revelando seus pensamentos e emoções sem precisar de diálogos explicativos. A paleta de cores, que combina o vermelho intenso com o branco puro, cria uma atmosfera onírica e ao mesmo tempo realista, como se estivéssemos dentro do sonho das personagens.

    A trilha sonora, assinada pelo compositor Alberto Iglesias, é outro ponto forte do filme. As músicas acompanham os momentos mais emocionantes e dramáticos da trama, criando uma atmosfera que amplifica as emoções dos personagens.

    No centro de “Mães Paralelas” está a maternidade, um tema recorrente na filmografia de Almodóvar. Mas desta vez, ele aborda o tema de maneira mais complexa e multifacetada. As mães do filme não são retratadas como santas ou heroínas, mas como seres humanos que enfrentam dúvidas, medos e angústias. Elas são mostradas como mulheres que precisam conciliar o amor pelos filhos com seus desejos e sonhos pessoais, muitas vezes em conflito.

    Além disso, Almodóvar também explora as questões de classe, gênero e sexualidade. Janis e Ana vêm de mundos diferentes, mas encontram uma conexão que transcende as diferenças sociais. O diretor também mostra a pressão que a sociedade exerce sobre as mulheres para que sejam mães, mesmo quando isso não é desejado ou viável. E, como sempre, Almodóvar celebra a diversidade sexual, com personagens gays e trans que fazem parte da trama sem que isso seja o foco principal da história.

    A trama se desenrola na Espanha contemporânea, mas o contexto histórico da Guerra Civil Espanhola também é abordado de forma sutil. O conflito, que ocorreu entre 1936 e 1939, teve grande impacto na sociedade espanhola e na cultura do país, deixando cicatrizes profundas que duram até hoje. Almodóvar, que cresceu sob a ditadura de Franco e teve seus primeiros contatos com o cinema durante a transição para a democracia, aborda a Guerra Civil com sensibilidade e crítica, mostrando como suas consequências ainda são sentidas pela geração atual.

    Por fim, é importante destacar as atuações incríveis do elenco. Penélope Cruz, que já trabalhou com Almodóvar em vários filmes, entrega uma performance sensível e intensa como Janis. Milena Smit, uma atriz estreante, também se destaca.

    Escolhi uma receita de Tortilla de batata para acompanhar esse post, pois Janis faz esse prato para Ana em uma visita dela a sua casa.

    Tortilla de Batata

    Ingredientes:

    • 3 ovos
    • 300 gramas de batata
    • Azeite de oliva
    • sal e pimenta do reino a gosto

    Modo de preparo:

    • Descasque as batatas e corte-as em fatias finas.
    • Em uma frigideira grande, aqueça 1/2 xícara de azeite em fogo médio-alto.
    • Adicione as batatas na frigideira e refogue por cerca de 20 minutos, mexendo ocasionalmente, até que as batatas estejam macias e levemente douradas. Tempere com sal e pimenta a gosto.
    • Enquanto as batatas cozinham, quebre os ovos em uma tigela grande e bata bem com um garfo.
    • Adicione as batatas à tigela com os ovos batidos e misture bem.
    • Limpe a frigideira que você usou para cozinhar as batatas e aqueça mais 1/4 xícara de azeite em fogo médio-alto.
    • Adicione a mistura de ovos e batatas na frigideira e espalhe uniformemente. Reduza o fogo para médio-baixo e cozinhe por cerca de 10-15 minutos, até que a parte de baixo da tortilla esteja dourada e a parte de cima esteja quase firme.
    • Coloque um prato grande sobre a frigideira e vire a tortilla para que a parte de cima da tortilla fique voltada para baixo no prato. Em seguida, deslize a tortilla novamente na frigideira para cozinhar o outro lado por mais 5-10 minutos.

    • Quando a tortilla estiver cozida e dourada dos dois lados, retire-a da frigideira e deixe esfriar um pouco antes de servir.
    • A tortilla de batata pode ser servida quente ou fria, cortada em fatias. É um prato versátil e delicioso, que pode ser acompanhado de salada verde ou pão fresco. Bom apetite!
  • Comédia,  Drama,  Séries & TV

    O Urso & Chicago-style Italian beef sandwich

    A trama de O Urso parece simples: Carmem Berzatto, um renomado chef de cozinha, volta de NY para sua cidade Natal (Chicago) para comandar o restaurante de sua família. Seu irmão – Mike – (que anteriormente fazia isso) faleceu, então ele resolve tomar as rédeas do negócio, que foi lhe deixado no testamento, e fazer com que aquilo funcione. Porém, a realidade é outra: um restaurante aos pedaços (literalmente), com um equipe caótica e cheia de vícios ruins, sem dinheiro para investir ou melhorar e muitas dívidas a serem pagas.
    O clima da série é pesado. Dentro daquele lugar temos a impressão de que é como uma panela de pressão mal regulada: está tudo prestes a explodir. Isso, eu acho, é um dos grandes lances do começo da temporada: ela te prende de uma forma absurda e tensa, pois você quer saber o que vai acontecer.
    Com o passar dos curtos e intensos episódios (cada um tem cerca de 30 minutos), as coisas começam a se ajeitar, não tudo, mas aos poucos cada uma toma seu lugar certo, assim como na vida. Quem dera tivéssemos uma varinha de fada para dar um plim e tudo ficar perfeito de uma vez só, né?
    A complexidade de uma cozinha, onde você tem que comandar pessoas, estabelecer limites e ao mesmo tempo, criar novos menus e entender a aceitação local, é algo que a gente sente ao ir acompanhando a saga de Carmy, como é chamado no dia a dia. Além de toda a coisa familiar que envolve isso, devido a ser um negócio com tantos parentes envolvidos.
    O elenco é simplesmente sensacional, o primo Richie (Ebon Moss-Bachrach), que administra o lugar, dá vontade de pegar pela gola da camisa e jogar no meio da rua, pois ele mais atrapalha do que ajuda, além de ser um ser com uma bad vibe imensa, mas vamos entendendo ele com o passar dos eps. Sydney (Ayo Edebiri) é uma jovem chef, que entra ali pedindo um estágio, pois gostaria de aprender mais com Carmy – ela é genial, sem sombra de dúvidas, minha personagem favorita. Atenta, engajada, coloca a mão na massa para ajudar a melhorar todo aquele caos. Marcus (Lionel Boyce) um jovem confeiteiro, que começa a poder desenvolver seu interesse pelos doces e sempre está estudando para dar o melhor, e Tina (Liza Colón-Zayas) uma cozinheira veterana, que reluta em receber ordens e mudar os hábitos da antiga cozinha, aos poucos também vamos simpatizando com os olhos sempre marejados dela, muitas vezes de raiva, noutras de entendimento.
    Apesar de todos os atritos ali presentes, a relação entre os personagens começa a se intensificar, criando um afeto, depois de tanto conflito. É aquela velha história, a gente só entende a guerra do outro, quando compreende a sua dor. O que levou ele a ser assim? O que faz dele tão reativo? E assim é na vida, né?
    O urso vai além do chão da cozinha e entra em assuntos muito complexos, como família, luto, esgotamento, companheirismo, compaixão, o que a torna tão real e visceral.
    Vale cada meia hora da tua vida.
    Disponível no Star+.
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    Trailer:

    Para o post de hoje teremos o famoso Chicago-style Italian beef sandwich, que é um sanduíche de carne com uma giardineira de legumes feito na série por Carmy e um dos carros chefes do restaurante.
    A receita leva uns 3 dias para ficar pronto, são vários processos que devem ser feitos, eu escolhi fazer todos.
    Se quiser minimizar o tempo de trabalho, podes comprar o pão pronto, por exemplo, e também usar um caldo de carne industrializado. Porém, te prometo, que se você fizer tudo em casa, vai ser muito mais saboroso 😉
    Vou listar todos os ingredientes e o modo de fazer de cada etapa. Também vou colocar na sequencia, assim você não perde tempo, fazendo tudo do jeito que deve ser e terás tudo pronto sem grandes atrasos.

    Chicago-style Italian beef sandwich

    1. Giardineira

    • 1 cenoura de cenoura picada
    • 150 gramas de couve-flor picada
    • 1 cebola grande picada
    • 1 pimentão vermelho picado
    • 1 pimentão amarelo picado
    • 100 g de vagem picada (já aferventada)
    • 400 ml de vinagre branco
    • 200 ml de agua
    • 1 + 1/2 colher chá de sal
    • 1 + 1/3 xic de azeite de oliva (pode usar algum outro óleo vegetal também, tipo milho – que acho que é o que tem menos sabor)
    • 3/4 xic de azeite extra virgem

    (Na receita original leva aipo (150 g) e pimenta jalapenho ( 75 g) – não usei pq não achei aipo na minha cidade e não usei a pimenta, pois não gosto de coisas muito apimentadas, mas se você gosta, coloque).

    Modo de fazer:

    Em uma panela coloque a agua, o vinagre e o sal. Deixe ferver, desligue o fogo e adicione os legumes. Tampe a panela e deixe lá até que atinja a temperatura ambiente. Depois disso coloque em um pote ou vidro fechado e leve a geladeira por pelo menos 48 horas.

    Após as 48 horas, escorra os legumes em uma peneira, coloque em um vidro e adicione os óleos. Mexa e reserve, ele será usado na finalização do sanduiche.

    2. Caldo de Carne

    • 1,5 kg de músculo com osso
    • 2 litros de água

    Modo de Fazer:

    Em uma forma disponha todos os pedaços da carne (melhor se conseguir no açougue em pedaços redondos), leve ao forno por 30 minutos a 230 graus até ficarem bem dourados.

    Transfira a carne para uma panela de pressão, adicione a água e deixe em fogo baixo por 1 hora – se a sua panela for elétrica pode deixar por 1:30 horas.

    Dica: coloque um pouco de agua na forma usada e raspe toda a carne e líquidos que ficaram grudados lá e coloque junto para ferver no caldo, isso agrega um enorme sabor e coloração.

    Depois do tempo de cozimento passado, coloque em um pote grande de vidro, ou em vários pequenos, leve a geladeira. Você vai ver que a gordura ira subir e se solidificar. Tire ela com uma colher e descarte.

    3. Pão

    Se você tem uma balança, aconselho pesar tudo, para que seu pão fique perfeito

    • 225 g  (ou 1 xicara) de agua morna (+/- 30 graus)
    • 9 g de fermento biológico seco
    • 20 g de azeite de oliva
    • 15 g de açúcar
    • 350 g de farinha de trigo
    • 9 g de sal

    Se tiver uma batedeira com gancho para massas pesadas, use, vai facilitar a sua vida.

    Coloque no bowl da batedeira a agua, fermento e açúcar. Deixe descansar por alguns minutos até que fique espumoso. Adicione todos os outros ingredientes e coloque a misturar na velocidade mais baixa, com o gancho, por 3 minutos. Depois disso aumente um pouco a velocidade e deixe bater por mais 6 minutos. Caso vá fazer a mão, basta misturar com a mão e depois ir sovando por uns 15 minutos.

    Leve a massa para uma tigela, cubra com um pano de prato e deixe descansar por 90 minutos em um lugar quentinho.

    Depois disso, divida a massa em duas partes (300 g cada, aproximadamente). Forme duas bolas, fazendo um boleamento com as duas mãos. Cubra novamente com um pano e deixe descansar por mais 15 minutos.

    Na sequencia, abra com as pontas dos dedos a bolinha em um retângulo. De uma das extremidades, vá enrolando até ter o formato de uma mini baguete. Do centro para fora, com as duas mãos, vá rolando e esticando mais um pouco, até ficar com mais ou menos 35 cm.

    Coloque em uma forma, forrada com papel manteiga e polvilhada com fubá. Coloque os dois pães lado a lado e aperte levemente a superfície deles para que cresçam uniformes. Cubra com um pano de prato.

    Deixe descansar por mais 45 minutos. Quando estiver em 30 minutos de descanso ligue seu forno a 190 graus. Após o descanso total coloque seu pão no forno. Depois de 15 minutos, vire a forma de lado e deixe mais 15 minutos. Retire do forno e deixe esfriar em cima de uma grade, de preferência.

    4. Carne – recheio do sanduiche

    • 1 kg de carne (usei coxão mole)
    • 1 colher de sopa de óleo vegetal
    • 1 litro de caldo de carne
    • Sal a gosto
    • Especiarias – 5 gramas de cada (ou 1 colher de chá cheia) – orégano, páprica defumada, alho em pó, cebola em pó, semente de coentro, pimenta do reino, pimenta calabresa (opcional)

    Modo de fazer:

    Aqueça uma panela com óleo vegetal. Sele a carne de todos os lados (use uma panela que possa levar ao forno, caso não tenha, tudo bem, podes colocar numa forma mais funda para levar ao forno).

    Adicione o caldo de carne e as especiarias. Deixe ferver por uns 2 minutos. Leve ao forno a 120 graus por 30 minutos.

    Retire a carne do caldo e deixe esfriar um pouco. Envolva ela em plástico filme e leve a geladeira por mais ou menos uma hora, isso vai facilitar na hora de fatiá-la.

    Coe o caldo que ficou na panela e devolva a panela já coado.

    Fatie a carne em tiras bem finas e devolva ao caldo, deixe aquecer e finalmente está pronto!

    Para montar o sanduiche:

    Corte o pão ao meio e tire as duas pontinhas, abra (mas deixe um lado fixo) adicione a carne e bastante caldo, coloque a giardineira, feche o pão e enrole em um papel manteiga, fechando dos dois lados das extremidades, tipo um pacotinho.  Corte ao meio e sirva.

    Depois de todo esse trabalho, é um prazer enorme degustar isso, é maravilhoso.

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    Depois de muita pesquisa, foi esse vídeo que me inspirou e guiou para a receita:

  • Drama,  Filmes,  Policial

    Decisão de partir & Arroz Chop Suey

    “Matar é como fumar, só é difícil na primeira vez.”

    Analisando historicamente os filmes de gênero Noir, as mulheres geralmente não se saíram muito bem. Elas eram tomadas por crenças misóginas sobre seu caráter moral. Tudo isso criado por autores masculinos da ficção policial. A femme fatale sempre foi demonstrada como enganadora, manipuladora ou promíscua. Na maioria das histórias  é como se ela fosse punida e desprezada por não ter sabido lidar com as  dores e traumas que aconteceram em sua vida – geralmente causadas pelo patriarcado.

    A imagem estereotipada da femme fatale sempre usa o sexo/sedução como um meio de enganar, ter o que ela quer. Isso nos leva a pensar que é a grande vingança dela sobre tudo que viveu até ali.

    Lady Vengeance (2005)

    As personagens femininas nos filmes do diretor coreano Park Chan-Wook vão na linha contraria disso. Apesar de terem passado pelos traumas e dores por algum motivo, elas usam isso como empoderamento. Ao invés de criminaliza-las, ele as mostra como heroínas. Relembrando as protagonistas de  Lady Vengeance e The Handmaiden conseguimos entender bem por onde a mente de Park passeia ao formular as identidades de suas personagens femininas.

    Precisamos falar da beleza plástica do filme. A direção de fotografia de Ji-yong Kim é impecável. Em uma entrevista para a Vanity Fair, Park conta alguns pontos interessantes da fotografia, e de como ele e Kim estavam totalmente conectados para fazer com que cada cena tivesse o impacto visual que eles queriam. Aconselho a ler a entrevista após ver o filme, pois contem alguns spoilers.

    Depois de toda essa introdução, vamos ao filme?

    Em Decisão de Partir temos Jang Hae-joon (Park Hae-il), um detetive obcecado e exausto, que começa a trabalhar em um novo caso: um homem foi encontrado morto, depois de cair do topo de uma montanha. Ele observa com atenção todo o cenário: roupas caras de escalada, acessórios com as iniciais gravadas, o que leva ele a pensar que aquele era um aventureiro já experiente. Quando se depara com a esposa do falecido – Song Seo-rae (vivido pela belíssima atriz chinesa Tang Wei – de Lust, Caution), na delegacia para um interrogatório inicial, ele simplesmente congela. Aquela mulher tira ele do prumo de alguma forma.

    Ela é chinesa, jovem e bonita. Para que consigam se comunicar, ela usa o artificio do tradutor do celular, já que, ele é coreano, e todos estão na Coréia, e ela ainda não aprendeu a língua local. Isso nos remete a um certo distanciamento que tem que ser vencido e onde muito pode ser escondido também, já que a comunicação é precária.

    Temos aqui claramente um romance. A química dos dois atores é o crème de la crème, a escolha do elenco foi sensacional. Porém, não temos um caso de amor tradicional, com beijos, abraços e pessoas nuas aconchegadas. Temos sim uma coisa no ar. Quase um sufocamento, tamanha a energia que circula entre os dois. Aos poucos, a investigação sobre a morte do marido vai se desenvolvendo e a cada momento, vemos o detetive lidando com o que ele está sentindo, em contraponto ao que ele acreditou a vida toda como certa. Ambos sabem que aquele “relacionamento” não é legal, afinal, ele é um homem casado e ela é a suspeita que ele investiga. Não sabemos até que ponto eles estão se enganando ou enganando a eles mesmos.

    O filme flutua entre passado e presente, fazendo com que a gente veja a vida cotidiana de Hae-jun praticamente como um fardo que é deixado de lado. Aquela velha história da ausência ou falta de “frio na barriga” de uma paixão, que faz com que as pessoas se desinteressem por sua relação duradoura. O detetive passa madrugadas em tocaias, vigiando seus suspeitos, como se não tivesse uma vida familiar. Talvez ele esteja apenas fugindo de sua realidade, ao invés de tentar mudá-la, pois isso demandaria enormes decisões.

    Como em In the Mood for love (de Wong Kar-Wai) temos aquele amor que nunca se consuma, mas que existe nas entrelinhas e gestos. No filme de Park, o uso das gravações diárias em seu AppleWatch, revelam o quanto existia de sentimentalidade naquela mulher, sobre as dores e inseguranças, assim como também, grandes revelações. As mensagens deixadas por ele em sua caixa de mensagens do telefone também passam a revelar fatos importantes. O uso dos aparelhos eletrônicos, quase como um amigo, para quem você confessa as coisas e conversa suas mais intimas histórias, nos traz uma sensação de solidão. É preciso dizer, mas não se tem a quem.

    Uma reflexão final: as mulheres nos filmes de Park escolhem enganar para escapar das dificuldades, mas quando você se encontra em uma historia como essa,  que outra escolha você tem?

    “No momento em que você disse que me ama, seu amor por mim acabou. E no momento em que seu amor acaba, o meu começou.”

    Em uma ótima cena do filme, quando eles começam a ficar mais “íntimos”, ele resolve cozinhar para ela. A única receita que ele diz conhecer da culinária chinesa é um arroz com ovos. Por isso essa é nossa receita de hoje.

    Arroz Chop Suey

    Ingredientes:

    • 2 colheres (sopa) de óleo
    • 2 ovos
    • 1 cenoura média picada
    • 1/2 xíc. de ervilhas congeladas
    • 1/2 xíc. de presunto picado
    • 1/2 xíc. de cebolinha-verde picada
    • 2 xíc. de arroz já cozido

    Modo de Fazer:

    Em uma panela média, coloque 1 colher do óleo e leve ao fogo alto para aquecer.

    Junte os ovos, previamente batidos e vá mexendo sempre, por 1 minuto, ou até mudar de consistência e estar totalmente cozido.

    Retire da panela e reserve.

    Na mesma panela média, aqueça o óleo restante em fogo alto. Junte a cenoura e refogue por 2 minutos. Acrescente a ervilha, o presunto  e refogue por mais 2 minutos.

    Adicione a cebolinha, o arroz e o ovo, e misture delicadamente.

    Retire do fogo e sirva em seguida.

  • Drama,  Séries & TV

    Série: Conversa entre amigos

    Conversas entre amigos é uma minissérie irlandesa baseada no romance homônimo de 2017 da autora Sally Rooney.
    É a segunda adaptação de um romance de Rooney depois de Normal People (que eu amei, quem viu? Se não viram, estão vendo séries erradas ;P ).

    Ao invés de uma dupla de protagonistas, como em Normal People, desta vez temos um quarteto: Frances, a jovem estudante de literatura, que tem um projeto de poesia falada em um bar com a ex-namorada e melhor amiga Bobbi (no começo não gostei de Bobbi, mas depois fui me apegando e me identificando com o modo sincero dela).Por outro lado, temos o casal, mais velhos e experientes na vida que elas, Melissa (Jemima Kirke – de Girls – que está simplesmente mais madura e maravilhosa), uma renomada escritora e Nick (Joe Alwyn – sem comentários da beleza do namorado da Taylor Swift), um ator em ascenção.
    Na série temos uma coisa bem “Drummondiana”: Bobbi quer Melissa, que é casada com Nick, que está de olho em Frances, que quer ficar com ele e mais ninguém.Porém, se tratando de Rooney nada será raso ou fácil. O drama vai se desenvolvendo das formas mais bonitas e doloridas, mesclando cenas de amor e cumplicidade, com as de decisões e despedidas.
    A gente vai se envolvendo e torcendo por cada relação. Não sabemos se será possível isso acontecer, porém, em cada dos 12 episódios da série, ficamos vidrados em acompanhar e sorrir ou sofrer juntos com aquelas pessoas.Vale cada suspiro de frio na barriga, aquelas de início de paixão e cada lágrima que cai depois de uma decepção.
    Uma série bonita de se ver.
    Disponível no Star+.

    Trailer:

     

  • Drama,  Filmes,  Policial,  Suspense

    O Culpado

    “Os sofredores salvam os sofredores.”

    O culpado, que estreou essa semana na Netflix , é um remake do filme homônimo dinamarquês. Nessa versão americana ele é dirigido e produzido por Antoine Fuqua (de Dia de Treinamento e O Protetor) e com o roteiro escrito por Nic Pizzolatto (de True Detective – todas grita nesse momento, quando soube disso já corri dar play).

    O filme todo se passa dentro de uma sala de chamadas telefônicas do 911. Jake Gyllenhaal é o policial Joe Bayler, que está trabalhando no atendimento, e aos poucos vamos descobrindo porque ele está ali.
    Retirado das ruas por uma ocorrência que está prestes a ser julgada, ele foi colocado nesse setor até que seu processo seja finalizado. O filme não é light, afinal, não esperamos alegrias de quem está ligando para o 911, né?

    Nesse meio tempo ele começa a atender uma mulher desesperada que, pelo que podemos entender, foi sequestrada pelo ex-marido e está presa dentro do carro dele. Joe que tem alguns problemas com sua ex-mulher e claramente um distanciamento de sua pequena filha, acaba entrando de uma forma obsessiva e comprometida nesse atendimento.
    Durante as quase 2 horas de filme, vamos acompanhando as ligações e o desespero que ele fica em tentar ajudar.


    Estaria ele ajudando a vitima e a si mesmo? O roteiro primoroso faz com que a gente se questione sobre quem está se ajudando ali. Não esperaríamos menos de Nic, não é mesmo?
    Jake está impagável no papel, ele nunca me decepciona, pra dizer a verdade. Gosto muito das atuações dele sempre.


    O filme me lembrou muito Locke, aquele primor cinematográfico, em que temos Tom Hardy dentro de um carro o tempo todo, cheio de questionamentos e problemas da vida. Um tanto quanto claustrofóbico, porém, muito interessante.

    Gostei bastante do filme, agora preciso assistir o original e tecer minhas comparações. =)

    Dica do dia: O filme original dinamarquês está disponível na @primevideobr com o titulo de CULPA.

  • Comédia,  Drama,  Romance

    Maggie tem um plano

    – Se ela realmente ama você, ela irá te amar não importa se você é um escritor ou um lixeiro.
    – Você me amava desse jeito, não é?

    Faz tempo que não posto filmes aqui, né minha gente? Pois ando falando muito de algumas coisas que estou assistindo  no Instagram, já me seguem por lá? Além de comidas do dia a dia eu posto coisas que assisto e muito muito dos meus cães também. ;P

    Minha amiga Dai Dantas ontem me recomendou o filme Maggie tem um plano. Somos fãs de Greta Gerwig (aqui no blog tem outros filmes dela/com ela: Frances Ha e Lola Versus), ela sempre faz personagens que nos identificamos de alguma forma.

    Dessa vez Greta é Maggie, uma professora que não consegue muito sucesso em sua vida amorosa, já que seus relacionamentos não duram mais que seis meses. Ela quer muito ter um filho, por isso, opta por fazer uma inseminação artificial. Ela resolve ter uma produção independente pois já está com 30 anos e sem nenhum possível relacionamento duradouro a vista para executar seu plano de ser mãe. Como ela é chegada a um estilo de vida menos convencional, ela resolve não usar um banco de espermas de desconhecidos, opta por pedir que um conhecido da época da faculdade seja o doador. O tal conhecido é nada mais, nada menos que Travis Fimmel (Nosso eterno RAGNAR, de Vikings – juro que dei um grito quando ele apareceu na tela), vivendo Guy, um cara que faz o estilo despojadão, meio hippie, que tem uma fabrica artesanal de pepinos em conserva e era um gênio da matemática na faculdade.

    Um belo dia ao ir a tesouraria da faculdade que dava aula, para reclamar que recebeu dois cheques de pagamento ao invés de um só, Maggie conhece John Harding (Ethan Hawke), que é um professor de Antropologia. Ao sair dali, eles começam uma conversa irreverente, comentando sobre a “megerice” da mulher da tesouraria. A partir daí começam a se falar todos os dias, e a sintonia entre eles é algo incrível. John está escrevendo um livro e pede para Maggie ler os manuscritos, ela começa a ler, adorar e opinar. Isso gera uma intimidade entre eles absolutamente bela.

    Do livro pulam para a vida, começam a falar sobre suas experiências, amores, desamores, família, e ele conta sobre a mulher dele, que não o apoia, é fria, dominadora e praticamente um demônio (visão dele). A esposa dele é vivida por Julianne Moore. Fabulosa, fazendo um sotaque holandês incrível no papel. Georgette é uma mulher plena, absoluta, uma profissional muito conhecida na área da Antropologia e consagrada em sua carreira. Porém, como podemos ver na cena de um jantar familiar, ela não dá a mínima bola para os dois filhos, Justine (Mina Sundwall) uma adolescente de uns 15 anos e Paul (Jackson Frazer), que deve ter em torno de 8 anos. Enquanto isso, John serve todo mundo, tenta uma conversa amigável, onde a gente vê que ali algo não vai muito bem.

    O óbvio acontece: John e Maggie se apaixonam. O que será que vem depois? Não vou contar para não dar spoilers, pois eu acho que cabe aqui a surpresa.

    Eu amei Maggie, apesar de ser controladora ( quem nunca?), ela é um tipo de controladora sensível. Que quer fazer tudo para ajudar a todo mundo. O que achei mais interessante é que ela não deixa também de ajudar a si mesma. Ela tem muito claro na cabeça o que quer na vida dela, e faz tudo para conseguir, sem trapaças. Uma personagem real, acolhedora, por vezes, mal entendida, com um coração enorme e uma sensatez absurda.

    Não posso deixar de citar o casal de amigos Tony (Bill Hader) e Felicia (a maravilhosa Maya Rudolph – que faz a juíza em The Good Place), com os quais ela tem diálogos incríveis.

    Maggie tem um plano é um filme sensível e que encara todas as coisas normais de pessoas normais. Maternidade/paternidade, relacionamentos, traições, amizades, sinceridades, vida real mesmo. Por isso acho que ele agrada tanto e é tão “fácil” de assistir. O filme é dirigido por Rebecca Miller (filha de Arthur Miller), que também assina o roteiro.

     

     

  • Comédia,  Drama,  Filmes

    Juliet, nua e crua

    Juliet, nua e crua é um filme baseado em um livro de Nick Hornby ( o mesmo autor de Alta Fidelidade e Um grande garoto).

    Uma grande amiga, que é fã do autor, me indicou esse filme gostoso para assistir. Obrigada @jeanete_martins 😉

    O filme conta a história de Duncan Thomson (Chris O’Dowd), um fã obcecado pela obra e pessoa de Tucker Crowe (Ethan Hawke), um roqueiro que parou de tocar e sumiu nos meados dos anos 90. Ele namora Annie (Rose Byrne) há 15 anos, moram juntos, em uma simpática casa, onde ele tem um quarto todinho dedicado a Crowe.

    Um belo dia ele recebe pelo correio uma demo de um antigo disco de Crowe, chamado Juliet Naked (titulo original do filme, inclusive) e fica ainda mais fã. Antes dele ouvir, Annie ouviu o cd também. Quando ele posta uma critica em seu fansite sobre aquele disco, Annie faz um perfil fake e comenta lá contrariando a resenha de Duncan.

    É nesse momento que o jogo vira, pois o autor da obra, o tão idolatrado por Duncan, Crowe, envia um email a Annie concordando com ela.

    Assim começa uma amizade interessante, eles contando um a vida do outro, seus anseios, dores, dia a dia.

    Muito engraçada a vida, já que, o que Duncan mais queria era saber de seu ídolo, e quem estava amiga dele agora, é quem não aguentava mais aquela obsessão do namorado em volta do ‘ídolo’.

    O filme é bem leve e interessante, não vou contar mais para que não perca a graça para vocês.

    Está disponível na HBO .