Kiseki (O que eu mais desejo) & Batayaki

Quando se trata de um filme de Hirokazu Kore-eda pare tudo que está fazendo e sente para assistir. Ele é um diretor peculiar, que trata do cotidiano. O passar da vida com um olhar simples e cativante. Não espere um filme com grandes surpresas e finais épicos. Kore-eda segue a linha do mestre Ozu, que filmava sempre os simples acontecimentos que passamos. É como olhar nosso dia-a-dia e ver nele os pequenos detalhes que às vezes passam despercebidos e é exatamente neles que está a essência do viver.
O filme fala sobre dois irmãos (fato curioso que os atores – Ohshiro e Koki Maeda – também são irmãos na vida real, o que transborda em nós um amor maior ainda pelo filme) que estão vivendo em locais distantes devido a separação dos pais.

Nós somos irmãos. Somos unidos por um fio invisível.
(Ryu)

O irmão mais velho, Koichi, mora com a mãe, que foi para casa dos pais. O mais novo, Ryu, vive com o pai, guitarrista de uma banda, no outro extremo da ilha. Do lado onde está Koichi um vulcão está a soltar cinzas e o pequeno menino se incomoda um pouco com isso, mas se coloca a limpar, pois não há mais nada a ser feito. Como uma metáfora com a vida, lidamos com o que nos é oferecido. No outro extremo da ilha há sempre sol e é lá que vive Ryu. Um garoto que nos cativa desde o início do filme, sorridente, brincalhão, de bem com a vida, ao contrário de seu irmão, que se mostra um garoto mais fechado e pensativo perante a problemática da vida da família.
O grande sonho de Koichi é que os pais voltem a morar juntos e a família se reconstrua novamente. Há toda uma inocência por trás disso, por isso, acho tão incríveis filmes que mostram a vida através do olhar das crianças. De um lado temos um irmão mais velho, que pode parecer mais experiente e amargurado, mas que ainda tem dentro dele a esperança e a ilusão de que a família, anteriormente devastada, volte a ser uma união feliz. Por outro lado, o irmão mais novo que parece estar sempre ‘voando’ e não pensando muito em todas as coisas, é quem cultiva um jardim, cuida do pai, lida com a vida de uma forma mais light, porém, ele tem uma visão mais realista da relação dos pais: as brigas voltariam, caso eles viessem a morar juntos novamente.
O reencontro dos dois é uma das coisas mais bonitas do filme. Aquela amizade sincera e bonita, a cumplicidade e o amadurecimento que a distância faz com que a gente tenha. Em uma passagem eles estão comendo salgadinhos e um diz para o outro: `Pode comer as migalhas’ e o outro responde que eles sempre brigavam pelas migalhas. Fiquei pensando que muitas vezes quando estamos juntos de alguém sempre brigamos por coisas bobas, que se perdem totalmente quando se tem apenas alguns momentos para ficar junto de quem se gosta.
E o filme se desenvolve em cima de um ideal de Koichi em viajar até onde dois trens-bala se cruzam. Reza a lenda que se fizermos um pedido durante esse momento, ele se realizará. Então ele se junta com amigos, cada um com seu desejo pessoal, convida o irmão, que também vai com seus amigos, para essa viagem em busca da realização do sonho de cada um.
E você, o que gritaria quando os trens se cruzassem? Eu já sei o que pediria =).
O que vai acompanhar o filme hoje é uma receita de Batayaki (que nada mais é que “cozido na manteiga” em japonês). Vamos ver como faz?

Shimeji & Shitake Batayaki

Prep Time: 15 mins
Cook Time: 15 mins
Yields: 2

O que você vai precisar?

  • 100 g de shimeji
  • 100 g de shitake
  • 100 g de brócolis
  • 50 g de manteiga
  • 2 colheres (sopa) de Saquê Culinário
  • 1/4 xíc. de Shoyu

Como fazer?

  1. Tire os cabinhos dos shitakes e corte em fatias grossas. Separe o shimeji em ‘pétalas’. Coloque a manteiga para derreter em uma panela e em seguida adicione o shitake. Deixe refogar por uns 3 minutinhos e coloque o shimeji.
  2. Adicione o saquê. Deixe refogar mais alguns minutinhos. Em uma panela a parte, dê uma leve cozinhada no brócolis (apenas para dar ‘um susto’, pois ele deve ficar al dente). Podes também usar a tática de levar uns 2 minutos no microondas dentro de um saquinho fechado (não precisa adicionar água). Junte o brócolis aos cogumelos e em seguida despeje o shoyu. Misture bem para que tudo fique incorporado e sirva em seguida.
Sobre o autor

Sara

A dona da cozinha.

4 Comentários

  1. Oi Sara! Esse filme deve ser lindo. Já vai para minha lista e de repente vejo no sábado já que o final de semana promete um frio de “renguear cusco” hahaha. Hoje de manhã entrei no teu blog pra ver as comidinhas feita na Wok. Ganhei uma e não sabia com que prato estrear, agora já estou em dúvida com mais essa receita que deve ser uma delícia 🙂 Bjo

  2. O texto faz jus ao filme, sarinha, tocante, leve e muito bonito. e a receita, olha, já já vai virar comidinha aqui em casa. =***

  3. Adorei os cogumelos, fiquei super interessada no filme e babei com a cerveja! Missão cumprida! Bjs, Ju

  4. […] e especial. Ele é um olhar supremo do cinema japones, na minha humilde opinião. Já falamos de “O que eu mais desejo” dele, aqui no blog. Inclusive, preciso rever a filmografia toda dele e cozinhar para poder fazer […]

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