2046 & Yakissoba de Carne

Todos que me conhecem sabem do meu amor incondicional pelo diretor chines Wong Kar-Wai. Já falei de filmes dele algumas vezes aqui no Cozinha, sobre os filmes Blueberry Nights e In the mood for love. Não é por acaso que uma imagem do filme estampa o layout do blog. Considero 2046 um dos meus TOP5 filmes de ‘cabeceira’.

2046 faz parte de uma trilogia. O primeiro filme é “Days of being wild” (no Brasil, Dias Selvagens), seguido de In the Mood for love e por fim 2046.

Todas as lembranças são rastros de lágrimas.

Ainda não era grande conhecedora da obra de Kar-wai quando assisti a 2046. Acabei por vê-lo antes dos dois outros filmes, por não saber que se tratava de uma sequência. Confesso que não fez diferença no entendimento do drama e trama. Até acredito que foi melhor ter visto o último antes dos outros.

2046 é um filme complexo, com fotografia incrível e impecável (temos aqui o último filme com a parceria com Chris Doyle, o melhor diretor de fotografia já visto no mundo, na minha singela opinião), uma trilha sonora que vai desde Nat King Cole a Casta Diva e temos então a sequência da história de vida do Sr. Chow, vivido pelo ator chines Tony Leung Chiu Wai.

2046 não começa de onde In the mood for love parou. Kar-wai conseguiu em 5 anos de filmagem mudar o filme diversas vezes.

Década de 60, Sr. Chow está de volta a Hong Kong, onde começa a morar em um hotel. Ele está em frente ao quarto 2046. Está mudado, a vida o transformou em um tipo conquistador quee começa a se relacionar com mulheres que passam em sua vida.

Ao mesmo tempo que vai a jantas e noitadas de bebedeiras, ele começa a escrever uma história de ficção científica, passado em um trem, com andróides que tem emoções retardadas, onde todos tentam encontrar suas memórias perdidas…a história chama “2046”.

Temos em metáforas toda a vida dele, seu amor perdido, seus romances do presente, as dores, saudades, esperanças retratados nessa história que se mistura com o filme em si.

Kar-wai, mais uma vez genial, mistura a ficção com a realidade fazendo com que o filme seja um transbordar de sentimentos e conclusões nem sempre felizes.

Imagens em preto e branco se mesclam com coloridos intensos das cabines do trem. Sensações de perda e um vazio que só se vai sentir depois de algum tempo, como acontece com as atendentes andróides.

Por outro lado temos um homem que foi machucado pela vida e resolveu seguir a linha oposta do que sempre foi. Mas não consegue viver assim.

Lembra que lhe falei que havia uma coisa que nunca poderia emprestar?

Não é possível se emprestar o amor. O amor não é algo que se possa deixar por alguns instantes com alguém, nem que seja para confortá-la um pouco. 2046 teoriza com o amor. Discute com a gente mesmo sobre o que realmente achamos que ele é. 2046 é dolorido, lindo, marcante e exuberantemente perfeito.

Desejo, espaço, tempo e memória. Isso é 2046.

Para comer assistindo o filme eu resolvi que poderíamos ter um prato típico da China, óbvio, pois “nada muda em 2046” e nada mais chinês e amor que Yakissoba. Então vamos lá!

Yakissoba de Carne

Prep Time: 60 mins
Cook Time: 30 mins
Serve: 4

Ingredientes

  • 500g de macarrão para Yakissoba
  • 400g de carne vermelha de sua preferência (usei coxão de dentro)
  • 1 dente de alho picado
  • 150g de brócolis cortado em buquês pequenos
  • 100g de couve-flor cortado em buquês pequenos
  • 1 cebola cortada cubos grandes
  • 1 cenoura cortada em tiras
  • 100g de repolho cortada em cubos
  • 150g de champignon
  • 1 xícara de chá Shoyu
  • 1/2 colher de sopa de açúcar
  • 1/2 xícara de chá de água
  • 1 colher de sopa de amido de milho
  • 1/2 colher de sopa de óleo de gergelim torrado
  • 4 colheres de óleo de girassol (ou de sua preferência para refogar)

Modo de fazer

  1. Cozinhe o macarrão em mais ou menos 2 litros de água fervente. Escorra.
  2. Aqueça uma panela Wok (de preferência) e adicione um 2 colheres de óleo de girassol, jogue o macarrão para fritar por alguns segundos. Reserve. Agora na mesma panela, que já está quente, coloque mais um pouco do óleo e frite a carne. Reserve. Nesse momento você vai fritar os legumes: coloque o alho a cebola, o brócolis, a cenoura, couve-flor e o repolho e os cogumelos. Deixe refogar por uns 2 minutos. Depois disso volte as carnes a panela, junte o shoyu, o açúcar, a água e o óleo de gergelim. Deixe refogar por alguns minutos.
  3. Dissolva o amido de milho em um pouco de água e adicione, mexendo até que engrosse um pouco o molho. Junte o macarrão a panela e sirva em seguida.
Sobre o autor

Sara

A dona da cozinha.

5 Comentários

  1. Não entendo nada de cinema e confesso que quase nunca vou, mas viajo em seus posts e sempre fico com o desejo de assistir ao filme que você apresenta. Com esse não foi diferente, vou fazer uma lista dos que vi por aqui e tentarei assistir alguns.
    Adorei a frase “Lembra que lhe falei que havia uma coisa que nunca poderia emprestar?”
    Nunca tinha pensado nisso, grande verdade.
    Um bom dia para você querida!
    Bjuss!!!

  2. Ahhhhhh, adoro yakissoba, a foto do seu está fantástica! Bjs!

  3. Lindo post, nem comento muito o ‘tema’ pq sou suspeita, né. Amo!

  4. […] Pois é. Esse e Blue Valentine são meus dois filmes clássicos para chorar (além de Issiz Adam e 2046 – esses dois para chorar compulsivamente, daquele tipo que beira uma falência total dos […]

  5. […] tem uma coisa com números. Temos as datas de validade nas latas de abacaxi, temos o quarto 2046, temos amigos daquela exata hora em Days of being wild,  temos enfim o policial 633 (beijos Dai!) […]

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