Receitas

  • Comédia,  Romance,  Salgados

    Valentin & Talharim ao Funghi Secchi

    Adotei essa frase para a minha vida desde que assisti pela primeira vez a esse filme argentino de 2003:

    Enfim, a vida é um talharim!

    Valentin é um menino de 8 anos que mora com a avó (vivida pela sensacional Carmem Maura). Acho muito sonoro como se diz avó em espanhol “abuela”. Sonoridades a parte, ele é uma daquelas crianças inventivas, que sonha em ser astronauta. Não se priva de tentativas engraçadas, treinando para quando estiver no espaço, luta contra uma falta gravidade inventada e é cheio dos apetrechos.

    Valentin é apaixonante.

    Aquele pequeno garoto com um óculos enorme, um coração gigante e uma vida curta e já tão sofrida. Os pais se separaram e sua mãe foi embora, o deixando com a avó. O pai pouco lhe visita.

    Valentin é o tipo de menino querido, conselheiro dos vizinhos e amigos, do seu modo singelo e sem nenhuma maldade. Ele fica se indagando porque a vida cria tantos obstáculos para ser bem vivida. Um dos requisitos para ele seria ter uma madrasta loira, inteligente e linda. Só isso e algumas coisinhas mais. Com a doçura da pureza de uma criança, Valentin nos pega pela mão e vai nos levando durante o filme, entre lágrimas e risadas é um dos grandes títulos do cinema argentino de todos os tempos, na minha singela opinião.

    Nada mais ÓBVIO que eu fazer uma receita de Talharim hoje, né?

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    Talharim ao Funghi Secchi

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 18

    Ingredientes

    • 200 g de talharim
    • 1 xic. de vinho branco seco (se quiser podes usar água para hidratar, mas o vinho dá um tcham no sabor)
    • 1 lata de creme de leite sem soro
    • 30 g de funghi secchi
    • 1 cebola picada
    • Sal a gosto Pimenta do reino moída na hora a gosto

    Modo de Preparo

    1. Coloque o funghi para hidratar no vinho. Deixe por ali por uns 15 minutos, depois desse tempo escorra e reserve o caldo do vinho. Enquanto isso coloque a água em uma panela para cozinhar a massa.
    2. Quando a agua estiver fervendo adicione um pouco de sal. Despeje a massa, que deve estar cozida em cerca de 10 minutos.
    3. Vamos fazendo o molho colocando as cebolas para dourar no azeite, quando estiverem coradas, acrescente o funghi escorrido (eu geralmente não os corto, deixo do tamanho que eles vem, acho mais saboroso). Tempere com o sal e a pimenta do reino. Despeje o líquido que ficou da hidratação e deixe apurar por uns 3 minutos até que evapore um pouco. Prove o sal, acrescente o creme de leite, mexa bem até incorporar.
    4. Escorra a massa, adicione o molho por cima e sirva em seguida.

     

  • Drama,  Salgados

    360 & Pastel de Palmito

    Fernando Meirelles para mim é sempre bom. Como não se emocionar no tão conhecido “O Jardineiro Fiel” e na adaptação ao cinema do livro do Saramago “Ensaio sobre a cegueira”? Em “360” temos uma adaptação da peça “La Ronde”, de Arthur Schnitzler.

    Só se vive uma vez. Quantas chances ainda temos?

    Uma mistura de várias histórias e personagens que acabam se chocando no meio da trama. Uma história circular. Alguns pensarão: ah, mas isso já é comum no cinema…porém, vos digo, não com a maestria da direção de Meirelles, que faz com que nada disso fique cansativo e confuso. E o roteiro incrível de Peter Morgan tem claramente, muita importância nisso. Fiquei a me lembrar de “Babel” do Iñárritu, mas achei 360 menos complexo e político que o filme do querido diretor mexicano.

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    Duas irmãs na Áustria que estão juntas em uma curiosa vida: a mais velha resolve se prostituir para conseguir dinheiro e sair da pobreza, enquando a mais nova só a acompanha, sempre lendo livros e demonstrando uma bondade e generosidade que nos encantam. O primeiro cliente de Mirka será o executivo vivido por Jude Law, que por sua vez é casado e mora em Londres com Rose (Rachel Weisz) que está tendo um caso com Rui, um fotógrafo brasileiro (interpretado pelo excelente Juliano Cazarré), que namora Laura (Maria Flor).

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    Laura ao descobrir a traição pega suas coisas e vai embora de volta ao Brasil. No avião conhece John (Anthony Hopkins) que está viajando em busca do paradeiro da filha desaparecida. Em uma das escalas ela acaba por se deparar com Tyler (Ben Foster) que em um papel ótimo, interpreta um ex-presidiário que esteve na cadeira por crimes sexuais. A cena do encontro dos dois é simplesmente incrível, alternando momentos que dá um pânico total e doçura, pelo medo dele não conseguir seguir na reabilitação e cometer algum crime contra Laura, que fica de ir jantar com John e simplesmente vai para o quarto de hotel com Tyler.

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    Com uma trilha sonora impecável o filme vai nos conduzindo e nos prendendo entre todas as histórias. Menção pra lá de honrosa ao Hopkins que está em um dos seus melhores papéis. Contou ele, em uma entrevista, que aquilo tudo foi um pouco da história dele. Em uma cena memorável da reunião do AA, há um monólogo digno de chorar e rir ao mesmo tempo.

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    As coisas ainda dão muitas voltas nas cenas em que temos o tão querido Jamel Debbouze (o eterno Lucien de O Fabuloso destino de Amelie Poulain) interpretando aqui um dentista muçulmano que se apaixona por sua assistente casada. Fica ele então em um impasse sobre a sua religião (que é totalmente contra o adultério) e o amor encantador que ele está a sentir por Valentina (Dinara Drukarova), que por sua vez é casada com um funcionário de um mafioso que contrata a prostituta Mirka para um programa em sua passagem pela cidade.

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    Sergei (Vladimir Vdovichenkov) faz um tipo caladão, que está tentando aprender inglês com aulas de cds e ao mesmo tempo se vê com um problema (que foi o pedido de divórcio da mulher) e sem poder resolver isso, sai para buscar o patrão no aeroporto. Enquanto espera o chefe do lado de fora do Hotel, acaba conhecendo a irmã de Mirka, com quem tem uma sintonia imediata e incrível. E agora, como será o desfecho de todas essas histórias? Ficou curioso? Veja o filme e depois me conte o que achou =).

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    Cruze os dedos por mim. Deseje-me sorte.
    Como eu desejo a você.
    Talvez um dia as bifurcações que pegamos…
    e aquelas outras tomadas antes das nossas,
    nos levem a juntar-nos outra vez…

    Trailer:

    O filme de hoje vai ser acompanhado por Pastel de Palmito. Em homenagem a brasilidade de Fernando Meirelles essa receita que é algo que praticamente só existe no Brasil, e confesso, é um dos meus pastéis preferidos sempre.

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    Pastel de Palmito

    Tempo Prep: 60 min
    Tempo Coz: 30 min
    Serve: 12-15 unidades

    Ingredientes

    • 1 pacote de massa para pastel
    • 1 vidro de palmito em rodelas
    • 1 cebola média picada
    • 1 tomate médio picado
    • 2 dentes de alho
    • 2 colheres de azeite de oliva
    • Sal a gosto Pimenta do reino a gosto
    • 1 colher de vinagre balsâmico
    • 1/2 xic. de água
    • 1 colh de chá de maizena
    • Salsinha picadinha a gosto
    • Queijo Catupiry
    • Óleo para fritar

    Modo de Preparo

    1. Aqueça o azeite e refogue a cebola e o alho. Quando estiverem dourados, acrescente o tomate e o palmito. Deixe refogar em fogo baixo. Agora adicione o vinagre, o sal, a pimenta e mexa cuidadosamente para não destruir os palmitos. Em seguida, misture a maizena na água até dissolver bem e adicione a panela. Mexa tudo até formar um leve caldo grosso, que unirá os itens do recheio. Coloque a salsinha e deixe esfriar.
    2. Coloque um pouco de catupiry em cada massa de pastel, adicione uma colher de sopa de recheio e feche.
    3. Frite em óleo quente, escorra no papel toalha e agora é só servir.
  • Doces

    Tartelette de Figos

    Trazendo hoje um post coletivo com algumas ideias para adoçar o seu natal!

    Vamos nessa?

    Culinarístico: Pudim de chocotone
    Fica, vai ter sobremesa: Creme de framboesa
    Cupcakeando: Cupcake de Chocolate e Praliné de Amêndoas

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    Tartelette de Figos

    Prep Time: 60 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 4

    Ingredientes

    • 250 g. de farinha de trigo
    • 125 g. de manteiga picada
    • 125 g. de açúcar
    • 1 ovo
    • 500 ml de leite
    • 120 g de açúcar
    • 4 gemas
    • 2 colheres de extrato de baunilha
    • Raspas de 1 fava de baunilha
    • 2 col sopa de farinha de trigo
    • 2 col sopa de maizena
    • Figos em calda*

    Modo de Preparo

    1. Massa: Peneire a farinha e o açúcar e misture ambos. Abra uma pequena cova no meio e coloque a manteiga amolecida. Em seguida junte o ovo. Una os ingredientes (sem sovar) até que estejam misturados. Leve a geladeira, envolvido em um filme plástico, por 30 minutos. Após esse período, forre 4 forminhas de 11 cm com a massa, ou ainda se quiser fazer uma Tarte só coloque em uma forma de 30 cm. Leve ao forno a 180º por uns 15 minutos ou até ela ficar dourada. Reserve e deixe esfriando.
    2. Creme de Confeiteiro: Leve ao fogo o leite, o extrato de baunilha e as raspas. Deixe levantar fervura e desligue. Em um recipiente coloque as gemas e o açúcar e bata até atingir uma mistura clara e homogenea. Como uma gemada, sabe? Peneire a farinha e a maizena na gemada e misture bem. Adicione metade do leite fervido e mexa até ficar uniforme. Volte com a mistura para o fogo, incorporando ao resto do leite que estava esperando. Mexa sem parar e deixe cozinhar por mais ou menos 1 minuto. Reserve.
    3. Montagem: Coloque o creme em cima da massa, distribua os figos em cima, regue com um pouco da calda. Deixe na geladeira por, no mínimo, 2 horas. Na hora de servir polvilhe açúcar de confeiteiro em cima.

    Obs:

    *Podes usar figos em calda, o que eu acho mais prático, já que no Natal é uma correria só. Então precisarás de uma lata de figos em calda. Como eu tinha comprado figos frescos resolvi usá-los, então antes de tudo, foi preciso fervê-los por uns 30 minutos em água quente, com um pequeno corte em X no fundo deles. Após isso, faça uma calda com o 1/2 xic. açúcar e 1 xíc. de água, corte os figos em 4 e deixe ferver até que eles estejam macios e a calda tenha reduzido bem. Deixe esfriar bem antes de usar. Açúcar de confeiteiro para decorar.
  • Policial,  Salgados,  Suspense

    I Saw the Devil & Torta de Liquidificador

    Mais um surpreendente filme sobre vingança. Tema muito abordado pelo cinema Coreano, onde já tivemos a Trilogia da Vingança de Park (Sr. Vingança, Oldboy e Lady Vingança), além de inúmeros outros filmes que seguem a mesma temática, porém “I saw the devil” surpreende por deixar o expectador literalmente ‘grudado’ na tela por incríveis duas horas e vinte e quatro minutos.

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    Um filme tenso, violento e extremamente impactante. Conclui-se que a vingança é um dos sentimentos que mais move uma pessoa. O ódio muitas vezes faz muito mais que o amor. Ela fica possuída por sensações que jamais imaginou. Tem ações fortes e decididas e toma atitudes que podem resultar em algo que ela sequer imaginou.

    Em “I saw the devil” o protagonista, vivido por Lee Byung-hun, é um policial, em um estilo FBI , que tem a noiva assassinada por um psicopata. A partir de então ele começa uma caçada em busca do assassino e também sua vingança.

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    O assassino maníaco é vivido por Choi Min-sik (o eterno “Oldboy”) em uma atuação, como sempre, belíssima e totalmente convincente no papel de um homem solitário, com problemas de família e psíquicos. Na cena inicial do filme, mostra o casal falando ao telefone, para demonstrar o quanto era bonita aquela relação. Acho que é por isso que dá mais angústia durante o filme e entende-se o amargor da situação.

    O filme segue uma linha “caça e caçador”. A direção de arte e fotografia esbanja sabedoria, nos fazendo entrar no clima do filme (prepare-se para pular no sofá e abraçar fortemente almofadas).

    Um incrível Thriller dirigido por Kim Ji-woon o mesmo de A Bittersweet Life.

    Trailer (para mentes controladas e corações fortes):

    A receita que acompanha o filme é uma Torta de Liquidificador, porque quando se está vendo um filme desses é melhor não segurar nem garfos, nem facas e poder comer com mão! Brincadeiras a parte, achei interessante combinar essa receita com o filme, pois temos aqui um prato que pode ser um jantar ou apenas um lanche, fica pronto rapidinho o que te dá mais tempo para encarar as quase 2 horas e meia de filme!

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    Torta de Liquidificador

    Tempo Prep: 60 min
    Tempo Forno: 40 min
    Serve : 4 porções

    Ingredientes

    • 3 ovos
    • 2 copos de leite
    • 1/2 copo de óleo
    • 2 copos de farinha de trigo
    • 4 colheres (sopa) cheias de parmesão ralado
    • 1 colher de sopa de fermento em pó 1 pitada de sal Queijo parmesão ralado para polvilhar no final
    • 1 pitada de sal Queijo parmesão ralado para polvilhar no final

    Modo de Fazer

    1. Coloque todos os ingredientes líquidos no liquidificador e bata por alguns minutos. Em seguida adicione os secos e bata mais um pouco. Unte uma forma com manteiga e farinha de trigo, coloque metade da massa, adicione o recheio (veja dicas de recheios no final da postagem) e cubra com o restante da massa. Polvilhe com queijo ralado. Leve ao forno médio por 40 minutos.

    Dicas de recheio:

    Eu fiz a minha com carne moída, refogada com alho, cebola, tomate, azeitona e um pouquinho de salsinha. Você pode usar o recheio que quiser nessa massa, é muito versátil. Sabe aquele frango assado que sobrou do almoço de domingo? Pode virar um belo recheio para uma torta dessa. Ainda podes usar presunto e queijo picadinhos, com orégano, azeitona e o que mais lhe agradar.
  • Doces,  Drama,  Filmes

    A Partida & Arroz Doce Com Cerejas

    A insustentável leveza das partidas

    A Partida (Okuribito, 2008) é o filme japonês a receber um Oscar em 2009. E o texto começa a partir desta informação não por que os prêmios da academia sejam parâmetro de qualidade no universo das pessoas que fazem este blog – ela compartimenta o mundo inteiro (fora dos EUA) na categoria de cinema estrangeiro e os vencedores costumam ser filmes realizados em países de maioria caucasiana, fatos que, por si, são um atestado de etnocentrismo. Mas, sim, foi a premiação que me fez tomar conhecimento dele.

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    Como participava de um bolão, assisti à cerimônia pela TV e fiquei surpresa ao ver o azarão japonês desbancar a favoritíssima animação israelense Waltz with Bashir – uma bela esquivada americana, não premiando um filme com implicações políticas evidentes. Contradições à parte, Okuribito é um filme que merece ser reconhecido e certamente será apreciado por grandes plateias pois tem todos os elementos que fazem um bom melodrama. Uma bela canção incidental, que por vezes dá “voz” ao sentimento do personagem central, atores sensíveis e expressivos e uma direção que prima pelo intimismo.

    A câmera se coloca como o olho do observador, numa perspectiva que nos faz sentir comodamente sentados naquele canto da sala em que podemos conhecer o entorno das personagens e a intimidade de suas casas. Assistimo onde e o quê comem, os detalhes da porcelana sobre a mesa, onde dormem e se banham, os objetos em sua escrivaninha, os vasos de plantas estrategicamente espalhados, o lugar em que assistem TV e, principalmente, suas ante-salas, fechadas para os rituais restritos aos pequenos círculos de amigos e familiares.

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    Para falar da estranheza da morte numa cultura que a repele, o diretor Yojiro Takita ritualiza a preparação dos mortos para os funerais, nos ensinando a lógica das partidas.

    O filme aborda algumas questões que parecem ser recorrentes no cinema japonês: a valorização do trabalho, a família e a devoção pelo cotidiano. Sua grande qualidade é fazer com que estes três eixos da existência conversem e cheguem a uma conclusão, tendo a morte como cenário. Ao final, percebemos que a fatalidade da vida é trivial como qualquer outra coisa dentro desta.

    E isto acontece quando acompanhamos a trajetória do nosso herói: Daigo Kobayashi. Um rapaz que trocou a cidade pequena pelas grandes possibilidades de Tóquio para realizar o sonho de seus pais: ser um músico notável. Um destino traçado quando, ao três anos, ele ganha do pai um violoncelo.

    Quando, finalmente, se torna violoncelista da orquestra de Tóquio, já em sua primeira apresentação, recebe a infeliz notícia de que, sem patrocínio, a orquestra estava desfeita. Vendo o sonho de uma vida desmanchar diante dos seus olhos, ele percebe, com certo alívio, que talvez ser músico não fosse uma escolha sua.

    Decide recomeçar e propõe a sua esposa Mika (Ryoko Hirosue), uma jovem web designer esfuziante o tempo inteiro, que tentem a vida em sua cidade de origem, onde poderiam morar na casa que sua mãe havia lhes deixado como herança. Com espírito otimista e assumindo a postura cuidadora que a cabe às mulheres nos momentos de adversidade, a moça consente, e segue os rumos do marido.

    E é lá onde ele se depara com a inusual e constrangedora oferta de trabalhar como assistente numa empresa funerária. Emprego que aceita cabisbaixo, também para cumprir sua tarefa de prover o sustento de sua pequena família (sim, estamos falando do Japão, onde a honra do homem é estreitamente associada ao seu papel como provedor e ao desempenho no mundo do trabalho).

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    E o filme nos faz refletir sobre esse “valor” ao nos mostrar uma tarefa depreciada por quase todas as pessoas da trama ser executada com tanta beleza e reverência. A preparação dos cadáveres, com a leveza e o detalhe próprios da cultura japonesa, é uma arte zen, similar aos arranjos florais ou à pintura em aquarela, o que torna mais digno o ato da despedida.

    Daigo faz de seu novo emprego e dessa nova relação com a morte um reencontro com sua própria história. Para isto, no entanto, precisa revirar as caixas tormentosas do passado e realizar as suas próprias despedidas. Junto com ele, aprendemos sobre a importância das coisas simples dessas nossas vidas breves.

    Okuribito é filme para enternecer. Conta com bela fotografia, cenografia bem cuidada e excelentes atores – inclusive os coadjuvantes. E tudo isso ao som de violoncelo.

    Drops:

    :: A idéia original do filme partiu do ator Masahito Motoki, após ler um livro sobre a cerimônia do Noukan (acondicionamento dos mortos).
    :: O título original “Okuribito” significa “enviar pessoas” (no site do imdb:”the sending [away/off] people”) , mas essa palavra não é comumente usada no Japão.
    :: Motoki fez laboratório, atendendo a cerimônias funerárias e também estudou violoncelo.
    :: O filme foi rodado em dez anos.
    :: O diretor estava muito receoso quanto à recepção do filme, já que a morte é um grande tabu no Japão.
    (Esse post foi escrito e publicado originalmente em nosso extinto blog “Quarto 2046” em Maio de 2009.)

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    Arroz Doce Com Cerejas

    Tempo Prep: 60 min
    Tempo Coz: 30 min
    Serve : 4

    Ingredients

    • 1 xíc. de arroz
    • 2 xíc. de água
    • 2 xíc. de leite
    • 6 colheres de sopa de açúcar
    • Raspas de 1 fava de baunilha (depois que tirei as raspas também coloquei a fava para ferver junto – dá um gostinho a mais delicioso!)
    • 1 canela em pau
    • 300 g de cereja fresca
    • 2 colheres de sopa de açúcar
    • 1 colher de sopa de vinagre balsâmico
    • 1 colher de sobremesa de conhaque

    Modo de Preparo

    1. Comece com a calda levando as cerejas em uma panela com o açúcar ao fogo médio. Vá mexendo de vez em quando, até que elas fiquem macias e forme uma calda escura. Isso leva cerca de 5 a 8 minutos. Em seguida coloque o vinagre balsâmico e o conhaque. Deixe por mais um minuto no fogo e desligue. Depois que esfriar, leve a geladeira.
    2. Para fazer o arroz, você deve lavá-lo apenas uma vez. Em seguida coloque para cozinhar em duas xícaras de água. Deixe que cozinhe completamente, em fogo médio, dando uma mexida de vez em quando. Assim que a água secar, adicione o leite, o açúcar, a baunilha, a canela e a fava. Mexa de vez em quando até que tenhas o arroz bem cremoso. É hora de desligar. Deixe esfriar.
    3. Coloque em taças e adicione a calda de cerejas por cima.

    Dica

    Pode ser servido frio ou morninho, com a calda gelada por cima fica uma delícia!
  • Comédia,  Drama,  Salgados

    Intocáveis & Estrogonofe de carne

    Fazia algum tempo que eu estava para assistir Intocáveis, um filme dirigido por Olivier Nakache e Eric Toledano, que conta a história real de Philippe Pozzo di Borgo com o argelino Abdel Yasmin Sellou. Na história são respectivamente Philippe, um empresário rico que fico tetraplégico (vivido pelo excelente François Cluzet) e Driss (Omar Sy) que passa a ser seu ‘enfermeiro’ logo no início da película. Driss não queria o emprego. Apenas queria uma assinatura para levar ao Seguro Social, que lhe garantiria mais um mês de renda.

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    Omar Sy conquista o telespectador desde o começo do filme, impossível não se contagiar pelo sorriso enorme e a sinceridade daquele ser humano. É isso que faz com que Philippe se sinta tão bem ao lado dele. Meio desajeitado, vai aprendendo como se cuida de uma pessoa deficiente, mas sem nunca deixar isso claro. Não há diferenças. Eles se divertem o filme todo, desde um passeio no meio da noite quando lhe falta o ar, até quando estão em um restaurante e Omar diz: ‘o bolinho estava mole por dentro, por favor me veja uma tarte, mas dessa vez bem cozida’ – falando do petit gateau que comeu de sobremesa.
    Os mundos completamente diferentes dos dois se chocam em uma das coisas mais bonitas que podem existir entre duas pessoas: a amizade. O que era para ser apenas uma relação de trabalho, se torna uma lição de vida e de como se deve tratar as pessoas: sem desigualdade.

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    É um filme divertido e que prenderá a sua atenção do início ao fim.
    Um menção honrosa para cena do aniversário de Philippe, quando Driss, depois de ouvir todas as músicas clássicas do patrão, coloca um soul e começa a dançar, puxando todo mundo para a pista. O que se vê é que ele dança pelo amigo, já que o mesmo só mexe do pescoço pra cima. Épico. Você se pega sorrindo para tv e com o coração cheio de felicidade.Resolvi postar com o filme um Estrogonofe, porque apesar de ser um prato russo, temos dedinhos franceses quando foi introduzido o cogumelo em seu preparo, o que é bem comum em nossa cozinha de hoje.

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    Estrogonofe de Carne

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 2

    Ingredientes

    • 400 gr. de alcatra cortada em tirinhas (podes usar outra carne de sua preferência como filet mignon ou patinho)
    • 1 cebola grande picada
    • 2 dentes de alho
    • 1 colher de sopa de manteiga
    • 1 colher de azeite de oliva
    • 300 ml de creme de leite fresco
    • 200 g de champignon em lascas (usei mini-champignon por isso não cortei)
    • 1 colher de sopa de páprica doce
    • 1 colher de sopa de páprica picante
    • 1 colher de sopa de farinha de trigo
    • 1/2 xíc. de caldo de carne pronto Sal a gosto Conhaque para flambar
    • Sal a gosto Conhaque para flambar
    • Conhaque para flambar

    Modo de Preparo

    1. Em uma panela bem quente coloque a manteiga para derreter com o azeite. Coloque metade da carne para fritar. Quando estiver dourada, retire da panela e leve a outra metade para fazer o mesmo processo. (isso serve para não juntar água e evitar que a carne endureça.)
    2. Volte com a carne toda a panela e adicione a cebola e o alho. Acrescente o conhaque e flambe. Deixe refogar por alguns instantes. Coloque a farinha e misture bem.
    3. Em seguida adicione o caldo de carne, os champignon, as pápricas e o sal. Em fogo baixo, deixe isso apurar por uns 10 minutos.
    4. Com o fogo já desligado coloque o creme de leite e misture bem. Sirva com arroz e batata palha.

     

  • Drama,  Salgados

    Drive & Pizza de Aliche

    Drive, do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn, surpreende pelo passeio que dá na história do cinema. Temos referência incríveis, como o eterno palito no canto da boca que lembra Clint Eastwood, com seu cigarrinho nos épicos filmes de western. Também cenas de violência inesperada, dignos de uma filmagem de Brian de Palma, completados por tiroteios doidos à la Quentin Tarantino. De Taxi Driver à Scarface ele vai até a corrupção de Abel Ferrara. E como não lembrar da cena do martelo de Oldboy? Sem dúvidas, a Palma de Ouro de melhor direção no Festival de Cannes de 2011 foi pra lá de merecido.

    Eu não participo do roubo e não porto armas. Eu dirijo.

    O filme foi baseado no livro de James Sallis, que ainda não tive a oportunidade de ler, e uma trilha sonora que transborda anos 80 feita por Cliff Martinez.

    Fato é que o protagonista, vivido por Ryan Gosling, não tem nome. Ele é apenas o motorista. Um homem que ganha a vida entre ser dublê de filmes de ação e mecânico em uma oficina. A noite ele é motorista contratado para dirigir em assaltos e fugas. Não se sabe de onde veio, quem é, se tem família, nem o que espera da vida. Ele apenas está ali vivendo um dia após o outro até o momento em que cai nos encantos de sua vizinha Irene e sua vida dá uma bela mudada.

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    Irene (vivida pela extraordinária Carey Mulligan, de Shame) é mãe de um menininho e mulher de um cara que está na prisão por conta de um assalto mal sucedido. No maior estilo precisodeproteçãoeajuda, ela cai nas graças do calado vizinho motorista.

    Acredito que o papel de Ryan foi muito bem concebido pelo diretor, por vezes, as poucas palavras dele irritam, mas por outro lado, a maioria das cenas não precisa de diálogo nenhum. Incrível como isso fica genial na condução do filme, enquanto a tensão toma conta.

    Com a saída do marido de Irene da prisão, as coisas começam a se complicar. Tudo que se esperava de um romance bonito é fadado automaticamente a ruína. Standard (sim, é esse o nome do marido) está precisando acertar as contas de uma proteção que recebeu na prisão. É intimado a fazer um ‘último assalto’ para pagar a dívida. Preocupado com a segurança de Irene e do filho, o nosso anti-herói se dispõe a dirigir o carro na fuga.

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    Sabe aquela coisa de não sei porque me meti nisso e agora mesmo querendo não tenho como sair? Pois é.
    O filme tem a melhor cena (evah!) de fuga de carros da história do cinema. Se não me engano, acho que só me segurei na cadeira desse jeito em Ronin.
    Na enigmática e tão destacada jaqueta que exibe um escorpião, temos uma forte referência ao conto de Esopo. Nem mesmo a mais doce pessoa vai contra sua natureza. É essa a idéia central.
    Para mim, foi um dos melhores filmes de 2011.
    Fica a pergunta: quem arriscaria tudo pela única coisa que aprendeu a amar?

    Preciso ir a um lugar agora. Acho que posso não voltar mais.
    Eu só queria que soubesse que estar ao seu lado foi a melhor coisa que me aconteceu.

    No filme temos a Pizzaria do Nino que nada mais é que um centro de lavagem de dinheiro da máfia local. Sendo assim, não poderia eu deixar de fazer uma pizza para acompanhar o filme.

    Estava a procurar uma massa de pizza bem prática, daquelas que a gente pode fazer em um piscar de olhos quando dá fome no meio do nada e não tem muitas coisas em casa. Foi então que perguntei as minhas queridas amigas e blogueiras: alguém tem uma receita de pizza bem boa? Priscila Darre do Culinarístico me disse: a da minha sogra. Eis então que testei e aprovei a massa. É muito fácil de fazer e fica saborosíssima. Vamos lá?

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    Pizza de Aliche

    Prep Time: 60 mins
    Cook Time: 30 mins
    Serve : 2

    Ingredientes

    • Massa: 2 xícaras de farinha de trigo
    • 2 colheres de azeite de oliva
    • 1 pitada de sal
    • 1 pitada de açucar
    • 1 colher de sopa de fermento instantâneo (tipo Royal)
    • Agua morna suficiente para ‘dar liga’ (usei mais ou menos 1/2 xícara)
    • Recheio: 1 tomate grande
    • 1 pitada de sal
    • 1 dente de alho
    • 1 pitada de orégano
    • 250 g. de queijo mussarela 40 g. de files de aliche (cerca de meio vidrinho) Azeitonas Cebolas roxas em rodelas
    • 40 g. de files de aliche (cerca de meio vidrinho) Azeitonas Cebolas roxas em rodelas
    • Azeitonas Cebolas roxas em rodelas

    Method

    1. Massa: Leve todos os ingrediente secos para uma bacia e misture. Adicione o azeite e vá colocando água até conseguir uma consistencia uniforme – nem muito seca, nem muito molhada. Deixe descansar por 20 minutos. Molho: Bata todos os ingredientes no liquidificador. Reserve. Montagem: Passados os minutos de descanso, abra a massa em uma bancada enfarinhada. Leve ao forno pré-aquecido a 180º por 10 minutos. Vire a massa. Espalhe o molho de tomate, a mussarela, os filés de aliche, as azeitonas e por fim as cebolas. Forno por mais uns 10 minutinhos e está pronta pra ser servida regada por um bom azeite. Rende 1 pizza redonda de 35 cm.