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    Morangos Silvestres & Torta de Morango

    Morangos Silvestres, do diretor sueco Ingmar Bergman, é uma obra primorosa que deve ser revisitada constantemente. Eu o vi pela primeira vez quando tinha uns 25 anos, revendo ele com a cabeça (e vivência) de hoje em dia, é bem diferente, e uma experiência ainda mais primorosa.

    Bergman toca fundo na essência da alma humana. Ele consegue criar histórias que nos fazem rir, chorar, se sentir maravilhado, e ao mesmo tempo, nos leva a uma profunda reflexão sobre nós mesmos, os outros e a vida.

    O filme começa com uma pequena introdução, antes dos créditos iniciais, um senhor fazendo anotações no escritório de sua bela casa, onde reflete o seguinte:

    Nossa relação com as pessoas consiste em discutir com elas e criticá-las. Isso que me afastou, por vontade própria, de toda minha vida social. Tornou minha velhice solitária. Sempre trabalhei muito, e sou grato por isso. Tenho um filho que também é médico e mora em Lund. Foi casado durante anos, mas não teve filhos. Minha mãe ainda vive e, apesar da idade, é uma pessoa ativa. Minha esposa Karin morreu há muitos anos. Talvez devesse acrescentar que sou uma pessoa meticulosa, e isso cria problemas com as pessoas ao meu redor e comigo mesmo. Meu nome é EberhardIsakBorg, e tenho 78 anos. Amanhã receberei o título honorário na Catedral de Lund.

    Ao longo do filme acompanharemos o médico Isak Borg (Victor Sjöstrom) em sua viagem até Lund.

    Na noite anterior a viagem, Isak tem um pesadelo horrível. Ele está em um local desconhecido da cidade, onde os relógios não têm ponteiro, um homem sem face, uma carruagem carrega um caixão. Em um momento a carruagem colide em um poste e o cadáver revelado dentro do caixão é dele mesmo. Um desses sonhos terríveis, que a gente acorda assustado e a cena toda é uma obra prima do cinema. Belíssima sequência, fotografia, sonoplastia, tudo. E a atuação de Victor Sjöstrom é simplesmente primorosa.

    Inicialmente Isak ia viajar de avião, porém, depois de seu sonho da noite anterior, ele resolve ir de carro. Enquanto se prepara para viagem, sua nora Marianne (Ingrid Thulin), avisa que vai com ele. A primeira parte da viagem é totalmente curiosa e pesada, quando ele tenta contar a nora sobre seu pesadelo e ela diz que não se interessa por sonhos. Ainda completa dizendo que o filho dele o odeia e que ela o acha um velho egoísta, egocêntrico, que não tem consideração por ninguém além dele mesmo. Pessoa fica chocada com a cena.

    Eles seguem viagem e fazem uma primeira parada na casa onde ele passava as férias de verão com a família dele. A nora se distancia dele e vai tomar um banho no lago, enquanto Isak fica no jardim, perto dos pés de morangos silvestres, e então começa uma viagem no tempo, a sua infância, relembrando memórias e momentos ali vividos.

    Essa parte do filme, é de uma beleza descomunal. Ele passeia pelo seu passado, com o corpo de hoje, porém, todos que lá estavam parecem jovens.

    Quando fico preocupado ou triste, tento relaxar com as lembranças de minha infância.

    Ali olhando de perto acontecimentos de anos atrás, ele vê sua prima Sara (Bibi Anderson), que foi o grande amor de sua vida colhendo morangos. Nesse momento ele presencia a traição dela com um de seus irmãos. A gente não sabe se chora com ele ou sai correndo para comer um prato de morangos nesse momento. A cena dói.

    Eles seguem viagem, encontram novas pessoas, que fazem Isak ter várias lembranças e chegar a milhares de conclusões sobre si mesmo e tudo o que fez durante toda sua vida.

    É um road movie, que versa sobre as relações com as pessoas, com a família, os questionamentos pessoais, uma mescla de sonhos e realidades. Lembranças e imaginações.

    Um dos mais belos filmes que existem no mundo. Assistam, reflitam, amem Bergman, ele merece.

    Bergman <3

    Quando fico preocupado ou triste, tento relaxar com as lembranças de minha infância.
    Percebe o silêncio?
    Tudo se foi.
    Qual será a pena?
    A Solidão.

    Vamos a receita?

    torta de morango

    Torta de Morangos

    Preparo: 60 min
    Cozimento: 40 min
    Serve: 6 porções

    Ingredientes

    Pâte brissée:

    • 120 g de manteiga gelada
    • 200 g de farinha de trigo
    • 4 colheres de chá de açúcar
    • 1 pitada de sal
    • 3 colheres de sopa de água gelada

    Créme pâtissière:

    • 250 ml de leite
    • 250 ml de creme de leite fresco
    • ½ fava de baunilha
    • 4 gemas
    • 5 colheres de sopa de açúcar
    • 1 e ½ colher de sopa de amido de milho
    • 1 e ½ colher de sopa de farinha

    Montagem:

    • 2 xícaras de morangos lavados e limpos.

    Modo de Fazer

    1. Pâte brissée: Corte a manteiga gelada em pedaços iguais e coloque em uma vasilha com a farinha, o açúcar e o sal. Com a ponta dos dedos, esfregue um ingrediente no outro até formar uma farofinha e a manteiga ficar com o tamanho de uma ervilha. O segredo é não manipular demais a mistura para que o glúten de farinha não se desenvolva, senão a crosta não vai ficar crocante. Adicione a água gelada e misture rapidamente, até virar uma massa. Se a mistura estiver seca, adicione mais água gelada, 1 colher de sopa por vez. Embrulhe a massa em filme plástico e deixe descansar na geladeira por 1 hora. Tire a massa da geladeira e, em uma superfície enfarinhada, abra-a com um rolo de macarrão até ela ficar com meio centímetro de espessura, aproximadamente. Se estiver muito dura, bata com o rolo um pouco mais forte que ela vai amaciando. Enrole a massa em volta do rolo e desenrole em cima da forma, encaixando todas as beiradinhas e tirando o excesso das bordas. Fure toda a superfície da massa com um garfo e leve ao freezer por 10 minutos. Pré-aqueça o forno a 180 °C. Cubra a superfície da massa com papel-manteiga e encha de feijões secos, isso vai evitar que a massa forme bolhas de ar. Asse por 10 minutos, retire o papel com feijão e asse por mais 15 minutos ou até a beirada ficar dourada. Tire do forno e reserve.
    2. Créme pâtissière: Em uma panela, adicione o creme de leite, o leite e a fava de baunilha com as sementes raspadas. Assim que levantar fervura, desligue o fogo, tampe a panela e deixe a infusão acontecer por 10 minutos. Em uma vasilha, bata as gemas e o açúcar até ficarem pálidos e fofos. Peneire o amido de milho e farinha em cima das gemas e misture. Adicione uma concha do creme quente na mistura de ovos e mexa para temperá-los. Esse processo é importante para preparar os ovos para a alta temperatura, evitando que ele coagule de maneira incorreta. Volte tudo para a panela e cozinhe a fogo baixo mexendo sem parar. Assim que a mistura ferver, cozinhe por apenas 3 minutos. Coloque o creme em uma vasilha, cubra a superfície com filme plástico, encostando no creme e leve para gelar por 1 hora.
    3. Montagem: Desenforme a massa e cubra-a com o crème pâtissière. Corte os morangos longitudinalmente e comece a montar a primeira fileira, sobrepondo-os no sentido horário. Em seguida, preencha a segunda linha, mas na direção oposta, e continue alternando assim até chegar ao centro.

    Referência:

    Receita do livro Confeitaria Escalafobética da Raiza Costa
  • Drama,  Filmes,  Policial,  Receitas,  Salgados,  Suspense

    O Terceiro Assassinato & Molho Tonkatsu

    Não é a toa que Hirokazu Kore-eda ganhou o a Palma de Ouro (com seu novo filme Manbiki kazoku – Shoplifters) no festival de Cannes esse ano. O diretor e roteirista japonês se tornou um dos mais conhecidos cineastas de sua geração no Ocidente. Aqui no blog temos alguns filmes dele: O que mais desejo, Tal pai, tal filho, Depois da Tempestade.

    Eu sou aficionada pelo diretor, já vi todos os filmes dele, mas ainda não consegui postar todos aqui, por motivos de receitas (tenho que cozinhar mais comidas japas, se tiver dicas, deixa aqui nos comentários, please)

    O Terceiro Assassinato é um filme de tribunal, mas não naquele formato que estamos acostumados a ver em filmes e séries americanas. Fukuyama Masaharu dá vida ao protagonista Shigemori, um advogado de sucesso que aceita um novo caso, de um homem que foi defendido pelo seu pai também advogado, e depois de solto, confessou um novo assassinato.

    Se nos custa entender a família,imagine um estranho.

    Misumi (em uma interpretação incrível de Kôji Yakusho) é um réu confesso, que muda a todo momento a versão do seu crime, levando o julgamento a dúvida de uma grande farsa, prejudicando assim a sustentação de defesa do advogado.

    O que Shigemori quer é evitar a condenação à morte, já que, a prisão, devido a confissão, é impossível de ser mudada. Não é a verdade que está em cheque, mas sim a estratégia legal do caso. É a única verdade possível para o advogado. O que realmente aconteceu, ninguém nunca saberá, acredita Shigemori. O que mais importa para ele é a imagem que pode ser vendida ao júri, a estratégia construída pela defesa para evitar a pena de morte ao réu.

    Claro que se tratando de Kore-eda temos dramas familiares nisso tudo. Shigemori cobra o próprio pai, em seu imaginário, porque Misumi não recebeu pena pior no passado, o que eliminaria todo esse stress atualmente. Ao mesmo tempo, ele tem uma filha, que se sente deixada de lado, o que nos relembra o comprometimento dos pais, discutido tanto em Pais e filhos.

    A dúvida é que leva o espectador a ficar totalmente tomado pelo filme, você não sabe o que realmente aconteceu, tanta adivinhar, fica obcecado por saber a verdade. Inovando aqui do que sempre filmou, Kore-eda nos surpreende com uma obra fascinante, que provoca o espectador a refletir muito mais do que o motivo do crime. Ele nos faz questionar as relações humanas, o poder de destruição do ser humano e até onde uma história (mentira ou verdade) pode levar as pessoas.

    Kore-eda faz da iluminação um prazer adicional, como sempre, a luz é quase que um personagem em seus filmes. Ele mostras áreas sombreadas nos rostos dos atores, de forma que nos coloca em dúvida sobre a veracidade do que está sendo contato. As cenas da cadeia são sensacionais, quando o advogado e prisioneiro conversam através de um vidro, onde os rostos não apenas se refletem, mas se sobrepõem.

    O Terceiro Assassinato é mais uma obra prima do mestre Kore-eda, ele questiona os procedimentos legais e o modo como se julga o outro ser humano. Fica o questionamento se a justiça está sempre certa, e nos tempos que vivemos, temos clara certeza que muitas vezes não.

    Trailer:

    Resolvi unir esse filme ao molho Tonkatsu, pois é um clássico da cozinha japonesa. É mega fácil, mas tive que percorrer a internet nipônica para achar uma receita que não levasse catchup (nao gosto). Vamos a receita?

    Molho Tonkatsu

    Ingredientes

    • 250 ml de shoyu
    • 50 ml de molho inglês
    • 130 g de extrato de tomate
    • 150 g de açúcar
    • Pimenta do reino a gosto

    Modo de Fazer

    1. Misture todos os ingredientes e leve ao fogo para ferver até engrossar.

    Dicas de uso:

    O molho pode ser servido junto com carnes a milanesa (geralmente porco), ser molho para massas orientais, servido com salada de repolho fresco ou qualquer outro prato que queiras dar um toque agridoce.
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    Mil Vezes Boa Noite & Bolo de Aipim

    Estava eu vagando pela Netflix (quem nunca?) e acabei me deparando com Mil Vezes Boa Noite. Já fiquei com vontade de assistir quando vi Juliette Binoche na capa, pois quando tem ela, geralmente, temos um bom filme. Li a sinopse, achei interessante. Para completar tinha recentemente terminado de ver Gamer of Thrones e andava cativada por Jaime Lannister (Nikolaj Coster Waldau), o irmão sentimental de Cersei, então concluí que deveria mergulhar naquelas quase duas horas de filme.

    Nos primeiro 15 minutos de filme ficamos sabendo quem é Rebecca (Binoche), uma fotógrafa que está em um país africano, fotografando um ritual de um grupo de mulheres. Após simularem o que parecia um funeral, elas começam a prender dezenas de bombas no corpo de uma integrante. Depois de um tempo nos damos conta que aquela é a preparação de um ato terrorista. Rebecca segue com sua câmera até o ato da explosão, que é filmada com maestria. Mesmo ferida, ela segue tirando fotos, obcecada pelo registro de tudo.

    De volta para casa, em recuperação do atentado, onde acabou quase morrendo, Rebecca recebe um ultimato do marido Marcus (Kikolaj Coster Waldau): ou ela abandona a carreira, ou ele vai se separar dela.

    Ela entra então em um complexo dilema pessoal: deve ela deixar a responsabilidade de fotógrafa jornalistica, que é expor ao mundo os horrores da guerra, ou manter sua família integra e saudável?

    Além do marido, existem duas filhas. A mais velha, Steph, tem com ela ótimos diálogos e situações que fazem com que Rebecca repense muito toda sua vida profissional e familiar. É clara a dor da família, o medo de perdê-la a cada viagem, a falta que ela faz em casa. As meninas estão confusas e melindradas. Por vezes se mostram revoltadas por não terem aquela mãe padrão, porém, há também aquela admiração pela força que ela tem e pela profissional que ela é, fazendo toda uma diferença no mundo.

    Nesse meio tempo, a filha começa a se interessar mais pelo trabalho da mãe, passando a entender o verdadeiro propósito de tudo aquilo. Muitos conflitos começam exatamente por isso, como se já não bastasse toda o stress que vivia aquela família.

    O diretor e roteirista norueguês Erik Poppe usa a direção de arte para expor as duas opções que Rebecca tem de escolher seguir. Em tonalidades mais azuis, quando está mais próxima a família e apostando no preto quando ela está mais para o trabalho, simbolizando o luto que o trabalho traz para ela.

    O trabalho da direção de fotografia é belíssimo, ele fala por si só. Poppe cria planos minimalistas para contar a história, quando ela está em casa e com a família, closes com baixa profundidade de foco nos dão uma sensação de solidão e sofrimentos. Quando ela está trabalhando, no meio da zona da guerra, temos planos mais abertos, remetendo ao conforto dela dentro da situação.

    Mil vezes boa noite é um filme lindo, denso e amargurado. Entramos naquela dúvida junto com ela sobre o que fazer, se estivéssemos naquela situação. Um belo trabalho de Binoche, nos levando pela mão junto aos tão camuflados e temidos mundos da guerra.

    Uma realidade que deve ser sim mostrada ao mundo, alguém precisa fazer o “trabalho sujo” para que o universo se conscientize que é um ato cruel, onde muita gente morre e muitas vezes não leva a nada.

    Trailer:

    Resolvi postar com o bolo de aipim, pois ele me deixa com sensação de estar em casa. E isso para mim é uma coisa muito valiosa. Aquele aconchego que só o canto da gente dá. Ao contrário da personagem de Binoche, eu prefiro meu canto do que o mundo. Um tabuleiro de bolo de aipim não quer guerra com ninguém. Vamos a receita?

    bolo de aipim

    Bolo de Aipim

    Prep: 60 mins
    Cozimento: 40 min
    Serve: 6

    Ingredientes

    • 500 g de aipim descascado e picado em cubos
    • 3 ovos
    • 1 xíc. de açúcar
    • 1/2 xíc. de leite
    • 1/2 xíc. de leite de coco
    • 100 g de coco ralado
    • 1 pitada de sal
    • Manteiga para untar a forma

    Modo de fazer:

    1. Pré-aqueça o forno a 180º
    2. Unte a assadeira com a manteiga (usei uma de 18×28 cm)
    3. Bata todos ingredientes no liquidificador, exceto o coco ralado.
    4. Em uma tigela, despeje a mistura e incorpore o coco ralado.
    5. Coloque na assadeira e leve ao forno por 40 minutos.
    6. Retire do forno e sirva.
  • Doces,  Séries & TV

    Animal Kingdom & Torta de Maçã

    Animal Kingdom é uma série passada na California. Baseada no filme australiano homônimo (que inclusive já assisti e achei a série melhor ainda que ele).

    A série conta a história da família Cody, formada pela mãe Janine, seus 4 filhos e 1 neto.

    O episódio piloto nos revela que eles são uma família com 4 homens adultos (Pope, Baz, Craig e Deran), sendo mimados por uma mãe que faz tudo sozinha, inclusive faxina, faz comida e cuida de ”seus meninos”. O mais interessante é que ela adora fazer tudo isso. É nesse ep que também conhecemos J. (Joshua), o neto, filho da irmã dos guris, que acabou morrendo de overdose.

    Ao longo do episódio ficamos sabendo que eles tem uma profissão bem curiosa: são ladrões. E aí vocês devem estar se perguntando quem manda na pohah toda? Ela mesma: Janine, mais conhecida como Smurf, durante as temporadas já existentes você vai ter a explicação do porque desse apelido dela. Resumindo: eles levam uma vida bandida.

    Tem aquela coisa de família unida (se bem que na maioria das vezes é forçadão pela matriarca).

    Smurf cozinha.

    Faxina loucamente.

    Bota pra quebrar quando precisa.

    Os meninos são muito unidos.

    Se divertem juntos.

    Trabalham bem juntos.

    Aventureiros.

    Tomam aquele traguinho.

    J., o neto, é o preferido dela, e também, o que ela mais confia em alguns momentos. OU não.

    J. não é brincadeira não, até fez o Dexter na última temporada.

    Temos Baz, o braço direito dela, o filho adotado. Bem lembramos de você em Felicity, não é mesmo?

    Pope, o filho esquisito, que tem transtornos psíquicos, no começo eu tinha PAVOR dele, depois comecei a me apegar de um jeito, que hoje em dia eu quero entrar na tela e abraçá-lo ou chamá-lo quando alguém que me irrita precisa de uma boa sova.

    Nunca ninguém mereceu tanto…

    Craig, gente, Craig é aquele cara tipo Cacau, minha cadela pitbull. Uma criança grande, bobalhão e bom vivant.

    Lembram dele em Vikings? Ele foi meu crush por um bom tempo, até o dia que Lalá resolveu matá-lo *spoiler*, sorry. Sofri.

    Craig é bondade.

    Faminto (pura larica).

    Objetivo com seus prazeres.

    Temos Deran, que é o filho que sai do armário e se assume gay. Adoro essa parte, porque acho que esses assuntos não tem mais que ser tabu, tem que estar em todas as rodas. Tem que ser normal falar sobre isso, ver isso, exibir isso. <fim do depoimento>.

    Shippo.

    Deran é chatinho, mas compreendemos ele por conta de tudo que passou até aqui com sua criação. Quem nunca, né migues?

    Todas as vezes que terminam um roubo, chegam em casa e Smurf preparou alguma iguaria gostosa. Muitas vezes foi torta de maçã, por isso a receita do post. Todos se reunirem na cozinha e contam como foi o ”evento”.

    Smurf é um caso a parte. Eu nunca odiei ela, como eu odiei Gemma em Sons of Anarch. Tenho uma certa aversão a mães controladoras. Porém, ela é uma mulher tão forte e objetiva, que muitas vezes se dá até conta que não está no controle.

    Ela tem momentos épicos e um jeito de caminhar muito peculiar.

    É muito cínica quando necessário.

    Chega um momento que você acha que precisa acreditar e confiar nela. Ou não. Né, J?

    Veja um fragmento do episódio 9 da primeira temporada, onde comem a famigerada torta de maçã:

    Fiz esse post todo com gifs, apenas porque eu acho divertido e gosto muito deles. Não vivemos sem gifs (né, Pri?).

    Vamos a receita?

    Torta de Maçã

    Preparo: 90 min
    Cozimento: 45 min
    Serve: 4-6 pessoas

    Ingredientes

    • 3 xic. farinha de trigo
    • 150 g de manteiga gelada
    • 4 colheres de sopa de açúcar
    • 6-8 colheres de sopa de água gelada
    • 2 maçãs verdes
    • 4 maçãs fuji
    • 3 colheres de sopa de farinha de trigo
    • 2 colheres de chá de canela em pó
    • Nóz moscada
    • 1 limão siciliano (raspas e suco)
    • 2 colheres de sopa de manteiga
    • 1 pitada de sal
    • 1/2 xíc. de açúcar mascavo
    • 1 dose de Whisky Jack Daniels Honey (opcional)

    Modo de Fazer:

    1. Primeiro faça a massa: corte a manteiga em pequenos cubos. Num bowl coloque a farinha, o açúcar e misture. Adicione a manteiga e vá amassando e misturando, até que tudo vire uma farofinha. Vá adicionando água gelada até ter uma massa homogênea e bonita. Leve a geladeira, envolvida em um filme plástico, por no mínimo 1 hora.
    2. Agora vamos ao recheio. Descasque todas as maçãs, descarte os miolos com as sementes e fatie finamente. Em seguida coloque todas em um bowl, adicione o suco e raspas de limão, o açucar, canela, sal, noz moscada e o whisky. Deixe descansar até que a massa esteja pronta para abrirmos.
    3. Ligue o forno a 200º.
    4. Separe a massa em duas partes, sendo que uma deve ter 1/3 da massa e outra os outros 2/3. Abra a parte maior e forre o fundo e laterais de uma assadeira redonda (usei de 20 cm de diâmetro).
    5. Misture ao recheio as 3 colheres de farinha de trigo e envolva todas as maçãs nela.
    6. Coloque o recheio na massa.
    7. Coloque cubinhos de manteiga (das 2 colheres) por cima das maçãs espaçadamente.
    8. Cubra com o outro 1/3 de massa restante. Para fazer a decoração de treliça na massa siga as dicas do video postado abaixo.
    9. Peneire açucar com canela em cima da torta.
    10. Leve ao forno por uns 45-50 minutos. Ela deve estar dourada.
    11. Sirva com sorvete de baunilha, baby.

    Dica:

    Para saber como fazer a decoração treliçada da torta, veja esse vídeo do Panelinha: Como decorar torta com treliça
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    As Confissões & Tortellini

    Uma reunião de líderes econômicos dos maiores países do mundo. Para dar uma descontraída, e uma coisa mais cultural, foram também convidados um monge, um cantor famoso e uma escritora bem conhecida. O que isso poderia dar?

    O diretor italiano Roberto Andò nos leva a descobrir tudo isso, juntamente com Toni Servillo, fazendo o calmo e carismático monge Roberto Saulus. Na primeira noite do encontro, o presidente do Fundo Monetário Internacional, o francês Daniel Roché (Daniel Auteuil), chama o monge para uma conversa em seu quarto. Ele quer se confessar. Horas depois ele aparece morto. :O

    Devido ao seu voto de silêncio, ele não pode revelar nada do que foi lhe dito pelo finado. E a gente fica naquelas: e agora, o que houve?

    Começa então uma série de especulações por parte dos demais integrantes da reunião. Os ministros acreditam que Roché tenha revelado a Saulus o motivo daquela reunião, um pouco antes de morrer, já que ninguém sabia o verdadeiro motivo de estar ali.

    Andò carrega uma crítica muito forte sobre o quadro político mundial, dando pequenas, mas super ferinas, agulhadas contra o materialismo e a obsessão pelo dinheiro. Muito boa jogada, para uma reflexão sobre a distância entre a sabedoria e o dinheiro.

    Toni Servillo é um grande ator. Parece que ele saiu de outro tempo do cinema, longe de ser um galã, ele leva consigo aquela luz de um verdadeiro ator. Relembrem o bon-vivant Jep Gambardella, de “A Grande Beleza” (tem post aqui no blog) e comparem aqui com o monge Roberto Saulus, sem nenhum glamour e de vida calma. Toni é brilhante. Assistam.

    Trailer:

    Tem coisa mais italiana do que massa caseira? Não tem! <3

    Inspirada no meu muso-ídolo Gennaro Contaldo resolvi fazer uma receita de Tortellini de espinafre com ricota. Se apega nesse vídeo para aprender a fechá-los.

    Um pouco de história:

    Alguns estudiosos, levando em conta a etimologia da palavra, sustentam que o tortellini existe desde o século 12. O nome viria de “turtellus” (alimento difundido nos antigos monastérios) que por sua vez derivaria de “tortula”, pão rústico salgado e recheado, conhecido desde os primeiros tempos do cristianismo. Segundo o imaginário popular, entretanto, seria mais antigo.
    Muitos italianos acreditam que o tortellini nasceu em tempos mitológicos. Lenda – No fim do século 18, um engenheiro chamado GiuseppeCeri ajudou a consolidar essa lenda. Disse que a massa nasceu na localidade de CastelfrancoEmilia, na estrada que liga Bolonha a Modena, inspirada no umbigo de Vênus, deusa do amor e da beleza. Após uma noite de amor a três, da qual participaram Baco, deus do vinho e da embriaguez, e Marte, deus da guerra, ela acordou sozinha. Acreditando ter sido abandonada, chamou o dono da hospedagem para saber se os parceiros haviam partido. Sua nudez extasiou o homem, que desceu à cozinha e fez uma massa reproduzindo o divino umbigo. Uma história parecida, com outros personagens, fala de um taverneiro que espiou uma bela mulher pelo buraco da fechadura. Igualmente deslumbrado, homenageou o umbigo feminino com uma massa recheada.
    (Fonte: ItaliaOggi)

    Tortellini de Espinafre com Ricota

    Preparo: 60 min
    Cozimento: 10 min
    Serve: 4 porções

    Ingredientes

    • 300 g de farinha de trigo
    • 3 ovos
    • 1/2 ricota (aquelas da embalagem redondinha)
    • 1 maço de espinafre
    • 1 gema de ovo
    • 150 g de farinha de rosca
    • Pimenta do reino a gosto
    • 100 g de queijo parmesão ralado
    • 1 pitada de sal
    • Molho de tomate* (pegue a receita no link abaixo, na parte de dicas)

    Modo de fazer:

    1. Em uma tigela, coloque a farinha. Faça um furo no meio. Bata os ovos a parte e adicione a aquele ‘buraco’. Vá incorporando os ovos a massa.
    2. Comece a amassar com a mão, até obter uma massa homogênea.
    3. Deixe a massa descansar por, no mínimo, 30 minutos, em um saco plástico, em temperatura ambiente.
    4. Enquanto isso vá fazendo o recheio.
    5. Cozinhe o espinafre no vapor e coloque em um pano, esprema bem até sair toda a água dele.
    6. Deixe esfriar um pouco e junte a ricota, o ovo, o sal, a pimenta, o queijo e a farinha de rosca. Fica tipo uma pastinha.
    7. Abra a massa e corte em quadradinhos de mais ou menos 6 cm.
    8. Coloque um pouco de recheio no meio e feche. Veja o vídeo que linkei do Gennaro para ver como se faz.
    9. Cozinhe em água fervente salgada (como faz para macarrão) por alguns minutos (mais ou menos 5).
    10. Sirva com molho de tomate e queijo parmesão!

    Dica:

    Tenha um potinho com água perto de você e passe nos “bracinhos”, quando for unir e fechar os tortellinis. É um grande marco para eles não soltarem as mãozinhas quando forem cozinhar. * Receita do molho de tomate aqui
  • Doces,  Drama,  Séries & TV

    Sense8 & Panquecas Islandesas

    Sensates são pessoas capazes de compartilhar sensações dentro do seu grupo ao ponto de até tomar o controle do corpo do outro e de se comunicar telepaticamente. Eles revivem lembranças de um jeito muito intenso e, assistindo as vidas do grupo protagonista da série, nós também:

    • uma ativista trans;
    • um criminoso;
    • uma farmacêutica indiana;
    • um policial;
    • uma executiva sul-coreana;
    • um ator mexicano;
    • uma DJ islandesa vivendo em Londres;
    • um motorista queniano.

    sense8capa

    Com uma proposta parecida mas menos arrogante do que a de Cloud Atlas, também dos Wachowski, e talvez por isso mais bem sucedida, Sense8 consegue mostrar seus 8 núcleos e nos deixar interessados por todos: do mais tenso, em que se planeja um assalto, ao mais trivial, com os preparativos de um casamento. Ainda que a mão dos roteiristas pese nos diálogos, que soam forçados e, às vezes, até irritantes; e em algumas situações, como quando não basta um monte de enfermeiros para segurar uma mulher indefesa, o maior deles ainda precisa estalar o pescoço; os protagonistas são tratados com um respeito quase solene.

    Um personagem gay não é alívio cômico; a personagem trans não está lá só por estar… Todos tem diversos momentos para explorar: ação, drama, sexo, dúvidas, alegria. E todos têm personalidades distintas, apesar de serem, de uma forma ou outra, donos de uma nobreza, certa bondade. E o respeito com que seus mundos são mostrados é ainda mais cativante. A cultura mexicana é mostrada com sua devoção à tevê cheia de over acting e drama. A cultura indiana, com seu amor por cores e dança. Se não fosse por todos os diferentes idiomas falados pelos personagens serem ouvidos em inglês, pareceria mais um produção terráquea do que estadunidense.

    Aproveitando que a Netflix não depende dos humores dos anunciantes nem está (ainda) sob o escrutínio dos puritanos, a série não só ri dos pudores da tevê, mostrando uma bolsa de colonoscopia e um absorvente interno sujo ou os detalhes melequentos e “expansivos” de um parto, como aborda morte, preconceito, sexismo, pobreza, amizade, sexo e família de maneira explícita porém respeitosa.

    A ousadia no conteúdo supera qualquer falta de ousadia na forma. Há várias possibilidades para raccords que poderiam ter sido mais elaborados e a quebra o conceito de cena, por aconteceram em mais de um lugar ao mesmo tempo, é interessante, mas obrigatória. Só que Sense8 é uma ficção científica sobre emoções e, do jeito mais Star Trek possível, cheia de um otimismo tão escasso nos últimos tempos, em que o mal é o destaque em quase toda obra. Aqui, quase sempre o mal é mau e o bem é bom, como acontecia em filmes dos anos oitenta. Cheia de mensagens, que podem ser mais sutis, como o valor da colaboração acima da competição, ou mais descaradas, como o aprimoramento proporcionado pela variedade, que chega a sair da boca de uma personagem, ela nos convence de não importa quão ruim está a situação, se deixamos o egoísmo de lado prevaleceremos.

    Ainda que não a produção mais redonda da Netflix, Sense8 é, pelos limites expandidos, marcante. E um dos mais belos manifestos pela união da diversidade.

    (Robson Sobral)

    Trailer:

    A receita que acompanha o post de hoje é feita pela Priscila, do Culinarístico! Ela juntou o post do Robson, que nada mais é que a pessoa que divide a diversão de assistir as séries com ela, com uma das lembranças gustativas de infância da personagem Riley.

    Pönnukökur ou Panquecas Islandesas

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 18

    Ingredientes

    • 1 xícara de chá de farinha de trigo
    • 2 colheres de sopa de açúcar
    • 1 colher de chá de sal
    • 1 colher de chá de fermento em pó
    • 2 ovos
    • 1/2 colher de chá baunilha
    • 1/2 xícara de iogurte natural sem açúcar
    • 1 3/4 xícaras de chá de leite
    • 1/2 colher de chá de canela (opcional)

    Como fazer?

    1. Misture os ingredientes secos em uma tigela. Em outra tigela bata bem os ovos até que fiquem cremosos, adicione o leite, o iogurte, a baunilha e misture bem. Adicione aos poucos os ingredientes líquidos nos secos misturando até formar uma massa fina. Deixe a massa descansar por 30 minutos. Unte uma frigideira com um pouquinho de manteiga e aqueça-a. Coloque a porção de uma concha de feijão pequena de massa na frigideira e deixe dourar dos dois lados. faça uma massa bem fina, como crepe.
    2. Sirva com geleia e chantili eu servi com creme de leite.