• Drama,  Filmes,  Salgados

    As Confissões & Tortellini

    Uma reunião de líderes econômicos dos maiores países do mundo. Para dar uma descontraída, e uma coisa mais cultural, foram também convidados um monge, um cantor famoso e uma escritora bem conhecida. O que isso poderia dar?

    O diretor italiano Roberto Andò nos leva a descobrir tudo isso, juntamente com Toni Servillo, fazendo o calmo e carismático monge Roberto Saulus. Na primeira noite do encontro, o presidente do Fundo Monetário Internacional, o francês Daniel Roché (Daniel Auteuil), chama o monge para uma conversa em seu quarto. Ele quer se confessar. Horas depois ele aparece morto. :O

    Devido ao seu voto de silêncio, ele não pode revelar nada do que foi lhe dito pelo finado. E a gente fica naquelas: e agora, o que houve?

    Começa então uma série de especulações por parte dos demais integrantes da reunião. Os ministros acreditam que Roché tenha revelado a Saulus o motivo daquela reunião, um pouco antes de morrer, já que ninguém sabia o verdadeiro motivo de estar ali.

    Andò carrega uma crítica muito forte sobre o quadro político mundial, dando pequenas, mas super ferinas, agulhadas contra o materialismo e a obsessão pelo dinheiro. Muito boa jogada, para uma reflexão sobre a distância entre a sabedoria e o dinheiro.

    Toni Servillo é um grande ator. Parece que ele saiu de outro tempo do cinema, longe de ser um galã, ele leva consigo aquela luz de um verdadeiro ator. Relembrem o bon-vivant Jep Gambardella, de “A Grande Beleza” (tem post aqui no blog) e comparem aqui com o monge Roberto Saulus, sem nenhum glamour e de vida calma. Toni é brilhante. Assistam.

    Trailer:

    Tem coisa mais italiana do que massa caseira? Não tem! <3

    Inspirada no meu muso-ídolo Gennaro Contaldo resolvi fazer uma receita de Tortellini de espinafre com ricota. Se apega nesse vídeo para aprender a fechá-los.

    Um pouco de história:

    Alguns estudiosos, levando em conta a etimologia da palavra, sustentam que o tortellini existe desde o século 12. O nome viria de “turtellus” (alimento difundido nos antigos monastérios) que por sua vez derivaria de “tortula”, pão rústico salgado e recheado, conhecido desde os primeiros tempos do cristianismo. Segundo o imaginário popular, entretanto, seria mais antigo.
    Muitos italianos acreditam que o tortellini nasceu em tempos mitológicos. Lenda – No fim do século 18, um engenheiro chamado GiuseppeCeri ajudou a consolidar essa lenda. Disse que a massa nasceu na localidade de CastelfrancoEmilia, na estrada que liga Bolonha a Modena, inspirada no umbigo de Vênus, deusa do amor e da beleza. Após uma noite de amor a três, da qual participaram Baco, deus do vinho e da embriaguez, e Marte, deus da guerra, ela acordou sozinha. Acreditando ter sido abandonada, chamou o dono da hospedagem para saber se os parceiros haviam partido. Sua nudez extasiou o homem, que desceu à cozinha e fez uma massa reproduzindo o divino umbigo. Uma história parecida, com outros personagens, fala de um taverneiro que espiou uma bela mulher pelo buraco da fechadura. Igualmente deslumbrado, homenageou o umbigo feminino com uma massa recheada.
    (Fonte: ItaliaOggi)

    Tortellini de Espinafre com Ricota

    Preparo: 60 min
    Cozimento: 10 min
    Serve: 4 porções

    Ingredientes

    • 300 g de farinha de trigo
    • 3 ovos
    • 1/2 ricota (aquelas da embalagem redondinha)
    • 1 maço de espinafre
    • 1 gema de ovo
    • 150 g de farinha de rosca
    • Pimenta do reino a gosto
    • 100 g de queijo parmesão ralado
    • 1 pitada de sal
    • Molho de tomate* (pegue a receita no link abaixo, na parte de dicas)

    Modo de fazer:

    1. Em uma tigela, coloque a farinha. Faça um furo no meio. Bata os ovos a parte e adicione a aquele ‘buraco’. Vá incorporando os ovos a massa.
    2. Comece a amassar com a mão, até obter uma massa homogênea.
    3. Deixe a massa descansar por, no mínimo, 30 minutos, em um saco plástico, em temperatura ambiente.
    4. Enquanto isso vá fazendo o recheio.
    5. Cozinhe o espinafre no vapor e coloque em um pano, esprema bem até sair toda a água dele.
    6. Deixe esfriar um pouco e junte a ricota, o ovo, o sal, a pimenta, o queijo e a farinha de rosca. Fica tipo uma pastinha.
    7. Abra a massa e corte em quadradinhos de mais ou menos 6 cm.
    8. Coloque um pouco de recheio no meio e feche. Veja o vídeo que linkei do Gennaro para ver como se faz.
    9. Cozinhe em água fervente salgada (como faz para macarrão) por alguns minutos (mais ou menos 5).
    10. Sirva com molho de tomate e queijo parmesão!

    Dica:

    Tenha um potinho com água perto de você e passe nos “bracinhos”, quando for unir e fechar os tortellinis. É um grande marco para eles não soltarem as mãozinhas quando forem cozinhar. * Receita do molho de tomate aqui
  • Drama,  Salgados

    Io Sono l’amore & Quiche de Brócolis

    Esse não é um filme fácil de falar. Depois de muitas trocas de idéias com minha querida amiga Dai Dantas, consegui expor um pouco de tudo o que a gente acaba sentindo quando assiste a ele.
    “Eu sou o amor” – pensem nesse título. O que vem a cabeça?

    Dirigido por Luca Guadagnino, o filme se passa em Milão e o plano de fundo é uma família da alta burguesia italiana. O avô que comanda o negócio da família e está se aposentando, anuncia isso em um jantar, onde nomeia o filho e o neto como novos dirigentes da empresa.

    A excepcional Tilda Swinton é a esposa correta, elegante, que criou com amor os três filhos, que junto com a governanta fiel mantém sob controle toda a casa e, por conseqüência, a família toda. Me apeguei muito a essa personagem vivida por Tilda, pois ela demonstra não só uma força incrível como também uma fragilidade iminente. Descobre na filha uma liberdade que ela não soube se dar. Acho bonita demais a relação de respeito entre as duas. Uma amizade entre mãe e filha com muito amor e sinceridade. É chegado o dia que, por acaso, ela encontra um cd que a filha daria ao irmão contando sobre seu novo amor: uma outra mulher. É nítido nesse momento, no semblante da personagem, que não há um estranhamento, mas sim, uma compreensão. Arrisco-me até a dizer que uma admiração pela coragem da filha.

    io-sono-lamore-dinner

    Então temos o irmão, Edoardo. O primogênito da família, o garoto certinho que resolve abrir um restaurante com o novo amigo ‘chef’. Tem uma namorada, uma vida estável e um certo ‘controle’ sobre o pai do amigo que acha que o filho é um sonhador e Edoardo centrado consegue convencer o pai dele que eles abram o restaurante.

    Temos uma fotografia incrível nas cenas da casa a duas horas de Milão, onde seria montado o restaurante e onde o chef cultiva suas próprias ervas e produtos para cozinhar. Tipo um sonho de consumo de qualquer pessoa que ame uma vida FORA do horror das grandes cidades (leia-se: eu).
    Eu pensei muito antes de revelar essa parte do filme, pois é uma coisa que seria ‘uma surpresa’, mas depois de repensar, vi que tem muitas outras coisas que são tão surpreendentes quanto isso: o amigo chef e a mãe de Edoardo se apaixonam perdidamente.

    io-sono-lamore-2

    Uma mulher mais velha, um jovem chef, uma família toda por trás. Como proceder? Simplesmente vive-se. Tenho toda uma teoria sobre isso. Ela há alguns dias tinha visto a filha largar o namorado, cortar o cabelo curto e ir viver o amor por outra mulher sem nenhum medo do que ‘diria’ a sociedade, nem família, nem ninguém. É engraçado como no filme demonstra que o amor realmente acontece por acaso. As pessoas podem estar comprometidas com outras, ou sós, não tem como medir. Nem programar. Quando vê já está envolvido na relação. E como fazer para sair? E se não quer sair? Complexo.

    O mais interessante nesse envolvimento dos dois é o fato de que com ele ela não precisava de máscaras. Não precisava mais ser ‘’a russa que já é uma italiana’’ – ela podia ser ela. Podia cozinhar com ele, comer a sopa que lembrava a infância dela. Ela podia deitar na grama, andar sem roupa, rir e abraçar. Ela se sentia livre com ele. Porém, as conseqüências dessas escolhas podem nem sempre serem fáceis, mas tem-se que escolher. Não há como viver uma vida dupla pra sempre. Pois isso não é viver.

    Quiche de Brócolis

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 18

    O que você vai precisar?

    • 250 gr. de farinha de trigo
    • 100 gr. de manteiga sem sal
    • 1 colher de café de sal
    • 4 a 5 colheres de sopa de água gelada
    • 1 maço de brócolis cozido no vapor (al dente)
    • 1 cebola picada
    • 2 dentes de alho amassados
    • 2 colheres de shoyu
    • Azeite
    • Sal a gosto
    • Pimenta do reino moída na hora a gosto
    • 150 gr. de queijo (da sua preferência) picado em quadradinhos (usei um queijo colonial que é bem parecido com muçarela
    • 03 ovos
    • 01 lata de creme de leite
    • Pimenta do reino a gosto
    • Sal a gosto

    Como fazer?

    1. Massa: Corte a manteiga em cubos e junte ela a farinha e o sal. Vá misturando até que se forme uma farofa – em seguida coloque a água e vá juntando até que se forme uma bola – não é pra sovar a massa, apenas ir juntando. Coloque a massa na geladeira enquanto faz o recheio.
    2. Recheio: Refogue a cebola no azeite, acrescente o alho, deixe dourar. Junte os brócolis e deixe por mais uns 2 minutos. Adicione o shoyu, o sal e a pimenta do reino moída. Reserve.
    3. Creme: Bata os ovos vigorosamente, junte o creme de leite, tempere com o sal e pimenta.
    4. Montagem: Vá abrindo a massa encaixando ela na forma. Essa massa é bem maleável para fazer isso com as próprias mãos – acho mais prático do que abrir com o rolo. Leve ao forno pré-aquecido por uns 10 minutinhos. Cubra o fundo da massa com o os brócolis e adicione os cubos de queijo. Em seguida despeje o creme de ovos por cima. Forno por uns 30-40 minutos. Quando estiver corada e firme está pronta.