Salgados

  • Drama,  Salgados

    Tal Pai, Tal Filho & Gyoza de Legumes

    Existem alguns diretores que eu tenho um apego muito forte, um deles é Hirokazu Kore-eda, o qual chamo carinhosamente de “Koreedinha”. Quando esse japonês lança algum filme eu já fico ansiosa no level HARD para assistí-lo. Kore-eda consegue filmar mostrando o dia-a-dia de uma forma poética, as vezes dura, mas sempre muito bela e especial. Ele é um olhar supremo do cinema japonês, na minha humilde opinião. Já falamos de “O que eu mais desejo” dele, aqui no blog. Inclusive, preciso rever a filmografia toda dele e cozinhar para poder fazer posts pra vocês.

    Tal pai, tal filho trata de um assunto bem polêmico: o que faríamos se descobríssemos que o filho que você cria há mais de 5 anos não é seu filho e foi trocado na maternidade?

    guioza_likefather1

    Temos como foco principal o workaholic e arquiteto Ryota. Ele é pai de Keyta, o menino que tem tudo para ser um super sucesso na vida. Tudo é planejado minuciosamente para que o menino tenha a melhor educação possível. Muita rigidez aplicada em uma rotina cansativa para uma pequena criança. O pai quer que o menino cresça já tendo muita ambição e alcance o ápice logo cedo. A família vive bem de grana, com muito conforto em um apartamento agradável. A esposa submissa, que tudo a Ryota reporta, demonstra a dominação do mesmo perante seus familiares.

    guioza_likefather3

    Kore-eda vai nos levando pela mão, contando o outro lado sutilmente: a outra família que teve o filho trocado, vive em um subúrbio, numa casa simples, com mais irmão, tendo uma vida bem mais livre (e um tanto quanto mais divertida). A diferença entre os dois clãs é muito muito clara.

    A partir do momento que sabem sobre a troca dos filhos, as duas famílias começam a se questionar o que será o certo a se fazer. As respostas de alguns porquês são respondidas pela vida. Deve-se mesmo acreditar tão e somente em laços de sangue, por ter a sociedade imposto que isso é o mais forte que se pode ter?

    guioza_likefather2

    O diretor japonês nos faz viajar junto com essas famílias, em uma mescla de dores e descobertas, onde os próprios pais começam a se indagar sobre suas infâncias, passado e o futuro. Como em outros filmes, Kore-eda nos faz questionar a nossa existência, nos fazendo pensar sobre o modo como agimos e o que teremos como consequência disso.

    É um drama bonito e arrebatador, com um final excepcionalmente lindo! Assistam e depois me contem o que acharam.

    Trailer:

    Hoje trarei junto com o filme uma comidinha bem conhecida na culinária asiática: Gyoza! Dessa vez fiz de brócolis com shimeji.

    guioza_final

    Gyoza de Legumes

    Tempo Prep: 60 mins
    Tempo Coz: 30 mins
    Rende: 12 peças

    Ingredientes

    • 1 xícara de farinha de trigo
    • 1/2 xícara de água fervendo
    • 1 colheres de chá de azeite
    • 1 pitada de sal
    • 150 g de shimeji picado
    • 150 g de brocolis picados
    • 50g de nirá (cebolinha japonesa) picado
    • 4 colheres de sopa de shoyu
    • 1 colher de sopa de óleo de gergelim torrado
    • 1 colher de sopa de caldo de gengibre ralado
    • 1 dente de alho ralado 1 colher de azeite
    • 1 colher de azeite
    • Óleo e água quente para a fritura/finalização

    Modo de Preparo

    1. Comece preparando a massa, coloque a farinha, o sal e o azeite em um recipiente e em seguida vá colocando a água fervendo. Mexa com uma garfo para não queimar as mãos, até que esfrie um pouco e possa sovar. Sove bem por alguns minutos até obter uma massa bem lisinha e uniforme. Deixe descansar por 1 hora.
    2. Enquanto isso vamos fazendo o recheio: refogue o alho no azeite, adicione o shimeji e o brócolis picados. Tempere com o shoyu, o oleo de gergelim e acrescente o gengibre ralado. Refogue bem, até ficar tudo macio e reserve, deixando esfriar antes de rechear os pasteizinhos.
    3. Abra a massa em uma superfície enfarinhada, até que tenha uns 2 mm de espessura. Com a ajuda de um cortador redondo (usei um copo) vá cortando os círculos. Coloque um pouco de recheio no centro de cada círculo e vá fechando fazendo pequenas pregas.
    4. Aqueça uma frigideira com duas colheres de sopa de óleo e doure a base dos gyozas. Em seguida regue com água quente até cobrir 1/3 do pastel e tampe imediatamente, deixando até que seque toda a água.
    5. Arrume os pastéis no prato, colocando a base voltada para cima Muito amor envolvido <3 Sirva ainda quente acompanhado de shoyu.

    Como podem notar tive uma ajudante no processo:

    Aqui tem um post bem legal da Marisa Ono para aprender a fechar os gyozas.
  • Comédia,  Drama,  Salgados,  Suspense

    Relatos Selvagens & Batata a Cavalo

    Relatos Selvagens é um daqueles filmes que te dá uma espécie de catarse. O filme de 2014, dirigido por Damián Szifron, traz 6 histórias de um dia de fúria. Sabe aquele dia que tudo dá errado e você simplesmente toca o terror porque a vida já deu tudo o que tinha que dar e está ainda te pedindo paciência? Pois é, todos já passamos por isso.

    Filme isto, Nestor!
    Nestor, filme isto, por favor!
    (Romina, melhor louca)

    Confesso que terminei de assistir o filme com aquela sensação de simplesmente ”não sou obrigada” a passar por algumas coisas na vida e dá vontade de falar altas verdades para quem merece ouvir. Surtos a parte, digo: ASSISTAM.

    relatos-salvajes-1 (5)

    São 6 histórias distintas. Tudo começa com uma viagem de avião onde de repente, todos os passageiros se dão conta que conhecem uma pessoa em comum. Como assim? isso só poderia ser uma armadilha. E é. Esse começo do filme, com final incrível, já te faz dar pulos da poltrona de emoção.

    Na sequência temos o episódio do restaurante (do qual saiu a receita do post), onde um homem chega no estabelecimento vazio em uma noite chuvosa. Ao avistar o moço, a garçonete se dá conta que é o mesmo homem que arruinou sua família há alguns anos. Ele não lembra dela, porém, ela nunca o esqueceu.

    relatos-salvajes-1 (4)

    Grande atuação da cozinheira, interpretada por Rita Cortese, que dá um show de vontade de vingança ao querer colocar veneno nas batatas, contrariando a moça que, apesar de ter muito ódio do cara, ainda preserva uma certa noção da vida. O que será que ela fez?

    Ainda temos uma história de um pai que tenta salvar o filho que cometeu uma atrocidade, atropelou uma grávida e não prestou socorro, fugindo com o carro ensanguentado da família. Num ato de covardia, ele resolve fazer uma oferta ao caseiro para que assuma a culpa do ato. Será que ele aceitou?

    relatos-salvajes-1 (1)

    Para mim, a história mais angustiante foi a que mostra em uma estrada, um homem com um carro importado, pelo que vemos um executivo cheio da grana, que se irrita ao passar por um outro motorista, que com seu carro velho fica fazendo zigue-zague na pista, o impedindo de ultrapassar. Fato é que ele xinga muito o cara, com palavrões e gestos humilhantes, finalmente passa a frente dele e vai embora. Ele só não esperava que o pneu do carro dele furaria logo mais a frente. O que acontece depois disso é uma das cenas mais tensas que já vi em um filme.

    relatos-salvajes-1 (7)

    E Darín? Cadê Ricardo nessa história toda? Darín, interpreta Símon, um engenheiro de demolições que tem seu carro guinchado exatamente no dia do aniversário da filha, ao estacionar o mesmo em frente a confeitaria que foi buscar o bolo para a festinha. Aqui temos a personificação de um Michael Douglas argentino em “Um dia de fúria”. Ele perde o aniversário da filha, a mulher pede o divórcio e o carro dele é guinchado novamente. Revoltado contra o sistema robótico dos atendentes do centro de transportes, Símon bola um plano para se vingar de toda essa burocracia infeliz. Não esqueçam que ele é engenheiro de demolições com explosivos. Imaginem o que pode ser feito com isso.

    relatos-salvajes-1 (8)

    Por fim temos o casamente de Romina. Seria o evento perfeito se, no meio da festa, ela não se desse conta que a moça que está em uma das mesas, onde só tem colegas de trabalho do noivo, está a dona do telefone que ela viu no celular do noivo e desconfiou certa vez. Depois de uma sagaz ideia de ligar para o número e vê-la atender, Romina tem um surto totalmente freaking out e começa a fazer do casamento uma grande celebração de verdades.

    Beirando a loucura, Romina com muito humor negro e ironias faz da própria festa um momento de horror total. Será que serão felizes para sempre mesmo assim?

    relatos-salvajes-1 (6)

    “Papas a caballo” é uma receita típica da culinária argentina. Essa receita surgiu no bairro de Chacarita, onde estava a primeira fábrica de geladeiras gás que existia no país. Como os trabalhadores eram muitos e tinham bastante fome, a cozinheira resolveu fritar muitas batatas e ovos para serví-los. Quando eles chegaram ao refeitório ela resolveu colocar os ovos fritos em cima das batatas e assim surgiu o prato. Eu nunca tinha comido isso assim e confesso para vocês que é uma delícia.

    IMG_0299

    Batatas a cavalo

    Tempo Prep: 90 min
    Tempo Coz: 30 min
    Serve: 2

    Ingredientes

    • 400 g de batata asterix (compre as maiores que achares)
    • 1 litro de óleo (usei canola)
    • 2 litros de água
    • 2 ovos (ou mais, se quiseres!)
    • Sal e pimenta do reino

    Modo de Fazer

    1. Coloque uma panela com água no fogo para ferver. Corte as batatas em palitos grossos e vá colocando elas em uma travessa cheia de água para não escurecerem. Quando a água estiver fervendo, coloque as batatas e deixe por 5 minutos. Retire, escorra e coloque em uma travessa que possa ir ao freezer. Leve as batatas ao freezer por 1 hora.
    2. Aqueça o óleo em uma frigideira de bordas altas. Adicione pouca quantidade de batatas por vez. Deixe corar, retire e coloque em um papel toalha. Salgue. O segredo é também não ficar mexendo muito nelas antes que criem a casquinha gostosa.
    3. Frite o ovo, como de costume (eu uso pimenta do reino e sal para temperar), acomode as batatas em um prato e o ovo em cima delas. Agora é só comer!
  • Drama,  Salgados

    Les Adoptés & Risoto de Camarão

    Les adoptés é um filme de 2011, dirigido e estrelado por Mélanie Laurent. A mocinha francesa não decepcionou nem um pouco na direção de seu primeiro longa.

    Marine (Marie Denarnaud) e Lisa (Mélanie Laurent) são irmãs inseparáveis, mesmo não tendo laços de sangue, já que Marine foi adotada, elas compartilham a vida uma com a outra quase como uma dependência. Porém, não é uma coisa ruim, na verdade é muito bonita a relação. Juntamos a isso o filho de Lisa, Léo, um garoto fofo que adora fazer programas culturais com a tia todas as terças. Eles escutam música clássica enquanto morrem de rir dedilhando um piano imaginário. Me apaixonei pela criança, você também vai, quando assistir.

    les-adoptes-les-4

    Nós não somos o que sonhamos.
    Mas estamos indo bem.
    Nós rimos, nos divertimos, aprendemos, somos curiosos, desapontados, nervosos, empolgados, criativos.
    Nos entediamos, nos divertimos, avançamos, cometemos erros. Isso é…é feio.
    Nós florescemos. Estamos vivos!
    E todos vivemos juntos…
    E só se tem uma vida!

    les-adoptes-les-3

    Tudo muda quando Alex (Denis Ménochet) adentra a livraria que Marine trabalha. A paixão entre os dois é imediata. Sorrisos que não se pode conter, convite para sair, tudo muito rápido. Ali começa um namoro com muita química e velocidade recorde.

    O que ocorre é que isso abala um pouco a relação das irmãs. Lisa que estava acostumada a ter sempre a irmã perto, não aceita ela estar tanto tempo junto com Alex e pouco com ela.

    Em um dia de chuva, Marine sai correndo da livraria, distraída e eis que é atropelada por uma moto.

    les-adoptes_6

    No hospital o médico diz que ela está no grau 3 do coma. Não se sabe o que vai acontecer. É nesse momento que Lisa e Alex se aproximam, junto com a mãe delas e o pequeno Leo, fazendo tudo para que Marine volte a vida.

    É um filme poético, doce, com uma fotografia incrível, trilha impecável e atuações que te arrancam as lágrimas em vários momentos.

    les-adoptes-les-2

    Para mim, um dos melhores filmes que vi esse ano. Vale cada minuto.

    Trailer:

    Para acompanhar o filme, trago pra vocês um risoto de camarão delicioso, receita do Jamie Oliver. E o que isso tem a ver com o filme? Nada. Porém, acharia eu poético servir esse prato antes ou depois do filme, para quem se ama ou se está enamorado. Pois esse é um filme que fala de vários tipos de amor. E das mais belas formas.

    risoto_jamie_oliver

    Risoto de Camarão

    Tempo Prep: 60 min
    Tempo Coz: 30 min
    Rende: 4

    Ingredientes

    • l litro de caldo legumes
    • 3 colheres (sopa) de azeite de oliva de boa qualidade
    • 2 cebolas médias picadas bem fino
    • Sal e pimenta-do-reino
    • 2 dentes de alho fatiados ou uma colher de alho ao óleo
    • 400 g de arroz para risoto
    • 100 ml de vinho branco seco
    • 70 g de manteiga sem sal
    • 85 a 100 g de queijo parmesão fresco ralado
    • 300 g de camarão grande limpo
    • Hortelã fresca picada a gosto (não coloquei pq não tinha)
    • Manjericão fresco picado a gosto
    • 200 g de ervilhas frescas
    • Suco de 1/2 limão siciliano
    • Sal e pimenta do reino a gosto
    • Azeite de Oliva

    Modo de Fazer:

    1. Em uma frigideira anti-aderente, refogue os camarões no azeite de oliva por alguns minutos. Em seguida acrescente a ervilha. Tempere com sal e pimenta do reino. Reserve.
    2. Agora faça o risoto, aqueça o azeite em uma panela, refogue a cebola e quanto estiver dourada coloque o alho picado. Adicione o arroz e mexa por um minuto. Jogue o vinho branco e sgiga mexendo até que evapore o liquido.
    3. Vá adicionando de concha em concha o caldo de legumes, quando estiver quase secando, adicione mais caldo, até terminar. Esse processo leva em média 20 minutos.
    4. Tempere com sal e pimenta, desligue o fogo.
    5. Coloque os camarões e ervilhas nele e finalize com o suco de limão, o queijo e a manteiga. Mexa bem. Acrescente o manjericão rasgado (e a hortelã, caso use) e sirva em seguida.
  • Comédia,  Romance,  Salgados

    What If & Ouro de Tolo

    What If (Será que?) é um daqueles filmes leves e bonitos. Uma típica comédia romântica, mas com um roteiro interessante e bem executado, baseado na peça de teatro canadense “Cigars and Toothpaste”, de T.J.Dawe.

    Nele temos o eterno Harry Potter – Daniel Radcliffe no papel principal, Wallace um moço romântico que depois de ser traído pela ex-namorada resolve passar um ano sozinho. Em uma festa organizada por seu melhor amigo Allan (Adam Driver – sim! nosso querido Adam de Girls), ele acaba conhecendo Chantry (interpretada pela fofa Zoe Kazan).

    what-if (4)

    Quando você percebe o quão rápido tudo pode desmoronar.
    Faz você não querer desistir de algo bom, de novo.
    Seja lá o que há entre nós.
    Isso é bom.
    É tão bom, que na verdade, foi a melhor coisa que já aconteceu comigo.
    E eu não quero que isso termine.
    Eu também não quero.

    É tipo amor a primeira vista. Eles tem uma identificação incrível com o papo, os gostos, as conversas, o humor sarcástico e as brincadeiras bestas. Olhinhos de Wallace brilham até o momento que ele descobre que a moça tem namorado. Como lidar?

    O que faria você? Contaria que está apaixonado pelo amigo ou seguiria a amizade com a esperança de que um dia poderia se transformar em ‘algo mais’? Pois é. Dilema que Radcliffe vive durante todo o filme, ainda mais quando se vê obrigado a conhecer o namorado de Chantry, que de repente está indo embora para a Irlanda e deixará o caminho livre para ele. Por outro lado eles namoram há anos e tem um namoro perfeito, será que algum dia Wallace conseguirá ficar com ela do modo que deseja?

    what-if (2)

    Confesso que gostei bastante, é aquele tipo de história que te faz ficar sorrindo para a tela, torcendo para que os dois fiquem juntos e achando MEGA FOFA a relação de amizade e cumplicidade que eles tem.

    A cena do casamento de Allan e a namorada, para mim, foi uma das mais bonitas do filme. Belas declarações de amizade e coisas ditas indiretamente.

    what-if (5)

    O filme é muito bem conduzido pela direção, fugindo de alguns esteriótipos pré-marcados em comédias desse estilo, a gente acha que vai acontecer uma coisa e de repente acontece outra. E assim vamos até o final que nos surpreende um pouco. Assistam que é um daqueles filmes que deixa a gente cheio de vontade de amar!
    Trailer:

    Hoje eu vou trazer para vocês a receita que tem no filme, que é um sanduíche chamado Ouro de Tolo, eles tem uma conversa muito engraçada sobre ele, Elvis Presley e comer coisas pesadas. Como eu achei que não teria estômago para comer tal sanduíche, passo para vocês abaixo a receita e vídeo que explica o passo-a-passo. Se você é forte faça e depois me diga! O pessoal do filme gostou bastante. Haha =)

    what-if (6)
    Siga os passos do vídeo e seja feliz!

  • Ação,  Romance,  Salgados

    Os Agentes do Destino & Panquecas

    Os agentes do destino, filme de 2011 dirigido por George Nolfi (que foi corroteirista em O Ultimato Bourne) é uma adaptação ao conto The Adjustment Team (1954), de Philip K. Dick (mesmo rapazinho que escreveu obras que acabaram resultando em “Blade Runner – O Caçador de Andróides”, “Minority Report – A Nova Lei” e “O Vingador do Futuro”).

    agentes-do-desino-cec (5)

    Eu gosto muito da saga Bourne, é um dos poucos filmes de ação que apetecem o meu ser. Sou uma pessoa drama, mas isso vocês já sabiam. Porém, como esse filme foi indicação de uma pessoa que prezo muito, considerei assistir, já que tinha nosso querido Matt Damon, aqui sendo um político americano e a história de um encontro (ou ainda reencontro – ou muitos desencontros) me apetece o lado sentimental da coisa toda.

    “A maioria vive a vida no caminho que traçamos, com medo de explorar outro. Mas, de vez em quando, surgem pessoas como você, que superam todos os obstáculos que colocamos no caminho. Quem encara o livre arbítrio como dom, nunca saberá usá-lo até lutar por ele. Creio que esse é o verdadeiro plano do Presidente. E, talvez, um dia, nós não escreveremos o plano. Vocês o farão.”

    Quando eu digo que Deus joga The Sims com a gente, esse filme prova muito isso. Os destinos estão pré-determinados e você não pode usar seu livre-arbítrio para mudá-lo. Então porque tê-lo? Pois é. Daí começa uma divagação filosófica também.

    agentes-do-desino-cec (3)

    O filme é classificado como uma ficção científica, mas achei bem longe disso. Acho que ele me lembrou algumas vezes, sei que isso pode parecer estranho ou não, a Asas do Desejo, o maravilhoso filme de Wim Wenders. Que é inclusive um dos meus filmes TOP10, até tenho que falar dele por aqui. Shame on me que ainda não tem post sobre.

    Com pinceladas de ação, como uma emocionante corrida na chuva, pois quando chove você não pode ser visto pelos agentes e pode fazer o que quiser (oba!), cenas românticas fofas (que você diz oimmmm em looping infinito e lembra daquele cara/garota que conheceu um dia, reencontrou anos depois e que parece que aquela historia foi escrita pra vocês), passando esse momento amor eterno, que por sinal leva muito bem o filme, temos a parte da religião, e nos indagamos: quem está no comando afinal disso tudo que vivemos?

    Bom, o filme é focado na vida de David Norris (Damon) e inicia com a derrota dele a um cargo ao senado americano. Por um acaso do destino ele se envolve em um escândalo e acaba perdendo a eleição. Na preparação de seu discurso de derrota e agradecimento aos eleitores, ele conhece Elise (a lindíssima Emily Blunt) e um único beijo faz com que os Agentes do Destino entrem em ação. Pode ser perigoso para os planos que estão traçados para a vida dele e da simpática bailarina.

    agentes-do-desino-cec (1)

    No filme, os agentes tem total poder sobre a vida das pessoas. Como, por exemplo, fazer com que todos os telefones ao seu alcance parem de funcionar e nenhum taxista do mundo pare para você. Confesso que nessa parte me deu uma baita raiva e acho que sairia como Norris, correndo, um dia eu chego lá. Do tipo, ah é? Terão que me atropelar. Algumas vezes até achei que isso iria acontecer. É um filme que é tenso, empolgante e tu ficar torcendo para ele conseguir chegar onde quer.

    O personagem de Matt é tipo o homem que não desiste. Ele quer reencontrá-la, nunca a esqueceu e vai atrás disso sem se preocupar com nada. Ele apenas sabe que ela é a pessoa certa para ele. Eles passam anos sem se ver, porém, quando se reencontram, mesmo com todos os macetes utilizados pelos Agentes para que isso não aconteça, a sintonia é igual a do primeiro encontro.

    agentes-do-desino-cec (2)

    Além de toda a ação, religião, ficção cientifica, temos uma coisa muito bonita ali: a ideia (ou ideal) que o destino da gente, é a gente mesmo quem faz, indo em busca do que quer, independentemente do que aquilo vá causar, a gente escreve o modo que quer se feliz e investe nessa premissa para reescrever o que algo, ou alguma coisa, a gente achou que deveria ser o certo. Por isso o livre-arbítrio e nossa capacidade insana de mudar coisas, que jamais poderiam se imaginar mudar, por aquela velha (e boa) sensação de se sentir pleno e ”em casa” ao lado de alguém.

    Trailer:

    Hoje trago junto a esse filme uma receita de panqueca. Aí todos se perguntam, por que panquecas, Sara? Porque meus caros, quando se trata da vida, o que se faz com ela e do amor, é enrolado pra caramba, tipo uma panqueca. Porém, acredito que um dia, sim mesmo, a gente desenrola essa panqueca e come o recheio primeiro. E é isso que temos para hoje. Vamos lá?

    panqueca-COZINHAEMCENA

    Panqueca

    Tempo Prep: 60 min
    Tempo Coz: 30 min
    Serve: 4

    Ingredientes

    • 1 xícara de leite
    • 2 ovos
    • 2 colheres de azeite de oliva
    • 1 xícara de farinha de trigo
    • 1 pitada de sal
    • 500 g de carne moída
    • 1 cebola picada
    • 2 dentes de alho esmagados
    • 4 tomates picados sem semente
    • 1 xícara de água
    • Sal
    • Pimenta do reino
    • Salsinha picada
    • Queijo parmesão ralado

    Modo de Fazer

    1. Comece pelas panquecas: coloque no liquidificador primeiros os ingredientes líquidos: ovos, leite e azeite. Bata por alguns minutos. Acrescente o sal e a farinha. Bata por mais alguns minutos, deixe descansando enquanto faz o recheio.
    2. Agora faça o recheio: doure bem a carne no azeite, junte a cebola, alho, deixe dourar e adicione os demais ingredientes. Deixe ferver por mais alguns minutos até que se forme um recheio denso.
    3. Frite as panquecas em uma frigideira antiaderente untada com um fio de azeite. Virando dos dois lados até que fiquem douradas.
    4. Coloque o recheio na extremidade de cima da panqueca e enrole.
    5. Coloque em um refratário, salpique com o queijo e leve ao forno pré-aquecido a 180 graus pro 15 minutinhos.
  • Drama,  Salgados

    Locke & Espaguete com Shitake

    Locke é um filme de 2013, protagonizado pelo britânico Tom Hardy.

    Acho incrível como o Hardy tem me surpreendido com suas atuações. Muitos só o conhecem (ou nem sabem que é ele, por conta da máscara) por seu papel como Bane, em Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Tom Hardy é um ator cuidadoso, inspirador e incrível. Dá vida aos mais diferentes papéis, como o presidiário maluco em Bronson, o lutador com traumas familiares em Warrior e, em breve, no novo Mad Max, entre outros papéis excêntricos. A gente (eu e minha BFF/parceira de bobices e 5ª série, Priscila do Culinarístico) temos uma brincadeira que quando a coisa é muito boa (ou intensa) dizemos: LEVEL HARDY, ilustro:

    Locke é passado todo dentro do carro, sim, você deve ter lido isso e pensando: ihhhh que chatice…Mas meus caros amigos, não é. Definitivamente não é.

    Ivan Locke cometeu UM erro, apenas um e isso vai fazer com que os 84 minutos de filme te levem para dentro da vida dele. Entre telefonemas para casa e o trabalho, Ivan começa a nos revelar o que aconteceu. Nesse meio tempo ele tem papos com o pai, já falecido, através do retrovisor, como se o velho senhor estivesse sentado no banco de trás. Não, ele não é esquizofrênico, agora me digam, quem nunca teve conversas imaginárias com alguém (ou até mesmo consigo mesmo) para esclarecer alguns fatos? – apenas eu sou doida? Comentem dizendo que não, por favor.

    tom-hardy-locke1

    O belíssimo roteiro é assinado por Steven Knight (o mesmo de Senhores do Crime e Coisas belas e sujas) e é uma coisa tão bem feita que você realmente termina o filme atônito com tamanha beleza. Sou ligada em roteiros, por isso me irritam tanto os mal feitos, como andamos vendo em algumas séries por aí. Detalhe: Knight também dirige o filme.

    Se cometer um erro, um maldito errinho, o mundo inteiro cairá sobre você.

    Tom Hardy dá uma aula de atuação sendo Ivan, a cada ligação, o semblante do ator, entre o medo e a alegria, em alguns momentos que consegue resolver algumas coisas, o choro quando fala com o filho, a sinceridade com que trata o foco do seu problema atual, o qual o está fazendo viajar para outro lugar, mesmo estando ele em um momento profissional tão importante, que não poderia estar ausente. A coragem de jogar limpo com a mulher em um momento tão delicado.
    Não se preocupem, nos primeiros 15 minutos de filme vocês já saberão o propósito da viagem e o resto do filme faz com que você se torne entre psicólogo e amigo de Locke. Não consegui sentir raiva, nem pena, confesso pra vocês que senti tamanha admiração pela sinceridade dele.

    Atentem para a bela e impecável fotografia, que deixa tudo ainda mais significativo, a aura triste das lentes, das luzes da estrada, quase nos deixando com uma impressão que aquilo é o fim, ou por outro lado, que aquela viagem jamais acabará. Pois é. Nos faz refletir naquela velha máxima que você pode levar a vida toda fazendo coisas certas e basta uma errada para que tudo desmorone bem na sua frente.

    Assistam, depois me contem. Vale cada km rodado.

    Trailer:

    A receita de hoje, não tem algo com o filme, pois afinal ele passa o tempo todo dentro do carro. Porém, me remeteu a uma comida solitária. Aquele prato que você prepara rapidamente só pra você em um dia qualquer. Pois a solidão, no fim de tudo, é o que se tem dentro de um carro sozinho, por mais que estivesse Tomzinho falando ao telefone sem parar, a responsabilidade e as reflexões eram só dele. Por isso hoje venho com uma comida pra um, bem fácil, prática e saborosa.

    segundaSemCarne5

    Aproveitando também, divulgando (e incentivando) o projeto “Segunda sem carne”, juntamente com os blogs amigos, dá um pulo e confere:

    – No Culinarístico: Tofu apimentado com molho de amendoim

    – No Conversando e Cozinhando: Arroz sete grãos com shitake

    – No Fotografando à mesa: Muffins Natalinos

    macarrao_locke

    Espaguete com Shitake

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 1

    Ingredientes

    • 100 g de macarrão tipo espaguete (o jeito que uso para medir é dividir o pacote de 500 g em 5, vai com fé!)
    • 1 cebola roxa pequena
    • 1 dente de alho
    • 4 cogumelos shitakes (usei o desidratado – deixe hidratar por 15 minutos em água morna)
    • 1 colher de sopa (generosa) de manteiga
    • 3 colheres de sopa de azeite de oliva
    • Pimenta verde moída na hora (use a que quiser/tiver/goste)
    • Queijo parmesão ralado
    • Salsinha picada a gosto
    • 1 litro de água fervente
    • Sal a gosto

    Modo de Preparo

    1. Primeiramente coloque o shitake para hidratar em uma xícara de água morna. Em uma panela, leve a água para ferver. Vá cortando a cebola, o alho e picando a salsinha, deixe tudo reservado, separadamente. Aqueça uma frigideira grande e adicione o azeite de oliva. Leve a cebola para dourar. Acrescente o alho, tempere com a pimenta do reino e o sal. Enquanto isso, vá fatiando o shitake, já hidratado. Junte a misture o shitake, roube meia concha da água do cozimento do macarrão e em fogo baixo e deixe cozinhar por alguns minutos, tipo uns 5. Junte a manteiga e reserve. Quando o macarrão estiver cozido, junte ele ao shitake. Misture ainda em fogo baixo e adicione o queijo parmesão. Sirva em um prato bonito e salpique a salsinha picada.
  • Drama,  Salgados

    A Liberdade é Azul & Omelette au Roquefort

    A liberdade é azul (Trois couleurs: Bleu), de 1993, é o primeiro filme da Trilogia das Cores do diretor polonês Krzysztof Kieslowski. Os demais filmes que compoem a trilogia são: “A igualdade é branca (1994)” e “A fraternidade é vermelha” (1994). Falaremos deles em outros posts certamente, pois é um trio de filmes que todos devem assistir. A Trilogia das Cores é baseada nas três cores da bandeira francesa e nas três palavras do lema da Revolução Francesa: “liberdade, igualdade e fraternidade”.

    Na França, Julie (Juliette Binoche) sofre um acidente com sua filha e marido. Ela é a única a sobreviver do desastre. A partir daí começamos a participar de uma trágica e dramática história.

    Só me falta fazer uma coisa.
    Nada.
    Não quero bens, nem recordações, nem amigos, nem amor.
    Tudo isso são armadilhas.
    (Julie Vignon)

    Sou apaixonada pelos filmes de Kieslowski. Ele sempre consegue arrancar da gente os sentimentos mais diversos, principalmente quando os assuntos são doloridos, como em Bleu, polêmicos como em Não amarás ou em Não matarás. Poderia passar a tarde toda indicando filmes deles para vocês nesse post, porém, acho mais digno falar de cada um deles com o passar do tempo.

    Voltando ao filme, Julie era casada com um maestro renomado. Depois da morte dele, ela é incumbida a terminar uma composição de coro e orquestra que havia sido encomendada a ele, mas o mesmo não conseguiu terminar em vida.

    Já não parece algo fácil para uma pessoa que está levando a vida normalmente, que dirá para alguém que está lidando com a perda de sua família e tem que tocar a vida. Esse filme mostra muito esses momentos difíceis que algumas pessoas precisam passar. E a força enorme que tiram não sei de onde para seguir vivendo. Uma coisa que nunca me saiu da cabeça, foi a conversa que ela manteve com o flautista mendigo na rua, quando ouviu ele tocar o acorde que era da composição que ela estava tentando concluir. Ela foi indagá-lo de onde ele tinha tirado aquilo, ele disse que inventava coisas, gostava de compor. E sem mais nem menos ele diz a ela: “Devemos sempre ter algo a que nos agarrar.”. Será que é por isso que conseguimos passar por algumas coisas que parecem impossíveis em nossas vidas? Levo comigo esse fragmento.

    Com todo o vai e vem das tentativas que terminar a composição, ela acaba descobrindo coisas da vida do marido, que jamais imaginou existir. O que afunda um pouco mais aquele ser solitário. Do tipo de situação que você se dá conta que viveu anos com alguém e não conhecia aquela pessoa. Ele tinha uma outra vida paralela jamais revelada.

    Juliette Binoche está com uma atuação FANTÁSTICA, ela representa o papel com uma dor tão bem interpretada, só que com a ausência do dramalhão. Ela sequer chora. Juliette carrega a Julie com um olhar frio, vazio, quase que descrente da vida. Um dos diálogos que ela tem com a empregada demonstra muito isso, Julie pergunta a mulher porque ela está chorando, e ela responde: “Porque você não está.”. Ou seja, sempre nos lutos, nas perdas, as pessoas imaginam que o retrato da dor seriam as lágrimas, mas nem sempre é assim. Pode apostar que aquilo doía tanto em Julie que ela nem sequer conseguia chorar.

    A trilha sonora é um personagem MUITO importante nessa obra. Em algumas cenas que nada é dito, apenas os personagens são envoltos nas dolorosas músicas que falam por si só. Acho incrível isso na música clássica, pois sem ter nenhuma palavra, a música conta histórias.

    A liberdade é azul é um filme sobre o abandono, a dor, a falta de quem se ama, as mudanças do cotidiano que a vida nos leva, é tomar café com sorvete sozinho, conversar com um flautista na rua, é não ter mais onde morar e ir em busca de um novo lugar, é lutar contra os ratos, ou alimentar os mesmos, é romper com tudo que já se teve, é se livrar e esquecer tudo que se viveu até então para que se possa finalmente alcançar a verdadeira liberdade. E ela é azul – aqui podemos imaginar a liberdade como imensidão do oceano, com toda sua cor e tamanho infinito, mas muitas vezes completamente inalcançável.

    Trailer:

    Hoje o que vai acompanhar o filme é uma Omelette au Roquefort que nada mais é que uma omelete com queijo. O nome francês é porque a omelete tem origem naquele país.

    Afinal a liberdade e o roquefort são azuis! Vamos lá?

    omelete-au-roquefort-final

    Omelette au Roquefort

    Tempo Prep: 15 min
    Tempo Coz: 5 mins
    Serve: 1

    Ingredients

    • 2 ovos
    • 6 cogumelos fatiados
    • 1/2 cebola pequena picada em cubos
    • 10 g de queijo Roquefort
    • 2 colheres de sopa de creme de leite fresco
    • Azeite de oliva
    • Sal Noz-moscada
    • Noz-moscada

    Modo de Fazer

    1. Bata os ovos, adicione o creme de leite fresco, o queijo em cubos e tempere com o sal e noz-moscada.
    2. Em uma frigideira antiaderente, aqueça o azeite e refogue os cogumelos. Quando estiverem dourados, acrescente a cebola. Acrescente a mistura de ovos e deixe por 2 minutos para que cozinhe de um lado, vire a omelete e deixe mais 2 minutos, tudo isso em fogo baixo.
    3. Decore com raspas de queijo e salsinha. Sirva imediatamente.