“Chuva” & Sopa de Capeletti

“Chuva” (Lluvia) é um filme argentino de 2008 que fala basicamente sobre a dor da perda. Seja ela temporária, como uma separação, ou eterna, como a morte.
De tomadas simples e uma bela fotografia, o filme é completamente sensível e humano. A diretora Paula Hernández vai além das expectativas em uma história feita de uma série de coincidências, ambientadas na cidade de Buenos Aires. Ou não seriam coincidências?
No filme temos Alma – interpretada genialmente por Valéria Bertucceli – que é uma mulher de uns 30 anos que acaba de se separar e começa a viver dentro do carro. Do outro lado vemos Roberto (Ernesto Alterio ) um homem que veio da Espanha para enterrar seu pai, com quem não falava há 30 anos. Eles se conhecem acidentalmente. No meio do trânsito, chuva, caos e meia dúzia de palavras.
Há todo um simbolismo entre a chuva e o estado de espírito das duas personagens no filme. Uma reflexão sobre a vida e as dores de cada uma.
O que nos passa é que a diretora queria nos mostrar que ainda há um pingo de esperança na busca da felicidade. Um ombro humano e amigo quando mais se precisa e não se tem ninguém.
Um estranho que se torna tão próximo que não há limite para a intimidade que isso possa criar. Poderiam apenas ter passado um pelo outro sem querer saber porque o outro sofria, ou o que escondiam aquelas lágrimas que caiam. Um belo filme e o cinema argentino acaba por sempre me surpreender. Por isso sigo a procurá-lo.

-Ele tinha alguma família aqui?
-Nem família, nem nada. Sua casa era um grande piano…e uma cama de solteiro.
-É o que ele escolheu.
-O que ele escolheu ou o que lhe foi deixado…
-O que você disse?
-Estou dizendo, é o que ele escolheu ou o que lhe foi deixado?
-Não, é o que ele escolheu.
-Ele escolheu isto.
-Para se isolar, desaparecer e viver a vida que viveu.
-Bem, talvez ele não pôde encontrar o caminho… não sei…
-Às vezes, você não pode decidir, é só o que lhe sobra.
-Quando se tem um filho…o que não se pode fazer é escolher.
-Você tem que estar lá.
-Não pode desaparecer durante a noite…como se não tivesse responsabilidades.
(Roberto falando sobre o pai em Lluvia)

E o que sopa de capeletti tem a ver com tudo isso? É simples: sopas quentinhas com massas gostosas são aconchegantes em dias frios e de chuva. Também dão uma confortada na alma…
Eu não gosto de sopas aguadas. Geralmente prefiro as sopas-creme, as com massas, com menos líquido, e mais encorpadas. E assim é que fica a minha sopa predileta de todas as horas.

Sopa de Capeletti

Prep Time: 60 mins
Cook Time: 40 mins
Yields: 2

O que você vai precisar?

  • 250g de capeletti de frango
  • 250g de peito de frango em cubos
  • 2 cenouras médias em cubos
  • 1 tomate sem semente picado
  • 1 cebola picada
  • 2 dentes de alho
  • Azeite de oliva
  • 1 cubo de caldo de frango
  • 1 litro de água quente
  • Pimenta do reino
  • Salsinha
  • Orégano
  • Queijo parmesão ralado

Como fazer?

  1. Em uma panela aqueça o azeite de oliva e refogue o frango. Deixe ele corar. Coloque a cebola, em seguida o alho. De uma leve fritada, misturando bem ao frango. Adicione o tomate picado e a cenoura. Coloque então o caldo de frango, pimenta do reino, o orégano e por fim despeje a água quente por cima.
  2. Deixe cozinhar, com a panela semi-tampada, em fogo baixo por uns 20 minutos, mexendo de vez em quando. Prove o sal. Se achar necessário, adicione mais um pouco. Eu geralmente não coloco, pois o caldo de galinha já tem sal suficiente para minha pressão alta =) Adicione então os capelettis e deixe o tempo que é indicado na embalagem deles. Desligue o fogo, adicione a salsinha picada. Na hora de servir polvilhe com queijo parmesão ralado.

Um pouco de história….

Os cappelletti surgiram como uma evolução dos ravioli. No século 13, os ravioli já encantavam os nobres e os plebeus do norte da Itália. Esses pasteizinhos com forma quadricular eram recheados com queijo ou com carne. Com o decorrer do tempo, após muitos enganos na hora de servi-los, passaram a diferenciar um recheio do outro através de formatos diferentes. Os de queijo mantiveram no forma quadricular. Já os de carne passaram a ter a forma de um triângulo, com uma de suas pontas retorcidas. Esta nova forma era semelhante a de um chapéu de bico, e daí veio o nome – capelleti significa “chapeuzinhos” em italiano. A tradição diz que os ravioli não podem ter carne em seu recheio, enquanto os cappelletti não utilizem queijo. (Fonte: Spoleto)
Sobre o autor

Sara

A dona da cozinha.

1 Comentário

  1. uau! fiquei com vontade de assistir o filme e provar a sua sopa! perfeita neste friozinho!

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