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    Mães Paralelas & Tortilla de Batata

     “Não existe história muda. Por mais que a queimem, por mais que a quebrem, por mais que mintam, a história humana se recusa a ficar calada”.

    (Eduardo Galeano)

    O diretor espanhol Pedro Almodóvar é conhecido por sua habilidade em contar histórias envolventes com personagens complexos e cheios de camadas. Em seu filme “Mães Paralelas” (“Madres Paralelas”) ele segue essa tradição e oferece uma reflexão profunda sobre a maternidade, o amor e o destino.

    Aqui ele conta a história de duas mulheres que se conhecem em um hospital, enquanto aguardam o nascimento de seus filhos. Janis (Penélope Cruz) é uma jovem mulher que engravidou de seu namorado Arturo (Israel Elejalde), ele é casado com uma mulher que não pode ter filhos e decidiu adotar uma criança. A outra mãe, Ana (Milena Smit), é uma adolescente que não tem apoio da família e decidiu ter o bebê sozinha.

    À medida que os bebês nascem, as duas mulheres se tornam amigas e descobrem que têm mais em comum do que imaginavam. Janis e Ana compartilham um segredo que as liga de maneira profunda e, aos poucos, começam a construir uma relação que ultrapassa as convenções sociais.

    Almodóvar, como sempre, dirige o filme com maestria e cuidado. Sua câmera capta os rostos e os gestos dos personagens com precisão, revelando seus pensamentos e emoções sem precisar de diálogos explicativos. A paleta de cores, que combina o vermelho intenso com o branco puro, cria uma atmosfera onírica e ao mesmo tempo realista, como se estivéssemos dentro do sonho das personagens.

    A trilha sonora, assinada pelo compositor Alberto Iglesias, é outro ponto forte do filme. As músicas acompanham os momentos mais emocionantes e dramáticos da trama, criando uma atmosfera que amplifica as emoções dos personagens.

    No centro de “Mães Paralelas” está a maternidade, um tema recorrente na filmografia de Almodóvar. Mas desta vez, ele aborda o tema de maneira mais complexa e multifacetada. As mães do filme não são retratadas como santas ou heroínas, mas como seres humanos que enfrentam dúvidas, medos e angústias. Elas são mostradas como mulheres que precisam conciliar o amor pelos filhos com seus desejos e sonhos pessoais, muitas vezes em conflito.

    Além disso, Almodóvar também explora as questões de classe, gênero e sexualidade. Janis e Ana vêm de mundos diferentes, mas encontram uma conexão que transcende as diferenças sociais. O diretor também mostra a pressão que a sociedade exerce sobre as mulheres para que sejam mães, mesmo quando isso não é desejado ou viável. E, como sempre, Almodóvar celebra a diversidade sexual, com personagens gays e trans que fazem parte da trama sem que isso seja o foco principal da história.

    A trama se desenrola na Espanha contemporânea, mas o contexto histórico da Guerra Civil Espanhola também é abordado de forma sutil. O conflito, que ocorreu entre 1936 e 1939, teve grande impacto na sociedade espanhola e na cultura do país, deixando cicatrizes profundas que duram até hoje. Almodóvar, que cresceu sob a ditadura de Franco e teve seus primeiros contatos com o cinema durante a transição para a democracia, aborda a Guerra Civil com sensibilidade e crítica, mostrando como suas consequências ainda são sentidas pela geração atual.

    Por fim, é importante destacar as atuações incríveis do elenco. Penélope Cruz, que já trabalhou com Almodóvar em vários filmes, entrega uma performance sensível e intensa como Janis. Milena Smit, uma atriz estreante, também se destaca.

    Escolhi uma receita de Tortilla de batata para acompanhar esse post, pois Janis faz esse prato para Ana em uma visita dela a sua casa.

    Tortilla de Batata

    Ingredientes:

    • 3 ovos
    • 300 gramas de batata
    • Azeite de oliva
    • sal e pimenta do reino a gosto

    Modo de preparo:

    • Descasque as batatas e corte-as em fatias finas.
    • Em uma frigideira grande, aqueça 1/2 xícara de azeite em fogo médio-alto.
    • Adicione as batatas na frigideira e refogue por cerca de 20 minutos, mexendo ocasionalmente, até que as batatas estejam macias e levemente douradas. Tempere com sal e pimenta a gosto.
    • Enquanto as batatas cozinham, quebre os ovos em uma tigela grande e bata bem com um garfo.
    • Adicione as batatas à tigela com os ovos batidos e misture bem.
    • Limpe a frigideira que você usou para cozinhar as batatas e aqueça mais 1/4 xícara de azeite em fogo médio-alto.
    • Adicione a mistura de ovos e batatas na frigideira e espalhe uniformemente. Reduza o fogo para médio-baixo e cozinhe por cerca de 10-15 minutos, até que a parte de baixo da tortilla esteja dourada e a parte de cima esteja quase firme.
    • Coloque um prato grande sobre a frigideira e vire a tortilla para que a parte de cima da tortilla fique voltada para baixo no prato. Em seguida, deslize a tortilla novamente na frigideira para cozinhar o outro lado por mais 5-10 minutos.

    • Quando a tortilla estiver cozida e dourada dos dois lados, retire-a da frigideira e deixe esfriar um pouco antes de servir.
    • A tortilla de batata pode ser servida quente ou fria, cortada em fatias. É um prato versátil e delicioso, que pode ser acompanhado de salada verde ou pão fresco. Bom apetite!
  • Comédia,  Drama,  Séries & TV

    Fleabag & Batata Toscana

    Falar de Fleabag é tão maravilhoso, porque foi uma das melhores comédias sarcásticas e, ao mesmo tempo, super dramáticas e emocionais que vi nos últimos tempos. É o tipo de humor que me agrada.

    A personagem principal é vivida pela atriz Phoebe Waller-Bridge que, além de atuar, escreveu, roteirizou e deu vida a protagonista da série. Uma mulher intrigante, com um humor tão excêntrico, que nos conquista no primeiro episódio.

    Harry, o ex

    A história foi escrita como um monólogo para o teatro, onde ela quebra a quarta parede (A “quarta parede” é uma parede imaginária situada na frente do palco do teatro, através da qual a plateia assiste passiva à ação do mundo encenado), sendo assim, Fleabag se comunica diretamente com o telespectador.

    Lembram que isso era feito pelo personagem Francis Underwood, em House of Cards? Acho sensacional, porque te faz mais parte ainda da história. Mentalmente eu conversava com ela. #aloka

    Fleabag e a irmã

    Fleabag conta a vida dessa mulher, de seus 30 e poucos anos, que vive em Londres. Ela tem relacionamentos amorosos vazios e superficiais, um ex-namorado que foi embora (acho que até foi bom, porque era mais um problema do que uma solução), uma família totalmente disfuncional, um negócio que beira a falência e o luto pela morte recente da melhor amiga.

    A série manda para o espaço toda e qualquer concessão a alguém ou qualquer coisa. Atingindo certeiramente ao tão afamado ultimamente politicamente correto.

    Em uma das hilárias cenas em que ela e a irmã, na primeira temporada, estão em um retiro espiritual pago pelo pai delas, são questionadas pela palestrante: “Quem aqui trocaria 5 anos inteiros de vida pelo chamado corpo ideal?”, ambas levantam a mão e são olhadas com desprezo pelas demais participantes, nesse momento Fleabag solta a pérola: “será que eu não sirvo nem para ser uma feminista decente?”.

    Poderíamos achar que o que resta seria ela ser romântica e estar atrás do amor de sua vida,  mas não. Ela satiriza o amor romântico, quando se irrita com Harry (o ex) sendo mimizento e pegajoso.

    Ela é dona de um cafe temático de porquinho da índia. Pasmem. A melhor amiga e sócia dela idealizou o local baseada em seu pet. O que acaba sendo uma grande ironia sobre essa geração hipster que temos hoje em dia. Fleabag nada perdoa.

    O fato dela ser atrapalhada e falha quase todo o tempo, nos faz querer confortá-la de alguma forma. Ou segurar ela pelos ombros e dar aquele chacoalhão que daríamos em alguma amiga, do tipo: “ei, garota, pare de fazer isso!”. Sabemos como o mundo lá fora é cruel com as mulheres, ainda mais mulheres como ela, que são livres de qualquer apego sentimental aparente.

    Na segunda temporada vemos uma Fleabag mudada. Ela resolve parar com os encontros amorosos e acaba por conhecer um padre que celebrará o casamento do pai com madrasta.

    The “Hot Priest” 😀

    E o que acontece? Ela se apaixona pelo padre. Nada mais Fleabag do que isso.

    via GIPHY

    Entre desconfortos de encontros mal sucedidos, até a evolução de saber o que ela realmente queria da vida, vamos até o final da segunda temporada tendo a certeza absoluta que estaríamos sentadas naquela parada de ônibus para abraçá-la.

    Fleabag tem suas duas temporadas disponíveis no Prime Vídeo.

    Trailer:

    Sabe aquelas batatas que quando você morde ela tem uma casquinha crocante e por dentro é super macia? Achei toda uma conexão nesse conceito com a personagem de Fleabag. Além de que, os ingleses gostam muito de batatas.

    Essa é a receita que eu vou passar hoje aqui para vocês.

    Um dia estava com uma amiga em casa e ela me disse: você precisa comer aquelas batatas toscanas que a Nigella fez em um programa que estava na Itália. Foi então que saímos para comprar batatas para realizar tal prato.

    A primeira vista você vai ler o modo de preparo e pensar: mas gente, o óleo frio? Sim, tem que estar na mesma temperatura das batatas, pois ao mesmo tempo que ele vai esquentando, vai cozinhando as batatas por dentro, depois doura elas por fora.

    Batatas Toscanas

    Batatas Toscanas

    Ingredientes:

    • 600 g de batata com casca
    • 1 litro de óleo – usei de girassol
    • ramos de alecrim
    • 6 dentes de alho

    Modo de Fazer:

    Lave bem as batatas, seque elas com um pano de prato. Corte em pedaços médios. Nem grosso, nem tao palito. Coloca o óleo em uma panela funda. Coloque as batatas dentro da panela com o óleo frio e fogo desligado. Adicione alecrim e dentes de alho.

    Ligue o fogo médio e a magia acontecerá. Enquanto o óleo esquenta, ele cozinha as batatas. Depois ele doura elas. Genial, né? Depois é só retirar do óleo e colocar em um prato com papel toalha e salgar a gosto.

  • Destaque,  Salgados

    Salada de Maionese Caseira

    Toda a vez que tem churrasco aqui em casa tem que ter salada de maionese também. Virou um grande sucesso (modéstia à parte) entre os amigos que aqui vem.

    Aqui no Sul ela é chamada de “Salada de Maionese”, mas sei que em outros lugares é conhecida como “Salada de Batata” ou apenas “Maionese” (se tiver algum outro nome, no lugar que moram, me contem, pois adoro saber essas coisas). Tudo isso nada mais é do que uma salada de batatas cozidas com creme de maionese juntando tudo lindamente.

    Há diversas variações, como adição de cenoura cozida, ovos cozidos, milho, ervilha, pepino, cebola, salsinha, cebolinha, porém, aqui em casa a gente gosta da bem simples e tradicional, que leva apenas batata, temperos e cebolinha verde bem picadinha (por mim poderia encher de salsinha, mas o maridão quer ver a morte, mas não quer ver salsinha na frente dele, todoschoraabraçado).

    A salada de batata tem origem alemã, onde é chamada “Kartoffelsalat”. Possui denominações diferentes, dependendo da zona onde se consuma ou seja produzida. Por exemplo, na região do Ruhr, denomina-se Erpelschlut. A tradução da palavra em alemão Kartoffelsalat significa literalmente “salada de batata”.

    Em algumas regiões da Alemanha, é possível encontrar a salada de batata com maionese. Algumas vezes trocam a maionese por iogurte ou nata.

    Gosto de fazer o creme da maionese batida a mão, como eu aprendi com a irmã do meu padrasto, uma tia de origem italiana que eu tive quando era pré-adolescente.

    Sempre fui de me meter na cozinha, no meio dos adultos, e ficar fazendo milhares de perguntas sobre as coisas, como se fazia e queria aprender tudo. Acho que eu sempre gostei de cozinhar, até quando eu não sabia.

    Ela batia a maionese em uma caneca, com um garfo, foi assim que me ensinou.

    Você pode fazer em um prato ou em um pequeno bowl (fiz essa do post em um, inclusive), para poder mostrar bem o modo de fazer.

    O segredo é: nunca adicione mais óleo antes que o que você já colocou esteja todo incorporado na mistura, pois isso pode fazer com que ela desande. E não há nada mais triste do que desandar a maionese.

    maionese caseira
    Maionese

    Salada de Maionese

    Ingredientes:

    500 g de batatas

    2 ovos

    240 ml de óleo de milho (podes usar o óleo que preferir)

    2 colheres de sopa de água

    2 colheres de sopa de vinagre branco (não pode ser usado vinagre de vinho tinto pois desanda a maionese)

    1 pitada de sal

    Pimenta do reino a gosto

    Cebolinha

    Modo de Fazer:

    O passo-a-passo de como fazer, postei no meu Stories do Instagram, inclusive, já seguem a gente por lá? Vou deixar aqui o link para quem quiser ver os vídeos de como eu faço: clica AQUI.

    Coloque um ovo para cozinhar, quando começar a ferver conte mais ou menos 8 minutos. Precisamos de uma gema firme. Descasque, separe a gema da clara e reserve em um bowl.

    Cozinhe as batatas inteiras e sem descascar em água, com um pouco de sal, até que fiquem macias. Retire do fogo, escorra a água e deixe esfriar um pouco, até que consiga segurá-las para descascar.

    É importante que cozinhes com a casca para que ela não absorva muita água, pois queremos batatas cozidas, mas firmes.

    Deixe esfriar completamente e pique as batatas do modo que preferir. Algumas pessoas gostam delas em cubos, outras em rodelas, faça como te faz mais feliz 🙂

    Para o creme de maionese:

    Pegue a gema cozida e adicione a ela uma gema crua. Misture até que fiquem totalmente incorporadas.

    Comece a adicionar um pouco de óleo (mais ou menos 3 colheres por vez) e mexa bem até que esteja todo integrado as gemas.

    Vá repetindo isso até obter um creme liso e amarelo clarinho.

    Adicione então a água, o vinagre, sal e pimenta. Mexa bem e coloque por cima das batatas já picadas anteriormente.

    Envolva todas as batatas no creme de maionese e está prontinha para servir!

  • Ingredientes,  Menu Varietà,  Receitas,  Salgados

    Conhecendo os ingredientes: Batata

    A batata (Solanum tuberosum) é uma planta perene da família das solanáceas, compartilha o gênero Solanum com pelo menos outras mil espécies, como o tomate e a berinjela. Ao contrário do que muitos pensam (e eu também pensava) a batata-inglesa, o tipo mais comum de batata, não é da mesma família da batata-doce, por exemplo. Elas são apenas da mesma ordem. Fui pesquisar tudo isso para entender melhor e fiquei maravilhada com tamanha diversidade de informações encontradas.

    Surgidas nos Andes do Peru, as batatas começaram a ser consumidas há mais de 10 mil anos. Foi no século XVI que ela foi levada para a Europa através dos espanhóis. Pasmei pois sempre achei que a batata vinha da Alemanha. Tolice minha, claro.

    Na região de Pisac, nos Andes, existem os chamados “bancos de batatas” onde estão sementes de mais de 1300 tipos do tubérculo.

    Hoje em dia o maior produtor de batatas do mundo é a China, seguido da Índia. Juntos comandam mais de 1/3 da produção de batatas mundial.

    Ilustração do livro The Herball or Generall Historie of Plantes publicado em Londres em 1633, que mostra as características da planta.

    “Vá plantar batatas!”
    A expressão portuguesa “vá plantar batatas” surgiu em Portugal provavelmente na época das navegações, mas o motivo porque foi e é usada tem um sentido irônico e não depreciativo da atividade de agricultor. A ironia vem por que, em Portugal, não se diz “plantar batatas”, mas sim semear batatas, pois plantar só se usa para a muda das árvores, sendo que os legumes, os grãos, abóboras, melões, etc., se semeiam porque se lança ou enterra a semente na terra. Logo mandar alguém “plantar batatas” significa que o deixe em paz e vá fazer uma coisa impossível ou sem pés nem cabeça.

    (Fonte: Dicionário Informal)

    A batata é um alimento rico em carboidratos, possui cerca de 80% de água e 20% de matéria seca, da qual a maior parte é amido. Ela possui pouca gordura e é rica em vários micronutrientes, especialmente vitamina C (quando consumida com casca é ainda mais rica a quantidade de vitamina C), é também uma fonte moderada de ferro e de vitaminas B1, B3 e B6, minerais como potássio, fósforo e magnésio, além de conter fibras dietéticas e antioxidantes, que previne as doenças relacionadas ao envelhecimento.

    Na Gastronomia, o segredo do grande sucesso da batata é sua enorme diversidade, que proporcionam várias opções de pratos. Podem dar textura cremosa a sopas, acompanharem diversos alimentos mais fortes, por terem um sabor delicado. Ainda podem ser servidas recheadas, na forma de lasanhas, tortilhas, batata suíça, e não podemos esquecer da clássica batata frita, que por si só já é um presente dos deuses.

    Foto: Priscila Darre

    Lá no Culinarístico temos hoje uma receita INCRÍVEL de BATATA ASSADA RECHEADA. Corre lá pra ver.

    <3 Eu amo batata!

    Assista esse vídeo e corra pra cozinha: