• Receitas,  Salgados

    Esfiha de carne

    Sabor de Infância – qual sabor te remete aos tempos de criança? O meu foi, e sempre será, das Esfihas que meu Vô fazia na casa que ele tinha em Leme.

    A Priscila do Culinarístico também falou sobre a receita preferida da infância dela: Enroladinho de salsicha.

    Esfiha de Carne

    Rendimento: 16 unidades

    Ingredientes

    Massa:

    • 45 gr. de fermento biológico fresco  (ou 10 g fermento seco)
    • 500 gr. de farinha de trigo
    • 1 colher sobremesa de sal
    • 1 colher sobremesa de açúcar
    • 250 ml de leite morno
    • 120 ml de óleo de sua preferência (usei girassol)
    • Fubá para polvilhar e abrir a massa

    Recheio:

    • 400 gr. de carne móida (usei patinho)
    • 1 cebola grande picada
    • 2 tomates (sem semente) picados
    • 2 dentes de alho amassados
    • Salsinha picada a gosto
    • Hortelã picada a gosto
    • Suco de 3 limões
    • 1 colher de sopa de sal
    • Pimenta do reino moída a gosto
    • Pimenta síria

    Como fazer?

    1. Primeiro faça o recheio, junte à carne moída todos os ingredientes e deixe descansando para ‘tomar gosto’.
    2. Depois faça a massa: Dissolva bem o fermento misturado com o açúcar e o leite. Em seguida acrescente o óleo e então o sal. Vá colocando a farinha aos poucos. Trabalhe bem a massa até obter uma aparência homogênea. Sove por uns 10 a 15 minutos. Deixe a massa descansar por 30 minutos ou até que dobre de tamanho. Separe as bolinhas de mais ou menos 50 g e deixe descansar mais uma vez por mais uns 20 minutos.
    3. Abra cada bolinha com a mão fazendo com que a bordinha fique mais grossa que o meio (se preferir pode abrir com um rolo e cortar com um cortador redondo). Polvilhe com farinha de milho (fubá), recheie com cerca de 1 colher de sopa cada esfiha e leve ao forno médio por volta de 20 minutos.
  • Doces,  Drama

    Blue Valentine & Torta de limão siciliano

    Eu acho que homens são mais românticos que mulheres.
    Quando nos casamos, é com “A” garota, nós resistimos o tempo todo até
    conhecermos uma garota e pensamos:
    eu seria idiota se não casasse com ela.

    O que falar e o que não falar sobre Blue Valentine? Eu ainda estou me perguntando depois de ter visto o filme duas vezes e pensando em ver mais uma dúzia. Não dá para não comentar que o papel de Ryan Gosling é do tipo de homem que toda mulher gostaria de chamar de seu. Sabe? Aquele homem de verdade, ativo, que pega junto, que pinta a casa e carrega a mudança. Uma das cenas mais tocantes do filme, para mim, é quando ele arranja um emprego numa empresa de mudanças e se preocupa em arrumar o quarto todo do velhinho que está indo de sua casa para um asilo. Ele quer que ele se sinta a vontade ali.

    Por favor, ouça-me. Pode esperar?
    Ouça-me. Pare de limpar.
    Estou pedindo, por favor, vamos sair daqui.
    Precisamos sair daqui.
    Temos que sair desta casa.
    Vamos nos embebedar e fazer amor.

    O filme trata de todos aqueles assuntos que já vimos antes, porém, com uma didática diversificada: aborto, conhecer pessoa, se apaixonar, assumir tudo, não querer mais nada, medo e solidão mesmo se estando junto de alguém. É tudo que todo mundo já viveu ou quase viveu. A realidade é que mostra um homem que, sinceramente, toda mulher gostaria de ter e poucas saberiam valorizar. Assistam, talvez diga algo pra você que nunca imaginou que um filme diria. E tenho dito. Aproveito para comentar que a trilha sonora é uma coisa de doido que vale muito a pena ouvir.
    Vamos a receita? Por que dessa torta com esse filme? Porque apesar de tudo o amor é doce. E essa torta, minha gente, é pra pessoas que gostam de doce mesmo. Com um certo azedinho do limão. =)
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    Torta de Limão Siciliano

    Tempo de Preparo: 60 min
    Tempo de Forno: 20 min
    Serve: 4

    O que você vai precisar?

    • 8 colheres sopa de farinha de trigo
    • 2 colheres sopa de maizena
    • 2 ovos
    • 2 colheres sopa de manteiga com sal
    • 3 colheres de agua gelada
    • 8 colheres sopa de açúcar refinado
    • 1 colher chá de fermento em pó
    • 1 lata de leite condensado
    • 3 limões sicilianos – suco e raspas

    Como fazer?

    1. Comece fazendo a massa, misture a farinha, maizena, 1 colher de açucar e a manteiga. Faça uma ‘farofinha’ esmagando a manteiga com os ingredientes, junte as gemas e a água. Amasse para incorporar todos os ingredientes (não é preciso sovar, só juntar) Forme uma forma de 15-20 cm com a massa (o melhor a se fazer nesse caso é ir colocando com a mão e alisando tudo com uma colher). Leve ao forno por 15 minutos. Para o recheio: Junte ao leite condensado o suco e raspas dos 3 limões mexa bem até ficar um creme homogêneo. Para cobertura: Bata as claras em neve e vá adicionando aos poucos as 7 colheres de açucar que restaram. Deixe esfriar a massa e depois disso coloque o recheio em cima e as claras em neve. Leve ao forno por mais 10 minutos. Eu resolvi usar o maçarico em cima das claras em neve o que deu uma coisa toda glamour! Deixe gelar e sirva.
  • Drama,  Salgados

    Mapa dos sons de Tóquio & Yakisoba de Camarão

    O que dizer quando um filme é tão arrebatador?

    Mapa dos sons de Tóquio me perfurou a alma de uma forma que eu sabia que iria mesmo acontecer, já que, a diretora está entre umas das melhores no meu conceito. Isabel Coixet nos faz mais triste em “Minha vida sem mim”, assim como também em “A vida secreta das palavras”. Depois disso ainda assisti a “Fatal”, que acredito ter sido seu último filme antes desse que vou começar, ou já comecei, a falar.

    Eu tento não pensar em como as coisas poderiam ter sido diferentes entre eles,
    porque agora é tarde demais.
    Talvez fosse tarde demais desde o início.

    Mapa dos sons de Tóquio conta a história de uma mulher que trabalha no mercado do peixe a noite e é uma assassina profissional nas horas vagas, vejam que contraponto. O filme é narrado por um senhor, amigo silencioso da protagonista, ela é totalmente melancólica, marcada por dores que não são nunca reveladas, ela apenas dói.

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    Fiquei fascinada por algumas frases que fazem com que tu queiras dar um pause no filme só para ficar pensando muito sobre aquilo.

    As pessoas não mudam. As coisas talvez sim. Mas as pessoas não.

    O filme me levou as mais óbvias conexões ao cinema de diretores asiáticos. Cenas fenomenais, com uma trilha sonora impecável. Impossível não lembrar de 2046 e a velha conhecida frase “No amor não há substitutos.” , assim como, da viagem pelos vagões do trem que levaria a 2046, quando vislumbramos o quarto de hotel que os amantes se encontram no filme de Coixet é a réplica de um trem. Depois de algumas leituras fiquei sabendo que a diretora é muito fã do cinema de Kar-wai. Me soa quase que como uma homenagem a ele essa película.
    Coixet soube usar com maestria a sensibilidade oriental, o espaço de tempo, mostrando a vida como é, os hábitos e as dores que são realmente universais.

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    Não quero falar muito para não revelar o filme todo, muito menos seu final.
    Mais um dos filmes que ficará na minha cabeça para sempre.

    Vamos a receita?

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    Yakisoba de Camarão

    Tempo de preparo: 40 min
    Serve: 2 pessoas

    O que você vai precisar?

    • 150 gr. de brócolis
    • 150 gr. de couve-flor
    • 01 cenoura grande cortada em tiras
    • 1/2 pimentão vermelho
    • 1/2 pimentão verde
    • 150 gr. de repolho cortado em pedaços
    • 200 gr. de camarão miúdo
    • 1 cebola grande picada
    • 300 gr. de macarrão para Yakisoba
    • 1/2 xíc. de Shoyu (aproximadamente)
    • 1 xíc. de água misturada com 1 colher de chá de amido de milho
    • Sal a gosto (experimente antes de colocar mais sal, pq o shoyu já é bem salgado) 03 colheres de sopa de óleo de gergelim 03 litros de água fervente para cozinhar a massa
    • 03 colheres de sopa de óleo de gergelim
    • 03 litros de água fervente para cozinhar a massa

    Como fazer?

    1. Coloque a água para ferver em uma panela, quando estiver borbulhando, acrescente o macarrão. Cozinhe por 6 minutos. Pique todos os ingredientes e separe o brocolis e a couve-flor em pequenos bouquets. Coloque no fogo uma panela grande (se não tiver uma Wok, pode ser qualquer panela, obviamente) e leve o oleo de gergelim para aquecer. Acrescente as cebolas, deixe dourar. Em seguida coloque os camarões. Vá acrescentando os legumes. Em seguida regue com um pouco do shoyu e experimente o sal. Abafe a panela com a tampa por alguns minutos, volte a mexer. Os legumes tem que ficar ‘al dente’, não podem ficar moles, porque perde toda a graça do prato. Vá provando e sentindo, quando estiver pronto (pra mim levou coisa de no máximo 10 minutos) junte o macarrão e vá incorporando a ele todos os legumes. Em seguida despeje a água com o amido de milho e misture por uns 3-4 minutos. Tá pronto, pode sentar, pegar seus hashis e saborear esse prato tão difundido em todo a cozinha oriental. Nota: a escolha dos legumes é bem pessoal, acredito que podemos variar bastante, usando o que mais gostamos. Solte sua criatividade e seja feliz =)

    Curiosidade:

    Yakisoba (em japonês: 焼きそば), também grafado yakissoba, é um prato de origem Chinesa, muito popular também na culinária japonesa, que significa literalmente macarrão de sobá frito. O prato, conhecido internacionalmente, é composto por legumes e verduras que podem ou não ser fritos juntamente com o macarrão e aos quais se agrega algum tipo de carne. Comumente, o yakisoba Chines é feito com macarrão do tipo lámen e é assim que é consumido em diversos lugares, desde restaurantes, passando por fast-foods a feiras populares, no Japão ou fora dele. É prato indispensável nas festas tradicionais japonesas (Matsuris).
  • Comédia,  Drama,  Salgados

    Lars and the real girl & Quiche de alho-poró

    “Lars and the Real Girl” (aqui no Brasil encontra-se como “A garota ideal”) é classificado como uma comédia, coisa que discordo.
    O filme fala sobre a vida de Lars (vivido pelo nada mais tudonavidadeumapessoa que Ryan Gosling – que além de tudo mostra mais uma vez que baita ator que ele é), um cara pacato, tímido e completamente introvertido. Lars mora na garagem da casa de seu irmão e cunhada.

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    Lars é um cara que leva uma vida ‘normal’, trabalha, vai a Igreja, mas não deixa que ninguém se aproxime muito dele. Em um belo dia ele chega à casa do irmão e diz que está com ‘visitas’ em casa e quer apresentar para eles. Os dois ficam super felizes, pois acreditam que ele está conseguindo se libertar da clausura que esteve até hoje.
    Então são surpreendidos pela notícia que Lars conheceu Bianca, uma missionária que anda numa cadeira de rodas, na internet. “Tudo normal, hoje em dia conhecemos muita gente assim” – fato é que quando ele a traz para o jantar todos se deparam com uma boneca de silicone, em tamanho natural que Lars comprou em um site, porém, ele trata como se ela fosse um ser humano.

    Agora é que o filme realmente começa, pois o irmão e a cunhada entram no jogo dele, por aconselhamento da psicóloga, e começa-se a ver que Bianca nada mais é que uma forma que Lars tem para tentar se aproximar do mundo.
    Em uma cena peculiar, a melhor amiga de Lars, uma senhora da Igreja, coloca uma cesta de flores no colo de Bianca e ele diz para ele: “Viu que lindas, meu amor, são de plástico, elas jamais morrerão.”. Lars tem medo da perda. De amar, de se aproximar de alguém real, de se soltar, de sentir, porque já perdeu algumas pessoas e não superou isso.
    Um filme interessantíssimo que vai muito além de uma boneca de silicone e um homem tímido. Realmente tocante. Vejam e depois me contem.
    Resolvi associar esse filme a Quiche de alho-poró, pois eu acho que Ryan Gosling soa para todo mundo tão suave e aromático como um alho-poró.

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    Quiche de alho-poró

    Tempo de Preparo: 60 min
    Tempo de Forno: 40 min
    Serve: 4 porções

    O que você vai precisar?

    • 2 xícaras de farinha de trigo
    • 1 xícara de manteiga sem sal
    • 4 colheres de sopa de água gelada
    • 1 colher de cafezinho de sal
    • 2 talos de alho-poró cortados em fatias finas
    • 1 cebola pequena picada (tem gente q não coloca cebolas, fica ao seu gosto – eu amo cebolas)
    • 3 ovos
    • 01 lata de creme de leite
    • Noz moscada ralada
    • Pimenta do reino e sal a gosto

    Como fazer?

    1. Corte a manteiga em cubos e junte ela a farinha e o sal. Vá misturando até que se forme uma farofa – em seguida coloque a água e vá juntando até que se forme uma bola – não é pra sovar a massa, apenas ir juntando. Coloque a massa na geladeira enquanto faz o recheio.
    2. Refogue a cebola em azeite em uma panela, em seguida junte o alho-poró – coisa de 5 minutos, já está OK. Reserve e deixe esfriar. Enquanto isso bata os ovos vigorosamente, junte o creme de leite, tempere com o sal, pimenta e a noz moscada
    3. Agora vamos montar a quiche.
    4. Vá abrindo a massa encaixando ela na forma. Essa massa é bem maleável para fazer isso com as próprias mãos – acho mais prático do que abrir com o rolo. Leve ao forno pré-aquecido por uns 10 minutinhos. Cubra o fundo da massa com o refogado do alho-poró + cebolas. Em seguida despeje o creme de ovos por cima. Eu acrescentei alguns cubos de mussarela (umas 100 gr) antes de colocar o creme. Fica ao seu critério, mas confesso que o queijo combina muito bem com o alho-poró. Forno por uns 30-40 minutos. Quando estiver corada e firme está pronta. Acompanha bem uma salada verde com tomates cereja.
  • Comédia,  Doces,  Romance

    O fabuloso destino de Amelie Poulain & Crème Brulée

    Amelie morava só. Trabalhava em uma cafeteria e era dona de pequenos prazeres como: fotografar nuvens quando criança e enfiar a mão nos sacos cheios de sementes das quitandas da vida.
    O maior prazer de Amelie era distribuir o amor – e ela era cheia dele.

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    São tempos difíceis para os sonhadores.

    Me lembro exatamente da primeira vez que eu vi esse filme. Eu sorria a cada cena. Na pequena vingança com o vizinho mentiroso na infância. Nas divagações dela deitada na cama, de barriga pra cima, pensando na vida. Ajudando os outros. Levando um cego para passear numa extraordinária demonstração de desprendimento pelo outro.Nino Quincampoix é um caso a parte. Quem nunca quis um amor como Nino Quincampoix que atire a pedra. Um amor simples, sincero, misterioso, até bobo. Aquele que preenche, encanta, abusa da vida e mostra que ”humrum, existe.”.
    Amelie trata de encontros. De nostalgia boa e do velho “fazer o bem sem olhar a quem”.

    Ela parece distante… talvez seja porque está pensando em alguém.
    Em alguém do quadro?
    Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
    Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
    Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
    E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?

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    O final do filme traz a mesma sensação que a gente sente quando conhece um grande amor. E você é tomado pela plena felicidade “ameliana”. Simples, pura e contagiante.
    É o filme que melhor me expressa, nos meus melhores dias.
    Continuo achando que existe uma Amelie dentro de todo mundo. Só basta deixá-la sair.

    Vamos quebrar a casquinha?

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    Não poderia haver outra receita para postar com esse filme. A minha sobremesa favorita ever é o que vocês vão aprender a fazer hoje: Crème Brulée!

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    Crème Brulée

    Tempo de Preparo: 60 min
    Serve: 4 porções

    O que você vai precisar?

    • 500 ml de creme de leite fresco
    • 75 g de açúcar refinado
    • 5 gemas
    • 1 fava de baunilha
    • Açúcar cristal (para caramelizar)

    Como fazer?

    1. Abra a fava de baunilha, e retire todas as sementes com as costas da faca.
    2. Em uma panela, misture o creme de leite com o açúcar, as sementes e a casca da baunilha. Leve à fervura. Assim que ferver, retire do fogo e aguarde abrandar a fervura.
    3. Despeje essa infusão sobre as gemas, homogenize com um fouet e passe o creme por uma peneira
    4. Transfira o creme para recipientes de louça. Asse em banho maria, em forno a 150 C (inicie o banho maria com água quente, acelera o processo e permite um creme mais aveludado).
    5. Asse até o creme firmar (ao movimentar o potinho, o creme apresenta consistência de pudim). Retire do banho maria, e resfrie.
    6. No momento de servir, polvilhe a superfície com o açúcar cristal e caramelize com o maçarico.
    No meu forno levou por volta de 35 minutos . Quebre a casquinha e seja feliz =)
  • Drama,  Salgados

    Hanami – Cerejeiras em flor & Rolinhos de repolho

    Depois de um longo tempo apreciando filmes japoneses concluí que eles tem um grande respeito e, melhor ainda, compreensão perante a morte. Muito diferente dos ocidentais eles vêem a morte como uma coisa natural. Dói? Dói, mas é o ciclo da vida. As cerejeiras são como uma metáfora para tudo isso. Elas florescem apenas por alguns dias, colorindo toda a cidade de rosa e depois morrem. E são celebradas da mesma forma. O ciclo não pode parar.

    Hanami (花見 lit. olhar as flores) é um costume tradicional japonês de apreciar a beleza das flores.
    Nesse festival, as pessoas costumam se reunir embaixo das árvores para apreciar o evento enquanto fazem piquenique.

    Pensando em outros diretores japoneses sentimos a mesma impressão, dentre eles cito Yasujiro Ozu e Kore-eda. Os filmes que mostram o cotidiano sem grandes marcas e surpresas, o dia-a-dia, os momentos de convivência familiar (nem sempre tão intensos) porque assim é a vida. Porém, nesse filme da alemã Doris Dörrie temos aquela impressão que de repente a gente não está fazendo tudo pelas nossas relações. Será que estamos mesmo prestando atenção naqueles que estão a nossa volta e fazendo com que se sintam bem durante essa jornada?

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    O filme fala de um casal de idade já avançada que moram no interior, filhos que moram na capital e um deles em Tókio. Trudi (que é belamente interpretada por Hannelore Elsner) é uma senhora pacata, preocupada com a união da família, que todos os dias prepara o lanche pro marido levar ao trabalho. Rudi, o marido é aquele homem que leva a vida na rotina normal, sem grandes desejos ou sonhos.
    É quando menos se espera que o destino se manifesta, os médicos contam a Trudi que o seu marido está doente e aconselham que os dois vivam o que tem que ser vivido, façam uma viagem, ou seja, aproveitem que não vai durar muito. Por incrível que pareça ela consegue convencer o marido a irem a Berlin visitar os filhos, mas ele se nega a ir ao Japão, como ela sempre quis.

    Sempre quis ir ao Japão com ele.
    Ver o Monte Fuji, ao menos uma vez.
    As cerejeiras em flor. Com ele.
    Mesmo porque, não consigo me imaginar vendo qualquer coisa sem o meu marido.
    Seria como se realmente não estivesse vendo.
    Como eu posso continuar a viver sem ele?”
    (Trudi)

    É nessa viagem que Trudi vem a falecer e Rudi começa a repensar em tudo o que já viveu. Voltar pra casa sem ela, o enterro sem grandes manifestações de amor dos familiares. E ele se pergunta por que não foi com ela sequer uma vez ver o Monte Fuji que ela tanto queria?

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    A partir daí começa um grande resgate de Rudi pelo tempo perdido, ele embarca para o Japão levando consigo algumas coisas de Trudi, para mostrar a ela o Monte Fuji e tudo mais que não pode fazer quando ela ainda estava viva.

    “Talvez, apesar de tudo, ele estivesse feliz.”

    É muito complicado se chegar à conclusão que a maioria das pessoas só dá valor MESMO quando perde a outra.
    Esse é um filme incrível, emocionante e com certeza você vai querer comer rolinhos de repolho com purê de batatas depois dele, nem que seja apenas para sentir a nostalgia e o amor que é transmitido por um almoço entre pai e filho que é mostrado no filme. Os rolinhos são um prato típico da cozinha alemã conhecido como “Kohlroulade”

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    Rolinhos de Repolho

    Tempo de Preparo: 60 min
    Tempo de Cozimento: 30 mins
    Serve: 2

    O que você vai precisar?

    • 8 folhas de repolho
    • 300 gr. de carne moída (usei patinho)
    • 1 cebola média picada bem miudinha
    • 1 tomate picado
    • 2 dentes de alho amassados
    • 1/4 xíc. de arroz lavado e escorrido (cru)
    • Salsinha
    • Sal a gosto
    • Pimenta do reino a gosto
    • Suco de 1 limão
    • Azeite de Oliva – para a parte do cozimento
    • Tomates pelados ou seu molho de tomate pronto preferido

    Como fazer?

    1. Misture a cebola, tomate, salsinha, alho com a carne moída. Em seguida tempere com o sal, pimenta, misture o arroz e regue tudo com o suco de metade do limão – reserve a outra metade.
    2. Retire a parte ‘dura’ do talo das folhas de repolho. Coloque em agua fervente, uma a uma, as folhas de repolho para que elas amoleçam um pouco e possam ser dobradas sem quebrá-las. Reserve.
    3. Pegue a mistura da carne moida e molde como pequenos quibes. Sempre tendo em mente o tamanho das folhas de repolho que você tem. No meu caso o repolho era orgânico e pequeno, sendo assim, fiz pequenos mini-quibes.
    4. Assim que terminar de enrolar totalmente prenda com um barbante ou palito. Acomode todos os rolinhos em uma panela com azeite de oliva no fundo. (Em algumas receitas que vi por aí dizia para simplesmente jogar uma lata de molho pronto por cima, noutras para acomodar fatias de cebola e tomate e depois jogar um pouco da água do cozimento do repolho. Eu escolhi fazer um molho básico fritando meia cebola, 1 dente de alho, 1 lata de tomates pelados, um pouco de orégano e sal.)

    Observação:

    Esse prato é normalmente servido acompanhado de batatas cozidas ou purê de batatas. Eu optei pelo purê, pois é uma coisa que eu gosto muito. Faça ele do seu jeito habitual ou se você não sabe fazer purê lá no Panelaterapia tem uma receita muito boa e prática.
  • Doces,  Drama,  Sem categoria

    Issiz Adam & Bolo de Cenoura e Canela

    É bem difícil falar de Issiz Adam sem contar o filme todo. Mesmo se fizesse isso você teria vontade de assistir. Iria correr à Locadora ou ao torrent mais próximo e pedir pelo amor de deus preciso.
    Uma amiga minha disse que “Issiz Adam é daqueles filmes que a gente tinha só no pensamento e de repente alguém foi lá e fez.” (Morganna querida você disse o que eu sempre pensei e nunca consegui dizer). E é bem assim. 99,9% das pessoas já passaram por isso, seja como Alper ou como Ada.
    Pesquisando sobre a língua Turca fui atrás do verdadeiro significado do título do filme. Intrigava-me a tradução para o inglês como ‘’Alone’’ (“Sozinho” em português). Foi então que descobri que “Issiz Adam” quer dizer “Homem Abandonado” e, ainda, “Adam” significa “Minha ilha” – enquanto “Ada”- que é o nome da personagem da moça no filme – significa apenas “Ilha”. Tire suas próprias conclusões. Depois de assistir ao filme você vai sentir o porque disso tudo.

    Mas por quê as pessoas choram tanto sobre coisas que já sabem?

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    O filme se passa em Istambul. Alper é um Chef e tem seu próprio restaurante que, curiosamente, se chama “Leblon” – que é um local que realmente existe em Istambul. É o típico homem sozinho e solteiro, bem sucedido em sua carreira, que sai com prostitutas e tem uma vida , digamos, intensa e sem intimidade com ninguém, além da que se pode ter vivendo assim.

    Ele coleciona discos de vinil. Antigos e raros e foi numa dessas idas dele aos Sebos de discos e livros que ele se depara com a Ada. Bem aquela coisa de quando se conhece alguém e bate aquele interesse incrível. Mais conhecido como ‘’amor a primeira vista’. Ada banca a durona com ele, foge de tudo que é jeito, mas ele mesmo assim vai atrás dela. Talvez ele visse ali algo que nunca viu antes. Amor. Ada é uma moça bacana, livre, que tem uma loja de fantasias para crianças chamada “Pequenos heróis”.

    Então começa um namoro bem legal, daqueles que você se pega rindo sozinho para a TV, ouvindo uma música ou olhando o mar. Ada ensina a ele o que é amar de verdade e principalmente, se deixar amar por alguém. Ao mesmo tempo é possível se notar que ele é um cara sensível. Ele tem um amor pelo que faz, a escolha dos ingredientes, a sensibilidade pelas músicas que ouve, o modo como observa as pessoas que comem a comida que ele faz…

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    Segure um vegetal em sua mão e ele lhe diz quanto tempo precisa cozinhar.
    Você só tem que aprender a olhar, ver e ouvir.
    Você não pode colocar tudo em um prato.
    Uma pouco disso, um pouco daquilo. De jeito nenhum.
    Isso seria vulgar e ignorante.
    Não acredite quando dizem coisas como jogue tudo junto e mexa.

    Nesse meio tempo a mãe dele vem visitá-lo e as duas acabam por sair juntas e se dão muito bem. Tudo corre perfeito.
    Talvez seja toda essa ‘coisa boa’ que faz com que ele comece a sentir tamanha estranheza do tipo “eu não mereço isso”. Pois é aqui que começa o drama em si. Ele termina com Ada num momento em que estava tudo MUITO BEM. E a pessoa não entende, chora, se descabela, vai embora e segue a vida.
    E ele? Como ficou?
    Quatro anos depois, um grampo de cabelo, uma entrada de cinema. Café, verdades e mentiras sobrepostas. Olhares que abafam as palavras e dizem tudo o que realmente se passou e sentiu. Um dos abraços mais bonitos do cinema é o que temos aqui. Assista acompanhado de uma bela caixa de lenços de papel.
    Não achei nenhum trailer com legendas no Youtube, por isso deixo o link para ser assistido no IMDB. Com boa qualidade e legendas em inglês.

    A trilha sonora é inexplicável. Perfeitamente encaixada em cada cena que ela aparece.

    A receita de hoje é um bolo de “Cenoura e Canela”, que Alper faz e leva a Ada durante o período que está tentando conquistá-la. A receita não é contada no filme, pesquisei em alguns sites de comida turca (eu e o Google Translator) e fiz uma junção de algumas receitas que acabou nessa:

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    Bolo de Cenoura e Canela

    Tempo de Preparo: 120 min
    Tempo de Forno: 50 min
    Porções: 8

    O que você vai precisar?

    • 2 xícaras de farinha de trigo
    • 2 xícaras de açúcar mascavo
    • 4 ovos
    • 1 xícara de óleo (usei de Girassol)
    • 1 colher de chá de canela em pó
    • 1 colher de chá de fermento em pó
    • 3 xícaras de cenoura ralada – nesse caso eu usei 3 cenouras grandes e após raladas somaram 3 xícaras. Meu conselho é: vá ralando e medindo até atingir o que precisa.

    Como fazer?

    1. Rale as cenouras. Separe as gemas das claras e bata as claras em neve. Reserve. Num outro recipiente junte as gemas e o açúcar mascavo. Bata bem. Junte o óleo e deixe que misture completamente ao creme que se formou do açúcar e gemas. Vá juntando a farinha de trigo aos poucos. Nesse momento você acha que aquilo tudo é um cimento e que não vai dar certo. Prossiga com fé. Junte a canela e as cenouras raladas. Interessante que ao juntar as cenouras à massa começa a ficar mais maleável, então acrescente o fermento. Incorpore com cuidado as claras em neve. Unte uma forma com manteiga e farinha de trigo.Leve ao forno de 40 a 50 minutos. Tudo depende do forno. Faça o famoso teste do palito, se sair seco, está pronto. Muito importante: ligar seu forno logo que começa a fazer o bolo. Temperatura média. Sirva com uma bela xícara de café fresco. Obs: eu escolhi bater o bolo no processador, porque ele é BEM mais potente que a minha batedeira – que ainda não é uma Kitchen Aid – e fazia algum tempo que tinha curiosidade em usá-lo para fazer um bolo.