Filmes

  • Drama,  Salgados

    Fallen Angels & Noodles de Legumes

    Eu lembro quando vi o primeiro filme de Wong Kar-Wai. Por incrível que pareça, eu não assisti eles na cronologia certa da obra do diretor. O mais interessante foi que mesmo tendo visto a trilogia que termina em 2046 ao contrário, os filmes dele são únicos, apesar de terem links um com os outros. Muitas vezes você acha que facilmente um personagem poderia habitar outro filme dele. É aquela coisa mágica de sem saber de quem era o filme, você pode dizer: isso é um filme de Kar-Wai.

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    Fallen Angels é um filme de 1995, como uma câmera que clama por urgências, assim como os seus personagens, Kar-Wai vai nos levando a conhecer algumas pessoas, suas solidões e seus devaneios. Com uma direção de fotografia genial de Chris Doyle, o filme consegue passar sensações incríveis, com cenas por vezes até silenciosas. Ambientado em Hong Kong, Fallen Angels tem como história principal a vida de uma dupla de assassinos profissionais. Ele, Wong Chi-Ming (Leon Lai), mata, ela (Michele Reis) limpa. Ela prepara, ele executa. Ambos são como sócios, mas mal sabia ele, aquele homem solitário e soturno que ela era apaixonada por ele.

    Ainda somos parceiros?
    Somos parceiros há 155 dias.
    Hoje é a primeira vez que nos sentamos lado a lado.
    Quase nunca nos vimos.
    Eu sei bem que os homens não conseguem controlar a sua paixão.
    Talvez nunca nos devêssemos ter envolvido emocionalmente…

    Kar-Wai é o rei em criar personagens solitários. A solidão abraça cada um de seus personagens, enquanto ele os coloca formatados de algum dos lados da tela. A sensação de estar só é muito muito visível no modo de filmar desse genial diretor. Realmente nos leva a ter aquela impressão de que não se tem nada mais além da própria companhia.

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    Em outra história, que temos dentro do filme, temos o personagem de Takeshi Kaneshiro, Ho Chi Moo, um cara meio doido, que escapou da prisão e ficou mudo depois de comer uma lata de abacaxis em calda, que estavam fora da data de validade. Fazendo aqui uma menção aos abacaxis de Chungking Express, já que Fallen Angels era para ser mais uma história dentro de Chungking, porém, o diretor resolveu fazer outro filme dele. Ainda bem. Ho Chi Moo é um cara excêntrico, ele entra a noite em lojas e restaurantes e as abre, para que as pessoas possam consumir coisas. Além disso ele dirige um divertido caminhão de sorvete, onde temos as mais insanas cenas. Ele mora com o pai, com quem te uma relação de muita admiração e amor. As cenas dos dois são realmente de chorar no canto da tela. O que vem para provar que ele era um cara de um coração enorme que só queria fazer o bem, fazendo os outros se sentirem bem e, muitas vezes, ele se machuca muito por conta disso. Como quando ele conhece uma maluca nas suas andanças noturnas e se apaixona por ela. Uma das melhores e mais verdadeiras cenas de como a pessoa se sente quando se enamora por alguém. Até cheirar o cabelo da pessoa já é um bálsamo.

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    Quem me conhece sabe que eu sou muito musical, que a minha vida é embalada por uma trilha sonora enorme e em Fallen Angels há momentos incríveis nesse âmbito. Um épico passeio de moto com fundo de “Only You” dos Flying Pickets é uma das coisas mais bonitas da história do cinema e essa imagem não vai sair nunca mais da sua cabeça.
    Wong Kar-Wai mostra mais uma vez sua maestria em fazer com que a gente acumule sensações e esperanças sobre a vida e o amor. Ele nos leva pela mão e as vezes a solta, mas a gente sabe muito bem que quer pra sempre ver outro e mais outro filme desse diretor chines primoroso.

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    Por todos os lados, se bem olharmos, veremos os anjos caídos tentando se encontrar. Assistam. =)

    Hoje teremos Noodles de Legumes para acompanhar o filme. Porque Michele Reis come enigmaticamente uma cumbuca deles em uma cena muito boa do filme, dá vontade de comer, então, vamos comer!

    Noodles de Legumes

    Tempo de Preparação: 20 mins
    Tempo de Cozimento: 30 mins
    Serve: 2 pessoas

    Ingredientes

    • 250 g de macarrão (usei udon)
    • 100 g de brócolis
    • 100 g de cogumelos fatiados
    • 100 g de vagem fatiada
    • 100 g de pimentão amarelo picado
    • 100 g de cebola cortada em cubos
    • 100 g de cebola cortada em cubos
    • 2 dentes de alho pequenos amassados
    • 100 g de cenoura em fatias finas
    • 100 g de repolho fatiado
    • 50 ml de shoyu
    • 1 xíc. de chá de água
    • 1 colher de sopa de amido de milho
    • Sal
    • Pimenta do reino
    • Azeite de oliva
    • 2 litros de água para o cozimento da massa

    Como fazer?

    1. Coloque a água em uma panela para ferver
    2. Cozinhe a massa conforme indicação da embalagem. Escorra.
    3. Em uma panela wok (ou qualquer outra que tenhas) coloque um fio de azeite.
    4. Refogue a cebola e o alho rapidamente. Adicione a cenoura, a vagem e o brócolis e tampe por alguns minutos em fogo baixo. Tempere com o shoyu, sal e pimenta.
    5. Em seguida coloque o pimentão, o repolho e os cogumelos. Adicione 1/2 xícara de água. Mais uma vez abafe com a tampa e deixe cozinhar por uns 4 minutos.
    6. No restante da água adicione a colher de amido de milho e mexa bem.
    7. Acrescente aos legumes esse liquido e mexa por alguns minutos até obter um caldo brilhante e bonito.
    8. Misture a massa já cozida aos legumes, mexa bem e sirva em seguida.
  • Comédia,  Drama,  Romance,  Salgados

    Amores Expressos & Panqueca de Cenoura

    O diretor Wong Kar-Wai tem uma coisa com números. Temos as datas de validade nas latas de abacaxi, temos o quarto 2046, temos amigos daquela exata hora em Days of being wild, temos enfim o policial 633 (beijos Dai!) e o 233 em Chungking Express. Talvez porque os números marquem exatos momentos que a gente tem com alguém. Números de telefone, aquele endereço, o dia do aniversário daquela pessoa, uma matrícula da faculdade, um ano que vivemos juntos. Se formos pensar, em tudo temos números e lembrar deles traz uma certa nostalgia. É, isso é Wong Kar-Wai, como as chaves deixadas no café em Blueberry Nights. São as pequenas coisas que significam muito.

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    Em Chungking Express (no Brasil “Amores Expressos”) temos duas histórias. Uma do policial 233 chamado He Qiwu (Takeshi Kaneshiro) que frequenta diariamente a lancheria Midnight Express e acaba ficando amigo do dono do lugar.

    He Qiwu está visivelmente machucado pelo final de sua relação de 5 anos com sua ex-namorada May. Tentando superar tal fato ele começa a comprar 1 lata de abacaxi em conserva por dia, durante 1 mês, todas com data de vencimento em 1 de maio de 1994. Ele dá um prazo a si mesmo, caso ela não volte até essa data, ele vai tratar de desistir da relação com a ex e esquecê-la.

    [blockquote size=”third” align=”right”] Se o amor tem um prazo de validade, então que dure dez mil anos.[/blockquote]

    Paralelamente ele acaba conhecendo uma loira misteriosa em uma boate e com ela troca as mais diversas confidências sobre a sua sofrência pela ex-namorada. A loira é vivida pela atriz Brigitte Lin, e em nenhum momento ela revela algo sobre a sua vida.

    Porém, as cenas que seguem nos mostram que ela é uma criminosa que trafica drogas, mata pessoas, rapta crianças, envolta em toda uma atmosfera misteriosa, com seu trend-coach muito bem amarrado. Essa relação dos dois acredito que tenha sido colocada ali só para demonstrar a solidão das pessoas, já tão desiludidas com a vida e com o amor.

    Aquele momento que parece que não há nada mais a temer, nada tem mais graça, se não se tem o amor.

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    Kar-Wai nos coloca dentro de uma Hong Kong pra lá de cosmopolita e ao mesmo tempo, coloca em xeque toda a solidão de seus personagens, mesmo estando em um lugar sempre cheio de muita gente.

    As corridas de He Qiwu, onde ele diz que precisa suar bastante para não sobrar água para lágrimas, a impaciência do cão com ele, que parece não aguentar mais ele reclamando de tamanha desilusão, a relação dele com a loira misteriosa que não leva a lugar nenhum, fazem do personagem de Takeshi Kaneshiro um dos mais envolventes (e muitas vezes engraçados) do filme.

    Kar-Wai corta dali essa história, pois ele não está afim de nos dizer o que tem que ser feito, nem dar discursos sobre como superar um amor perdido, ele quer mostrar como as coisas acontecem e como as pessoas reagem a elas.

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    Então surge uma outra história que começa também na lancheria Midnight Express. Conhecemos então o Policial 633 vivido pelo ator Tony Leung – nosso musoh master se tratando de filmes de Kar-Wai, Tony nunca decepciona.

    Policial 633 também está sofrendo por amor. Ele foi deixado pela namorada, uma aeromoça linda vivida pela Valerie Chow. Nas suas idas a lanchonete, acaba por se deparar com a nova atendente do local, Faye (Faye Wong). Ela é sobrinha do dono e tem um sonho muito engraçado (e que não esconde de ninguém): quer conhecer a Califórnia e por isso, ela vive a vida toda escutando a música Califórnia Dreaming, em alto e bom som, não importa se tem clientes ou não para atender.

    Faye nutre uma queda pelo Policial 633, que insiste em não querer ler a carta que a ex deixou pra ele na lanchonete. O momento que ele fica frente a frente com a carta é uma das cenas mais bem filmadas do cinema. Kar-Wai acelera o exterior e deixa o ator quase que em câmera lenta, tomando um café. Um momento pensativo, como se o mundo a sua volta não tivesse mais sentido e só o foco de sua dor fosse o necessário. Genial, genial!

    Faye, por sua vez, dá uma de Amelie Poulain, ou melhor, como o filme é anterior (1994) ao filme francês (2001), diria que Amelie que se inspirou em Faye. Ela fica com as chaves que a ex deixou junto com a carta e vai a casa do policial limpar, redecorar, dar uma alegria ao ambiente, sem que ele saiba de nada. Ela quer apenas que ele se sinta mais confortável e feliz.

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    Kar-Wai consegue fazer uma obra prima para o cinema, que reúne desde uma fotografia memorável, em parceria com Chris Doyle, uma trilha sonora interessante e coerente com cada momento, além das metáforas como as latas de abacaxi, que servem como um marco para resolver a vida, até com as conversas do Policial 633 com seu bicho de pelúcia em casa e também com o sabonete. De forma até engraçada, ele consegue nos passar a solidão das pessoas nas grandes cidades, que apesar de estarem na correria do dia-a-dia, tem uma vida toda pessoal que por vezes não é tão fácil assim quando parece ou, melhor dizendo, ninguém presta muita atenção no outro. Chungking Express é um bálsamo do início ao fim, um dos meus filmes prediletos desse diretor chinês.

    Trailer:

    No filme não tem panquecas, mas tem uma salada que o Policial 633 sempre vai comer lá. Como eu achei sem graça postar uma salada, resolvi postar uma receita com algo bem saudável que é panquecas recheadas com cenoura e ricota. E panqueca é amor, né, gente, então vamos lá! Adaptei dessa receita da Rita Lobo, e meus amigos, receitas dela sempre dão certo. Pode confiar.

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    Panqueca de Cenoura com Ricota

    Tempo de preparação: 60 min
    Tempo de Cozimento: 30 min
    Rendimento: 10 a 12 discos

    Ingredientes

    • 1 1/2 xíc. de leite
    • 1 xíc. de farinha de trigo (usei 1/2 integral, 1/2 branca)
    • 1 xíc. de farinha de trigo (usei 1/2 integral, 1/2 branca)
    • 2 ovos
    • 1 colh. (chá) de sal
    • Manteiga ou óleo de canola para untar
    • 2 cenouras médias raladas
    • 1/2 ricota esmagadinha
    • 1 bom punhado de salsinha picada
    • 1 colh. de sopa de manteiga
    • Sal, pimenta do reino a gosto
    • Para o bechamel: 1/2 litro de leite
    • 1 1/2 colher de farinha de trigo
    • 1 1/2 colher de manteiga
    • 1 pitada de sal
    • Noz-moscada e Pimenta do reino

    Como fazer?

    1. No liquidificador coloque o leite, os ovos, o sal e a farinha. Bata até que a mistura fique bem lisinha. Deixe descansar por 20 minutos.
    2. Prepare o recheio enquanto isso: rale a cenoura, doure a cebola e o alho picados no azeite, acrescente a cenoura e os demais temperos e por fim a ricota.
    3. Depois do tempo do descanso da massa (e com o recheio já pronto), aqueça uma frigideira antiaderente, de fundo grosso e espalhe um pouquinho de óleo ou de manteiga. 3. Dê uma boa mexida na massa. Levante a frigideira e com a outra, coloque a massa com uma concha média (que também serve de medida). Faça um movimento circular com a frigideira para cobrir todo o fundo. Coloque a frigideira sobre o fogo baixo e, quando as bolhas começarem a aparecer, vire a massa para dourar do outro lado com auxílio de uma espátula de borracha. O processo todo leva menos de 3 minutos por disco. Transfira para um prato, espalhe mais um pouquinho de manteiga ou óleo na frigideira e repita o procedimento, até terminar a massa.
    4. Para o molho Bechamel: Numa panela grande, derreta a manteiga. Junte a farinha e mexa vigorosamente com a colher de pau, por cerca de 2 minutos. Essa misturinha é chamada de roux e serve para engrossar molhos em geral. Coloque o leite gelado de uma vez e, com a ajuda de um batedor de arame, misture bem, até levantar fervura. Abaixe o fogo e deixe cozinhar por cerca de 10 minutos, mexendo de vez em quando. No fim, tempere generosamente com noz-moscada, sal e pimenta-do-reino moída na hora. Truque: se o molho empelotar, bata no liquidificador e volte à panela.
    5. Montagem: coloque umas 2 colheres de recheio na ponta da panqueca e enrole. Depois é só jogar o bechamel em cima e salsinha! Pronto, podemos comer =)
  • Drama

    A Girl Walks Home Alone at Night & Ovo Frito

    [blockquote size=”third” align=”right”] Você é triste.
    Não se recorda do que quer.
    Não se recorda de querer.
    Foi há tanto tempo.
    E nada muda nunca.
    Idiotas e ricos são os únicos a pensar que as coisas podem mudar.[/blockquote]

    Bad City é onde se passa o primeiro longa da diretora inglesa Ana Lily Amirpour. Com um ar super noir e referências claras ao cinema de Jarmush e Wenders, ela nos apresenta uma garota que anda pela noite, com uma capa preta, por vezes deslizando de skate pelas ruas dessa cidade soturna.

    Em um clima preto e branco, o filme vai nos levando pelos  passeios noturnos da garota, que acaba por morder pessoas que acha que são ruins.  Ela é uma vampira, sim, como em “Only lovers left alive”. Ela é uma justiceira, em um filme que tem alguns diálogos que defendem muito o feminismo e que demonstra uma vontade de proteger as mulheres que estão sozinhas na noite de toda e qualquer cidade.

    O filme é uma poesia total. Desde a fotografia até a trilha sonora. Com cenas lentas e lindas, até histórias de amor que nos fazem pensar em muitas coisas.

    Quando ela conhece um rapaz vestido de Drácula para uma festa a fantasia a vida dela muda. Não nas justiças que ela faz, mas sim na questão de não querer morder aquele ser que faz dela melhor, que faz bem pra ela, que é uma pessoa boa, acima de tudo.

    Em um mundo cheio de viciados, traficantes, cafetões e mendigos, se destaca a pureza de um amor que acontece por acaso. E qual não?

    Destaque para a gata que tem os olhos mais expressivos do filme todo. Toda uma conexão dos animais com as pessoas, onde eles dizem as coisas através de suas atitudes e olhares.

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    Ao contrário de Eve e Adam que já tinham seu amor desde o começo do filme em Only lovers left alive, aqui, temos o amor que surge e faz com que a pessoa comece a repensar o que fazer da vida. Ir ou ficar, ou apenas não ter dúvida de arrumar tudo e ir embora.

    Bad city talvez devesse ficar para trás para conseguir uma vida feliz junto de quem se ama.

    Assistam.

    Trailer:

    Em “A Girl Walks Home Alone at Night” temos apenas uma cena onde alguém come alguma coisa. E é  ovo frito, sendo assim resolvi trazer para vocês uma coisa que todo mundo que não sabe cozinhar se refere a ela: “Não sei nem fritar um ovo”. Quem nunca ouviu isso? Para quem sabe, parece a coisa mais fácil do mundo, porém, sabemos que tem muita gente que não sabe. Não é tão simples assim, basta aplicar algumas técnicas importantes.

    Para que seja mais fácil, escolhi um vídeo do Sotero para explicar exatamente como se faz.

    Ovo Frito

     

  • Drama,  Salgados

    Pão da Felicidade & Pão Trançado

    – Há uma palavra…”compagno”.
    – Adoro essa palavra…compagno…
    – O que acha que significa?
    – Não faço ideia.
    – Vou dar uma pista então.
    – A origem da palavra significa
    – Pessoas juntas que partilham pão.
    – Então, o que acha que significa?

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    “Bread of happiness” (Shiawase no pan), de Yukiko Mishima (2012) é um daqueles filmes com uma vibe totalmente bondosa.
    Despretensioso e narrado como que um livro de conto de fadas, o filme conta a história de Rie (Tomoyo Harada), que desde criança tem uma afeição especial pelo livro “Mani e a Lua” – como mostrado no livro, ela procura o seu par perfeito para assim ver preenchido o vazio emocional que sente.
    Pão da felicidade versa sobre a terapia através da gastronomia. Plantar os próprios alimentos, comprar dos produtores locais, fazer comida para aquecer a alma dos outros.

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    O tempo passa e Rie, já casada, se muda de Tokio para uma cidade do interior, a beira de um lago, ela abre um café juntamente com o marido, chamado “Mani”.
    Lá os dois recebem hospedes também, pois a parte de cima do café é uma pousada. Sang (Yô Ôizumi), o marido, é responsável pelo pão. Ele abastece o forno a lenha e amassa os pães com tanto amor pelo que faz que você, meu caro, vai querer fazer um pão, que foi exatamente o que aconteceu comigo.
    Rie faz as comidas e cafés passados no coador de pano para os hospedes. São 3 histórias que a gente acaba acompanhando junto com eles, de 3 pessoas que perderam algo ou alguém que acabam por se hospedar ou serem clientes do Mani.

    Shiawase-no-Pan__3 (1)Em uma atmosfera de muita gentileza e amizade, vamos acompanhando o casal se preocupando com o problema de cada uma dessas pessoas e fazendo com que eles se sintam mais confortáveis quando estão com eles, ou quando saírem de lá. Passam a verdadeira mensagem da comida que conforta a alma e deixa a vida mais leve.
    Os japoneses tem esse dom de fazerem filmes sensíveis e tocantes. Eu confesso que algumas vezes verteram algumas lágrimas aqui, sendo elas de felicidade ou de melancolia.
    É o tipo de filme que te deixa sorrindo no final, com uma bela trilha sonora, fotografia impecável e um roteiro leve.

    Trailer:

    Assistam e depois vem para a cozinha fazer pão com a gente! Usei uma receita que achei lá no Allrecipes, que por sinal, deu MUITO certo!

    Pão Trançado

    Tempo de Preparo: 4 horas
    Tempo de Forno: 30 minutos
    Rendimento: 2 unidades

    O que você vai precisar?

    • 10 g de fermento biológico seco
    • 50 g de açúcar
    • 250 ml de água morna
    • 2 ovos batidos
    • 1 1/2 colher (chá) de sal
    • 4 colheres de sopa de óleo de girassol (ou o que você preferir)
    • 675 g de farinha de trigo
    • 1 gema de ovo para pincelar
    • Sementes de gergelim (opcional)

    Como fazer?

    1. Primeiramente em uma tigela, misture o fermento com uma colher de açucar e a água morna. Deixe descansar por uns 10 minutos até que espume.
    2. Em um outro recipiente, coloque os ovos batidos, o restante do açúcar, sal, óleo e a mistura do fermento. Mexa um pouco e vá adicionando a farinha até que fique tudo misturado.
    3. Sove por alguns minutos até que atinja uma massa homogênea e lisa.
    4. Unte uma bacia com óleo e coloque a massa lá dentro, cubra com um pano e deixe descansar por 2 horas em um lugar aquecido.
    5. Passadas as horas de descanso, você deve ter uma massa mais ou menos com o dobro do tamanho. Aperte a massa para que o ar saia, coloque em uma bancada enfarinhada e divida em 2 partes iguais.
    6. Cada parte divida em mais 3 partes iguais. Faça rolinhos (como para nhoque) e junte as pontas de cima, trance a massa e coloque na fora.
    7. Cubra a massa com um pano e leve para descansar por mais uma hora.
    8. Aqueça o forno a 180º por uns 20 minutos.
    9. Pincele os pães com a gema de ovo batida com uma colher de água. Adicione o gergelim.
    10. Leve ao forno por mais ou menos 30 minutos, ou até que estejam corados.
    11. Bom apetite! -.-
  • Doces,  Drama,  Séries & TV

    Sense8 & Panquecas Islandesas

    Sensates são pessoas capazes de compartilhar sensações dentro do seu grupo ao ponto de até tomar o controle do corpo do outro e de se comunicar telepaticamente. Eles revivem lembranças de um jeito muito intenso e, assistindo as vidas do grupo protagonista da série, nós também:

    • uma ativista trans;
    • um criminoso;
    • uma farmacêutica indiana;
    • um policial;
    • uma executiva sul-coreana;
    • um ator mexicano;
    • uma DJ islandesa vivendo em Londres;
    • um motorista queniano.

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    Com uma proposta parecida mas menos arrogante do que a de Cloud Atlas, também dos Wachowski, e talvez por isso mais bem sucedida, Sense8 consegue mostrar seus 8 núcleos e nos deixar interessados por todos: do mais tenso, em que se planeja um assalto, ao mais trivial, com os preparativos de um casamento. Ainda que a mão dos roteiristas pese nos diálogos, que soam forçados e, às vezes, até irritantes; e em algumas situações, como quando não basta um monte de enfermeiros para segurar uma mulher indefesa, o maior deles ainda precisa estalar o pescoço; os protagonistas são tratados com um respeito quase solene.

    Um personagem gay não é alívio cômico; a personagem trans não está lá só por estar… Todos tem diversos momentos para explorar: ação, drama, sexo, dúvidas, alegria. E todos têm personalidades distintas, apesar de serem, de uma forma ou outra, donos de uma nobreza, certa bondade. E o respeito com que seus mundos são mostrados é ainda mais cativante. A cultura mexicana é mostrada com sua devoção à tevê cheia de over acting e drama. A cultura indiana, com seu amor por cores e dança. Se não fosse por todos os diferentes idiomas falados pelos personagens serem ouvidos em inglês, pareceria mais um produção terráquea do que estadunidense.

    Aproveitando que a Netflix não depende dos humores dos anunciantes nem está (ainda) sob o escrutínio dos puritanos, a série não só ri dos pudores da tevê, mostrando uma bolsa de colonoscopia e um absorvente interno sujo ou os detalhes melequentos e “expansivos” de um parto, como aborda morte, preconceito, sexismo, pobreza, amizade, sexo e família de maneira explícita porém respeitosa.

    A ousadia no conteúdo supera qualquer falta de ousadia na forma. Há várias possibilidades para raccords que poderiam ter sido mais elaborados e a quebra o conceito de cena, por aconteceram em mais de um lugar ao mesmo tempo, é interessante, mas obrigatória. Só que Sense8 é uma ficção científica sobre emoções e, do jeito mais Star Trek possível, cheia de um otimismo tão escasso nos últimos tempos, em que o mal é o destaque em quase toda obra. Aqui, quase sempre o mal é mau e o bem é bom, como acontecia em filmes dos anos oitenta. Cheia de mensagens, que podem ser mais sutis, como o valor da colaboração acima da competição, ou mais descaradas, como o aprimoramento proporcionado pela variedade, que chega a sair da boca de uma personagem, ela nos convence de não importa quão ruim está a situação, se deixamos o egoísmo de lado prevaleceremos.

    Ainda que não a produção mais redonda da Netflix, Sense8 é, pelos limites expandidos, marcante. E um dos mais belos manifestos pela união da diversidade.

    (Robson Sobral)

    Trailer:

    A receita que acompanha o post de hoje é feita pela Priscila, do Culinarístico! Ela juntou o post do Robson, que nada mais é que a pessoa que divide a diversão de assistir as séries com ela, com uma das lembranças gustativas de infância da personagem Riley.

    Pönnukökur ou Panquecas Islandesas

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 18

    Ingredientes

    • 1 xícara de chá de farinha de trigo
    • 2 colheres de sopa de açúcar
    • 1 colher de chá de sal
    • 1 colher de chá de fermento em pó
    • 2 ovos
    • 1/2 colher de chá baunilha
    • 1/2 xícara de iogurte natural sem açúcar
    • 1 3/4 xícaras de chá de leite
    • 1/2 colher de chá de canela (opcional)

    Como fazer?

    1. Misture os ingredientes secos em uma tigela. Em outra tigela bata bem os ovos até que fiquem cremosos, adicione o leite, o iogurte, a baunilha e misture bem. Adicione aos poucos os ingredientes líquidos nos secos misturando até formar uma massa fina. Deixe a massa descansar por 30 minutos. Unte uma frigideira com um pouquinho de manteiga e aqueça-a. Coloque a porção de uma concha de feijão pequena de massa na frigideira e deixe dourar dos dois lados. faça uma massa bem fina, como crepe.
    2. Sirva com geleia e chantili eu servi com creme de leite.
  • Documentário,  Salgados

    Chef’s Table & Macarrão Caseiro

    Eu e a Priscila Darré do Culinarístico resolvemos fazer um post sobre a comida que mais gostamos. Ela escolheu a Indiana e eu a Italiana. Correm nessas veias o sangue dos italianos, sendo assim, a minha comida favorita é a vinda das terras de Fellini! Para acompanhar tudo isso falarei do documentário Chef’s Table e uma receita de macarrão caseiro.

    Chef's Table
    Chef’s Table

    A Netflix tem produzido séries originais excelentes, como o aclamado House of Cards e Demolidor. Expandindo mais uma vez seu catálogo, ela lançou o seu primeiro documentário original: Chef’s Table, de David Gelb – o mesmo diretor de “Jiro Dreams of Sushi” – já falamos dele aqui no blog.

    Gelb também dirige o primeiro episódio, que tem como foco o chef italiano Massimo Bottura, do restaurante Osteria Francescana que fica em Modena, na Itália. Inclusive foi esse episódio e chef que inspiraram a receita de hoje: massa caseira! Veja o teaser do episódio de Massimo e vai entender porque me inspirou tanto:

    Chef’s Table nos mostra a história de 6 chefs internacionais, mostrando a vida de cada um, os desafios vividos ao longo da carreira para chegar onde estão, a culinária de cada um, e além de tudo, o grande amor que eles tem pela comida e pelo que fazem. É muito bem produzido e por muitas vezes nos emocionamos, além de ser deveras inspirador. Impossível não terminar de assistir cada episódio e ficar com uma louca vontade de correr para a cozinha.

    Episódio 1: Massimo Bottura (Osteria Francescana – Modena, Itália)

    Episódio 2: Dan Barber (Blue Hill Restaurant – Nova York, EUA)

    Episódio 3: Francis Mallmann (El Restaurante Patagonia Sur – Buenos Aires, Argentina)

    Episódio 4: Niki Nakayama (N/Naka Restaurant – Los Angeles, EUA)

    Episódio 5: Ben Shewry (Attica Restaurant – Melbourne, Austrália)

    Episódio 6: Magnus Nilsson (Fäviken – Järpen, Suécia)

    Trailer:

    Macarrão Caseiro

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    Macarrão Caseiro

    Tempo Prep: 60 mins
    Tempo Coz: 30 mins
    Serve: 2

    Ingredientes

    • 200 g de farinha de trigo
    • 2 ovos
    • 1 pitada de sal
    • 2 litros de água
    • 1 colher de chá de sal para o cozimento
    • 4 tomates maduros picados
    • 1 cebola roxa picada
    • 3 dentes de alho esmagados
    • 2 colheres de azeite de oliva
    • 1/2 colher de sopa de orégano
    • 1 copo de água
    • Sal a gosto v
    • Pimenta do reino a gosto
    • Queijo parmesão ralado para finalizar

    Modo de Preparo

    1. Coloque a farinha sobre uma bancada fazendo um montinho, abra uma pequena cavidade no meio. Junte o sal e adicione os ovos. Vá incorporando os ovos a farinha até que fique uma massa pronta para sovar. Vá sovando até que ela fique lisa. Envolta em um plástico filme e deixe descansar por 30 minutos. Enquanto isso vá fazendo o molho.
    2. Em uma panela aqueça o azeite. Adicione as cebolas e o alho picado. Deixe refogar até que fiquem transparentes. Adicione então os tomates picados, o sal, o orégano e tampe a panela em fogo bem baixo. Passados uns 5 minutos adicione a água e deixe ferver até que o molho fique mais denso. Enquanto isso coloque a água para ferver em uma panela grande, para que possa cozinhar a massa logo que terminar de cortá-la.
    3. Voltando ao macarrão, abra com um cilindro ou com um pau de macarrão até que ela tenha uma espessura de mais ou menos 2 milímetros. Nem tão fina, nem tão grossa. Se você não tem um cilindro que tenha as lâminas que fazem o corte da massa, podes usar a técnica desse vídeo do Gennaro Contaldo para cortar sua massa. Eu comprei um cilindro da marca La Cuisine e não me arrependo, é realmente super eficiente! Recomendo.
    4. Cozinhe a massa por aproximadamente 8 minutos. Escorra, coloque o molho, salpique com parmesão ralado e buon appetito!
  • Comédia,  Drama,  Salgados

    Obvious Child & Pão de Alho

    Donna Stern (Jenny Slate) é uma comediante que não tem muito sucesso em suas apresentações. Em uma bela noite ela leva um fora do namorado no meio do banheiro do bar que trabalha (oi?), é despedida do emprego e apesar de toda porcaria que está acontecendo na vida dela, ela acaba conhecendo Max (o fofo Jake Lacy, nosso querido Mr. Parker de Girls! Beijos Dai!).

    Os dois começam a conversar, beber e a sintonia entre eles é incrível. Max um rapaz doce e acolhedor que acaba levando ela pra casa. Entre danças frenéticas no meio da sala, beijos queridos e risadas meigas, os dois acabam dormindo juntos.

    No dia seguinte Donna vai embora sem se despedir. Claro, a pessoa acha que a vida já está uma desgraça, acaba fugindo de algo que pode ser bom. Quem nunca, né?

    obv_child

    Alguns dias depois, ela está experimentando roupas em uma loja com a melhor amiga e se dá conta que pode estar grávida. Entre flashbacks e desesperados comentários ela resolve fazer um teste de farmácia. Piores minutos da vida da pessoa que espera para ver se as tirinhas dirão que é positivo ou negativo.

    O filme toca no âmago da questão do aborto: nenhum aborto é planejado. Ninguém resolve ficar grávida para poder abortar. Obvious Child lida muito bem com essa questão polêmica e consegue desenvolver o assunto de uma forma aberta, sem carregar dogmas, nem preceitos religiosos, mostrando como a coisa acontece de fato, em um país onde o aborto é uma coisa LEGAL, coisa que o Brasil deveria aprender com. Apenas alguns filmes conseguiram abordar esse assunto com tamanha realidade e, ao mesmo tempo, sem parecer um documentário, me veio em mente “Blue Valentine“, que é outro filme que trata de uma forma bem bacana esse assunto, apesar de um pouco mais dolorosa.

    O filme trata o aborto totalmente na visão da mulher, mostrando que ela faz a escolha do que quer fazer de sua vida. De maneira leve, sem aquele tom de revolução ou discussões, ele mostra o que leva uma pessoa a tomar tal decisão, como sustenta isso e depois como lida com a vida.

    Tem momentos de humor, tensão e de alegrias. O final é a coisa mais epic fofa do mundo. Vale cada minuto.

    Hoje vou trazer para vocês um pão de alho que costumo fazer quando tem churrascos, jantas, petiscos ou qualquer coisa comível que envolva pão e alho. É fácil e eficiente.

    Porque pão de alho? Por que no filme eles estão em um restaurante e o Max ESQUENTA na mão a embalagem da manteiguinha para ela passar no pão. Pensa a fofura e gritos histéricos nessa cena, pois o cara é muito queridão. Aprendam meninos.

    pato_alho_child

    Pão de Alho

    Tempo Prep: 15 min
    Tempo Coz: 15 min
    Serve: 2

    Ingredientes

    • 1/2 tablete de manteiga (em temperatura ambiente)
    • 1/4 xíc. de salsinha picada
    • 3 colheres de sopa de alho triturado
    • 1 pitada de sal (caso a manteiga já seja com sal, eu não uso mais sal na receita)
    • 4 pães franceses

    Modo de Preparo

    1. Comece misturando a manteiga, alho e salsinha. Faça uma pastinha bonita. Corte o pão em fatias, só que sem ir até o final, deixando ele grudadinho na base.
    2. Aqueça o forno a 180º. Passe a pasta de alho no meio das cavidades do pão, coloque em uma forma e leve ao forno quente por uns 10-15 minutos.
    3. Sirva com uma cerveja bem gelada 😉