Receitas

  • Drama,  Filmes,  Salgados

    Truman & Sorrentinos

    Eu, sinceramente, nem sei por onde começar a falar sobre esse filme. Sou uma fã aficionada do Ricardo Darín, sendo assim, toda vez que sai um filme novo dele lá vou eu assistir. Enquanto não fui ver Truman não sosseguei o facho. O filme é dirigido pelo espanhol Cesc Gay.

    Lendo uma entrevista de Darín acabei sabendo de algo bem legal sobre o diretor, que nos faz gostar mais ainda do filme e dele:

    Esse foi um trabalho do espanhol Cesc Gay, um amante da argentinidade. Seus dois amigos íntimos são argentinos e ele teve uma mulher argentina. O nascimento dessa história está relacionado com uma questão muito pessoal. Ele resolveu seguir esse caminho e o transformou em uma relação amistosa entre dois caras que nasceram em lugares diferentes. Tem a ver com a estrutura de pensamento dele. Ele é um cara muito aberto, um viajante: as linhas de construção dessa história e dos personagens convergiam em que Javier Cámara e eu tínhamos que encarná-los. Em Truman a nossa amizade se aprofundou muito porque toda a conexão com o personagem foi realmente dolorosa.

    Truman é o cachorro de Julian, vivido por Darín. Seu companheiro há muitos anos, o enorme bulmastife está sempre junto com seu dono. Seja dormindo, passeando por aí ou sentado ao lado dele enquanto ele toma um café ou uma cerveja em um bar.

    O filme trata, principalmente, de amizade. Com a chegada do amigo Tomás (Javier Cámara) à Madrid , começamos a entender o que está acontecendo. Julian está doente, com câncer e trata isso de uma forma incrívelmente prática: ele não quer mais passar seus últimos tempos com tentativas (que certamente serão frustradas) de mantê-lo vivo. Não quer idas e vindas do hospital, nem mais sessões de quimioterapia. Por isso ele resolve tomar uma decisão drástica: parar o tratamento e viver o que lhe resta de tempo de uma forma digna.

    Planejando cada detalhe para depois que falecer, vamos junto com ele e Tomás pelas ruas de Madri. O personagem consegue ser engraçado mesmo nessas circunstâncias. Darín genial, como sempre.

    Entre almoços e idas a funerária, a grande preocupação dele é arrumar um novo lar para Truman, seu fiel cão. Uma família adotiva que possa cuidar de seu amigo canino quando ele se for. Foram exatamente nessas partes que eu mais chorei. A gente que tem cachorro sabe como é a ideia de ficar sem eles – ou eles sem a gente. Dói.

    Inundado de poesia e cenas que emocionam, Cesc vai nos guiando por um filme que versa sobre o verdadeiro amor: a amizade. Entre pai e filho, ex-mulher e ex-marido, entre dois homens, entre um homem e seu cão. No final dessa jornada não tem como não pegar um lençol king size para secar as lágrimas. Com uma trilha sonora incrível e fotografia cuidadosa, o diretor espanhol acerta muito. Merecedor de todos os prêmios que ganhou.

    A cada cena que passa, não tem como você não lembrar daqueles amigos com quem você se sente em casa, em paz. É sobre a lealdade, o carinho, o amor, que temos com nossos amigos e que temos com nossos bichinhos de estimação. É uma coisa sincera e verdadeira, porque não é obrigatória, você apenas sente, te faz bem e faz bem para o outro. É aquela troca sem interesses: se está junto porque se quer.

    Resolvi fazer Sorrentinos para acompanhar a receita de hoje, pois ele faz parte do cardápio de muitos restaurantes na Argentina (país de origem do nosso querido Darín), por lá, na maioria das vezes, o recheio é de presunto e queijo. Porém, como há possibilidades infinitas de recheio, por aqui vamos de brócolis com ricota.

    Uma das histórias mais aceitas sobre os Sorrentinos é que foram criados em Mar Del Plata, Argentina, por imigrantes italianos. Por lá existe um dono de pastifício que diz que a autoria é de sua família.

    Vamos a receita?

    Sorrentinos

    Preparo: 120 min
    Cozimento: 60 min
    Serve: 4 pessoas

    Ingredientes

    • Para Massa: 400 g de farinha de trigo
    • 4 ovos
    • Para o recheio: 1 brócolis chines médio picado
    • 1 cebola picada bem miudinha
    • 2 colheres de sopa de agua
    • 200 g de ricota fresca
    • Azeite de Oliva
    • 50 g de queijo parmesão ralado
    • 4 colheres de requeijão ou creme de ricota
    • 1 gema
    • 1 colher de café de sal
    • 1 pitada de pimenta do reino
    • 1 colher de sopa de orégano
    • Para o molho: 1 dente de alho bem triturado
    • 400 ml de nata
    • 1 colher de sopa de manteiga
    • Noz-moscada a gosto
    • Sal a gosto

    Modo de Fazer:

    1. Comece pela massa colocando a farinha em uma tigela, fazendo um furo no meio e adicionando os ovos ali. Vá mexendo e incorporando toda a farinha e ovos até ter uma massa homogênea. Coloque em um filme plástico e deixe descansar por 30 minutos.
    2. Para o recheio, aqueça uma panela, coloque o azeite, doure a cebola, adicione o brócolis picado. Adicione umas 2 colheres de água, baixe bem o fogo e tampe a panela. Deixe cozinhar por alguns minutinhos.
    3. No processador de alimentos coloque o brócolis cozido, a ricota, o requeijão (ou creme de ricota), o parmesão, a gema, sal, pimenta do reino e orégano. Pulse até que tenha uma mistura homogênea. Caso não tenha processador de alimentos, podes esmagar bem a ricota e picar bem o brócolis e misturar tudo em um bowl.
    4. Abra a massa, em tiras de mais ou menos 5 cm de largura. Vá colocando bolinhas de recheio deixando um espaço de mais ou menos 4 cm entre elas. Coloque outra tira por cima e com um copo vá cortando a massa em círculos. Podes usar um cortador circular ou ainda aqueles anéis de corte de bolachas, sabe? Com um garfo, vá contornando toda a volta do circulo para selar (como fazemos com o pastel).
    5. Deixe todos os sorrentinos acomodados, em local enfarinhado até o momento de cozinhar. Se for demorar algumas horas para levá-los ao fogo, cubra com um pano de prato para não ressecar a massa.
    6. Para o molho derreta a manteiga, frite levemente o alho, adicione a nata, a noz moscada e o sal. Deixe em fogo baixo para que reduza e engrosse um pouco.
    7. Coloque água em uma panela grande e deixe ferver. Adicione uma colher de sal e mergulhe os sorrentinos, aos poucos, para que cozinhem. Leva de 3-4 minutos para cozinhar.
    8. Acomode os sorrentinos no prato, adicione o molho e decore com brócolis e um fio de azeite.
  • Lugares Legais,  Salgados

    Lugares Legais: Hamburgueria Me Gusta

    Um dia estávamos com vontade de sair por aí e acabamos escolhendo algo perto de casa, a Hamburgueria Me Gusta. Na filial da Miguel Tostes, no bairro Rio Branco, nos deparamos com uma bela casa, com um visual acolhedor e contemporâneo.

    Eles tem uma variedade enorme de cervejas artesanais e também chopp de vários tamanhos. As opções de hambúrguers são ótimas, para quem come carne/frango ou é vegetariano (vamos time!).

    O cardápio é criativo e simpático, parece uma brincadeira, onde você vai girando e escolhendo o que queres. Tem 4 opções veggies, o que acho muito lindo e digno.

     

    Podes escolher qual molho irá acompanhar seu burger, entre as 5 opções: Maionese Me Gusta (Artesanal, sem adição de ovos e temperada com ervas secretas), Barbacoa (Agridoce de Tomate), Bravas (Típico Espanhol, com maionese, páprica picante, alho e tabasco) , Cabrales (Levemente picante, com molho de tomate, shoyu, páprica, maionese, mostarda e especiarias) e La Basque (maionese e mel).

    O atendimento é cordial e muito eficiente, o que nos faz querer voltar outras vezes, como já fizemos.

    Para o aperitivo pedimos batatas rústicas saborosas e sequinhas. Batata <3. Também tem anéis de cebola, palitos de queijo e a clássica batata frita. Na próxima acho que vamos nos anéis de cebola.

    Esse blog está parecendo um blog sobre Hambúrguers, é que a gente AMA e tão difícil achar bons burgers veggies, néam?

    Além de Porto Alegre, eles tem filiais em Gramado, Caxias do Sul e Canela.

    Hamburgueria Me Gusta
    R. Miguel Tostes, 770 – Rio Branco, Porto Alegre – RS, 90430-060
    (51) 3062-7373
    Horário: 12:00–15:00, 18:00–23:00
    Site | Facebook

  • Comédia,  Drama,  Filmes,  Salgados

    Okja & Salada de Batatas

    Okja, o novo longa-metragem do diretor coreano Joon-Ho Bong, versa sobre os absurdos da indústria alimentícia. Com produção da Netflix, o filme é divertido, mas não deixa de ser incômodo para o que se propõe.

    Okja fala sobre comida, consumismo e ganância. Temos a indústria Mirando, uma empresa produtora de carnes, que lançou uma competição mundial sobre quem criaria o super-porco. Um animal perfeito para o consumo e que seria usado para uma produção em super escala, produzindo assim, toneladas de carnes nobres e especiais.

    Uma das famílias a receberem o desafio foi a da pequena Mikha,uma garotinha coreana que vive com seu avô em uma fazenda no interior de seu país.

    De um lado temos o capitalismo e a sua falta de preocupação com os seres e as consequências de seus atos. De outro, temos a vida pura e simples, que preserva com naturalidade as espécies e as mantém vivas, enquanto não há interação com a outra parte cheia de cobiça.

    Tem Tildão e Gus. PENSA.

    Ainda temos um grupo de ”terroristas” que lutam contra as indústrias, que faz de tudo para libertar os animais condenados a virarem almoço na casa de alguém. Confesso que dei um grito animado quando chegaram os ativistas no filme. A pessoa sente uma certa alegria em fazer, de alguma forma, parte disso.

    MELHORES! <3

    Okja é um super-porco transgênico criado pela Mirando, mas que vive livremente com a menina Mikha no meio da natureza, ela é tão fofa e querida que a gente quer abraçar <3. Me lembrou muitas vezes aquele olhar que os cães tem. Acho que isso foi uma estratégia para derreter os corações (e alertar as mentes) daqueles que acham que os únicos animais, que não devem ser mortos para alimentar humanos, são os cães ou gatos. Todo animal é um ser vivo e merece a mesma chance que nossos pets domésticos.

    Nossos amigos ativistas contam com as ilustres presenças de Paul Dano (lembram dele como o deprimido sobrinho de Tio Frank em Little Miss Sunshine?), que está excelente no papel, fazendo aquele defensor árduo, mas também muito sentimental. Ainda temos Steven Yeun (Saudades do tempo que The Walking Dead era legal e eu amava Glenn), que traduz tudo o que a pequena Mikha diz q acaba se metendo em altas confusões. O filme é cheio de grandes atuações.

    Tem Dwayne (Little miss sunshine) e Glenn!

    O filme é cheio de ação e emoção, que faz com que a gente vibre a cada vitória dos protetores dos animais e chore em cada momento difícil enquanto isso não se dá. Eu confesso que tive momentos de sincopes de choro. Sou desse tipo.

    Como que não ama essa guria?

    Já tínhamos vido Bong dirigindo outros filmes como Expresso do Amanhã, Mother – A Busca Pela Verdade , O Hospedeiro, Memórias de um Assassino, onde ele sempre buscava uma inquietação dentro da história, defrontando a sociedade com assuntos polêmicos como a solidão, relacionamentos familiares e a exclusão. Ele consegue seguir nessa mesma linha em Okja, dosando com maestria os momentos de alegria e felicidade com os que fazem a gente pensar.

    Que timão dapohah néam? Jake Gyllenhaal tá impagável (e odioso).

    Trailer:

    Não teria como não associar esse filme a qualquer receita que não leve NADA de origem animal, por isso hoje eu resolvi passar para vocês uma saladinha de batatas, sem maionese, sem ovos, apenas com coisas gostosas que são possíveis de alimentar um ser humano, sem a crueldade animal.

    Salada de Batatas

    Preparo: 60 min
    Cozimento: 30 min
    Serve: 4

    Ingredientes

    • 500 g de batatas em cubos
    • 2 cenouras em cubos
    • 2 tomates em cubos
    • 1 cebola roxa em rodelas finas
    • 4 colheres de azeitonas picadas
    • Azeite de Oliva
    • Suco de limão
    • Pimenta do reino
    • Sal
    • Salsinha picada

    Modo de Fazer

    1. Cozinhe a batata e cenoura em água fervente até que fiquem macios. Reserve.
    2. Coloque para gelar e sirva como acompanhamento.
  • Menu Varietà,  Salgados

    Lugares Legais: Severo Burger

    Em uma bela noite de segunda-feira resolvemos sair para jantar, já que, ninguém estava afim de fazer comida. E o que vamos comer? Hambúrguer! Sempre procuro um lugar que tenha alguma opção vegetariana ou vegana no cardápio, para que eu possa comer algo além de batatas. Inclusive, fica a dica para os restaurantes em geral: sempre tenham algo sem carne para oferecer aos seus clientes. Nem só de onívoros vive a humanidade. Ainda bem.

    Optamos então por conhecer a Severo Burger,  localizada em uma rua bem calma no bairro Auxiliadora, e não nos decepcionamos. Atendimento cordial, serviço rápido e chopp gelado na medida certa. Na carta deles de cervejas e chopps tem toda a linha da Cervejaria Imigração, que é de Campo Bom, aqui no Rio Grande do Sul.

    Meu pedido foi o Veggie Vero que era um delicioso pão australiano, molho Severo (a base de maionese), burger de soja, queijo gouda, shitake orgânico e cebola caramelada.

    Namorado pediu o que leva o nome da casa, o Severo, que é composto por Pão de batata, molho Severo especial (molho tradicional com relish de pepino e páprica doce), burger recheado com 4 queijos, queijo brie, bacon e  cebola caramelada.

    Quase todos os modelos de burger pode ser substituído pelo de soja, achei isso lindo, sinceramente, é muito amor na vida da vegetariana aqui. Todos acompanham batata rústica.

    Podes pedir extras como anéis de cebolas ou MAIS batatas (batata nunca é demais, né gente?).

    Ainda tem a opção para KIDS, que são burguinhos menores com batatinhas. 🙂

    Além de tudo isso, o ambiente estava calmo, dava pra conversar e ter uma refeição bem tranquila. Acho isso super importante.

    Gastamos uns 120 pilas (“pila”, o dinheiro do gaúcho!) com os dois hambúrgueres e dois chopps de 500 ml cada.

    Se você está naqueles dias com preguiça de sair, eles também entregam através do Ifood, aquele app de comidas, saca?

    Severo Burger

    R. Marcelo Gama, 1403 – Auxiliadora, Porto Alegre – RS
    (51) 3093-2333
    Seg à Sab:  11:45–14:30 | 18:45–23:30
    https://www.facebook.com/severoburger/

  • Doces,  Receitas,  Séries & TV

    Big Little Lies & Pudim de Chocolate

    Monterey, California, uma cidade assombrada por um assassinato. O primeiro episódio nos dá nuances e depoimentos sobre isso. Não sabemos quem morreu, muito menos quem matou. E essa premissa que já levou muitas séries a degringolarem (e se tornarem repetitivas) funciona muito bem em Big Little Lies. Você fica ligadão nos 7 episódios que te levam até o que afinal aconteceu.
    A série se passa através da vida de 4 mulheres.

    – Ela se mudou para cá por causa do seu café.
    – Você se importa… Quer um?
    – Sim.
    – Três, por favor.
    – O meu com algo como chocolate que me faça engordar.
    Madeline (Reese Witherspoon)

    Madeline, vivida por Reese Witherspoon, casada pela segunda vez, resolveu se dedicar ao lar e a trabalhos comunitários. Ela não tem papas na língua e adora se meter em todos os bafos da pequena cidade. Além disso, tem duas filhas, uma adolescente problemática (é novasss) e a pequena Chloe que, sinceramente, se um dia eu tivesse uma filha queria que fosse igual a ela. Uma menina que vive ouvindo músicas boas (de Charles Bradlay a Naomi Shelton) e deixa sempre as cenas que ela aparece bem divertidas.

    Nicole Kidman dá vida à Celeste, uma mulher que está em um relacionamento pra lá de abusivo com o marido, o bem sucedido ex-vampirão de True Blood Perry (Alexander Skarsgård). Os dois vivem naquela coisa de brigas e amassos, entre tapas e beijos (literalmente). Ela deixou a carreira de advogada para ficar em casa e cuidar dos gêmeos loiríssimos.

    Jane (Shailene Woodley – de A Culpa é das Estrelas) é a recém chegada a cidade. Com um filho pequeno, ela faz a mãe solteira que saiu em busca de uma vida nova. Logo no primeiro episódio ela é ”adotada” por Madeleine, que começa a querer ser sua melhor amiga e a protege da sociedade maldosa da cidade.

    Ainda temos Renata Klein (Laura Dern), a mais rica e poderosa da cidade, uma diretora de empresa super arrogante, que dá pitis e escândalos por todos os motivos. Laura está perfeita no papel, porque dá uma raiva danada dela (o tempo todo).

    A morte investigada, que passamos os episódios a tentar desvendar, é apenas um pano de fundo para que possamos entrar na vida dessas mulheres todas e saber mais sobre elas. O que nos parece, inicialmente, é que todas (exceto Jane, a recém chegada) tem uma vida maravilhosa, são ricas e vivem em um lugar paradisíaco. Além de tudo isso, são muito felizes. Começamos a entender então que estão todas envolvidas naquela teoria da “vida de plástico”: onde tudo é perfeito e lindo, porém, é uma coisa totalmente falsa. Há muito nó embaixo dessa bruma toda de felicidade.

    Chama bastante atenção o cuidado com a fotografia e design da série: as casas tem cores bem definidas, com decorações que chamam bastante atenção por fazerem jus as personalidades de cada dona, assim como também, é fácil de ver os problemas que enfrentam cada uma.

    A mansão envidraçada de Renata, totalmente fria e que parece ter saído de uma revista, com tudo no devido lugar. O que nos dá aquela impressão que devemos passar invisíveis por ela para não tocar em nada. Com um pé direito alto e infinito, nos passa uma total sensação de falta de aconchego. O que condiz muito com o modo como Renata leva a vida, de uma maneira fria e ríspida, com todos os passos milimetricamente dosados para que nada saia de seu controle.

    Na casa de Madeline tudo é focado na cozinha. Uma belíssima peça bem decorada e com ares de aconchego, onde todos se colocam em volta da mesa para fazer as refeições e conversar. Confesso que é a casa que mais me agrada, pois passa sinceridade.

    Mesmo havendo discussões ou conflitos naquele recinto, eles me parecem sempre muito condizentes com a realidade. Há uma sadia convivência entre os familiares e assuntos interessante, além de uma bela trilha sonora fornecida pela caçula em seu telefone.

    A casa de Celeste fica a beira do mar, onde temos sempre imagens das ondas sendo lançadas com força nas rochas ou muros. A decoração tem cores quentes, o que mostra a vida sexual “caliente” que ela e o marido tem.

    Jane, que ainda é uma moradora nova da cidade, vive em uma pequena casa, que por vezes se mostra sufocante, por ser pequena, por outras temos a sensação de liberdade, pois pelo mínimo que se tenha, é melhor do que estar próximo do passado que tanto a oprime e dos problemas que teve em outros locais.

    Interessante a preocupação da série nesse ponto, pois tem coisa que mais fale da gente do que a nossa própria casa? Reflitam.

    Jean-Marc Vallée dirige com maestria a série, dando muitas vezes aquela impressão de documentário, com a câmera na mão. O modo usado, de narrativa não-linear, mesclando os depoimentos da delegacia, com a história atual e flashbacks deixa com que os episódios corram de forma incrível e instigante, prendendo o espectador até sua última cena, no final do 7º episódio, onde temos a revelação de tudo o que houve e esperamos tanto por saber. (Me lembrou muito o modo que foi levada a primeira temporada de True Detective).

    Muito amor por Darby Camp <3

    Não poderia deixar de elogiar a atuação impressionante de todas as atrizes, sendo que, Reese Witherspoon me surpreendeu eternamente. Ela está magnífica no papel. Madeline <3

    Big little lies é uma produção da HBO, aquela que nunca decepciona.

    Assistam e depois me contem o que acharam!

    Para acompanhar o post, resolvi fazer pudim de chocolate, porque chocolate nunca é demais, já diria Madeline!

    Pudim de Chocolate

    Preparo: 15 min
    Cozimento: 90 min
    Serve: 8 porções

    Ingredientes

    • 3 ovos
    • 1 lata de leite condensado
    • 2 latas de leite (use a mesma medida da lata de leite condensado)
    • 1 xíc. de chocolate em pó
    • 1 xíc. de açucar (para o caramelo)
    • 1/4 xíc. de água fervente (para o caramelo)

    Modo de Fazer

    1. Em uma panela, derreta o açúcar até ele ficar dourado. Junte meia xícara (chá) de água quente, mexa com uma colher e deixe ferver até os torrões de açúcar se dissolverem e a calda engrossar. Forre com essa calda uma forma com furo central (19 cm de diâmetro) e reserve.
    2. Bata no liquidificador o leite condensado, o leite, o chocolate e os ovos até que fique tudo homogêneo.
    3. Despeje na forma caramelada. Cubra a forma com papel-alumínio e asse em banho-maria em forno médio (180ºC) por cerca de 1 hora e 30 minutos.
    4. Espere esfriar e leve à geladeira para gelar por cerca de 6 horas. Desenforme e sirva.
  • Drama,  Filmes,  Receitas,  Romance,  Salgados

    Bifum & Three Times

    Three times tem como título original “Zui hao de shi guang”, que em chinês quer dizer algo como “Os melhores dias”, e é sobre esse filme de 2005 do diretor taiwanense Hou Hsiao-hsien que vamos falar hoje.

    O filme, que é passado em 3 tempos diferentes, cada um com 40 minutos. No início do projeto, a ideia de Hou era que as duas partes finais fossem dirigidas por outros diretores. Porém, ele resolveu abraçar a película toda e fez um dos melhores filmes de sua carreira. Sendo seu 10º filme, temos aqui um filme que traz pinceladas de toda sua filmografia, como se fosse um resumo ou homenagem a tudo que ele fez até então.

    Passada no ano de 1966, a primeira parte se chama Um tempo para o amor. Com uma alma totalmente auto-biográfica, a história se passa na mesma época em que ele serviu o exército e onde muitos dos moços se apaixonavam pelas ”garotas do bilhar”, que era um trabalho comum, já que não havia outras colocações para as jovens moças. Tudo começa com Chen (Chang Chen) chegando para uma tarde de jogo, onde eles passam grande parte da cena sem emitir uma palavra. Incrível como a construção feita pelo diretor consegue captar tudo o que acontece sem nada ser dito. São apenas olhares, sensações e tacadas certeiras.

    May (Shu Qi) é a moça do bilhar, com a qual o jovem recruta troca cartas enquanto está no exército. Temos aqui uma verdadeira história de amor naquele molde mais clássico, puro, sincero, com algumas dores por conta das despedidas, mas que se mantém firme e lindo por conta de todo o sentimento que acarreta. Os dois atores, juntamente com a incrível fotografia, conseguem fazer com que o espectador sinta aquele amor. Sabe aquele lance de ficar sorrindo para tela? Assim mesmo.

    O filme abre com nada menos que Smoke Gets in Your Eyes e esse primeiro fragmento, se encerra com Rain and Tears de Aphrodites Child, em uma das cenas mais poéticas do cinema: a espera por ônibus que vai levar o amor para longe, novamente e um juntar de mãos que é focado no centro da tela e deixa você suspirando por uns dez minutos. Coisa linda, minha gente.

    Um tempo para liberdade é a segunda parte, onde temos um casal, vivido pelos mesmos atores, passada em 1911. A história se passa dentro de uma casa de cortesãs, o que nos remete imediatamente à “Flores de Xangai”, seguindo nas referências dentro da filmografia do diretor. Temos então a narrativa de um amor impossível, que se passa durante a ocupação japonesa de Taiwan naquele ano. Mr. Chang é um ativista político, que mesmo se apaixonando por aquela mulher, não a auxilia a sair de sua condição atual de cortesã, mostrando aqui o machismo que imperava naquela época. Toda uma ironia é clara no título dado pelo mestre Hou. Aqui o amor silencioso não era cheio de canduras, mas sim, um amor que não podia falar, devido aos conservadorismos da épocas e ao momento político que se vivia.

    Na parte final temos Um tempo para a juventude, em Taipei, no ano de 2005. Aqui já não temos mais os romantismos dos fragmentos anteriores, temos um tempo moderno, cheio de problemas, com mais pessoas envolvidas e um amor frágil. Lembrei daquela expressão “amores líquidos” que se esvaem pelas mãos e acabam sendo mais efêmero. Temos um cenário urbano e caótico, assim como realmente se encontrava Taipei na época da filmagem. O que nos remete diretamente a Millenium Mambo e a personagem também vivida por Shu Qi, que nessa última parte vive Jing, uma cantora que sofre de epilepsia e tem um caso com o fotógrafo Zhen, o que deixa a namorada do rapaz não muito contente. Entre brigas e encontros iluminados por uma luz sempre meio azulada ou cinza, temos uma queda drástica do amor romântico do inicio do filme.

    São 3 amores, em 3 tempos diferentes, mas todos passados no Taiwan, o berço de Hou Hsiao-Hsien, que nos faz passar por uma bela obra de arte, desde os silêncios, os amores, os desamores, conflitos, até sua técnica incrível de dirigir, a trilha sonora que sempre está agindo como um personagem, e também o trabalho do incrível diretor de fotografia Mark Lee Ping Bin (como não relembrar a grade direção dele, juntamente com Chris Doyle em In the mood for love?). Um filme para ser apreciado e analisado nos seus mais profundos detalhes.

    Convidei a Priscila do Culinarístico para fazer a comida desse post. Ela então fez e fotografou essa receita maravilhosa de Bifum com grão de bico e proteína de soja. Vamos à ela?

    Bifum

    Preparo: 60 min
    Coz: 30 min
    Serve: 4

    Ingredients

    • 1 xícara de chá de proteína texturizada de soja em pedaços
    • 1/2 colher de sopa de manteiga
    • 1 limão (suco)
    • 2 xícaras de chá de água
    • 1/2 cubinho de caldo de legumes
    • 1 colher de sopa molho de soja (shoyu)
    • 250 g de grão de bico seco*
    • 1 colher de café de azeite de oliva
    • 2 dentes de alho
    • 500 ml de água
    • 500 g de bifum
    • 1/2 litro de água
    • 1/2 Pimentão vermelho
    • 1/2 pimentão amarelo
    • 1 cebola pequena
    • Cebolinha a gosto 1 colher de sobremesa de Azeite
    • 1 colher de sobremesa de Azeite
    • 1 colher de sopa de açúcar mascavo
    • 1/2 xícara de chá de vinagre de arroz
    • 1 xícara de chá de shoyu
    • 2 colheres de sopa de óleo de gergelim

    Modo de Fazer

    1. Vamos começar pela proteína: ferva a água com o cubinho de caldo de legumes. Com a água fervendo, coloque toda a proteína. Deixe cozinhar por 1 minuto, desligue a panela e adicione o shoyo e o suco do limão na água. Tampe novamente e deixe a proteína hidratar por 5 minutos. Se ela estiver macia, é sinal de que está pronta. Escorra a proteína de soja com o auxílio de um escorredor e retire o restante da água espremendo-a com a mão. Corte os pedaços ao meio ou em três e frite na manteiga.
    2. Agora o grão de bico: em uma panela de pressão, aqueça uma colher de sopa de azeite de oliva e frite dois dentes de alho. Coloque o grão de bico e a água. Misture bem e tampe a panela. Quando pegar pressão, abaixe o fogo e cozinhe por 20 minutos.
    3. Para preparar o macarrão ferva a água, desligue o fogo, adicione o macarrão e deixe descansar por um minuto. Escorra a água e coloque umas pedras de gelo. Reserve.
    4. Para guarnição: pique os pimentões como preferir, lembre se de retirar as sementes. Frite a cebola no azeite, quando estiver macia, acrescente os pimentões e frite por alguns minutos, não deixe ficar mole demais. Desligue o fogo e acrescente a cebolinha e mexa bem.
    5. Por mim o molho: em uma vasilha grande misture todos os ingredientes. Acrescente os ingredientes reservados ao molho. Misture bem. Sirva por cima do macarrão.
    6. Finalizando: acrescente os ingredientes reservados ao molho. Misture bem. Sirva por cima do macarrão.

    *Dicas importantes:

    Deixe o grão de bico de molho de um dia para o outro.
  • Drama,  Salgados

    Moonlight & PF Vegetariano

    Moonlight, sob a luz do luar, é um filme, acima de tudo, elegante. Ele consegue abordar os mais diversos assuntos polêmicos com uma sensibilidade e delicadeza incríveis.

    – Estou aqui há muito tempo. Fora de Cuba. Há muitos negros em Cuba. Você não sabe o que eu passei para estar aqui agora. Eu era um pequeno menino selvagem. Igual a você. Corria sem sapatos até a lua.

    Uma vez, me deparei com essa … essa mulher idosa que estava me rodeando, não tinha comida, garoto. Estava correndo, gritando. Um pouco bobo, menino. Esta velha mulher me parou. E me disse:

    “Correndo por aí, à luz do luar. À luz da lua, crianças negras parecem azuis.

    – Você é azul(Blue). É assim que você vai chamar: Azul ”

    – Esse é o seu nome, “Blue”?

    – Não … Em algum momento, você tem que decidir por si mesmo quem você é. Você não pode deixar ninguém tomar essa decisão para você.

    Para fãs de Wong Kar-Wai é impossível não ver a inspiração de Barry Jenkins em toda a filmografia do chinês. Desde as tomadas de lado da tela até as músicas que compoem a trilha sonora. Jenkins mesmo conta que é grande fã do diretor.

    Segura aqui na minha mão e assista esse comparativo:

    Voltando a Moonlight, ele se passa em 3 tempos da vida de Chiron, o personagem principal do drama: desde sua infância até se tornar um adulto. Desde os momentos que sofreu bullying e preconceito, até a descoberta da sexualidade, a guerra da etnia, do status social, o mundo das drogas e , por fim, a resposta da coisa mais importante que levou consigo nessa vida toda.

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    Choro tanto que, às vezes, acho que vou virar lágrimas.

    O filme vai te levando a questionar as tuas próprias escolhas na vida. Em que momento deveria ter sido mais o que tu querias do que o que a sociedade esperava de ti? Jenkins consegue não confundir o espectador, mesmo com os pulos no tempo e troca de atores, conforme Chiron vai crescendo. É poético, bonito e, ao mesmo tempo, triste. Porém, a vida não é um morango e todos nós sabemos disso. O que mais impressiona é a força tímida daquele garoto, que desde pequeno é ”adotado” por um traficante (Mahershala Ali excepcional no papel, ainda que curto, mas que lhe rendeu diversas indicações como ator coadjuvante), que se indigna com a conduta da mãe do menino.

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    Nesse momento… você está no meio do mundo, cara.

    Não há flashbacks, que nos deixam com aquela nostalgia do passado, não há escolhas para o que já se foi. Em passadas largas, o roteiro vai encaixando a passagem do tempo de forma incrível, nos deixando com aquela suave alegria de estar vislumbrando uma bela película. Chiron se defronta com sua vida e suas verdades. Com quem ele foi, quem é no momento e quem será. Ele é um otimista, apesar de tudo. Ele não perde a esperança. Ele vive o que é preciso viver, no momento que lhe é dado pela vida.

    De Little, na infância (vivido pelo fofo e incrível ator mirim Alex Hibbert), vamos a Chiron, em sua fase adolescente, e terminamos em Black, já homem formado que ainda está em busca de sua verdade. Já calejado da vida e transformado em alguém menos doce (pelo menos aparentemente), vai nos levando por um roteiro que poderia ter sido cansativo se tivesse nas mãos erradas, mas isso jamais acontece. Moonlight flui e a gente vai se sentindo parte de tudo aquilo, como faz com maestria o tão inspirador Kar-Wai em seus filmes.

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    James Laxton dá uma aula de direção de fotografia, onde mantem o filme objetivo, mas com a atmosfera perfeita de cada momento. Com lentes azuladas e tomadas noturnas incríveis (banhadas pela luz do luar – como o título do filme), ele nos faz sentir coisas que acabam como que num suspiro. A trilha sonora segue na mesma vibração, que você volta o filme para poder ouvir de novo aquela música que te deixa com o peito apertado (ou aberto) com lágrimas nos olhos (eu tenho muito disso com a música, acho que ela é sempre um personagem em alguns filmes – quando bons, sempre é).

    – Não te vejo há uma década. Não é o que eu esperava…

    – Esperava o que?

    Moonlight é um filme para ser visto com o peito aberto. Pode doer, pode te fazer sorrir e chorar. Como um momento de descobertas, escolhas, desafetos, desavenças familiares, estilo de vida, e amor. Amor, sempre amor.

    Trailer:

    A cena que me inspirou sobre a receita de hoje foi essa, não vou contar detalhes sobre ela para não estragar o filme, apenas contemplem e sorriam.

    Tem algo melhor do que se cozinhar com amor?

    Fiz um PF vegetariano, para que todos possam ver que existe vida além do bife ahueshua. Usei um bife vegetariano da Superbom, que eu particularmente gosto bastante. Vou passar o resto dos detalhes na receita abaixo, também pode acompanhar um ovo frito e batatas fritas. Vai do gosto do cliente (ou do amor). O feijão já contei pra vocês como eu faço nesse post (só troquei pelo feijão preto dessa vez). Vou falar na receita como fazer o arro, a couve e o bife vegetal (que muita gente vira a cara, mas é que não tempera direitinho para que fique bem gostoso!). Vamos lá?

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    PF Vegetariano

    Preparo: 60 min
    Cozimento: 40 min
    Serve: 2 pessoas

    Ingredientes

    • 1 xic. de arroz
    • 2 xic. de água
    • 4 dentes de alho picado
    • 8 colher sopa de azeite de oliva
    • 1 maço de couve
    • 1 cebola em rodelas
    • 1 colher de chá de açúcar mascavo
    • 2 colheres de sopa de shoyu
    • Sal, orégano e pimenta do reino a gosto
    • 1 lata de bife vegetal (contem mais ou menos 6 unidades)

    Modo de fazer:

    1. Vamos começar pelo arroz: refogue o alho uma colher de azeite, junte o arroz, frite por alguns minutos, junte a agua e deixe ferver em fogo médio. Quando a água começar a secar, tampe a panela, baixe o fogo e deixe por mais 1 minuto, desligue a panela e deixe tampada descansando.
    2. Aproveite enquanto o arroz está sendo feito e tempere os bifes: em uma travessa coloque os bifinhos, sal, pimenta, 1 dente de alho, 2 colheres de azeite, o shoyu e o orégano. Deixe descansar por uns 5 minutos para tomar gosto. Frite em uma frigideira anti-aderente, depois de dourados de ambos os lados, reserve.
    3. Para o acebolado, coloque 2 colheres de azeite e as cebolas em rodela, quando começarem a dourar, coloque o açúcar mascavo. Em fogo baixíssimo deixe com que elas caramelizem.
    4. Para a couve, aqueça 2 colheres de azeite, junte o alho, doure, cuidado para não queimar, junte a couve e o sal. Mexa e abafe com a tampa, em fogo baixo, mexa algumas vezes. Fica pronto em coisa de 3 minutos.
    5. Para a montagem: acomode o arroz, sirva o feijão, os bifes com o acebolado em cima e a couve. Bom proveito! =0)