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    Bifum & Three Times

    Three times tem como título original “Zui hao de shi guang”, que em chinês quer dizer algo como “Os melhores dias”, e é sobre esse filme de 2005 do diretor taiwanense Hou Hsiao-hsien que vamos falar hoje.

    O filme, que é passado em 3 tempos diferentes, cada um com 40 minutos. No início do projeto, a ideia de Hou era que as duas partes finais fossem dirigidas por outros diretores. Porém, ele resolveu abraçar a película toda e fez um dos melhores filmes de sua carreira. Sendo seu 10º filme, temos aqui um filme que traz pinceladas de toda sua filmografia, como se fosse um resumo ou homenagem a tudo que ele fez até então.

    Passada no ano de 1966, a primeira parte se chama Um tempo para o amor. Com uma alma totalmente auto-biográfica, a história se passa na mesma época em que ele serviu o exército e onde muitos dos moços se apaixonavam pelas ”garotas do bilhar”, que era um trabalho comum, já que não havia outras colocações para as jovens moças. Tudo começa com Chen (Chang Chen) chegando para uma tarde de jogo, onde eles passam grande parte da cena sem emitir uma palavra. Incrível como a construção feita pelo diretor consegue captar tudo o que acontece sem nada ser dito. São apenas olhares, sensações e tacadas certeiras.

    May (Shu Qi) é a moça do bilhar, com a qual o jovem recruta troca cartas enquanto está no exército. Temos aqui uma verdadeira história de amor naquele molde mais clássico, puro, sincero, com algumas dores por conta das despedidas, mas que se mantém firme e lindo por conta de todo o sentimento que acarreta. Os dois atores, juntamente com a incrível fotografia, conseguem fazer com que o espectador sinta aquele amor. Sabe aquele lance de ficar sorrindo para tela? Assim mesmo.

    O filme abre com nada menos que Smoke Gets in Your Eyes e esse primeiro fragmento, se encerra com Rain and Tears de Aphrodites Child, em uma das cenas mais poéticas do cinema: a espera por ônibus que vai levar o amor para longe, novamente e um juntar de mãos que é focado no centro da tela e deixa você suspirando por uns dez minutos. Coisa linda, minha gente.

    Um tempo para liberdade é a segunda parte, onde temos um casal, vivido pelos mesmos atores, passada em 1911. A história se passa dentro de uma casa de cortesãs, o que nos remete imediatamente à “Flores de Xangai”, seguindo nas referências dentro da filmografia do diretor. Temos então a narrativa de um amor impossível, que se passa durante a ocupação japonesa de Taiwan naquele ano. Mr. Chang é um ativista político, que mesmo se apaixonando por aquela mulher, não a auxilia a sair de sua condição atual de cortesã, mostrando aqui o machismo que imperava naquela época. Toda uma ironia é clara no título dado pelo mestre Hou. Aqui o amor silencioso não era cheio de canduras, mas sim, um amor que não podia falar, devido aos conservadorismos da épocas e ao momento político que se vivia.

    Na parte final temos Um tempo para a juventude, em Taipei, no ano de 2005. Aqui já não temos mais os romantismos dos fragmentos anteriores, temos um tempo moderno, cheio de problemas, com mais pessoas envolvidas e um amor frágil. Lembrei daquela expressão “amores líquidos” que se esvaem pelas mãos e acabam sendo mais efêmero. Temos um cenário urbano e caótico, assim como realmente se encontrava Taipei na época da filmagem. O que nos remete diretamente a Millenium Mambo e a personagem também vivida por Shu Qi, que nessa última parte vive Jing, uma cantora que sofre de epilepsia e tem um caso com o fotógrafo Zhen, o que deixa a namorada do rapaz não muito contente. Entre brigas e encontros iluminados por uma luz sempre meio azulada ou cinza, temos uma queda drástica do amor romântico do inicio do filme.

    São 3 amores, em 3 tempos diferentes, mas todos passados no Taiwan, o berço de Hou Hsiao-Hsien, que nos faz passar por uma bela obra de arte, desde os silêncios, os amores, os desamores, conflitos, até sua técnica incrível de dirigir, a trilha sonora que sempre está agindo como um personagem, e também o trabalho do incrível diretor de fotografia Mark Lee Ping Bin (como não relembrar a grade direção dele, juntamente com Chris Doyle em In the mood for love?). Um filme para ser apreciado e analisado nos seus mais profundos detalhes.

    Convidei a Priscila do Culinarístico para fazer a comida desse post. Ela então fez e fotografou essa receita maravilhosa de Bifum com grão de bico e proteína de soja. Vamos à ela?

    Bifum

    Preparo: 60 min
    Coz: 30 min
    Serve: 4

    Ingredients

    • 1 xícara de chá de proteína texturizada de soja em pedaços
    • 1/2 colher de sopa de manteiga
    • 1 limão (suco)
    • 2 xícaras de chá de água
    • 1/2 cubinho de caldo de legumes
    • 1 colher de sopa molho de soja (shoyu)
    • 250 g de grão de bico seco*
    • 1 colher de café de azeite de oliva
    • 2 dentes de alho
    • 500 ml de água
    • 500 g de bifum
    • 1/2 litro de água
    • 1/2 Pimentão vermelho
    • 1/2 pimentão amarelo
    • 1 cebola pequena
    • Cebolinha a gosto 1 colher de sobremesa de Azeite
    • 1 colher de sobremesa de Azeite
    • 1 colher de sopa de açúcar mascavo
    • 1/2 xícara de chá de vinagre de arroz
    • 1 xícara de chá de shoyu
    • 2 colheres de sopa de óleo de gergelim

    Modo de Fazer

    1. Vamos começar pela proteína: ferva a água com o cubinho de caldo de legumes. Com a água fervendo, coloque toda a proteína. Deixe cozinhar por 1 minuto, desligue a panela e adicione o shoyo e o suco do limão na água. Tampe novamente e deixe a proteína hidratar por 5 minutos. Se ela estiver macia, é sinal de que está pronta. Escorra a proteína de soja com o auxílio de um escorredor e retire o restante da água espremendo-a com a mão. Corte os pedaços ao meio ou em três e frite na manteiga.
    2. Agora o grão de bico: em uma panela de pressão, aqueça uma colher de sopa de azeite de oliva e frite dois dentes de alho. Coloque o grão de bico e a água. Misture bem e tampe a panela. Quando pegar pressão, abaixe o fogo e cozinhe por 20 minutos.
    3. Para preparar o macarrão ferva a água, desligue o fogo, adicione o macarrão e deixe descansar por um minuto. Escorra a água e coloque umas pedras de gelo. Reserve.
    4. Para guarnição: pique os pimentões como preferir, lembre se de retirar as sementes. Frite a cebola no azeite, quando estiver macia, acrescente os pimentões e frite por alguns minutos, não deixe ficar mole demais. Desligue o fogo e acrescente a cebolinha e mexa bem.
    5. Por mim o molho: em uma vasilha grande misture todos os ingredientes. Acrescente os ingredientes reservados ao molho. Misture bem. Sirva por cima do macarrão.
    6. Finalizando: acrescente os ingredientes reservados ao molho. Misture bem. Sirva por cima do macarrão.

    *Dicas importantes:

    Deixe o grão de bico de molho de um dia para o outro.
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    Moonlight & PF Vegetariano

    Moonlight, sob a luz do luar, é um filme, acima de tudo, elegante. Ele consegue abordar os mais diversos assuntos polêmicos com uma sensibilidade e delicadeza incríveis.

    – Estou aqui há muito tempo. Fora de Cuba. Há muitos negros em Cuba. Você não sabe o que eu passei para estar aqui agora. Eu era um pequeno menino selvagem. Igual a você. Corria sem sapatos até a lua.

    Uma vez, me deparei com essa … essa mulher idosa que estava me rodeando, não tinha comida, garoto. Estava correndo, gritando. Um pouco bobo, menino. Esta velha mulher me parou. E me disse:

    “Correndo por aí, à luz do luar. À luz da lua, crianças negras parecem azuis.

    – Você é azul(Blue). É assim que você vai chamar: Azul ”

    – Esse é o seu nome, “Blue”?

    – Não … Em algum momento, você tem que decidir por si mesmo quem você é. Você não pode deixar ninguém tomar essa decisão para você.

    Para fãs de Wong Kar-Wai é impossível não ver a inspiração de Barry Jenkins em toda a filmografia do chinês. Desde as tomadas de lado da tela até as músicas que compoem a trilha sonora. Jenkins mesmo conta que é grande fã do diretor.

    Segura aqui na minha mão e assista esse comparativo:

    Voltando a Moonlight, ele se passa em 3 tempos da vida de Chiron, o personagem principal do drama: desde sua infância até se tornar um adulto. Desde os momentos que sofreu bullying e preconceito, até a descoberta da sexualidade, a guerra da etnia, do status social, o mundo das drogas e , por fim, a resposta da coisa mais importante que levou consigo nessa vida toda.

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    Choro tanto que, às vezes, acho que vou virar lágrimas.

    O filme vai te levando a questionar as tuas próprias escolhas na vida. Em que momento deveria ter sido mais o que tu querias do que o que a sociedade esperava de ti? Jenkins consegue não confundir o espectador, mesmo com os pulos no tempo e troca de atores, conforme Chiron vai crescendo. É poético, bonito e, ao mesmo tempo, triste. Porém, a vida não é um morango e todos nós sabemos disso. O que mais impressiona é a força tímida daquele garoto, que desde pequeno é ”adotado” por um traficante (Mahershala Ali excepcional no papel, ainda que curto, mas que lhe rendeu diversas indicações como ator coadjuvante), que se indigna com a conduta da mãe do menino.

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    Nesse momento… você está no meio do mundo, cara.

    Não há flashbacks, que nos deixam com aquela nostalgia do passado, não há escolhas para o que já se foi. Em passadas largas, o roteiro vai encaixando a passagem do tempo de forma incrível, nos deixando com aquela suave alegria de estar vislumbrando uma bela película. Chiron se defronta com sua vida e suas verdades. Com quem ele foi, quem é no momento e quem será. Ele é um otimista, apesar de tudo. Ele não perde a esperança. Ele vive o que é preciso viver, no momento que lhe é dado pela vida.

    De Little, na infância (vivido pelo fofo e incrível ator mirim Alex Hibbert), vamos a Chiron, em sua fase adolescente, e terminamos em Black, já homem formado que ainda está em busca de sua verdade. Já calejado da vida e transformado em alguém menos doce (pelo menos aparentemente), vai nos levando por um roteiro que poderia ter sido cansativo se tivesse nas mãos erradas, mas isso jamais acontece. Moonlight flui e a gente vai se sentindo parte de tudo aquilo, como faz com maestria o tão inspirador Kar-Wai em seus filmes.

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    James Laxton dá uma aula de direção de fotografia, onde mantem o filme objetivo, mas com a atmosfera perfeita de cada momento. Com lentes azuladas e tomadas noturnas incríveis (banhadas pela luz do luar – como o título do filme), ele nos faz sentir coisas que acabam como que num suspiro. A trilha sonora segue na mesma vibração, que você volta o filme para poder ouvir de novo aquela música que te deixa com o peito apertado (ou aberto) com lágrimas nos olhos (eu tenho muito disso com a música, acho que ela é sempre um personagem em alguns filmes – quando bons, sempre é).

    – Não te vejo há uma década. Não é o que eu esperava…

    – Esperava o que?

    Moonlight é um filme para ser visto com o peito aberto. Pode doer, pode te fazer sorrir e chorar. Como um momento de descobertas, escolhas, desafetos, desavenças familiares, estilo de vida, e amor. Amor, sempre amor.

    Trailer:

    A cena que me inspirou sobre a receita de hoje foi essa, não vou contar detalhes sobre ela para não estragar o filme, apenas contemplem e sorriam.

    Tem algo melhor do que se cozinhar com amor?

    Fiz um PF vegetariano, para que todos possam ver que existe vida além do bife ahueshua. Usei um bife vegetariano da Superbom, que eu particularmente gosto bastante. Vou passar o resto dos detalhes na receita abaixo, também pode acompanhar um ovo frito e batatas fritas. Vai do gosto do cliente (ou do amor). O feijão já contei pra vocês como eu faço nesse post (só troquei pelo feijão preto dessa vez). Vou falar na receita como fazer o arro, a couve e o bife vegetal (que muita gente vira a cara, mas é que não tempera direitinho para que fique bem gostoso!). Vamos lá?

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    PF Vegetariano

    Preparo: 60 min
    Cozimento: 40 min
    Serve: 2 pessoas

    Ingredientes

    • 1 xic. de arroz
    • 2 xic. de água
    • 4 dentes de alho picado
    • 8 colher sopa de azeite de oliva
    • 1 maço de couve
    • 1 cebola em rodelas
    • 1 colher de chá de açúcar mascavo
    • 2 colheres de sopa de shoyu
    • Sal, orégano e pimenta do reino a gosto
    • 1 lata de bife vegetal (contem mais ou menos 6 unidades)

    Modo de fazer:

    1. Vamos começar pelo arroz: refogue o alho uma colher de azeite, junte o arroz, frite por alguns minutos, junte a agua e deixe ferver em fogo médio. Quando a água começar a secar, tampe a panela, baixe o fogo e deixe por mais 1 minuto, desligue a panela e deixe tampada descansando.
    2. Aproveite enquanto o arroz está sendo feito e tempere os bifes: em uma travessa coloque os bifinhos, sal, pimenta, 1 dente de alho, 2 colheres de azeite, o shoyu e o orégano. Deixe descansar por uns 5 minutos para tomar gosto. Frite em uma frigideira anti-aderente, depois de dourados de ambos os lados, reserve.
    3. Para o acebolado, coloque 2 colheres de azeite e as cebolas em rodela, quando começarem a dourar, coloque o açúcar mascavo. Em fogo baixíssimo deixe com que elas caramelizem.
    4. Para a couve, aqueça 2 colheres de azeite, junte o alho, doure, cuidado para não queimar, junte a couve e o sal. Mexa e abafe com a tampa, em fogo baixo, mexa algumas vezes. Fica pronto em coisa de 3 minutos.
    5. Para a montagem: acomode o arroz, sirva o feijão, os bifes com o acebolado em cima e a couve. Bom proveito! =0)
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    Before we go & Polenta com legumes

    Em Before we go dois estranhos se conhecem por acaso e acabam passando o dia juntos. Ok, isso já foi feito muitas vezes, como no clássico (e lindo!) Antes do Amanhecer, de Linklater. Porém, o filme de estreia de Chris Evans (Capitão América) como diretor nos deixa com uma impressão gostosa, para um primeiro longa, com uma base bem legal de profundidade. Acho que ele deve continuar nesse caminho.

    Com uma equipe bem robusta, Chris Evans conta com o roteirista Ronald Bass (melhor roteiro por Rain Man), o diretor de fotografia John Guleserian ( Song One e Questão de Tempo), e o editor John Axelrad (Coração Louco e Os donos da noite).

    Nick, não existe perfeição.
    Sempre haverá dificuldades.
    Você tem só que escolher com quem quer enfrentá-las.

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    Chris Evans é o trompetista Nick Vaughan, um homem que está em Nova York para fazer uma audição com um artista que pode dar um up em sua carreira. Ele ainda está passando por dores de um amor perdido há seis anos. Coincidentemente, ele iria encontrar com a ex em um evento nesse mesmo dia.

    O dia está terminando e Nick está na estação de trem tocando seu trompete. Passa então uma moça correndo que deixa o celular cair. Ela estava preste a perder o trem. De fato perde, volta para a parte de cima da estação, onde encontra-o com seu celular na mão. Altamente angustiada ela conta que foi assaltada, roubaram sua bolsa e a única coisa que ela tem é aquela passagem de trem e um celular, agora, quebrado.

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    Ela é Brooke Dalton (Alice Eve), uma curadora de arte que está na cidade só de passagem. Ela precisaria voltar para casa naquela noite e então começa aí uma aventura pela cidade, onde os dois tentam se ajudar de todas as formas possíveis, como costumamos fazer com amigos.

    O roteiro bem amarrado de Bass nos faz embarcar em uma série de questionamentos maduros sobre a vida e seus relacionamentos. Aquela coisa de 30 e poucos anos e vida real, saca? Pois é.

    Será que fui certo ao terminar um relacionamento? Será que estou certo em permanecer nesse que estou? O que estou fazendo de minha vida profissional? Devo fugir, como sempre, ou seguir?

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    A fotografia é bem construída, que dá aquela sensação de cumplicidade, como tivemos em Song One, onde praticamente nos sentimos MIGOS dos personagens, que são muito cativantes. Achei que a química entre eles funcionou muito bem.

    É um filme de diálogos adultos, de decisões difíceis, mas que tem que ser tomadas. Coisas que a gente vive na vida, não é mesmo?

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    Chris conseguiu demonstrar que pode ser diferente em sua atuação – em uma película completamente experimental – indo para o lado do cinema mais alternativo e, como eu interpretaria, mais profundo. Desfazendo assim a impressão de que é um eterno Capitão America.

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    Para acompanhar o filme a receita não tem nada a ver com NY ou qualquer um de suas personagens. Foi uma ligação extra-filme que me veio à mente. Eles passam o tempo inteiro sem comer nada, apenas quando chegam a um hotel para descansar, eles pedem um jantar que não é revelado o teor.

    Eu pensei que uma polenta quentinha com legumes salteados seria ideal para aquela noite depois de tudo que passaram. Uma comida que te abraça, acalenta sua alma e te deixa mais feliz depois de dias difíceis.

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    Polenta com Legumes

    Prep: 60 min
    Coz: 40 min
    Serve : 4 porções

    Ingredientes

    • 2 litros de água
    • 2 dentes de alho picadinhos
    • 1 cebola pequena picada
    • 1 colher chá de sal
    • 300 g de fubá mimoso
    • 1 colher sopa de manteiga
    • 1/2 cebola em tiras finas
    • 1 cenoura grande cortada em tiras finas
    • 200 g de cogumelos shitake fatiado
    • 1 molho de brocolis
    • 1 tomate picado
    • 4 colheres de azeite
    • 1/2 xic. de shoyu
    • 1 colher café de sal (prove o sal depois que adicionar o shoyu e corrija se necessário)
    • Castanha de caju a gosto (opcional)
    • Queijo parmesão ralado a gosto

    Modo de fazer

    1. Começando pela polenta, em uma panela de pressão e refogue a cebola e o alho no azeite até ficarem dourados.
    2. Adicione 1 litro e 1/2 de água e deixe ferver.
    3. Em um recipiente dissolva o fubá em mais ou menos 1/2 litro de água fria.
    4. Vá juntando o fubá diluído a água fervente mexendo sempre.
    5. Coloque o sal e tampe a panela. Quando começar a chiar, baixe o fogo e deixe cozinhar por 15 minutos.
    6. Deixe sair completamente a pressão da panela, de uma boa mexida e acrescente a manteiga.
    7. Agora vamos aos legumes: em uma panela coloque o azeite e refogue a cebola, em seguida acrescente os legumes (na sequencia que está na lista de ingredientes) e deixe refogar por alguns instantes.
    8. Quando estiverem macios, adicione o shoyu, corrija o sal e adicione as castanhas de caju.
    9. Sirva a polenta, salpique queijo parmesão e adicione os legumes em cima. Bom apetite!
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    Um Santo Vizinho & Hot Roll de Shimeji

    Faz mais de 5 meses que não posto nada por aqui e, se vocês querem saber, não me orgulho nada disso. Estive passando por um bloqueio criativo. Eu vi filmes, fiz comidas e fiquei guardando tudo em rascunhos porque eu não sabia como começar a dizer as coisas que estava sentindo sobre. Eu mudei de casa, eu mudei de ares – quem acompanha o Instagram do blog tá sabendo de todos os detalhes – e estou me sentindo plenamente pronta para o novo (ou ainda voltar as coisas que eu gosto de fazer, como isso aqui). Espero que a partir de hoje, desse post, eu consiga voltar a postar com a mesma vontade de antes. Escolhi então falar sobre o filme que praticamente vi Charles Bukowski na tela, sem ser ele propriamente dito. Vou contar pra vocês sobre o filme Um santo vizinho que acompanha uma receita de algo muito bom: um sushi vegetariano. Para os amigos veganos, pode retirar o cream cheese e adicionar fatias de tofu que fica uma delícia também. Vamos lá?

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    Nos primeiros minutos de Um santo vizinho (St. Vicent), eu comecei a achar que ou eu estava louca, ou estava vendo na tela a personificação de Henry Chinasky . O alter-ego do escritor Charles Bukowski (my precious) estava na minha frente.

    Bill Murray é Vincent, um senhor já mais velho, com uma vida pra lá de desregrada, que vive entre bebidas, prostitutas russas e corridas de cavalo (mais uma referência a Buk).

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    Vicent é um homem de humor ácido e mal humorado, com suas camisas brancas quase amareladas, sempre fumando e bebendo alguma coisa, uma pessoa para quem a vida já deu tudo o que tinha que dar. Está ali só pra ir vivendo o resto dela, com um total pessimismo bem característico da história do nosso Dirty Old Man.

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    Um belo dia, um caminhão de mudança bate na árvore que fica na frente da casa dele, e então somos apresentado a Maggie sua nova vizinha. Melissa McCarthy encara uma recém separada mulher, que se mudou para a casa ao lado com o filho, o pequeno Oliver.

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    Oliver e Maggie estão ainda se acostumando a nova rotina, ela trabalhando muito para poder sustentar a casa e ele seguindo a vida de estudante. O que acaba acontecendo é que um dia ele tem a mochila roubada na escola, depois de uma briga, e não tem como entrar em casa. A mãe está no trabalho, então ele apela para o excêntrico vizinho. Pede a Vincent se pode dar um telefonema para a mãe. Ele, que não estava acostumado a conviver com crianças e amizades próximas, deixa o garoto fazer a ligação…mas deixa claro que é só um telefonema e vá logo embora.

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    Começa aí uma bela relação entre eles quando Vincent propõe à mãe que ele fique de ”babá” do menino enquanto ela está no trabalho, já que está falido e qualquer dinheiro é bem vindo.

    – Gosta dele?

    – Ele é interessante, de um jeito invocado…

    O que vemos então é aquele velho rabugento (em uma atuação incrível de Bill Murray) derreter o coração em muitos episódios que passa com o inteligente e cativante Oliver.

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    Com o passar do filme vamos acreditando um pouco que nem todo durão é realmente um insensível, mas sim, isso acontece porque o que lhe faltava era um pouco de amor…e isso o pequeno menino sabe dar muito bem.

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    Belo filme, além de uma trilha sonora inspiradora, o final é uma das coisas mais bonitas da vida. Aquela velha coisa do reconhecimento, de apesar de tudo que a vida nos transformou, a nossa essência segue a mesma.

    Trailer:

    Em uma cena, Vincent pergunta ao menino se ele está com fome e oferece bolachas com sardinha para ele, diz que é tipo sushi e essa foi a inspiração para a receita do post de hoje.

    Já que não como mais carne de nenhum tipo (e sim, peixe é carne!) vamos a uma receitinha de sushi vegetariano.

    Não perde nada para o convencional, sendo ainda bem mais saudável e com animais correndo felizes pela nossa vida, ao invés de serem nossas comidas.

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    Hot Roll de Shimeji

    Preparação: 90 min
    Cozi: 30 min
    Serve : 24 peças

    Ingredientes

    • 1 xíc. de arroz para sushi (usei o curto)
    • 1 xíc. de água

    Para temperar o arroz:

    • 6 colheres de sopa de vinagre de arroz (ou tempero para sushi da Azuma)
    • 2 colheres de sopa de açúcar
    • 1 colheres de sopa de mirim
    • 1/2 colher de chá rasa de sal

    Para montar:

    • 150 g de cogumelo shimeji fresco
    • 1 colher de sopa bem cheia de manteiga
    • 2 colheres de sopa de molho de soja
    • 1 colher de chá de açucar
    • 100 g de Cream cheese de sua preferência

    Para empanar/Fritar:

    • 1/2 xíc. de cerveja gelada
    • 8 colheres de farinha de trigo
    • 150 g de farinha de mandioca fina ou Panko
    • Óleo de girassol para fritar

    Modo de Fazer

    1. Primeiro você tem que lavar o arroz até a água sair translúcida. Faça isso quantas vezes forem necessárias. Depois disso, deixe o arroz de molho por 30 minutos. Passado esse tempo, escorra a água e coloque o arroz para cozinhar em 1 xícara de água em fogo alto até levantar fervura. Baixe o fogo e deixe por mais 15 minutos com a panela tampada. Verifique se a água secou completamente, desligue o fogo, cubra com um pano limpo e deixe descansar por mais 10 minutos. Coloque o arroz em uma travessa grande (de preferência a um recipiente não térmico, como plástico, metal, para que o calor se dissipe rapidamente) então comece a temperá-lo e inciar o processo de esfriamento.Em um recipiente misture o sal, açúcar e o vinagre. Vá jogando em cima do arroz a mistura e não pare de mexer com movimentos gentis, para não quebrar os grãos. Se quiser usar o auxílio de um ventilador será mais rápido o processo. Fique mexendo o arroz até que ele esfrie completamente. Reserve com um pano úmido em cima.
    2. Derreta a manteiga em uma frigideira e passe os shimejis. Quando começarem a murchar acrescente o molho de soja e o açúcar. Refogue por mais alguns minutos, desligue o fogo e reserve.
    3. Forre uma esteira de enrolar sushis com um filme ou saquinho plástico, Coloque a folha de nori. Com as pontas dos dedos umedecidas na água, vá colocando o arroz, com mais ou menos 0,5 cm de altura, deixando 2 dedos da borda para fechamento. Na parte superior, coloque o shimeji e o cream cheese em cima. Agora chegou a hora de enrolar o sushi. Vá enrolando e apertando, até chegar no final. Molhe as bordas com um pouco de agua e enrole até o fim.
    4. Misture a cerveja com 6 colheres de farinha de trigo até ter uma pasta densa.
    5. Ok, rolls prontos, vamos empanar. Coloque as outras colheres de farinha de trigo em um prato.
    6. Passe os rolls na farinha de trigo e depois mergulhe na pasta de cerveja, em seguida passe na farinha no panko.
    7. Frite em fogo médio. Vá rolando ele pela frigideira até que estejas com a massa toda dourada. Coloque para escorrer o óleo em um recipiente com papel toalha. Para cortar direitinho, molhe o fio da com água, para que não grude o arroz, corte ao meio, depois em 2, depois em mais 2 novamente e terás 8 hot rolls o/.
    8. Coloque para escorrer o óleo em um recipiente com papel toalha.
    9. Para cortar direitinho, molhe o fio da com água, para que não grude o arroz, corte ao meio, depois em 2, depois em mais 2 novamente e terás 8 hot rolls.
    10. Sirva com cebolinha picada, molho tarê ou shoyu.
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    A Grande Beleza & Risoto ao funghi na panela de pressão

    A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino é uma grande história sobre e a vida e arte. Os amantes do cinema italiano já estão acostumados com essa temática, e quase nos soa como uma homenagem a Fellini (La Dolce Vita), Rosselini (Roma, cidade aberta) ou ainda a Antonionni (A noite). O sétimo filme de Sorrentino é uma aula de direção, não é por acaso levou o prêmio como melhor filme no Oscar, Bafta e Globo de Ouro, entre outros. Só perdoo não ter ganho a Palma de Ouro em Cannes, porque nesse ano ficou com La Vie d’Adèle. Aquele momento que você queria que os dois filmes não tivessem sido feitos no mesmo ano, pois ama ambos.

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    Eu amo esse cara, sério. Consegui assistir todos os filmes dele e, aos poucos, vou colocando aqui para vocês. Sorrentino é genial, consegue mostrar uma Roma epicamente vulgar nesse filme. Fazendo com que toda a ”vida de plástico”, hipocrisias e faniquitos, que existem na sociedade sejam expostas de uma forma astuta e bem resolvida. Duro, seco, e por isso, tão real.

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    Não há nada mais realmente glamouroso do que detonar o próprio ser social (do estilo: todo mundo é feliz no Facebook, sacam?), demonstrando todos os macetes que as pessoas usam para se manterem no topo. E o que realmente é estar lá em cima? É ter uma vida cheia de festas, convites, roupas caras, maquiagens ricas e amigos descolados, ou é poder fazer o que se quer da vida e ser feliz dentro da simplicidade de si mesmo? E Jep, personagem principal, vivido intensamente pelo ator GENIAL Toni Servillo é um dos seres mais elegantes já visto na tela. Ele praticamente é o que seria, mais velho, Marcello Mastroiani, nos personagens de Fellini.

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    “Viajar é muito útil e estimula a imaginação. Tudo o mais é desilusão e dor. Nossa própria viagem é inteiramente imaginária. Essa é sua força. Ela vai da vida à morte. Pessoas, animais, cidades, coisas, tudo é imaginação. É um romance, simplesmente uma ficção narrativa”
    (Viagem ao fim da noite – Louis-Ferdinand Céline)

    O filme conta a vida de Jep Gambardella, um jornalista que está comemorando seus 65 anos e reflete sobre toda a sua história. Circulando pela agitada vida social romana, ele que publicou o seu único (e elogiadíssimo) livro aos 20 anos não conseguiu mais escrever desde então. Dedica-se ao jornalismo cultural e às colunas sociais. Festas, sociedade e aparências. Porém, quando se dá conta do estágio da vida em que está, ele começa a se indagar sobre o porque desse bloqueio com a escrita ( como em Oito e Meio, de Fellini, e o personagem Guido, mais uma vez Mastroianni) .

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    Nesse nosso mundo de hoje, de altas exposições gratuitas, que estão por todos os lados, das redes sociais, até as noites das boates e bares, das festas que só entram os VIPS, onde está a verdadeira beleza se é tudo tão glamouroso, porém vazio?

    “Como posso escrever sobre isso?” – indaga a si mesmo Jep ao olhar os amigos em uma festa em sua casa.

    Isso é o nada. E como eu posso escrever sobre o nada se nem Flaubert conseguiu?

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    E onde está a grande beleza? Está na vida, na arte, na morte? Em uma das falas finais, Jep faz você ficar com vontade de rever o filme 30 vezes, pois se dá conta de muitas coisas da sua própria vida e fica pensando em buscá-las ou não mais, apenas deixar com que sua vida seja plena e tranquila, respeitando o que você acha sincero pra si mesmo, pois é apenas um truque.

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    No fundo, é só um truque. Sim, é só um truque.

    Funghi, o tal do funghi, quer coisa mais italiana que isso? Por isso ele que acompanha a receita de hoje, vamos lá?

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    Risoto ao funghi

    Preparo: 60 min
    Cozimento: 20 min
    Serve: 4 pessoas

    Ingredientes

    • 2 xícaras de arroz arbóreo
    • 3 xícaras de caldo de legumes
    • 1 cebola picada
    • 2 dentes de alho picados
    • 2 colheres de sopa de azeite de oliva
    • 1 colher de sopa de shoyo
    • 50 g de funghi
    • 200 ml de agua quente
    • 2 colheres de sopa de manteiga’
    • 100 g de queijo parmesão ralado

    Modo de fazer:

    1. Coloque o funghi pra hidratar na agua quente.
    2. Em uma panela de pressão aqueça o azeite de oliva e refogue a cebola até ficar corada. Adicione o alho.
    3. Jogue o arroz e deixe refogar. Jogue o caldo, todos os temperos e feche a panela. Quando começar a pressão conte 6 minutos e desligue.
    4. Deixe a pressão sair e abra a panela.
    5. Acrescente o funghi com o caldo e mexa por mais uns minutos,
    6. Desligue o fogo, jogue a manteiga e o parmesão e mexa bem. Sirva em seguida.
  • Ação,  Drama,  Policial,  Romance,  Salgados,  Séries & TV,  Suspense

    The Night Manager & Chancliche

    O que pensar de uma série onde estão Loki e House juntos, sendo amigos e tal?

    Brincadeiras à parte, a nova produção da AMC com a BBC veio para revolucionar as mini-séries de suspense/investigação/policial/drama/emoção *RESPIRASARA*. Ela tem 6 episódios (incríveis!) e foi baseada no livro de John le Carré.

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    Tom Hiddleston é Jonathan Pine, um gerente de um hotel na cidade do Cairo, no Egito, sempre no turno da noite (por isso The Night Manager, néam?). Ele é um ex-soldado que esteve no Iraque e agora vive uma vida mais pacata, até o dia que uma hóspede lhe pede ajuda e ele acaba conhecendo o mundo bizarro e violento de Richard Roper (Hugh Laurie), um empresário e filantropo, que esconde por detrás dessa vida comum e solidária um traficante de armas de nível mundial.

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    Pine é corajoso e destemido, porque não há nada que o prenda em qualquer lugar ou a alguém, então ele começa uma caçada ao homem que fez mal a pessoa que ele se apaixonou e acabou por ser tirada dele. Ele é contratado por Angela Burr (Olivia Colman), uma agente da inteligência britânica, para se infiltrar no mundo de Roper e conseguir todas as provas e informações que eles precisam para desmascarar o empresário e prendê-lo.

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    Durante os episódios ficamos sabendo porque Angela tem uma obsessão pessoal pela cabeça de Roper. Aos poucos vamos descobrindo quem realmente ele é, que por vezes quase achamos ele um cara legal, amigo, familiar, mas contra os fatos não há argumentos, então a gente vai vivendo junto com eles e torcendo pela caça desse maldito hipócrita que é o personagem de Laurie.

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    Só digo uma coisa, minha gente, o negócio é empolgante. Eu assisti dois episódios seguidos, depois os outros 4 em um dia só. Do tipo de história que você não consegue se desgrudar da tela até saber o final e sem nenhum tipo de enrolação para prender o espectador.

    As minapira no sorriso do Hiddleston
    Asminapira no sorriso do Hiddleston

    O roteiro muito bem adaptado por David Farr e dirigido pela já conhecida e excelente Susanne Bier (de Depois do Casamento e Brothers), faz dessa mini-série uma das melhores que eu vi, desse estilo, nos últimos tempos. Algumas vezes me lembrou os áureos tempos de Homeland, que a gente se empolgava pelo próximo episódio e ficava eufórico. Assistam e depois me contem se gostaram tanto quanto eu. 😉

    Trailer:

    Poderia eu fazer um sorvete de pistache (AMO, meu preferido, assim como eu amo o filho de Roper, que também acha o pistache seu sabor predileto) ou ainda uma salada de lagosta – que foi servida em uma cena pra lá de polêmica – (mas, oi, não comemos carne aqui) então resolvi colocar aqui uma receita de Chancliche. Na verdade é como é servida essa entrada, com queijo tipo chancliche, nos restaurantes árabes, que tem tudo a ver com o mundo que era vivido na série. Vamos a receitinha?

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    Chancliche

    Preparo: 15 mis
    Cozimento:
    Serve: 2 pessoas

    Ingredientes

    • 1 pacote de 135 g de Chancliche
    • 1 cebola bem picadinha
    • 1 tomate picadinho
    • Salsinha a gosto, picada
    • Pimenta síria
    • Sal a gosto
    • Azeite de oliva
    • Pão sírio para acompanhar

    Modo de preparo

    1. Junte todos os ingredientes com o Chancliche e misture bem. Tempere com o sal, pimenta e azeite. Abra o pão sirio no meio e coloque a mistura. Coma e fique feliz, porque não tem como não ficar feliz comendo isso.

    Obs:

    Oliviah Divah sempre fazendo uma participação especial, porque se tem comida, minha gente, ela sempre aparece, nem que seja se espremendo atrás da mesa. O Chancliche você acha nas grandes redes de supermercado perto dos queijos tipo ricota, minas, requeijão.
  • Drama,  Salgados

    Cisne Negro & Pão Pita

    Darren Aronofsky consegue sintetizar toda sua obra nesse filme. Ele mostra a que veio e qual seu estilo de filmar. Cisne Negro trata da busca pela perfeição, tenha ela o preço que tiver. O já conhecido diretor pelo dolorido, mas ao mesmo tempo tão genial, Réquiem para um sonho, nos trás dessa vez a história da bailarina Nina, vivida por Natalie Portman.

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    O filme versa sobre a obsessão por ser perfeito, mesmo que isso resulte em algo destrutivo. Nina tem uma mãe muito má e rígida (me lembrou muito a mãe perversa criada por Haneke em A professora de piano – a pior mãe do cinema – na minha humilde opinião), que coloca em cima da filha todas as suas frustrações, por não ter conseguido ser uma bailarina de sucesso. Porém, ela é aquele tipo de mãe que abraça e por trás aperta um pouco mais a fita da sapatilha.

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    Ela exige muito da garota, que é tratada como se fosse ainda uma criança. Um quarto rosa, cheio de bichinhos de pelúcia e um cuidado demasiadamente irritante é o que resume a vida na casa da bailarina. Tudo ambicionando seu sucesso total.

    A única coisa que está em seu caminho para a perfeição: é você mesma.

    Então surge uma nova adaptação de O lago dos cisnes e o diretor do ballet Thomas Leroy, vivido pelo exuberante-significativo-must-muso Vicent Cassell, escala Nina para viver não apenas o Cisne Branco, mas em uma audaciosa inovação da peça, ela terá que ser também a irmã má, Cisne Negro, que intitula o filme.

    Nina é engajada, profissional, esforçada e uma ótima bailarina, mas começamos a ter um grande problema aí: como ela conseguirá encarnar a irmã má, sendo ela tão sensível, frágil e boazinha. Sabe aquela coisa de achar o diabinho que está no ombro esquerdo e não ouvir o anjinho que está no direito? É isso que ela tem que fazer. Mas como? Ainda por cima temos o adendo de ela ter uma rival e forte candidata a lhe tirar o papel, caso ela não consiga atingir as expectativas que foram projetadas nela pelo diretor. Mila Kunis faz Lily, a tal rival, que por muitas vezes não sabemos se é amiga ou apenas quer lhe puxar o tapete.

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    Em cenas muito bem construídas, visualmente espetaculares, vamos sendo absorvidos por toda aquela loucura metafórica. Devemos levantar e aplaudir de pé as ideias de Aronofsky, que consegue transmitir a angústia, a inveja, a frustração e a dor, de forma incrível e única. Isso faz com que o cinema dele seja um dos melhores já vistos nos últimos tempos.

    Sabe quando você se sente tão destruído que poderia alguém juntar seus caquinhos no chão? Ele consegue transmitir essa sensação. Quem está assistindo o filme já não sabe o que está acontecendo de fato e o que é fruto da imaginação da personagem.

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    O real e o imaginário se juntam de uma forma muito realista. Coisa pra poucos, diria que, ao que me lembre, só Polanski conseguiu fazer isso, com suas personagens altamente psicológicas e atordoadas por si mesmas.

    – O que houve com a minha garota doce?
    – Ela se foi!

    Com uma direção de fotografia incrível de Matthew Libatique (ele trabalhou com Aranofsky nos seus outros filmes) que nos provoca com cenas soturnas mescladas entre o branco e o preto, fazendo jus a disputa dos cisnes, unindo tudo isso a trilha sonora que faz variações da música de Tchaikovsky, nos leva a um final épico, de uma entrega incrível da atriz Natalie Portamn, que acabou premiada com o Oscar naquele ano.

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    Um filme extasiante que deve ser visto e revisto inúmeras vezes, nos levando a pensar que já somos suficientemente bons no que fazemos. Essa busca exacerbada pela perfeição pode levar a caminhos muito difíceis e, muitas vezes, inalcançáveis, o que torna a maioria das pessoas frustradas.

    Como diria Hemingway: pense sobre isso.

    Trailer:

    Hoje a receita que acompanha o post é de Pão Pita. Poucos sabem, mas Natalie Portman nasceu em Israel e essa receita é uma homenagem que faço a ela. Aposto que ela cresceu comendo muitos pãezinhos desses com Falafel. 😉

    Mais uma vez a receita veio do site Sabores de Israel, se não conhecem ainda, vale muito a pena fazer uma visita por lá!

    FotorCreated

    Pão Pita

    Preparo: 60 min
    Cozimento: 15 min
    Serve: 8-10 pães

    Ingredientes

    • 500 g de farinha de trigo tipo 1 ou 2
    • 300 ml de água morninha + 25 ml para a preparação do fermento
    • 2 un de 15g de fermento biológico fresco
    • 1 colher de chá de sal refinado
    • 1 colher de mesa de açúcar orgânico ou demerara ou mascavo
    • 2 colheres de mesa de azeite

    Modo de Preparo

    1. Em uma tigela média, misture o fermento com o açúcar (melhor com batedor de claras). Misture bem e, aos poucos, você vai ver que se transformam em um caldo, bem líquido. Sério mesmo! O açúcar acorda o fermento e dá para ele um Bom dia 🙂 Adicione a este caldo os 25 ml de água morna com um pouco (cerca de 25 g) de farinha. Deixe descansar. Coloque todo o restante da farinha e o sal na tigela da planetária e misture (se não tiver batedeira, pode fazer tudo na mão). Ligue o forno na potência máxima. Se tiver Pedra Refratária, já coloque-a dentro. Misture os 250 ml de água com o azeite, adicione metade na tigela com farinha e comece a bater. Use velocidade baixa. Coloque a outra metade da água com azeite e todo o caldo do fermento. O tempo total do batimento da massa é de 10 minutos. Se a massa ficar muito grudenta ou pesada, corrija com mais água ou farinha. O resultado final será uma massa um pouquinho aguada (não fica como uma massa para pão), mas que você consegue mexer e trabalhar com ela nas suas mãos. Coloque azeite nas suas mãos, tire a massa da tigela, molde a massa em formato de bola e deixe descansar (dentro uma tigela untada com azeite, coberta com pano umido) por 1 h-1,5 h, ou até que a massa dobre de tamanho.
    2. Divida a massa em 8-10 partes, com as mãos úmidas. Deixe ao seu lado um recipiente com água e umedeça suas mãos para ajudar a separar as partes da massa. Molde essas partes em bolinhos lisos, deixe-as sobre uma área enfarinhada, e em cima, pulverize azeite, para prevenir 2 coisas – 1. secagem. 2. que o filme de pvc grude nos bolinhos. Cubra os bolinhos com filme de pvc e deixe descansar por 10-15 min, até parecer que dobraram de tamanho. Abra cada bolinho como um disco. A altura de cada disco (de 3 mm até 2 cm) depende do tipo de pão que você deseja. Coloque, rapidamente, os pães dentro do forno. Cada lado vai demorar de 1 a 3 minutos para crescer e assar. Não deixe os pães sozinhos. Fique de olho neles e quando parecer que eles ficaram bons, vire-os e continue olhando.
    3. Tire os pães e coloque-os em um recipiente grande, já forrado com pano. As laterais do pano servirão para cobrir os pães, para eles não ressecarem.