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    Macarrão com Proteína de Soja

    Senta que hoje vai ter conversa:

    Depois de muito pensar que não ando conseguindo postar muito por aqui, pois sempre me obrigo a juntar os filmes e comidas, resolvi inovar.
    Não, o blog não vai mudar completamente, mas te prometo que vai ficar mais dinâmico.
    Vamos ter posts de comidas sozinhas também, talvez de filmes sozinhos. Porém, continuaremos com os posts que unem as duas coisas no meio de tudo isso.

    Começando hoje então com uma receita que faço muito no meu dia a dia: Macarrão com proteína de soja.
    Muitas vezes as pessoas viram a cara quando se trata desse ingrediente, talvez porque fiquem esperando um substituto para carne. Jamais terá o mesmo gosto, nem textura da carne animal.

    Sabe aquele velho lance de não criar expectativas? Crie sim uma postura aberta para a novidade, algo que nunca comeu antes, uma possibilidade de não consumir carne animal em algumas refeições por semana. Assim você consegue curtir essa nova experiência de sabor e talvez gostar, porque não? Confesso a vocês que eu gosto bastante.

    Uma das coisas importantes ao fazer a proteína de soja é hidratar da forma certa e temperar muito bem também. Depois de algumas vezes eu peguei o jeito e ela anda ficando saborosíssima. Vou contar pra vocês o modo que eu faço a preparação da proteína:

    Em uma vasilha coloque a proteína de soja, cubra com água quente. Deixe lá por uns 30 minutos hidratando. Já tenha mais água quente, pois faremos isso mais 2x.
    Escorra a água e aperte bem para que saia toda ela. Parece insano, se você vai colocar mais água depois, mas vai por mim, você vai estar, praticamente, dando um banho na proteína. Coloque água quente novamente, deixe por mais 30 minutos.
    Já com ela escorrida, adicione mais água, um pouco de shoyu e vinagre. Umas duas colheres de cada já é suficiente. Deixe por mais 30 minutos.
    Faça o mesmo procedimento de escorrer e apertar bem, retirando todo o líquido. Agora está pronta para ser usada na receita.

    Vamos a ela?

    Macarrão com Proteína de Soja

    Tempo de Preparo: 120 min
    Cozimento: 30 min
    Serve: 4 porções

    Ingredientes

    • 2 xícaras de proteína de soja
    • 9 xícaras de água quente (para hidratar a proteína)
    • 6 colheres de shoyu
    • 2 colheres de vinagre
    • 1 cebola picada
    • 2 dentes de alho picados
    • 6 tomates bem maduros picados
    • Orégano
    • Sal
    • Azeite de Oliva
    • Lemon Pepper (ou pimenta do reino)
    • 500 g de macarrão
    • Queijo parmesão ralado para servir

    Modo de Fazer

    1. Coloque a água no fogo para cozinhar o macarrão.
    2. Refogue a proteína de soja no azeite até ficar coradinha. Junte a cebola e em seguida o alho até ficarem macios.
    3. Tempere com sal, shoyu, orégano, lemon pepper e adicione os tomates. Baixe o fogo e deixe cozinhar por uns 20-30 minutos. Se achar necessário acrescente um pouco de água quente para aumentar o molho.
    4. Cozinhe o macarrão conforme indicação da embalagem
    5. Sirva o molho com a massa já cozida e salpique queijo ralado
  • Drama,  Filmes,  Receitas,  Romance,  Salgados

    Bifum & Three Times

    Three times tem como título original “Zui hao de shi guang”, que em chinês quer dizer algo como “Os melhores dias”, e é sobre esse filme de 2005 do diretor taiwanense Hou Hsiao-hsien que vamos falar hoje.

    O filme, que é passado em 3 tempos diferentes, cada um com 40 minutos. No início do projeto, a ideia de Hou era que as duas partes finais fossem dirigidas por outros diretores. Porém, ele resolveu abraçar a película toda e fez um dos melhores filmes de sua carreira. Sendo seu 10º filme, temos aqui um filme que traz pinceladas de toda sua filmografia, como se fosse um resumo ou homenagem a tudo que ele fez até então.

    Passada no ano de 1966, a primeira parte se chama Um tempo para o amor. Com uma alma totalmente auto-biográfica, a história se passa na mesma época em que ele serviu o exército e onde muitos dos moços se apaixonavam pelas ”garotas do bilhar”, que era um trabalho comum, já que não havia outras colocações para as jovens moças. Tudo começa com Chen (Chang Chen) chegando para uma tarde de jogo, onde eles passam grande parte da cena sem emitir uma palavra. Incrível como a construção feita pelo diretor consegue captar tudo o que acontece sem nada ser dito. São apenas olhares, sensações e tacadas certeiras.

    May (Shu Qi) é a moça do bilhar, com a qual o jovem recruta troca cartas enquanto está no exército. Temos aqui uma verdadeira história de amor naquele molde mais clássico, puro, sincero, com algumas dores por conta das despedidas, mas que se mantém firme e lindo por conta de todo o sentimento que acarreta. Os dois atores, juntamente com a incrível fotografia, conseguem fazer com que o espectador sinta aquele amor. Sabe aquele lance de ficar sorrindo para tela? Assim mesmo.

    O filme abre com nada menos que Smoke Gets in Your Eyes e esse primeiro fragmento, se encerra com Rain and Tears de Aphrodites Child, em uma das cenas mais poéticas do cinema: a espera por ônibus que vai levar o amor para longe, novamente e um juntar de mãos que é focado no centro da tela e deixa você suspirando por uns dez minutos. Coisa linda, minha gente.

    Um tempo para liberdade é a segunda parte, onde temos um casal, vivido pelos mesmos atores, passada em 1911. A história se passa dentro de uma casa de cortesãs, o que nos remete imediatamente à “Flores de Xangai”, seguindo nas referências dentro da filmografia do diretor. Temos então a narrativa de um amor impossível, que se passa durante a ocupação japonesa de Taiwan naquele ano. Mr. Chang é um ativista político, que mesmo se apaixonando por aquela mulher, não a auxilia a sair de sua condição atual de cortesã, mostrando aqui o machismo que imperava naquela época. Toda uma ironia é clara no título dado pelo mestre Hou. Aqui o amor silencioso não era cheio de canduras, mas sim, um amor que não podia falar, devido aos conservadorismos da épocas e ao momento político que se vivia.

    Na parte final temos Um tempo para a juventude, em Taipei, no ano de 2005. Aqui já não temos mais os romantismos dos fragmentos anteriores, temos um tempo moderno, cheio de problemas, com mais pessoas envolvidas e um amor frágil. Lembrei daquela expressão “amores líquidos” que se esvaem pelas mãos e acabam sendo mais efêmero. Temos um cenário urbano e caótico, assim como realmente se encontrava Taipei na época da filmagem. O que nos remete diretamente a Millenium Mambo e a personagem também vivida por Shu Qi, que nessa última parte vive Jing, uma cantora que sofre de epilepsia e tem um caso com o fotógrafo Zhen, o que deixa a namorada do rapaz não muito contente. Entre brigas e encontros iluminados por uma luz sempre meio azulada ou cinza, temos uma queda drástica do amor romântico do inicio do filme.

    São 3 amores, em 3 tempos diferentes, mas todos passados no Taiwan, o berço de Hou Hsiao-Hsien, que nos faz passar por uma bela obra de arte, desde os silêncios, os amores, os desamores, conflitos, até sua técnica incrível de dirigir, a trilha sonora que sempre está agindo como um personagem, e também o trabalho do incrível diretor de fotografia Mark Lee Ping Bin (como não relembrar a grade direção dele, juntamente com Chris Doyle em In the mood for love?). Um filme para ser apreciado e analisado nos seus mais profundos detalhes.

    Convidei a Priscila do Culinarístico para fazer a comida desse post. Ela então fez e fotografou essa receita maravilhosa de Bifum com grão de bico e proteína de soja. Vamos à ela?

    Bifum

    Preparo: 60 min
    Coz: 30 min
    Serve: 4

    Ingredients

    • 1 xícara de chá de proteína texturizada de soja em pedaços
    • 1/2 colher de sopa de manteiga
    • 1 limão (suco)
    • 2 xícaras de chá de água
    • 1/2 cubinho de caldo de legumes
    • 1 colher de sopa molho de soja (shoyu)
    • 250 g de grão de bico seco*
    • 1 colher de café de azeite de oliva
    • 2 dentes de alho
    • 500 ml de água
    • 500 g de bifum
    • 1/2 litro de água
    • 1/2 Pimentão vermelho
    • 1/2 pimentão amarelo
    • 1 cebola pequena
    • Cebolinha a gosto 1 colher de sobremesa de Azeite
    • 1 colher de sobremesa de Azeite
    • 1 colher de sopa de açúcar mascavo
    • 1/2 xícara de chá de vinagre de arroz
    • 1 xícara de chá de shoyu
    • 2 colheres de sopa de óleo de gergelim

    Modo de Fazer

    1. Vamos começar pela proteína: ferva a água com o cubinho de caldo de legumes. Com a água fervendo, coloque toda a proteína. Deixe cozinhar por 1 minuto, desligue a panela e adicione o shoyo e o suco do limão na água. Tampe novamente e deixe a proteína hidratar por 5 minutos. Se ela estiver macia, é sinal de que está pronta. Escorra a proteína de soja com o auxílio de um escorredor e retire o restante da água espremendo-a com a mão. Corte os pedaços ao meio ou em três e frite na manteiga.
    2. Agora o grão de bico: em uma panela de pressão, aqueça uma colher de sopa de azeite de oliva e frite dois dentes de alho. Coloque o grão de bico e a água. Misture bem e tampe a panela. Quando pegar pressão, abaixe o fogo e cozinhe por 20 minutos.
    3. Para preparar o macarrão ferva a água, desligue o fogo, adicione o macarrão e deixe descansar por um minuto. Escorra a água e coloque umas pedras de gelo. Reserve.
    4. Para guarnição: pique os pimentões como preferir, lembre se de retirar as sementes. Frite a cebola no azeite, quando estiver macia, acrescente os pimentões e frite por alguns minutos, não deixe ficar mole demais. Desligue o fogo e acrescente a cebolinha e mexa bem.
    5. Por mim o molho: em uma vasilha grande misture todos os ingredientes. Acrescente os ingredientes reservados ao molho. Misture bem. Sirva por cima do macarrão.
    6. Finalizando: acrescente os ingredientes reservados ao molho. Misture bem. Sirva por cima do macarrão.

    *Dicas importantes:

    Deixe o grão de bico de molho de um dia para o outro.
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    Valentin & Talharim ao Funghi Secchi

    Adotei essa frase para a minha vida desde que assisti pela primeira vez a esse filme argentino de 2003:

    Enfim, a vida é um talharim!

    Valentin é um menino de 8 anos que mora com a avó (vivida pela sensacional Carmem Maura). Acho muito sonoro como se diz avó em espanhol “abuela”. Sonoridades a parte, ele é uma daquelas crianças inventivas, que sonha em ser astronauta. Não se priva de tentativas engraçadas, treinando para quando estiver no espaço, luta contra uma falta gravidade inventada e é cheio dos apetrechos.

    Valentin é apaixonante.

    Aquele pequeno garoto com um óculos enorme, um coração gigante e uma vida curta e já tão sofrida. Os pais se separaram e sua mãe foi embora, o deixando com a avó. O pai pouco lhe visita.

    Valentin é o tipo de menino querido, conselheiro dos vizinhos e amigos, do seu modo singelo e sem nenhuma maldade. Ele fica se indagando porque a vida cria tantos obstáculos para ser bem vivida. Um dos requisitos para ele seria ter uma madrasta loira, inteligente e linda. Só isso e algumas coisinhas mais. Com a doçura da pureza de uma criança, Valentin nos pega pela mão e vai nos levando durante o filme, entre lágrimas e risadas é um dos grandes títulos do cinema argentino de todos os tempos, na minha singela opinião.

    Nada mais ÓBVIO que eu fazer uma receita de Talharim hoje, né?

    talharim-ao-funghi

    Talharim ao Funghi Secchi

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 18

    Ingredientes

    • 200 g de talharim
    • 1 xic. de vinho branco seco (se quiser podes usar água para hidratar, mas o vinho dá um tcham no sabor)
    • 1 lata de creme de leite sem soro
    • 30 g de funghi secchi
    • 1 cebola picada
    • Sal a gosto Pimenta do reino moída na hora a gosto

    Modo de Preparo

    1. Coloque o funghi para hidratar no vinho. Deixe por ali por uns 15 minutos, depois desse tempo escorra e reserve o caldo do vinho. Enquanto isso coloque a água em uma panela para cozinhar a massa.
    2. Quando a agua estiver fervendo adicione um pouco de sal. Despeje a massa, que deve estar cozida em cerca de 10 minutos.
    3. Vamos fazendo o molho colocando as cebolas para dourar no azeite, quando estiverem coradas, acrescente o funghi escorrido (eu geralmente não os corto, deixo do tamanho que eles vem, acho mais saboroso). Tempere com o sal e a pimenta do reino. Despeje o líquido que ficou da hidratação e deixe apurar por uns 3 minutos até que evapore um pouco. Prove o sal, acrescente o creme de leite, mexa bem até incorporar.
    4. Escorra a massa, adicione o molho por cima e sirva em seguida.

     

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    Drive & Pizza de Aliche

    Drive, do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn, surpreende pelo passeio que dá na história do cinema. Temos referência incríveis, como o eterno palito no canto da boca que lembra Clint Eastwood, com seu cigarrinho nos épicos filmes de western. Também cenas de violência inesperada, dignos de uma filmagem de Brian de Palma, completados por tiroteios doidos à la Quentin Tarantino. De Taxi Driver à Scarface ele vai até a corrupção de Abel Ferrara. E como não lembrar da cena do martelo de Oldboy? Sem dúvidas, a Palma de Ouro de melhor direção no Festival de Cannes de 2011 foi pra lá de merecido.

    Eu não participo do roubo e não porto armas. Eu dirijo.

    O filme foi baseado no livro de James Sallis, que ainda não tive a oportunidade de ler, e uma trilha sonora que transborda anos 80 feita por Cliff Martinez.

    Fato é que o protagonista, vivido por Ryan Gosling, não tem nome. Ele é apenas o motorista. Um homem que ganha a vida entre ser dublê de filmes de ação e mecânico em uma oficina. A noite ele é motorista contratado para dirigir em assaltos e fugas. Não se sabe de onde veio, quem é, se tem família, nem o que espera da vida. Ele apenas está ali vivendo um dia após o outro até o momento em que cai nos encantos de sua vizinha Irene e sua vida dá uma bela mudada.

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    Irene (vivida pela extraordinária Carey Mulligan, de Shame) é mãe de um menininho e mulher de um cara que está na prisão por conta de um assalto mal sucedido. No maior estilo precisodeproteçãoeajuda, ela cai nas graças do calado vizinho motorista.

    Acredito que o papel de Ryan foi muito bem concebido pelo diretor, por vezes, as poucas palavras dele irritam, mas por outro lado, a maioria das cenas não precisa de diálogo nenhum. Incrível como isso fica genial na condução do filme, enquanto a tensão toma conta.

    Com a saída do marido de Irene da prisão, as coisas começam a se complicar. Tudo que se esperava de um romance bonito é fadado automaticamente a ruína. Standard (sim, é esse o nome do marido) está precisando acertar as contas de uma proteção que recebeu na prisão. É intimado a fazer um ‘último assalto’ para pagar a dívida. Preocupado com a segurança de Irene e do filho, o nosso anti-herói se dispõe a dirigir o carro na fuga.

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    Sabe aquela coisa de não sei porque me meti nisso e agora mesmo querendo não tenho como sair? Pois é.
    O filme tem a melhor cena (evah!) de fuga de carros da história do cinema. Se não me engano, acho que só me segurei na cadeira desse jeito em Ronin.
    Na enigmática e tão destacada jaqueta que exibe um escorpião, temos uma forte referência ao conto de Esopo. Nem mesmo a mais doce pessoa vai contra sua natureza. É essa a idéia central.
    Para mim, foi um dos melhores filmes de 2011.
    Fica a pergunta: quem arriscaria tudo pela única coisa que aprendeu a amar?

    Preciso ir a um lugar agora. Acho que posso não voltar mais.
    Eu só queria que soubesse que estar ao seu lado foi a melhor coisa que me aconteceu.

    No filme temos a Pizzaria do Nino que nada mais é que um centro de lavagem de dinheiro da máfia local. Sendo assim, não poderia eu deixar de fazer uma pizza para acompanhar o filme.

    Estava a procurar uma massa de pizza bem prática, daquelas que a gente pode fazer em um piscar de olhos quando dá fome no meio do nada e não tem muitas coisas em casa. Foi então que perguntei as minhas queridas amigas e blogueiras: alguém tem uma receita de pizza bem boa? Priscila Darre do Culinarístico me disse: a da minha sogra. Eis então que testei e aprovei a massa. É muito fácil de fazer e fica saborosíssima. Vamos lá?

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    Pizza de Aliche

    Prep Time: 60 mins
    Cook Time: 30 mins
    Serve : 2

    Ingredientes

    • Massa: 2 xícaras de farinha de trigo
    • 2 colheres de azeite de oliva
    • 1 pitada de sal
    • 1 pitada de açucar
    • 1 colher de sopa de fermento instantâneo (tipo Royal)
    • Agua morna suficiente para ‘dar liga’ (usei mais ou menos 1/2 xícara)
    • Recheio: 1 tomate grande
    • 1 pitada de sal
    • 1 dente de alho
    • 1 pitada de orégano
    • 250 g. de queijo mussarela 40 g. de files de aliche (cerca de meio vidrinho) Azeitonas Cebolas roxas em rodelas
    • 40 g. de files de aliche (cerca de meio vidrinho) Azeitonas Cebolas roxas em rodelas
    • Azeitonas Cebolas roxas em rodelas

    Method

    1. Massa: Leve todos os ingrediente secos para uma bacia e misture. Adicione o azeite e vá colocando água até conseguir uma consistencia uniforme – nem muito seca, nem muito molhada. Deixe descansar por 20 minutos. Molho: Bata todos os ingredientes no liquidificador. Reserve. Montagem: Passados os minutos de descanso, abra a massa em uma bancada enfarinhada. Leve ao forno pré-aquecido a 180º por 10 minutos. Vire a massa. Espalhe o molho de tomate, a mussarela, os filés de aliche, as azeitonas e por fim as cebolas. Forno por mais uns 10 minutinhos e está pronta pra ser servida regada por um bom azeite. Rende 1 pizza redonda de 35 cm.
  • Drama,  Salgados

    2046 & Yakissoba de Carne

    Todos que me conhecem sabem do meu amor incondicional pelo diretor chines Wong Kar-Wai. Já falei de filmes dele algumas vezes aqui no Cozinha, sobre os filmes Blueberry Nights e In the mood for love. Não é por acaso que uma imagem do filme estampa o layout do blog. Considero 2046 um dos meus TOP5 filmes de ‘cabeceira’.

    2046 faz parte de uma trilogia. O primeiro filme é “Days of being wild” (no Brasil, Dias Selvagens), seguido de In the Mood for love e por fim 2046.

    Todas as lembranças são rastros de lágrimas.

    Ainda não era grande conhecedora da obra de Kar-wai quando assisti a 2046. Acabei por vê-lo antes dos dois outros filmes, por não saber que se tratava de uma sequência. Confesso que não fez diferença no entendimento do drama e trama. Até acredito que foi melhor ter visto o último antes dos outros.

    2046 é um filme complexo, com fotografia incrível e impecável (temos aqui o último filme com a parceria com Chris Doyle, o melhor diretor de fotografia já visto no mundo, na minha singela opinião), uma trilha sonora que vai desde Nat King Cole a Casta Diva e temos então a sequência da história de vida do Sr. Chow, vivido pelo ator chines Tony Leung Chiu Wai.

    2046 não começa de onde In the mood for love parou. Kar-wai conseguiu em 5 anos de filmagem mudar o filme diversas vezes.

    Década de 60, Sr. Chow está de volta a Hong Kong, onde começa a morar em um hotel. Ele está em frente ao quarto 2046. Está mudado, a vida o transformou em um tipo conquistador quee começa a se relacionar com mulheres que passam em sua vida.

    Ao mesmo tempo que vai a jantas e noitadas de bebedeiras, ele começa a escrever uma história de ficção científica, passado em um trem, com andróides que tem emoções retardadas, onde todos tentam encontrar suas memórias perdidas…a história chama “2046”.

    Temos em metáforas toda a vida dele, seu amor perdido, seus romances do presente, as dores, saudades, esperanças retratados nessa história que se mistura com o filme em si.

    Kar-wai, mais uma vez genial, mistura a ficção com a realidade fazendo com que o filme seja um transbordar de sentimentos e conclusões nem sempre felizes.

    Imagens em preto e branco se mesclam com coloridos intensos das cabines do trem. Sensações de perda e um vazio que só se vai sentir depois de algum tempo, como acontece com as atendentes andróides.

    Por outro lado temos um homem que foi machucado pela vida e resolveu seguir a linha oposta do que sempre foi. Mas não consegue viver assim.

    Lembra que lhe falei que havia uma coisa que nunca poderia emprestar?

    Não é possível se emprestar o amor. O amor não é algo que se possa deixar por alguns instantes com alguém, nem que seja para confortá-la um pouco. 2046 teoriza com o amor. Discute com a gente mesmo sobre o que realmente achamos que ele é. 2046 é dolorido, lindo, marcante e exuberantemente perfeito.

    Desejo, espaço, tempo e memória. Isso é 2046.

    Para comer assistindo o filme eu resolvi que poderíamos ter um prato típico da China, óbvio, pois “nada muda em 2046” e nada mais chinês e amor que Yakissoba. Então vamos lá!

    Yakissoba de Carne

    Prep Time: 60 mins
    Cook Time: 30 mins
    Serve: 4

    Ingredientes

    • 500g de macarrão para Yakissoba
    • 400g de carne vermelha de sua preferência (usei coxão de dentro)
    • 1 dente de alho picado
    • 150g de brócolis cortado em buquês pequenos
    • 100g de couve-flor cortado em buquês pequenos
    • 1 cebola cortada cubos grandes
    • 1 cenoura cortada em tiras
    • 100g de repolho cortada em cubos
    • 150g de champignon
    • 1 xícara de chá Shoyu
    • 1/2 colher de sopa de açúcar
    • 1/2 xícara de chá de água
    • 1 colher de sopa de amido de milho
    • 1/2 colher de sopa de óleo de gergelim torrado
    • 4 colheres de óleo de girassol (ou de sua preferência para refogar)

    Modo de fazer

    1. Cozinhe o macarrão em mais ou menos 2 litros de água fervente. Escorra.
    2. Aqueça uma panela Wok (de preferência) e adicione um 2 colheres de óleo de girassol, jogue o macarrão para fritar por alguns segundos. Reserve. Agora na mesma panela, que já está quente, coloque mais um pouco do óleo e frite a carne. Reserve. Nesse momento você vai fritar os legumes: coloque o alho a cebola, o brócolis, a cenoura, couve-flor e o repolho e os cogumelos. Deixe refogar por uns 2 minutos. Depois disso volte as carnes a panela, junte o shoyu, o açúcar, a água e o óleo de gergelim. Deixe refogar por alguns minutos.
    3. Dissolva o amido de milho em um pouco de água e adicione, mexendo até que engrosse um pouco o molho. Junte o macarrão a panela e sirva em seguida.
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    Lars and the real girl & Quiche de alho-poró

    “Lars and the Real Girl” (aqui no Brasil encontra-se como “A garota ideal”) é classificado como uma comédia, coisa que discordo.
    O filme fala sobre a vida de Lars (vivido pelo nada mais tudonavidadeumapessoa que Ryan Gosling – que além de tudo mostra mais uma vez que baita ator que ele é), um cara pacato, tímido e completamente introvertido. Lars mora na garagem da casa de seu irmão e cunhada.

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    Lars é um cara que leva uma vida ‘normal’, trabalha, vai a Igreja, mas não deixa que ninguém se aproxime muito dele. Em um belo dia ele chega à casa do irmão e diz que está com ‘visitas’ em casa e quer apresentar para eles. Os dois ficam super felizes, pois acreditam que ele está conseguindo se libertar da clausura que esteve até hoje.
    Então são surpreendidos pela notícia que Lars conheceu Bianca, uma missionária que anda numa cadeira de rodas, na internet. “Tudo normal, hoje em dia conhecemos muita gente assim” – fato é que quando ele a traz para o jantar todos se deparam com uma boneca de silicone, em tamanho natural que Lars comprou em um site, porém, ele trata como se ela fosse um ser humano.

    Agora é que o filme realmente começa, pois o irmão e a cunhada entram no jogo dele, por aconselhamento da psicóloga, e começa-se a ver que Bianca nada mais é que uma forma que Lars tem para tentar se aproximar do mundo.
    Em uma cena peculiar, a melhor amiga de Lars, uma senhora da Igreja, coloca uma cesta de flores no colo de Bianca e ele diz para ele: “Viu que lindas, meu amor, são de plástico, elas jamais morrerão.”. Lars tem medo da perda. De amar, de se aproximar de alguém real, de se soltar, de sentir, porque já perdeu algumas pessoas e não superou isso.
    Um filme interessantíssimo que vai muito além de uma boneca de silicone e um homem tímido. Realmente tocante. Vejam e depois me contem.
    Resolvi associar esse filme a Quiche de alho-poró, pois eu acho que Ryan Gosling soa para todo mundo tão suave e aromático como um alho-poró.

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    Quiche de alho-poró

    Tempo de Preparo: 60 min
    Tempo de Forno: 40 min
    Serve: 4 porções

    O que você vai precisar?

    • 2 xícaras de farinha de trigo
    • 1 xícara de manteiga sem sal
    • 4 colheres de sopa de água gelada
    • 1 colher de cafezinho de sal
    • 2 talos de alho-poró cortados em fatias finas
    • 1 cebola pequena picada (tem gente q não coloca cebolas, fica ao seu gosto – eu amo cebolas)
    • 3 ovos
    • 01 lata de creme de leite
    • Noz moscada ralada
    • Pimenta do reino e sal a gosto

    Como fazer?

    1. Corte a manteiga em cubos e junte ela a farinha e o sal. Vá misturando até que se forme uma farofa – em seguida coloque a água e vá juntando até que se forme uma bola – não é pra sovar a massa, apenas ir juntando. Coloque a massa na geladeira enquanto faz o recheio.
    2. Refogue a cebola em azeite em uma panela, em seguida junte o alho-poró – coisa de 5 minutos, já está OK. Reserve e deixe esfriar. Enquanto isso bata os ovos vigorosamente, junte o creme de leite, tempere com o sal, pimenta e a noz moscada
    3. Agora vamos montar a quiche.
    4. Vá abrindo a massa encaixando ela na forma. Essa massa é bem maleável para fazer isso com as próprias mãos – acho mais prático do que abrir com o rolo. Leve ao forno pré-aquecido por uns 10 minutinhos. Cubra o fundo da massa com o refogado do alho-poró + cebolas. Em seguida despeje o creme de ovos por cima. Eu acrescentei alguns cubos de mussarela (umas 100 gr) antes de colocar o creme. Fica ao seu critério, mas confesso que o queijo combina muito bem com o alho-poró. Forno por uns 30-40 minutos. Quando estiver corada e firme está pronta. Acompanha bem uma salada verde com tomates cereja.
  • Drama,  Salgados

    In the mood for love & Wonton

    Ele se lembra dos anos passados como se olhasse uma janela embaçada.
    O passado é uma coisa que ele vê, mas não toca.
    E tudo que ele vê é borrado e indistinto.”

    Falar de Wong Kar-wai no post inicial do blog foi um desejo meu desde que surgiu a ideia de fazer esse espaço há alguns meses. Por ser uma admiradora do trabalho do diretor (leia-se: FANÁTICA), me encanta poder discursar sobre o filme que mais me toca em todos os sentidos, assim como, reproduzir uma receita tipicamente oriental. O filme é ambientado em meados dos anos 60 na China. Onde já se pode observar uma superpopulação surgindo, era um costume da época morar em pequenas ‘pensões’, onde a cozinha era um ambiente de encontros e conversas do cotidiano, assim como, as intermináveis partidas de Mahjong. Afinidades e descobertas. É assim que vejo o que se passa no filme. Um jornalista (o magnífico Tony Leung) e uma secretária (minha eterna diva Maggie Cheung) acabam sendo vizinhos de porta e descobrem com o passar do tempo muitas coisas em comum. Tanto o gosto pelas histórias, quanto por estarem sempre sozinhos mesmo ambos sendo casados. O filme é um desfilar de belas imagens, cores incríveis (a direção de fotografia é de Cris Doyle), silêncios que dizem muito e uma trilha sonora impagável.

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    O que fazer quando se descobre que se está sendo traído, mas mesmo assim, apesar de todo desgosto (e vontade) não se sabe fazer o mesmo? Não há nesses dois uma sede de vingança, nem de acabar com tudo. Eles simplesmente vivem…e cada vez mais unidos em uma dor que só eles mesmos podem compreender.
    Temos muitas cenas que envolvem ‘comida’ em todo o filme, como o ritual de ir comprar macarrão ou sopa de wontons no restaurante que fica no final de uma escadaria intrigante. Eles ali se cruzam inúmeras vezes, cada um com sua solidão. Nesses momentos que a incrível direção de Kar-wai se revela, onde não é preciso diálogo. Não é preciso falar nada. Um olhar, um silêncio, uma chuva que cai.
    Em mais uma das incríveis cenas eles saem para jantar juntos em um restaurante. Inclusive, esse restaurante em Hong Kong tem até hoje um painel acima da mesa que foi cenário no filme. Vejam:
    Nesse jantar um escolhe o prato do outro, com base em o que o cônjuge escolheria. Engraçado como as pessoas tem uma curiosidade em saber como é ”a outra” que atraiu o seu companheiro e que causou a traição.
    In The Mood for Love é mais que um drama comum. Ele é um filme para ser assistido, apreciado aos poucos e visto mais outras milhares de vezes.
    E o que fazer quando se passa a sentir um amor incomum ?

    Antigamente, se alguém tinha um segredo que não queria contar a ninguém
    ia a uma montanha, achava uma árvore, fazia um buraco nela
    e sussurrava o segredo no buraco.
    Depois cobria o buraco com barro e o segredo ficava lá para sempre.”

    Depois tudo continua em ”2046”…
    Wontons são conhecidos também pelo mundo como “Dumplings” ou ainda “Gyoza”. A massa é praticamente a mesma em todas as modalidades, o que muda, pela minha análise, são as modelagens dadas e os recheios utilizados. Fui em busca da receita original dos ‘wontons’ que costumam ser tomados com sopa ou ainda servidos como entrada.
    Foi difícil encontrar ”a receita” da massa, já que, costuma-se utilizar massa industrializada, como a nossa de pastel, que são geralmente vendidas em lojas de artigos orientais. Depois de muita pesquisa acabei caindo em um blog chamado The cooking of joy, escrito por uma garota de origens orientais que mora nos Estados Unidos. Foi lá que encontrei como fazer a massa. Vamos a ela então?

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    Wontons

    Tempo de Preparo: 60 min
    Tempo de cozimento: 30 min
    Serve: 2 pessoas

    O que você vai precisar?

    • Para massa:
    • 03 xícaras de farinha de trigo
    • 01 xícara de água fervente (muito importante ela estar nessa temperatura para que possa ao mesmo tempo cozer um pouco da massa e também desenvolver o glúten)
    • 04 colheres de sopa de água fria
    • Sal a gosto (eu coloquei uma colher rasa de café)
    • Para o recheio:
    • 250 gr. de lombo de porco moído
    • 4 a 5 cebolinhas japonesas cortadas finamente (eu não encontrei as japonesas, acabei por colocar cebolinhas normais, mas as mais finas que achei nos molhos disponíveis na feira)
    • 1 colher de sopa de Óleo de Gergelim
    • 4 folhas de repolho (ou acelga)
    • 1 colher de sopa de gengibre fresco ralado
    • 3 dentes de alho picados bem miudinhos ou esmagados

    Como Fazer?

    1. Coloque a farinha peneirada e o sal numa tigela. Em seguida despeje a água fervendo, muito cuidado nessa hora para não se queimar. Vá mexendo com um garfo (ou hashis) e adicione a água fria. Nesse momento vá misturando com as pontas dos dedos a massa que já estará esfriando, amasse até obter uma consistência homogênea e sove a massa por 5 minutos. É muito importante esse passo, pois é o que vai incentivar ela a ficar bem elástica e resistente para que possamos moldar os bolinhos sem que eles rasguem e consigamos fazer as dobras sem grandes problemas. Deixe a massa descansar com um pano de prato em cima por uns 20 minutos. Você vai saber se está bom quando apertar o dedo nela e a massa voltar.
    2. Enquanto espera o descanso da massa, vamos ao recheio… Coloque as folhas de repolho para dar um ‘susto’ num recipiente com água quente. Em seguida passe no processador para ficar bem miudinho. Processe também a carne de porco. Caso você não tenha um processador, pique com a faca até obter pedaços bem pequenos de carne. Corte as cebolinhas (eu prefiro usar a tesoura para que elas não fiquem ‘esmagadas) Amasse o alho. Rale o gengibre Coloque a carne, o repolho, a cebolinha, o alho, o sal, o gengibre ralado e o óleo de gergelim numa travessa e misture tudo até ficar uniforme. Reserve na geladeira até a hora de usar.
    3. Montando: Pegue a massa que está lá descansando alegremente e corte em pedaços de mais ou menos 4 cm. Faça bolinhas desses pedaços. Com o rolo de esticar massa, vá abrindo os círculos e atente para que as bordas fiquem mais finas que o centro, isso vai te ajudar na hora de fechá-los. Coloque uma colher de recheio no meio de cada círculo aberto e feche. (veja no vídeo abaixo como fazer essa parte). Confesso que os primeiros não ficaram tão ”lindos” mas a coisa toda vai se aperfeiçoando no andamento do processo. Lá pelo 6º bolinho você vê que está pegando o jeito.
    4. Por fim, acomode algumas folhas de repolho na panela de vapor (no meu caso usei uma que veio no conjunto das minhas panelas, mas o ideal seria numa panela de bambu), coloque os wontons em cima das folhas e deixe cozinhar no vapor por uns 15 minutos.
    5. Sirva com um molho feito com shoyu, suco de limão, gotas de óleo de gergelim e gengibre ralado. Bom apetite!