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    Morangos Silvestres & Torta de Morango

    Morangos Silvestres, do diretor sueco Ingmar Bergman, é uma obra primorosa que deve ser revisitada constantemente. Eu o vi pela primeira vez quando tinha uns 25 anos, revendo ele com a cabeça (e vivência) de hoje em dia, é bem diferente, e uma experiência ainda mais primorosa.

    Bergman toca fundo na essência da alma humana. Ele consegue criar histórias que nos fazem rir, chorar, se sentir maravilhado, e ao mesmo tempo, nos leva a uma profunda reflexão sobre nós mesmos, os outros e a vida.

    O filme começa com uma pequena introdução, antes dos créditos iniciais, um senhor fazendo anotações no escritório de sua bela casa, onde reflete o seguinte:

    Nossa relação com as pessoas consiste em discutir com elas e criticá-las. Isso que me afastou, por vontade própria, de toda minha vida social. Tornou minha velhice solitária. Sempre trabalhei muito, e sou grato por isso. Tenho um filho que também é médico e mora em Lund. Foi casado durante anos, mas não teve filhos. Minha mãe ainda vive e, apesar da idade, é uma pessoa ativa. Minha esposa Karin morreu há muitos anos. Talvez devesse acrescentar que sou uma pessoa meticulosa, e isso cria problemas com as pessoas ao meu redor e comigo mesmo. Meu nome é EberhardIsakBorg, e tenho 78 anos. Amanhã receberei o título honorário na Catedral de Lund.

    Ao longo do filme acompanharemos o médico Isak Borg (Victor Sjöstrom) em sua viagem até Lund.

    Na noite anterior a viagem, Isak tem um pesadelo horrível. Ele está em um local desconhecido da cidade, onde os relógios não têm ponteiro, um homem sem face, uma carruagem carrega um caixão. Em um momento a carruagem colide em um poste e o cadáver revelado dentro do caixão é dele mesmo. Um desses sonhos terríveis, que a gente acorda assustado e a cena toda é uma obra prima do cinema. Belíssima sequência, fotografia, sonoplastia, tudo. E a atuação de Victor Sjöstrom é simplesmente primorosa.

    Inicialmente Isak ia viajar de avião, porém, depois de seu sonho da noite anterior, ele resolve ir de carro. Enquanto se prepara para viagem, sua nora Marianne (Ingrid Thulin), avisa que vai com ele. A primeira parte da viagem é totalmente curiosa e pesada, quando ele tenta contar a nora sobre seu pesadelo e ela diz que não se interessa por sonhos. Ainda completa dizendo que o filho dele o odeia e que ela o acha um velho egoísta, egocêntrico, que não tem consideração por ninguém além dele mesmo. Pessoa fica chocada com a cena.

    Eles seguem viagem e fazem uma primeira parada na casa onde ele passava as férias de verão com a família dele. A nora se distancia dele e vai tomar um banho no lago, enquanto Isak fica no jardim, perto dos pés de morangos silvestres, e então começa uma viagem no tempo, a sua infância, relembrando memórias e momentos ali vividos.

    Essa parte do filme, é de uma beleza descomunal. Ele passeia pelo seu passado, com o corpo de hoje, porém, todos que lá estavam parecem jovens.

    Quando fico preocupado ou triste, tento relaxar com as lembranças de minha infância.

    Ali olhando de perto acontecimentos de anos atrás, ele vê sua prima Sara (Bibi Anderson), que foi o grande amor de sua vida colhendo morangos. Nesse momento ele presencia a traição dela com um de seus irmãos. A gente não sabe se chora com ele ou sai correndo para comer um prato de morangos nesse momento. A cena dói.

    Eles seguem viagem, encontram novas pessoas, que fazem Isak ter várias lembranças e chegar a milhares de conclusões sobre si mesmo e tudo o que fez durante toda sua vida.

    É um road movie, que versa sobre as relações com as pessoas, com a família, os questionamentos pessoais, uma mescla de sonhos e realidades. Lembranças e imaginações.

    Um dos mais belos filmes que existem no mundo. Assistam, reflitam, amem Bergman, ele merece.

    Bergman <3

    Quando fico preocupado ou triste, tento relaxar com as lembranças de minha infância.
    Percebe o silêncio?
    Tudo se foi.
    Qual será a pena?
    A Solidão.

    Vamos a receita?

    torta de morango

    Torta de Morangos

    Preparo: 60 min
    Cozimento: 40 min
    Serve: 6 porções

    Ingredientes

    Pâte brissée:

    • 120 g de manteiga gelada
    • 200 g de farinha de trigo
    • 4 colheres de chá de açúcar
    • 1 pitada de sal
    • 3 colheres de sopa de água gelada

    Créme pâtissière:

    • 250 ml de leite
    • 250 ml de creme de leite fresco
    • ½ fava de baunilha
    • 4 gemas
    • 5 colheres de sopa de açúcar
    • 1 e ½ colher de sopa de amido de milho
    • 1 e ½ colher de sopa de farinha

    Montagem:

    • 2 xícaras de morangos lavados e limpos.

    Modo de Fazer

    1. Pâte brissée: Corte a manteiga gelada em pedaços iguais e coloque em uma vasilha com a farinha, o açúcar e o sal. Com a ponta dos dedos, esfregue um ingrediente no outro até formar uma farofinha e a manteiga ficar com o tamanho de uma ervilha. O segredo é não manipular demais a mistura para que o glúten de farinha não se desenvolva, senão a crosta não vai ficar crocante. Adicione a água gelada e misture rapidamente, até virar uma massa. Se a mistura estiver seca, adicione mais água gelada, 1 colher de sopa por vez. Embrulhe a massa em filme plástico e deixe descansar na geladeira por 1 hora. Tire a massa da geladeira e, em uma superfície enfarinhada, abra-a com um rolo de macarrão até ela ficar com meio centímetro de espessura, aproximadamente. Se estiver muito dura, bata com o rolo um pouco mais forte que ela vai amaciando. Enrole a massa em volta do rolo e desenrole em cima da forma, encaixando todas as beiradinhas e tirando o excesso das bordas. Fure toda a superfície da massa com um garfo e leve ao freezer por 10 minutos. Pré-aqueça o forno a 180 °C. Cubra a superfície da massa com papel-manteiga e encha de feijões secos, isso vai evitar que a massa forme bolhas de ar. Asse por 10 minutos, retire o papel com feijão e asse por mais 15 minutos ou até a beirada ficar dourada. Tire do forno e reserve.
    2. Créme pâtissière: Em uma panela, adicione o creme de leite, o leite e a fava de baunilha com as sementes raspadas. Assim que levantar fervura, desligue o fogo, tampe a panela e deixe a infusão acontecer por 10 minutos. Em uma vasilha, bata as gemas e o açúcar até ficarem pálidos e fofos. Peneire o amido de milho e farinha em cima das gemas e misture. Adicione uma concha do creme quente na mistura de ovos e mexa para temperá-los. Esse processo é importante para preparar os ovos para a alta temperatura, evitando que ele coagule de maneira incorreta. Volte tudo para a panela e cozinhe a fogo baixo mexendo sem parar. Assim que a mistura ferver, cozinhe por apenas 3 minutos. Coloque o creme em uma vasilha, cubra a superfície com filme plástico, encostando no creme e leve para gelar por 1 hora.
    3. Montagem: Desenforme a massa e cubra-a com o crème pâtissière. Corte os morangos longitudinalmente e comece a montar a primeira fileira, sobrepondo-os no sentido horário. Em seguida, preencha a segunda linha, mas na direção oposta, e continue alternando assim até chegar ao centro.

    Referência:

    Receita do livro Confeitaria Escalafobética da Raiza Costa
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    Filmes pra ver com quem?

    A minha querida amiga Ju, do Cupcakeando, me marcou numa TAG sobre filmes, quais filmes eu veria com quem e por que. Então resolvi participar da brincadeira e responder. Não liguem pro nível nonsense (mas super sincero) de minhas respostas.

    1 – Um filme para assistir sozinho: Issiz Adam

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    Porque ninguém merece te ver chorando, agarrada numa toalha, com o nariz escorrendo, os olhos feito um abelhão, de tanto que a pessoa deságua e fica triste nesse filme. Mas a pessoa aprende muitas coisas, então, tem que assistir. Mesmo que doa.

    2 – Um filme para assistir quando está chovendo: In the mood for love

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    Ele é um dos meus filmes favoritos, tão silencioso e ao mesmo tempo cheio de trilha sonora linda de morrer, que você poderia passar um dia todo de chuva com a trilha dele rolando. Wong Kar-Wai sempre faz dos meus dias melhores.

    3 – Um filme para te fazer dormir: A árvore da vida

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    Tá aí um filme que me faz entrar num transe total de sono. E nem posso dizer que é porque ele é paradão, porque eu sou super adepta a filmes que são vagarosos e silenciosos, mas esse é como se fosse um descanso de tela infinito. Tem gente que ama, eu não odeio, mas durmo.

    4 – Um filme para assistir bêbado: Trainspotting

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    Com uma história muito doida, passada no melho lugar do mundo, me lembra a adolescencia, as porra-louquices da vida e quem nunca pulou dançando Born Slippy bom sujeito não é. Sem mais é bom ficar repetindo isso bêbado:

    “Choose Life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television, choose washing machines, cars, compact disc players and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol, and dental insurance. Choose fixed interest mortage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisurewear and matching luggage. Choose a three-piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics. Choose DIY and wondering who the fuck you are on a Sunday morning. Choose sitting on that couch watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pishing your last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked up brats you spawned to replace yourself. Choose your future. Choose life.”

    5 – Um filme para passar enquanto você está fazendo outra coisa: Nenhum.

    Ou tu vês o filme ou tu faz outra coisa.

    6 – Dois filmes para serem assistidos em sequência: In the mood for love – 2046

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    De novo, eu me repito, com Wong Kar-Wai. Eu assisti primeiro 2046 e depois In the Mood for love. Depois disso eu precisei ver mais 1000 x eles na sequencia certa para ficar cada vez mais admirada com a evolução da história. De como as pessoas mudam com o que muda a volta delas. Como se adaptam as desesperanças, e ainda, como nunca esquecem do que não puderam ter. É doido, sim, mas é a pura verdade. As pessoas não mudam e sim o que muda é o que está a volta dela, então ela segue o baile dentro do que tem no momento. Chega de filosofar, vão assistir os filmes e concordar (ou não) comigo depois =).

    7 – Um filme para assistir com o namorado/marido: My blueberry nights

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    O filme trata de começos, fins e recomeços. Talvez ajude a algumas pessoas a aprenderem como se deve levar uma relação ou a vida. Que as coisas vão bem de um jeito e vão péssimas de outro. Que é preciso ser paciente e compreensivo, ao mesmo tempo que é preciso sempre se ser honesto. Mais uma vez WKW.

    8 – Um filme para assistir com os amigos: Truman

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    Se você é uma pessoa que tem catiorros ou qualquer outro bicho de estimação sabe o que é a importância que eles tem em nossas vidas. E gostaria de assistir esse filme com meus amigos, que compartilham desse amor pelos animais comigo. Além de tudo Truman trata da amizade verdadeira entre seres humanos, aquela que pode passar 10 anos sem se ver e continua a mesma coisa. As mesmas pegações de pé, piadas, abraços e o verdadeiro amor. Já diria Quintana: Amizade é um amor que nunca morre.

    9 – Um filme para assistir com a sua mãe: Song One

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    Porque sempre tem algumas coisas que é bom relembrar.

    10 – Um filme para assistir com o seu pai: O quarto do filho

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    Quem sabe assim o faria refletir um pouco sobre a vida.