• Doces,  Drama

    Toast & Torta de Limão

    Toast é uma biografia do chef inglês Nigel Slater.

    Não importa quão ruim fiquem as coisas,
    é impossível não amar a pessoa que fez torradas para você.
    Depois de morder aquela superfície crocante e aquela massa suave
    que fica por baixo e saborear a manteiga
    quente e salgada, você está perdido para sempre.

    Desde pequeno Nigel era um apaixonado pela Gastronomia, escondido embaixo das cobertas se delicia olhando livros de culinária. Enquanto isso, sua querida mãe, não tem a mínima habilidade na cozinha, então faz torradas.

    Quase tudo acaba em torradas na casa dos Slater. Com um pai autoritário e controlador, Nigel não consegue desenvolver as idéias que tem com a mãe, já que ela está doente e não há um apoio do Sr. Slater com os desejos culinários do seu único filho.

    Ao perder a mãe, Nigel tem um novo problema: Ms. Potter. A moça que começa a trabalhar na casa deles é vivida pela sensacional Helena Bonham Carter. De faxineira passa a ser a nova mulher de seu pai.
    Quando ele cresce um pouco mais e começa a cozinhar nas aulas da escola, os dois iniciam uma batalha de quem faz a melhor comida ou sobremesa, disputando assim a preferência do pai que, por sua vez, não aguenta mais comer.

    O filme tem cenas hilárias e outras um tanto quanto emocionantes. Difícil segurar o choro quando o pequeno Nigel dança com o vestido da mãe ao som de “If you go away” (uma versão em inglês da belíssima “Ne me quitte pas”). Aliás, toda a trilha sonora é sensacional.

    O que fazer quando já não se tem mais nada só a vontade de fazer o que se ama? Toast é uma lição de vida, do arriscar, fazer as malas e sair porta afora, apenas com um ideal na cabeça e muita vontade no coração (sim, essa frase ficou clichezão, mas não tenho outra forma de expressar o que senti, haha). E foi assim que Nigel se tornou quem é hoje. Um cara de sucesso e, o mais importante, que ama o que faz.

    Hoje vamos fazer a torta que ele passa o filme todo tentando descobrir a receita. Na verdade eu também passei o filme todo tentando. Foi então que me deparei com algo bem parecido no blog A Cozinha Coletiva (recomendo muito a visita ao blog). Vamos lá?

    torta_toast

    Torta de Limão

    Prep Time: 60 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 4

    Ingredientes

    • 250 g. de farinha de trigo
    • 125 g. de manteiga picada
    • 125 g. de açúcar
    • 1 ovo
    • 1/2 xícara de suco de limão siciliano
    • Raspas de 2 limões sicilianos
    • 100g de açúcar
    • 4 gemas
    • 3 colheres de sopa de maizena
    • 1 colher de sopa [15g] de manteiga.
    • 4 claras
    • 200 g de açúcar

    Mode de Preparo

    1. Massa: Peneire a farinha e o açúcar e misture ambos. Abra uma pequena cova no meio e coloque a manteiga amolecida. Em seguida junte o ovo. Una os ingredientes (sem sovar) até que estejam misturados. Leve a geladeira, envolvido em um filme plástico, por 30 minutos. Após esse período, forre uma forma de 22 cm com a massa. Leve ao forno a 180º por uns 20 minutos ou até ela ficar dourada.
    2. Recheio: Complete com água o suco de limão até obter 300 ml. Leve ao fogo com as raspas e o açúcar. Dissolva a maizena em um pouquinho de água e adicione a mistura. Mexa até ferver e engrossar. Retire do fogo e deixe esfriar um pouco. Em seguida despeje as gemas peneiradas batendo rapidamente (para que elas não formem grânulos). Adicione a manteiga e mexa até que fique homogêneo.
    3. Montagem: Com a massa já pré-cozida, adicione o recheio.
    4. Cobertura: Bata as claras em neve bem firmes e adicione o açúcar aos poucos. Você terá um belo merengue brilhante. Espalhe em cima da torta formando um bico. Eu usei o saco de confeitar (eu e ele não nos damos muito bem, mas seguimos tentando fortificar nossa amizade).
    5. Leve ao forno pre-aquecido até o merengue ficar dourado. Depois de fria, leve a geladeira e sirva bem geladinha!
  • Comédia,  Doces,  Drama

    Toda Forma de Amor & Panquecas com doce de leite

    O filme começa com Oliver (Ewan McGregor) na casa dos pais recolhendo e separando coisas que vai levar consigo ou jogar fora alguns dias após a morte do pai. Hal Fields foi casado durante 44 anos e foi gay uma vida toda, porém só assumiu isso para o filho e a sociedade após a morte de sua esposa.

    Você me faz rir, mas não é engraçado.

    Arthur, o cachorro. Não tem como você não se apaixonar por aquele pequeno Jack Russel simpático ouvinte e conselheiro.

    Vamos falar de Christopher Plummer? O ator de 83 anos dá um banho de atuação que acabou por lhe render o Oscar e Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante em 2012. No papel de Hal ele revela um homem que, apesar da idade avançada e acometido por uma doença grave, não tem medo de viver e curtir muito o que lhe resta ainda. E é esse olhar de admiração que vemos muitas vezes vindas do filho para ele. Poderia ter até uma legenda: “se ele consegue, eu posso arriscar também”. O que falta, as vezes, é um pouco de coragem.

    Seis meses depois, meu pai me disse que era gay. Tinha acabado de fazer 75 anos. Sempre me lembro que ele estava com um suéter roxo quando me contou, mas na verdade ele vestia um robe.

    O filme tem umas cenas narrativas que me lembraram muito “O fabuloso destino de Amelie Poulain” – acredito que esse tipo de coisa faz com que as personagens se aproximem mais do público, quase como uma conversa com um amigo. É um filme leve, que rende de boas risadas a lágrimas bonitas e nada cansativo.

    Em uma festa a fantasia onde Oliver vai vestido de Freud, ele conhece a bela Anna (Mélanie Laurent), uma jovem atriz que mora em um hotel e leva uma vida de idas e vindas por conta de seus testes e gravações. Aquela identificação mágica que se dá quando a gente se apaixona por alguém é o que acontece entre eles dois. Um mix de risadas, papos longos e sérios e olhares que dizem mais do que as palavras poderiam fazer. Teria ele coragem de agora se arriscar nesse romance, contrariando todas as frustradas relações anteriores e, principalmente, tirar da mente a relação morna e estereotipada que via entre o pai e a mãe?

    Seríamos todos nós iniciantes (Beginners – como o título original do filme) no amor, como a bela e jovem Anna, como Oliver e seus 30 e poucos doloridos anos ou como Al que a beira da morte e quase 80 anos se joga em um romance?

    Trailer:

    Assista e depois me conte =)

    Hoje teremos panquecas doces para acompanhar o post. Porque a vida tem um sentido ainda maior quando se tem um bocado de açúcar, amor e pequenas alegrias.

    Panquecas de doce de leite

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 2

    Ingredientes

    • 1 xíc. de farinha de trigo
    • 1 1/2 xíc. de leite
    • 1 colher de café açúcar
    • 1 colher de sopa de manteiga
    • 1 ovo
    • Doce de leite
    • Queijo branco

    Modo de Preparo

    1. Bata no liquidificador o ovo, leite, açúcar e a manteiga por alguns minutos até misturar bem. Em seguida acrescente a farinha e bata ate obter uma mistura homogênea. Deixe descansar por uma meia hora.
    2. Aquela uma frigideira anti-aderente e pincele um pouco de manteiga (você só precisará fazer isso para a primeira panqueca). Com uma concha coloque a massa no centro e vá virando a frigideira para que ela se espalhe por todo o fundo. Espere alguns segundos e vire. Faça o mesmo até acabar a massa.
    3. Recheie com o doce de leite e uma fatia de queijo branco. Sirva em seguida.
  • Drama,  Salgados

    Sonata de Tokyo & Linguado com requeijão

    Tive o prazer de vislumbrar há algum tempo o filme “Sonata de Tokyo”. Foi com grande emoção que passei o filme todo achando tudo muito triste e simbólico e, ao mesmo tempo, tão real na nossas vidas.

    O filme relata a vida de um pai de família que perde o emprego que tinha há anos e vai para as filas enfrentar a vida, já em idade avançada, mostrando assim o problema social passado pelo Japão com relação ao desemprego.

    O que mais impressiona na película é a maneira como é mostrada o modo totalmente patriarcal e, muitas vezes até rude, de ser a família japonesa.

    O pai não conta a família sobre o desemprego e passa os dias em filas de agências e comendo em centros comunitários. Enquanto isso, quando chega em casa, mantém aquela postura de “dono da família” e mandatário de todos os problemas familiares.

    Uma cena muito peculiar foi quando ao sentarem para o jantar, todos aguardam ele tomar a cerveja e só depois disso que podem começar a se alimentar.

    Outro fato impressionante, é como a vida econômica pode abalar o ser humano, como no exemplo mostrado, onde um homem mata toda a sua família e comete suicídio, depois de ter cansado de procurar emprego e não conseguir.

    Sonata de Tokyo mostra também a grande dificuldade dos pais se relacionarem com os filhos. Um deles queria servir ao mundo e foi para o exército, o outro apenas queria tocar piano. Nada disso é apoiado pelo pai, somente pela mãe.

    Trailer:

    Linguado com requeijão

    Tempo Prep : 15 mins
    Tempo Coz: 30 mins
    Serve: 1

    Ingredientes

    • 1 filé de linguado
    • Suco de meio limão
    • Pimenta do reino a gosto
    • 1 pitada de sal
    • 1 pitada de cominho
    • 1 pitada de gengibre em pó
    • 1 pitada de canela em pó
    • 2 colheres de farinha de trigo
    • 2 colheres de manteiga
    • 1 dente de alho esmagado
    • 1/2 cebola picada
    • 4 champignons fatiados
    • 2 colheres de requeijão
    • 2 colheres de leite

    Mode de Preparo

    1. Tempere o linguado com o suco de limão, sal, pimenta do reino, cominho, gengibre e a canela. Deixa tomar gosto por mais ou menos 1 hora na geladeira. (aconselho envolver em um filme plástico ou em um saquinho bem fechado para que não fique cheiro de peixe na sua geladeira )
    2. Quando passar esse tempo, pegue o filé e passe levemente na farinha de trigo. Bata cuidadosamente para tirar o excesso.
    3. Em uma frigideira leve uma colher de manteiga para derreter. Quando estiver aquecida deite o filé e deixe que doure de um lado e do outro. Acomode no prato que irá servir e reserve.
    4. Adicione mais uma colher de manteiga a frigideira, coloque a cebola e o alho para refogarem. Quando estiverem douradinhos acrescente os champinons fatiados.
    5. Adicione uma pitada de sal. Junte o requeijão e o leite. Mexa levemente até que se forme um creme bonito. Coloque o filé no prato e regue com o molho de requeijão.
    6. Sirva com arroz branco. Simples, né? Bom apetite =)
  • Drama,  Salgados

    Sad Vacation & Espaguete de Salmão

    Sad Vacation é um filme intenso. Inicialmente conta um pedaço da história de outro filme do mesmo diretor chamado “Helpless”. O filme anterior conta a história de Yasuo Matsumura (um ex-gangster da Yakuza), sua irmã Yuri e Kenji. Yasuo ficou preso por 5 anos após ter assassinado 6 pessoas e estavam com ele Yuri e Kenji. Ambos sumiram depois do massacre e dez anos depois disso começa Sad Vacation.

    Kenji, vivivo por Tadanobu Asano (considerado um dos melhores atores japoneses da atualidade), cuidou durante todos esses anos de Yuri e adotou um menino órfão chinês. Existe muito amor e cuidado dele para com essas pessoas, ao longo do filme vai se entendendo o porque disso. Kenji foi abandonado pela mãe quando era pequeno. Ele volta a encontrá-la no meio do filme.
    Nesse retorno da mãe a sua vida, temos diálogos doloridos, cenas de ciúmes dos outros filhos e a demonstração de tentar sempre ”manter as aparências” que a mãe dele tem.

    Kenji tem sempre trabalhos alternativos. São cenas engraçadas e peculiares. As pessoas acham que a gente não pode rir em um filme japonês, mas já perdi as contas de quantas vezes isso já aconteceu.
    Numa dessas malucas jornadas de trabalho ele conhece uma mulher. Temos aí uma das cenas mais belas do filme – mostra que o amor surge de repente e que ele espera. Ele sempre espera quando é verdadeiro. Indescritível a sensação de conforto que ele tem quando volta para os braços dela. Ela se transforma no porto-seguro dele que teve uma vida tão devastada emocionalmente.

    Não posso dizer que esse filme é feito apenas de coisas fáceis de encarar. Temos cenas duras e conversas fortes. Porém, como diria nosso amigo Schopenhauer:

    Devemos rir ainda que estejamos em um período difícil. Pois a alegria é uma exceção heroica e sempre desejável em nossa existência.

    Pegou?

    Sad Vacation me surpreendeu, me emocionou e me deixou pensando em muitas coisas. Vale muito a pena ver, sem falar na trilha sonora que é uma delícia…

    Trailer:

    Essa receita é jogo rápido, se você está cansado, com preguiça ou sem tempo, esse prato é daqueles que ficam prontos em coisa de meia hora, no maior estilo Jamie Oliver 30 minutes meals! Como eu não tinha penne fui de espaguete mesmo e ficou excelente!
    Eu reduzi a receita para uma porção para 2 pessoas. Não adicionei a farinha de trigo (que tem na receita original) pois usei creme de leite de caixinha que já é mais denso que o fresco. Acrescentei cogumelos porque eu gosto muito. 😉
    Vamos a receita?

    Espaguete de salmão

    Temo Prep: 30 mins
    Tempo Coz: 15 mins
    Serve: 1

    Ingredientes

    • 250g de salmão cortado em cubos
    • 250g de espagueti
    • 1 caixinhas de creme de leite
    • 1 cebola pequena picada
    • 1/2 xícara de café da vinho branco seco
    • 150g de cogumelos
    • Azeite de oliva
    • Salsinha
    • Manjericão
    • Pimenta fresca
    • Sal

    Modo de Fazer

    1. Coloque água para aquecer em uma panela, quando ferver, adicione a massa e cozinhe conforme indicado na embalagem.
    2. Esquente bem uma panela, acrescente o azeite. Passe o salmão apenas para dar uma selada. Adicione a cebola. Tempere com a pimenta do reino e um pouco de sal. Acrescente o vinho. Em seguida coloque os cogumelos e dê uma refogada, de leve, por uns 3 minutos.
    3. Junte as ervas e o creme de leite. Deixe com que ele aqueça, mas não ferva. Jogue o molho na massa escorrida e pronto!
  • Comédia,  Doces

    Românticos Anônimos & Bolo de Chocolate

    Românticos Anônimos (Les émotifs anonymes) é um daqueles filmes que servem para alegrar aqueles dias indóceis. Assim como o chocolate, que é praticamente o protagonista do filme.

    – Muitos associam o chocolate aos doces.
    – Quando, de fato…
    – O amargor?
    – Como?
    – O importante no chocolate é o amargor.
    – Sim, o amargor…
    – É o amargor disfarçado que o distingue dos doces.

    Já pensou em um grupo de ajuda para tímidos? Como em uma reunião do AA, as pessoas vão lá para dizer que não conseguem se comunicar, expor seu sentimentos ou emoções para os outros. Do nervosismo ao suor nas mãos em situações que passam, as reuniões são sempre muito cheias de desabafos.

    Temos Angelique e Jean-René. Ela é uma especialista em chocolate que vai em uma entrevista de emprego na pequena fábrica de chocolate dele, que beira a falência. Durante a conversa ela não consegue dizer ao que veio, então acaba por aceitar o cargo de representante de vendas. O que ela não sabe é que ele sofre do mesmo mal dela: é um tímido crônico. Ele se trata com um terapeuta, que passa para ele pequenos exercícios para superar isso.

    O que não se imaginava é que os dois iriam se apaixonar. Já pensou que coisa complicada dois tímidos tentando dar o primeiro passo?

    O filme é delicado e encantador. Bem leve e cheio de momentos de risadas. Um boa comédia romântica para assistir comendo um pedaço de bolo de chocolate e tomando uma xícara de chá.

    – Minhas mãos estão suadas.
    – Não me importo.
    – Meu estômago está roncando.
    – É bonito.
    – Fico sempre ruborizada.
    – Acho deslumbrante.
    <3

    Sabe bolo que sempre dá certo? Assim que considero as receitas do livro da Rita Lobo: Panelinha, receitas que funcionam. Esse é daqueles bolos que fica com uma casquinha em cima e macio por dentro. Verdadeiro desbunde. Vamos a receita?

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    Bolo Fofíssimo de Chocolate

    Prep Time: 60 mins
    Cook Time: 30 mins
    Porções: 8

    Ingredientes

    • 4 ovos
    • 1 xícara (chá) de açúcar
    • 1 xícara (chá) de chocolate em pó
    • 1 xícara (chá) de óleo
    • 1 xícara (chá) de água quente
    • 2 xícaras (chá) de farinha de trigo 1 colher (sopa) de fermento
    • 1 colher (sopa) de fermento

    Modo de Preparo

    1. Ligue o forno a 180ºC (temperatura média). Unte uma forme com buraco no meio com manteiga e polvilhe com farinha de trigo.
    2. Peneire o açúcar e o chocolate em pó. Junte os ovos e o óleo e bata na batedeira por alguns minutos. Vá adicionando a farinha (também peneirada) aos poucos. Intercale adicionando a água. Por último coloque o fermento e mexa com cuidado.
    3. Coloque na forma e leve ao forno por uns 30 minutos, faça o teste do palito, se sair limpo, já sabe…está pronto =)

    Obs:

    Receita original no site do Panelinha
  • Drama,  Salgados

    2046 & Yakissoba de Carne

    Todos que me conhecem sabem do meu amor incondicional pelo diretor chines Wong Kar-Wai. Já falei de filmes dele algumas vezes aqui no Cozinha, sobre os filmes Blueberry Nights e In the mood for love. Não é por acaso que uma imagem do filme estampa o layout do blog. Considero 2046 um dos meus TOP5 filmes de ‘cabeceira’.

    2046 faz parte de uma trilogia. O primeiro filme é “Days of being wild” (no Brasil, Dias Selvagens), seguido de In the Mood for love e por fim 2046.

    Todas as lembranças são rastros de lágrimas.

    Ainda não era grande conhecedora da obra de Kar-wai quando assisti a 2046. Acabei por vê-lo antes dos dois outros filmes, por não saber que se tratava de uma sequência. Confesso que não fez diferença no entendimento do drama e trama. Até acredito que foi melhor ter visto o último antes dos outros.

    2046 é um filme complexo, com fotografia incrível e impecável (temos aqui o último filme com a parceria com Chris Doyle, o melhor diretor de fotografia já visto no mundo, na minha singela opinião), uma trilha sonora que vai desde Nat King Cole a Casta Diva e temos então a sequência da história de vida do Sr. Chow, vivido pelo ator chines Tony Leung Chiu Wai.

    2046 não começa de onde In the mood for love parou. Kar-wai conseguiu em 5 anos de filmagem mudar o filme diversas vezes.

    Década de 60, Sr. Chow está de volta a Hong Kong, onde começa a morar em um hotel. Ele está em frente ao quarto 2046. Está mudado, a vida o transformou em um tipo conquistador quee começa a se relacionar com mulheres que passam em sua vida.

    Ao mesmo tempo que vai a jantas e noitadas de bebedeiras, ele começa a escrever uma história de ficção científica, passado em um trem, com andróides que tem emoções retardadas, onde todos tentam encontrar suas memórias perdidas…a história chama “2046”.

    Temos em metáforas toda a vida dele, seu amor perdido, seus romances do presente, as dores, saudades, esperanças retratados nessa história que se mistura com o filme em si.

    Kar-wai, mais uma vez genial, mistura a ficção com a realidade fazendo com que o filme seja um transbordar de sentimentos e conclusões nem sempre felizes.

    Imagens em preto e branco se mesclam com coloridos intensos das cabines do trem. Sensações de perda e um vazio que só se vai sentir depois de algum tempo, como acontece com as atendentes andróides.

    Por outro lado temos um homem que foi machucado pela vida e resolveu seguir a linha oposta do que sempre foi. Mas não consegue viver assim.

    Lembra que lhe falei que havia uma coisa que nunca poderia emprestar?

    Não é possível se emprestar o amor. O amor não é algo que se possa deixar por alguns instantes com alguém, nem que seja para confortá-la um pouco. 2046 teoriza com o amor. Discute com a gente mesmo sobre o que realmente achamos que ele é. 2046 é dolorido, lindo, marcante e exuberantemente perfeito.

    Desejo, espaço, tempo e memória. Isso é 2046.

    Para comer assistindo o filme eu resolvi que poderíamos ter um prato típico da China, óbvio, pois “nada muda em 2046” e nada mais chinês e amor que Yakissoba. Então vamos lá!

    Yakissoba de Carne

    Prep Time: 60 mins
    Cook Time: 30 mins
    Serve: 4

    Ingredientes

    • 500g de macarrão para Yakissoba
    • 400g de carne vermelha de sua preferência (usei coxão de dentro)
    • 1 dente de alho picado
    • 150g de brócolis cortado em buquês pequenos
    • 100g de couve-flor cortado em buquês pequenos
    • 1 cebola cortada cubos grandes
    • 1 cenoura cortada em tiras
    • 100g de repolho cortada em cubos
    • 150g de champignon
    • 1 xícara de chá Shoyu
    • 1/2 colher de sopa de açúcar
    • 1/2 xícara de chá de água
    • 1 colher de sopa de amido de milho
    • 1/2 colher de sopa de óleo de gergelim torrado
    • 4 colheres de óleo de girassol (ou de sua preferência para refogar)

    Modo de fazer

    1. Cozinhe o macarrão em mais ou menos 2 litros de água fervente. Escorra.
    2. Aqueça uma panela Wok (de preferência) e adicione um 2 colheres de óleo de girassol, jogue o macarrão para fritar por alguns segundos. Reserve. Agora na mesma panela, que já está quente, coloque mais um pouco do óleo e frite a carne. Reserve. Nesse momento você vai fritar os legumes: coloque o alho a cebola, o brócolis, a cenoura, couve-flor e o repolho e os cogumelos. Deixe refogar por uns 2 minutos. Depois disso volte as carnes a panela, junte o shoyu, o açúcar, a água e o óleo de gergelim. Deixe refogar por alguns minutos.
    3. Dissolva o amido de milho em um pouco de água e adicione, mexendo até que engrosse um pouco o molho. Junte o macarrão a panela e sirva em seguida.
  • Drama,  Salgados

    “Chuva” & Sopa de Capeletti

    “Chuva” (Lluvia) é um filme argentino de 2008 que fala basicamente sobre a dor da perda. Seja ela temporária, como uma separação, ou eterna, como a morte.
    De tomadas simples e uma bela fotografia, o filme é completamente sensível e humano. A diretora Paula Hernández vai além das expectativas em uma história feita de uma série de coincidências, ambientadas na cidade de Buenos Aires. Ou não seriam coincidências?
    No filme temos Alma – interpretada genialmente por Valéria Bertucceli – que é uma mulher de uns 30 anos que acaba de se separar e começa a viver dentro do carro. Do outro lado vemos Roberto (Ernesto Alterio ) um homem que veio da Espanha para enterrar seu pai, com quem não falava há 30 anos. Eles se conhecem acidentalmente. No meio do trânsito, chuva, caos e meia dúzia de palavras.
    Há todo um simbolismo entre a chuva e o estado de espírito das duas personagens no filme. Uma reflexão sobre a vida e as dores de cada uma.
    O que nos passa é que a diretora queria nos mostrar que ainda há um pingo de esperança na busca da felicidade. Um ombro humano e amigo quando mais se precisa e não se tem ninguém.
    Um estranho que se torna tão próximo que não há limite para a intimidade que isso possa criar. Poderiam apenas ter passado um pelo outro sem querer saber porque o outro sofria, ou o que escondiam aquelas lágrimas que caiam. Um belo filme e o cinema argentino acaba por sempre me surpreender. Por isso sigo a procurá-lo.

    -Ele tinha alguma família aqui?
    -Nem família, nem nada. Sua casa era um grande piano…e uma cama de solteiro.
    -É o que ele escolheu.
    -O que ele escolheu ou o que lhe foi deixado…
    -O que você disse?
    -Estou dizendo, é o que ele escolheu ou o que lhe foi deixado?
    -Não, é o que ele escolheu.
    -Ele escolheu isto.
    -Para se isolar, desaparecer e viver a vida que viveu.
    -Bem, talvez ele não pôde encontrar o caminho… não sei…
    -Às vezes, você não pode decidir, é só o que lhe sobra.
    -Quando se tem um filho…o que não se pode fazer é escolher.
    -Você tem que estar lá.
    -Não pode desaparecer durante a noite…como se não tivesse responsabilidades.
    (Roberto falando sobre o pai em Lluvia)

    E o que sopa de capeletti tem a ver com tudo isso? É simples: sopas quentinhas com massas gostosas são aconchegantes em dias frios e de chuva. Também dão uma confortada na alma…
    Eu não gosto de sopas aguadas. Geralmente prefiro as sopas-creme, as com massas, com menos líquido, e mais encorpadas. E assim é que fica a minha sopa predileta de todas as horas.

    Sopa de Capeletti

    Prep Time: 60 mins
    Cook Time: 40 mins
    Yields: 2

    O que você vai precisar?

    • 250g de capeletti de frango
    • 250g de peito de frango em cubos
    • 2 cenouras médias em cubos
    • 1 tomate sem semente picado
    • 1 cebola picada
    • 2 dentes de alho
    • Azeite de oliva
    • 1 cubo de caldo de frango
    • 1 litro de água quente
    • Pimenta do reino
    • Salsinha
    • Orégano
    • Queijo parmesão ralado

    Como fazer?

    1. Em uma panela aqueça o azeite de oliva e refogue o frango. Deixe ele corar. Coloque a cebola, em seguida o alho. De uma leve fritada, misturando bem ao frango. Adicione o tomate picado e a cenoura. Coloque então o caldo de frango, pimenta do reino, o orégano e por fim despeje a água quente por cima.
    2. Deixe cozinhar, com a panela semi-tampada, em fogo baixo por uns 20 minutos, mexendo de vez em quando. Prove o sal. Se achar necessário, adicione mais um pouco. Eu geralmente não coloco, pois o caldo de galinha já tem sal suficiente para minha pressão alta =) Adicione então os capelettis e deixe o tempo que é indicado na embalagem deles. Desligue o fogo, adicione a salsinha picada. Na hora de servir polvilhe com queijo parmesão ralado.

    Um pouco de história….

    Os cappelletti surgiram como uma evolução dos ravioli. No século 13, os ravioli já encantavam os nobres e os plebeus do norte da Itália. Esses pasteizinhos com forma quadricular eram recheados com queijo ou com carne. Com o decorrer do tempo, após muitos enganos na hora de servi-los, passaram a diferenciar um recheio do outro através de formatos diferentes. Os de queijo mantiveram no forma quadricular. Já os de carne passaram a ter a forma de um triângulo, com uma de suas pontas retorcidas. Esta nova forma era semelhante a de um chapéu de bico, e daí veio o nome – capelleti significa “chapeuzinhos” em italiano. A tradição diz que os ravioli não podem ter carne em seu recheio, enquanto os cappelletti não utilizem queijo. (Fonte: Spoleto)