Todas as Sextas & Picles

Hoje não falarei de filme, nem série, mas sim de livro.

“Entendo minha cozinha como um ofício e não como uma arte. O que me move, o que me leva a cozinhar é a vontade de alimentar, nutrir, não busco surpreender e sim satisfazer. Minha história, o meu presente, a música, a minha alegria, a minha vontade de transmitir o que sinto e o que gosto são o meu motor na hora de cozinhar. Respeito e elogio ao produto, por uma cozinha honesta, genuína e de raiz.”
(Paola Carosella)

Fazia um tempão que eu namorava o “Todas as sextas”, da Paola Carosella. O livro autobiográfico, contem 94 receitas, por ela escritas e que foram executadas no menu executivo, em todas as sextas, no restaurante dela, o Arturito, em São Paulo.

Cada receita traz um pouco de história, todas conectadas a sua vida e a evolução dela na cozinha. Ela sempre faz questão de enaltecer o uso dos alimentos frescos, ovos de galinhas com vida feliz, carnes de animais que tiveram uma vida digna, e todo o respeito que se deve ter com os ingredientes.

Quando ganhei o livro, simplesmente o devorei em alguns dias. Ela vai nos levando, ao longo do prólogo, à toda historia da vida dela. Ela versa sobre quando começou a amar a culinária, quando ela trabalhava quando secretária e se pôs a cozinhar para os almoços que o chefe queria fazer com pessoas importantes. Alem disso, ela nos conta que ficava sozinha em casa, fazendo a janta, enquanto a mãe estava fora estudando, e então fazia apresentações de programas de culinária, para ela mesma.

Em cada uma das receitas há um pouco de humor e lembranças. Experiências passadas e coisas que aprendeu ao longo da vida. É genial o modo como ela nos leva para dentro da cozinha dela, da vó, da mãe…

Com uma sensibilidade incrível, ela nos carrega pela mão (e pelo coração) através dos momentos vividos, trilhando esse caminho desde jovem, até onde está hoje. Uma mulher absolutamente incrível e uma profissional reconhecida por seu trabalho e sua força.

O livro nos fala muito sobre o ato de cozinhar ser um ato de amor, de liberdade, de independência, mas também um ato social. Com a comida que fazemos, o ingrediente que compramos, de quem compramos, como lidamos com ele, para quem servimos, como tratamos as pessoas, tudo isso está interligado com a cozinha. É como um grito de alerta, ainda mais no tempo em que vivemos.

Quem conhece ela apenas como jurada e apresentadora do Masterchef, não imagina o quanto mais ela é. Ou imagina. Acho obrigatória a leitura desse livro. Um aprendizado tão grande eu tive. Confesso que algumas vezes eu até chorei, sim, eu sou emotiva demais, ainda mais com histórias como a dela.

Temos ali uma pessoa que passou muitas coisas difíceis na vida, mas nunca desistiu de seu ideal: ser uma cozinheira. Que leva as pessoas o seu amor pelo alimento, que sempre foi quem ela é. Para mim ficou como um aprendizado enorme. Ela nunca teve medo de ir em frente. Ela sempre foi. O que aconteceria depois, só a vida diria. E ela não tinha medo da vida.

Hoje vou trazer aqui, uma receita de picles de cebola roxa, é deliciosa, e pode ser usada como acompanhamento de todas as refeições. Depois que casei com um alemão, soube o que é o amor por conservas. Vamos lá?

Ingredientes:

  • 600 g de cebola roxa
  • 2 1/2 xic. de vinagre de vinho branco
  • 2 1/2 xíc. de água
  • 4 colheres de sopa de açucar mascavo
  • 1 pimenta dedo de moça, ou outra que tiveres, desde que seja fresca
  • 1 colher de sopa de pimenta do reino em grãos
  • 1 colher de sopa de coentro em grãos
  • 1 pitada de flor de sal (coloquei sal marinho)

Modo de fazer:

Corte a cebola com 1 cm de espessura, pode ser em anéis ou metades.

Em uma panela coloque todos os outros ingredientes e leve ao fogo até ferver. Acrescente a cebola e deixe ferver por 2 minutos em fogo baixo.

Retire do fogo e coloque tudo em um vidro. A cebola deve ficar submersa no líquido.

Deixe na geladeira e após dois dias fica bem gostosa para o consumo.

Paola conta no livro, que esse tipo de picles vai bem com qualquer outro legume. Fica a dica.

Sobre o autor

Sara

A dona da cozinha.

1 Comentário

  1. Amei o texto e a inspiração. Realmente… Fazer comida, para humanos ou animais é uma missão… O amor de transmitir energia através de cada ingrediente… Desde a hora que sentamos para planejar cada cardápio até o momento da entrega e de quando recebemos o vídeo com o cachorrinho comendo… Tudo é amor… Obrigada, Sara, você é sem igual.

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