Drama

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    Pão da Felicidade & Pão Trançado

    – Há uma palavra…”compagno”.
    – Adoro essa palavra…compagno…
    – O que acha que significa?
    – Não faço ideia.
    – Vou dar uma pista então.
    – A origem da palavra significa
    – Pessoas juntas que partilham pão.
    – Então, o que acha que significa?

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    “Bread of happiness” (Shiawase no pan), de Yukiko Mishima (2012) é um daqueles filmes com uma vibe totalmente bondosa.
    Despretensioso e narrado como que um livro de conto de fadas, o filme conta a história de Rie (Tomoyo Harada), que desde criança tem uma afeição especial pelo livro “Mani e a Lua” – como mostrado no livro, ela procura o seu par perfeito para assim ver preenchido o vazio emocional que sente.
    Pão da felicidade versa sobre a terapia através da gastronomia. Plantar os próprios alimentos, comprar dos produtores locais, fazer comida para aquecer a alma dos outros.

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    O tempo passa e Rie, já casada, se muda de Tokio para uma cidade do interior, a beira de um lago, ela abre um café juntamente com o marido, chamado “Mani”.
    Lá os dois recebem hospedes também, pois a parte de cima do café é uma pousada. Sang (Yô Ôizumi), o marido, é responsável pelo pão. Ele abastece o forno a lenha e amassa os pães com tanto amor pelo que faz que você, meu caro, vai querer fazer um pão, que foi exatamente o que aconteceu comigo.
    Rie faz as comidas e cafés passados no coador de pano para os hospedes. São 3 histórias que a gente acaba acompanhando junto com eles, de 3 pessoas que perderam algo ou alguém que acabam por se hospedar ou serem clientes do Mani.

    Shiawase-no-Pan__3 (1)Em uma atmosfera de muita gentileza e amizade, vamos acompanhando o casal se preocupando com o problema de cada uma dessas pessoas e fazendo com que eles se sintam mais confortáveis quando estão com eles, ou quando saírem de lá. Passam a verdadeira mensagem da comida que conforta a alma e deixa a vida mais leve.
    Os japoneses tem esse dom de fazerem filmes sensíveis e tocantes. Eu confesso que algumas vezes verteram algumas lágrimas aqui, sendo elas de felicidade ou de melancolia.
    É o tipo de filme que te deixa sorrindo no final, com uma bela trilha sonora, fotografia impecável e um roteiro leve.

    Trailer:

    Assistam e depois vem para a cozinha fazer pão com a gente! Usei uma receita que achei lá no Allrecipes, que por sinal, deu MUITO certo!

    Pão Trançado

    Tempo de Preparo: 4 horas
    Tempo de Forno: 30 minutos
    Rendimento: 2 unidades

    O que você vai precisar?

    • 10 g de fermento biológico seco
    • 50 g de açúcar
    • 250 ml de água morna
    • 2 ovos batidos
    • 1 1/2 colher (chá) de sal
    • 4 colheres de sopa de óleo de girassol (ou o que você preferir)
    • 675 g de farinha de trigo
    • 1 gema de ovo para pincelar
    • Sementes de gergelim (opcional)

    Como fazer?

    1. Primeiramente em uma tigela, misture o fermento com uma colher de açucar e a água morna. Deixe descansar por uns 10 minutos até que espume.
    2. Em um outro recipiente, coloque os ovos batidos, o restante do açúcar, sal, óleo e a mistura do fermento. Mexa um pouco e vá adicionando a farinha até que fique tudo misturado.
    3. Sove por alguns minutos até que atinja uma massa homogênea e lisa.
    4. Unte uma bacia com óleo e coloque a massa lá dentro, cubra com um pano e deixe descansar por 2 horas em um lugar aquecido.
    5. Passadas as horas de descanso, você deve ter uma massa mais ou menos com o dobro do tamanho. Aperte a massa para que o ar saia, coloque em uma bancada enfarinhada e divida em 2 partes iguais.
    6. Cada parte divida em mais 3 partes iguais. Faça rolinhos (como para nhoque) e junte as pontas de cima, trance a massa e coloque na fora.
    7. Cubra a massa com um pano e leve para descansar por mais uma hora.
    8. Aqueça o forno a 180º por uns 20 minutos.
    9. Pincele os pães com a gema de ovo batida com uma colher de água. Adicione o gergelim.
    10. Leve ao forno por mais ou menos 30 minutos, ou até que estejam corados.
    11. Bom apetite! -.-
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    Sense8 & Panquecas Islandesas

    Sensates são pessoas capazes de compartilhar sensações dentro do seu grupo ao ponto de até tomar o controle do corpo do outro e de se comunicar telepaticamente. Eles revivem lembranças de um jeito muito intenso e, assistindo as vidas do grupo protagonista da série, nós também:

    • uma ativista trans;
    • um criminoso;
    • uma farmacêutica indiana;
    • um policial;
    • uma executiva sul-coreana;
    • um ator mexicano;
    • uma DJ islandesa vivendo em Londres;
    • um motorista queniano.

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    Com uma proposta parecida mas menos arrogante do que a de Cloud Atlas, também dos Wachowski, e talvez por isso mais bem sucedida, Sense8 consegue mostrar seus 8 núcleos e nos deixar interessados por todos: do mais tenso, em que se planeja um assalto, ao mais trivial, com os preparativos de um casamento. Ainda que a mão dos roteiristas pese nos diálogos, que soam forçados e, às vezes, até irritantes; e em algumas situações, como quando não basta um monte de enfermeiros para segurar uma mulher indefesa, o maior deles ainda precisa estalar o pescoço; os protagonistas são tratados com um respeito quase solene.

    Um personagem gay não é alívio cômico; a personagem trans não está lá só por estar… Todos tem diversos momentos para explorar: ação, drama, sexo, dúvidas, alegria. E todos têm personalidades distintas, apesar de serem, de uma forma ou outra, donos de uma nobreza, certa bondade. E o respeito com que seus mundos são mostrados é ainda mais cativante. A cultura mexicana é mostrada com sua devoção à tevê cheia de over acting e drama. A cultura indiana, com seu amor por cores e dança. Se não fosse por todos os diferentes idiomas falados pelos personagens serem ouvidos em inglês, pareceria mais um produção terráquea do que estadunidense.

    Aproveitando que a Netflix não depende dos humores dos anunciantes nem está (ainda) sob o escrutínio dos puritanos, a série não só ri dos pudores da tevê, mostrando uma bolsa de colonoscopia e um absorvente interno sujo ou os detalhes melequentos e “expansivos” de um parto, como aborda morte, preconceito, sexismo, pobreza, amizade, sexo e família de maneira explícita porém respeitosa.

    A ousadia no conteúdo supera qualquer falta de ousadia na forma. Há várias possibilidades para raccords que poderiam ter sido mais elaborados e a quebra o conceito de cena, por aconteceram em mais de um lugar ao mesmo tempo, é interessante, mas obrigatória. Só que Sense8 é uma ficção científica sobre emoções e, do jeito mais Star Trek possível, cheia de um otimismo tão escasso nos últimos tempos, em que o mal é o destaque em quase toda obra. Aqui, quase sempre o mal é mau e o bem é bom, como acontecia em filmes dos anos oitenta. Cheia de mensagens, que podem ser mais sutis, como o valor da colaboração acima da competição, ou mais descaradas, como o aprimoramento proporcionado pela variedade, que chega a sair da boca de uma personagem, ela nos convence de não importa quão ruim está a situação, se deixamos o egoísmo de lado prevaleceremos.

    Ainda que não a produção mais redonda da Netflix, Sense8 é, pelos limites expandidos, marcante. E um dos mais belos manifestos pela união da diversidade.

    (Robson Sobral)

    Trailer:

    A receita que acompanha o post de hoje é feita pela Priscila, do Culinarístico! Ela juntou o post do Robson, que nada mais é que a pessoa que divide a diversão de assistir as séries com ela, com uma das lembranças gustativas de infância da personagem Riley.

    Pönnukökur ou Panquecas Islandesas

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 18

    Ingredientes

    • 1 xícara de chá de farinha de trigo
    • 2 colheres de sopa de açúcar
    • 1 colher de chá de sal
    • 1 colher de chá de fermento em pó
    • 2 ovos
    • 1/2 colher de chá baunilha
    • 1/2 xícara de iogurte natural sem açúcar
    • 1 3/4 xícaras de chá de leite
    • 1/2 colher de chá de canela (opcional)

    Como fazer?

    1. Misture os ingredientes secos em uma tigela. Em outra tigela bata bem os ovos até que fiquem cremosos, adicione o leite, o iogurte, a baunilha e misture bem. Adicione aos poucos os ingredientes líquidos nos secos misturando até formar uma massa fina. Deixe a massa descansar por 30 minutos. Unte uma frigideira com um pouquinho de manteiga e aqueça-a. Coloque a porção de uma concha de feijão pequena de massa na frigideira e deixe dourar dos dois lados. faça uma massa bem fina, como crepe.
    2. Sirva com geleia e chantili eu servi com creme de leite.
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    Obvious Child & Pão de Alho

    Donna Stern (Jenny Slate) é uma comediante que não tem muito sucesso em suas apresentações. Em uma bela noite ela leva um fora do namorado no meio do banheiro do bar que trabalha (oi?), é despedida do emprego e apesar de toda porcaria que está acontecendo na vida dela, ela acaba conhecendo Max (o fofo Jake Lacy, nosso querido Mr. Parker de Girls! Beijos Dai!).

    Os dois começam a conversar, beber e a sintonia entre eles é incrível. Max um rapaz doce e acolhedor que acaba levando ela pra casa. Entre danças frenéticas no meio da sala, beijos queridos e risadas meigas, os dois acabam dormindo juntos.

    No dia seguinte Donna vai embora sem se despedir. Claro, a pessoa acha que a vida já está uma desgraça, acaba fugindo de algo que pode ser bom. Quem nunca, né?

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    Alguns dias depois, ela está experimentando roupas em uma loja com a melhor amiga e se dá conta que pode estar grávida. Entre flashbacks e desesperados comentários ela resolve fazer um teste de farmácia. Piores minutos da vida da pessoa que espera para ver se as tirinhas dirão que é positivo ou negativo.

    O filme toca no âmago da questão do aborto: nenhum aborto é planejado. Ninguém resolve ficar grávida para poder abortar. Obvious Child lida muito bem com essa questão polêmica e consegue desenvolver o assunto de uma forma aberta, sem carregar dogmas, nem preceitos religiosos, mostrando como a coisa acontece de fato, em um país onde o aborto é uma coisa LEGAL, coisa que o Brasil deveria aprender com. Apenas alguns filmes conseguiram abordar esse assunto com tamanha realidade e, ao mesmo tempo, sem parecer um documentário, me veio em mente “Blue Valentine“, que é outro filme que trata de uma forma bem bacana esse assunto, apesar de um pouco mais dolorosa.

    O filme trata o aborto totalmente na visão da mulher, mostrando que ela faz a escolha do que quer fazer de sua vida. De maneira leve, sem aquele tom de revolução ou discussões, ele mostra o que leva uma pessoa a tomar tal decisão, como sustenta isso e depois como lida com a vida.

    Tem momentos de humor, tensão e de alegrias. O final é a coisa mais epic fofa do mundo. Vale cada minuto.

    Hoje vou trazer para vocês um pão de alho que costumo fazer quando tem churrascos, jantas, petiscos ou qualquer coisa comível que envolva pão e alho. É fácil e eficiente.

    Porque pão de alho? Por que no filme eles estão em um restaurante e o Max ESQUENTA na mão a embalagem da manteiguinha para ela passar no pão. Pensa a fofura e gritos histéricos nessa cena, pois o cara é muito queridão. Aprendam meninos.

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    Pão de Alho

    Tempo Prep: 15 min
    Tempo Coz: 15 min
    Serve: 2

    Ingredientes

    • 1/2 tablete de manteiga (em temperatura ambiente)
    • 1/4 xíc. de salsinha picada
    • 3 colheres de sopa de alho triturado
    • 1 pitada de sal (caso a manteiga já seja com sal, eu não uso mais sal na receita)
    • 4 pães franceses

    Modo de Preparo

    1. Comece misturando a manteiga, alho e salsinha. Faça uma pastinha bonita. Corte o pão em fatias, só que sem ir até o final, deixando ele grudadinho na base.
    2. Aqueça o forno a 180º. Passe a pasta de alho no meio das cavidades do pão, coloque em uma forma e leve ao forno quente por uns 10-15 minutos.
    3. Sirva com uma cerveja bem gelada 😉
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    Tal Pai, Tal Filho & Gyoza de Legumes

    Existem alguns diretores que eu tenho um apego muito forte, um deles é Hirokazu Kore-eda, o qual chamo carinhosamente de “Koreedinha”. Quando esse japonês lança algum filme eu já fico ansiosa no level HARD para assistí-lo. Kore-eda consegue filmar mostrando o dia-a-dia de uma forma poética, as vezes dura, mas sempre muito bela e especial. Ele é um olhar supremo do cinema japonês, na minha humilde opinião. Já falamos de “O que eu mais desejo” dele, aqui no blog. Inclusive, preciso rever a filmografia toda dele e cozinhar para poder fazer posts pra vocês.

    Tal pai, tal filho trata de um assunto bem polêmico: o que faríamos se descobríssemos que o filho que você cria há mais de 5 anos não é seu filho e foi trocado na maternidade?

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    Temos como foco principal o workaholic e arquiteto Ryota. Ele é pai de Keyta, o menino que tem tudo para ser um super sucesso na vida. Tudo é planejado minuciosamente para que o menino tenha a melhor educação possível. Muita rigidez aplicada em uma rotina cansativa para uma pequena criança. O pai quer que o menino cresça já tendo muita ambição e alcance o ápice logo cedo. A família vive bem de grana, com muito conforto em um apartamento agradável. A esposa submissa, que tudo a Ryota reporta, demonstra a dominação do mesmo perante seus familiares.

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    Kore-eda vai nos levando pela mão, contando o outro lado sutilmente: a outra família que teve o filho trocado, vive em um subúrbio, numa casa simples, com mais irmão, tendo uma vida bem mais livre (e um tanto quanto mais divertida). A diferença entre os dois clãs é muito muito clara.

    A partir do momento que sabem sobre a troca dos filhos, as duas famílias começam a se questionar o que será o certo a se fazer. As respostas de alguns porquês são respondidas pela vida. Deve-se mesmo acreditar tão e somente em laços de sangue, por ter a sociedade imposto que isso é o mais forte que se pode ter?

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    O diretor japonês nos faz viajar junto com essas famílias, em uma mescla de dores e descobertas, onde os próprios pais começam a se indagar sobre suas infâncias, passado e o futuro. Como em outros filmes, Kore-eda nos faz questionar a nossa existência, nos fazendo pensar sobre o modo como agimos e o que teremos como consequência disso.

    É um drama bonito e arrebatador, com um final excepcionalmente lindo! Assistam e depois me contem o que acharam.

    Trailer:

    Hoje trarei junto com o filme uma comidinha bem conhecida na culinária asiática: Gyoza! Dessa vez fiz de brócolis com shimeji.

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    Gyoza de Legumes

    Tempo Prep: 60 mins
    Tempo Coz: 30 mins
    Rende: 12 peças

    Ingredientes

    • 1 xícara de farinha de trigo
    • 1/2 xícara de água fervendo
    • 1 colheres de chá de azeite
    • 1 pitada de sal
    • 150 g de shimeji picado
    • 150 g de brocolis picados
    • 50g de nirá (cebolinha japonesa) picado
    • 4 colheres de sopa de shoyu
    • 1 colher de sopa de óleo de gergelim torrado
    • 1 colher de sopa de caldo de gengibre ralado
    • 1 dente de alho ralado 1 colher de azeite
    • 1 colher de azeite
    • Óleo e água quente para a fritura/finalização

    Modo de Preparo

    1. Comece preparando a massa, coloque a farinha, o sal e o azeite em um recipiente e em seguida vá colocando a água fervendo. Mexa com uma garfo para não queimar as mãos, até que esfrie um pouco e possa sovar. Sove bem por alguns minutos até obter uma massa bem lisinha e uniforme. Deixe descansar por 1 hora.
    2. Enquanto isso vamos fazendo o recheio: refogue o alho no azeite, adicione o shimeji e o brócolis picados. Tempere com o shoyu, o oleo de gergelim e acrescente o gengibre ralado. Refogue bem, até ficar tudo macio e reserve, deixando esfriar antes de rechear os pasteizinhos.
    3. Abra a massa em uma superfície enfarinhada, até que tenha uns 2 mm de espessura. Com a ajuda de um cortador redondo (usei um copo) vá cortando os círculos. Coloque um pouco de recheio no centro de cada círculo e vá fechando fazendo pequenas pregas.
    4. Aqueça uma frigideira com duas colheres de sopa de óleo e doure a base dos gyozas. Em seguida regue com água quente até cobrir 1/3 do pastel e tampe imediatamente, deixando até que seque toda a água.
    5. Arrume os pastéis no prato, colocando a base voltada para cima Muito amor envolvido <3 Sirva ainda quente acompanhado de shoyu.

    Como podem notar tive uma ajudante no processo:

    Aqui tem um post bem legal da Marisa Ono para aprender a fechar os gyozas.
  • Comédia,  Drama,  Salgados,  Suspense

    Relatos Selvagens & Batata a Cavalo

    Relatos Selvagens é um daqueles filmes que te dá uma espécie de catarse. O filme de 2014, dirigido por Damián Szifron, traz 6 histórias de um dia de fúria. Sabe aquele dia que tudo dá errado e você simplesmente toca o terror porque a vida já deu tudo o que tinha que dar e está ainda te pedindo paciência? Pois é, todos já passamos por isso.

    Filme isto, Nestor!
    Nestor, filme isto, por favor!
    (Romina, melhor louca)

    Confesso que terminei de assistir o filme com aquela sensação de simplesmente ”não sou obrigada” a passar por algumas coisas na vida e dá vontade de falar altas verdades para quem merece ouvir. Surtos a parte, digo: ASSISTAM.

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    São 6 histórias distintas. Tudo começa com uma viagem de avião onde de repente, todos os passageiros se dão conta que conhecem uma pessoa em comum. Como assim? isso só poderia ser uma armadilha. E é. Esse começo do filme, com final incrível, já te faz dar pulos da poltrona de emoção.

    Na sequência temos o episódio do restaurante (do qual saiu a receita do post), onde um homem chega no estabelecimento vazio em uma noite chuvosa. Ao avistar o moço, a garçonete se dá conta que é o mesmo homem que arruinou sua família há alguns anos. Ele não lembra dela, porém, ela nunca o esqueceu.

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    Grande atuação da cozinheira, interpretada por Rita Cortese, que dá um show de vontade de vingança ao querer colocar veneno nas batatas, contrariando a moça que, apesar de ter muito ódio do cara, ainda preserva uma certa noção da vida. O que será que ela fez?

    Ainda temos uma história de um pai que tenta salvar o filho que cometeu uma atrocidade, atropelou uma grávida e não prestou socorro, fugindo com o carro ensanguentado da família. Num ato de covardia, ele resolve fazer uma oferta ao caseiro para que assuma a culpa do ato. Será que ele aceitou?

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    Para mim, a história mais angustiante foi a que mostra em uma estrada, um homem com um carro importado, pelo que vemos um executivo cheio da grana, que se irrita ao passar por um outro motorista, que com seu carro velho fica fazendo zigue-zague na pista, o impedindo de ultrapassar. Fato é que ele xinga muito o cara, com palavrões e gestos humilhantes, finalmente passa a frente dele e vai embora. Ele só não esperava que o pneu do carro dele furaria logo mais a frente. O que acontece depois disso é uma das cenas mais tensas que já vi em um filme.

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    E Darín? Cadê Ricardo nessa história toda? Darín, interpreta Símon, um engenheiro de demolições que tem seu carro guinchado exatamente no dia do aniversário da filha, ao estacionar o mesmo em frente a confeitaria que foi buscar o bolo para a festinha. Aqui temos a personificação de um Michael Douglas argentino em “Um dia de fúria”. Ele perde o aniversário da filha, a mulher pede o divórcio e o carro dele é guinchado novamente. Revoltado contra o sistema robótico dos atendentes do centro de transportes, Símon bola um plano para se vingar de toda essa burocracia infeliz. Não esqueçam que ele é engenheiro de demolições com explosivos. Imaginem o que pode ser feito com isso.

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    Por fim temos o casamente de Romina. Seria o evento perfeito se, no meio da festa, ela não se desse conta que a moça que está em uma das mesas, onde só tem colegas de trabalho do noivo, está a dona do telefone que ela viu no celular do noivo e desconfiou certa vez. Depois de uma sagaz ideia de ligar para o número e vê-la atender, Romina tem um surto totalmente freaking out e começa a fazer do casamento uma grande celebração de verdades.

    Beirando a loucura, Romina com muito humor negro e ironias faz da própria festa um momento de horror total. Será que serão felizes para sempre mesmo assim?

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    “Papas a caballo” é uma receita típica da culinária argentina. Essa receita surgiu no bairro de Chacarita, onde estava a primeira fábrica de geladeiras gás que existia no país. Como os trabalhadores eram muitos e tinham bastante fome, a cozinheira resolveu fritar muitas batatas e ovos para serví-los. Quando eles chegaram ao refeitório ela resolveu colocar os ovos fritos em cima das batatas e assim surgiu o prato. Eu nunca tinha comido isso assim e confesso para vocês que é uma delícia.

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    Batatas a cavalo

    Tempo Prep: 90 min
    Tempo Coz: 30 min
    Serve: 2

    Ingredientes

    • 400 g de batata asterix (compre as maiores que achares)
    • 1 litro de óleo (usei canola)
    • 2 litros de água
    • 2 ovos (ou mais, se quiseres!)
    • Sal e pimenta do reino

    Modo de Fazer

    1. Coloque uma panela com água no fogo para ferver. Corte as batatas em palitos grossos e vá colocando elas em uma travessa cheia de água para não escurecerem. Quando a água estiver fervendo, coloque as batatas e deixe por 5 minutos. Retire, escorra e coloque em uma travessa que possa ir ao freezer. Leve as batatas ao freezer por 1 hora.
    2. Aqueça o óleo em uma frigideira de bordas altas. Adicione pouca quantidade de batatas por vez. Deixe corar, retire e coloque em um papel toalha. Salgue. O segredo é também não ficar mexendo muito nelas antes que criem a casquinha gostosa.
    3. Frite o ovo, como de costume (eu uso pimenta do reino e sal para temperar), acomode as batatas em um prato e o ovo em cima delas. Agora é só comer!
  • Drama,  Salgados

    Les Adoptés & Risoto de Camarão

    Les adoptés é um filme de 2011, dirigido e estrelado por Mélanie Laurent. A mocinha francesa não decepcionou nem um pouco na direção de seu primeiro longa.

    Marine (Marie Denarnaud) e Lisa (Mélanie Laurent) são irmãs inseparáveis, mesmo não tendo laços de sangue, já que Marine foi adotada, elas compartilham a vida uma com a outra quase como uma dependência. Porém, não é uma coisa ruim, na verdade é muito bonita a relação. Juntamos a isso o filho de Lisa, Léo, um garoto fofo que adora fazer programas culturais com a tia todas as terças. Eles escutam música clássica enquanto morrem de rir dedilhando um piano imaginário. Me apaixonei pela criança, você também vai, quando assistir.

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    Nós não somos o que sonhamos.
    Mas estamos indo bem.
    Nós rimos, nos divertimos, aprendemos, somos curiosos, desapontados, nervosos, empolgados, criativos.
    Nos entediamos, nos divertimos, avançamos, cometemos erros. Isso é…é feio.
    Nós florescemos. Estamos vivos!
    E todos vivemos juntos…
    E só se tem uma vida!

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    Tudo muda quando Alex (Denis Ménochet) adentra a livraria que Marine trabalha. A paixão entre os dois é imediata. Sorrisos que não se pode conter, convite para sair, tudo muito rápido. Ali começa um namoro com muita química e velocidade recorde.

    O que ocorre é que isso abala um pouco a relação das irmãs. Lisa que estava acostumada a ter sempre a irmã perto, não aceita ela estar tanto tempo junto com Alex e pouco com ela.

    Em um dia de chuva, Marine sai correndo da livraria, distraída e eis que é atropelada por uma moto.

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    No hospital o médico diz que ela está no grau 3 do coma. Não se sabe o que vai acontecer. É nesse momento que Lisa e Alex se aproximam, junto com a mãe delas e o pequeno Leo, fazendo tudo para que Marine volte a vida.

    É um filme poético, doce, com uma fotografia incrível, trilha impecável e atuações que te arrancam as lágrimas em vários momentos.

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    Para mim, um dos melhores filmes que vi esse ano. Vale cada minuto.

    Trailer:

    Para acompanhar o filme, trago pra vocês um risoto de camarão delicioso, receita do Jamie Oliver. E o que isso tem a ver com o filme? Nada. Porém, acharia eu poético servir esse prato antes ou depois do filme, para quem se ama ou se está enamorado. Pois esse é um filme que fala de vários tipos de amor. E das mais belas formas.

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    Risoto de Camarão

    Tempo Prep: 60 min
    Tempo Coz: 30 min
    Rende: 4

    Ingredientes

    • l litro de caldo legumes
    • 3 colheres (sopa) de azeite de oliva de boa qualidade
    • 2 cebolas médias picadas bem fino
    • Sal e pimenta-do-reino
    • 2 dentes de alho fatiados ou uma colher de alho ao óleo
    • 400 g de arroz para risoto
    • 100 ml de vinho branco seco
    • 70 g de manteiga sem sal
    • 85 a 100 g de queijo parmesão fresco ralado
    • 300 g de camarão grande limpo
    • Hortelã fresca picada a gosto (não coloquei pq não tinha)
    • Manjericão fresco picado a gosto
    • 200 g de ervilhas frescas
    • Suco de 1/2 limão siciliano
    • Sal e pimenta do reino a gosto
    • Azeite de Oliva

    Modo de Fazer:

    1. Em uma frigideira anti-aderente, refogue os camarões no azeite de oliva por alguns minutos. Em seguida acrescente a ervilha. Tempere com sal e pimenta do reino. Reserve.
    2. Agora faça o risoto, aqueça o azeite em uma panela, refogue a cebola e quanto estiver dourada coloque o alho picado. Adicione o arroz e mexa por um minuto. Jogue o vinho branco e sgiga mexendo até que evapore o liquido.
    3. Vá adicionando de concha em concha o caldo de legumes, quando estiver quase secando, adicione mais caldo, até terminar. Esse processo leva em média 20 minutos.
    4. Tempere com sal e pimenta, desligue o fogo.
    5. Coloque os camarões e ervilhas nele e finalize com o suco de limão, o queijo e a manteiga. Mexa bem. Acrescente o manjericão rasgado (e a hortelã, caso use) e sirva em seguida.
  • Drama

    Azul é a cor mais quente & Espaguete à Bolonhesa

    Azul é a cor mais quente, baseado na HQ homônima de Julie Maroh, é a história de Adèle (Adèle Exarchopoulos), uma adolescente que está descobrindo sua vida, tanto sexual quanto afetiva. Dirigido genialmente por Adbellatif Kechiche (que já vimos em O segredo do grão) o filme começa com o início da vida sexual de Adéle, onde ela conhece um garoto no colégio e começa a namora-lo. O que ela não esperava é que cruzar na rua com uma menina de cabelo azul a faria despertar para o que ela realmente gostava: de garotas. Adèle então resolve ir a um bar GLS e lá encontra Emma (Léa Seydoux) e uma mistura cósmica de cabelos e olhos azulados. É então que começam uma amizade, que as leva ao parque, conversas, referências e sorrisos de canto de boca.

    Somente o amor irá salvar o mundo. Por que eu teria vergonha de amar?

    Adèle tem certeza do que quer agora. Os anos passam e já temos as duas juntas, casadas. Com uma felicidade boa elas vão vivendo a vida explorando o melhor da relação. Para os conservadores de plantão já aviso que as cenas de sexo são intensas e muito bem filmadas. Mostram exatamente a descoberta dos corpos e sensações, confesso que achei um dos filmes que melhor filmou isso. É como se fosse um rito de passagem entre a adolescência e a vida adulta de Adèle.

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    Kechiche dirige com planos focados nos rostos e sorrisos. O sorriso das duas tem muito significado em cada cena. Assim como a dor. Explanando de uma forma espetacular a passagem do tempo e dos relacionamentos, o diretor vai nos conduzindo bem de perto para o que elas querem de suas vidas. Por um lado temos Emma tão decida e livre, de outro temos uma Adèle que já sabe o que quer, mas ainda não sabe como lidar com isso.

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    O filme é um desfile de belas imagens e conversas francas, rodeado de diálogos intensos e significativos. Acho que ele soube explorar bem um filme com temática GLS, porém, sem ser um conteúdo vazio ou apenas sexual. Pontua bem os problemas com relação a revelar ou não à família, estar entre amigos que sabem, no trabalho o medo de assumir, essas coisas que a maioria das pessoas passam. É um filme libertador dentro do tema no cinema mundial. Além de tudo, o filme é pura poesia. Do amor à dor é possível se encantar com o modo como tudo é mostrado. Mais do que merecida a Palma de Ouro em Cannes.

    Trailer:

    Na primeira vez que Adèle leva Emma a sua casa, o pai dela faz um espaguete a bolonhesa sensacional. A cena da refeição te deixa com vontade de ir correndo para cozinha e preparar um. Depois, quando estão já morando juntas e dão uma festa em casa, Adèle prepara o mesmo espaguete para todos os amigos de Emma, que comem com louvor. Por isso é essa a receita que acompanha o filme hoje: espaguete à bolonhesa.

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    Espaguete à Bolonhesa

    Tempo Preparo: 60 mins
    Tempo Cozimento: 30 mins
    Serve: 4

    Ingredientes

    • 2 colheres de sopa de azeite de oliva
    • 1 kg de carne moída
    • 4 dentes de alho picados
    • 2 cebolas pequenas picadas
    • 1 colher de sopa de orégano
    • 1/4 colher de chá de pimenta calabresa seca
    • 1 colher de sopa de sal
    • 1 e 1/2 xícaras de água
    • 3 latas de tomates pelados
    • 2 colheres de sopa de extrato de tomate
    • 1/4 colher de chá de noz-moscada
    • 2 colheres de sopa de manjericão
    • 1/4 xícara de creme de leite
    • 1 pacote de espaguete
    • 1/2 xícara de queijo parmesão ralado

    Modo de Preparo

    1. Comece aquecendo uma panela com o azeite e coloque a carne para refogar. Quando a carne estiver corada, junte a cebola e em seguida o alho. Deixe que fiquem transparentes. Tempere agora com a pimenta, sal, orégano, adicione o extrato de tomate, os tomates pelados e a água. Deixe em fogo baixo até encorpar. Coloque o macarrão a cozinhar em uma panela de água fervente, como de costume, ou como manda a embalagem da marca que você escolheu. Para finalizar o molho, desligue o fogo, adicione o creme de leite, a noz-moscada e o manjericão. Mexa e coloque o molho na massa escorrida e sirva com bastante parmesão ralado.