Comédia

  • Comédia,  Doces,  Drama,  Romance

    As vantagens de ser invisível & Milkshake de Baden Baden Golden

    Em “As vantagens de ser invisível”, filme de 2012, Charlie é um adolescente que está prestes a entrar em seu último ano do ensino médio. Um garoto tímido e com alguns traumas pessoais, como o suicídio do melhor amigo e a morte da tia que ele gostava tanto.

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    Este momento que você sabe que não é uma história triste.
    Você está vivo.
    Você se levanta e vê as luzes nos prédios e tudo que faz você se perguntar.
    E está ouvindo aquela música, naquele passeio, com as pessoas que mais ama neste mundo.
    E, neste momento, eu juro…
    nós somos infinitos.

    Ao contrário do que se pensa, esse filme não é apenas para o público adolescente. Você, adulto, como eu, vai acabar se identificando em muitas partes dele. Quem nunca se sentiu sozinho e encontrou de repente amigos que compartilham das mesmas filosofias e loucuras de vida que a sua? A partir desse momento a vida muda.

    O filme é baseado no livro homônimo de Stephen Chbosky que também dirige e é roteirista do filme. Acho que por isso temos uma obra super fiel ao livro, coisa que é bem difícil de acontecer.
    Voltando a história do filme, Charlie se sente solitário, já que, começa a estudar em uma escola nova.

    O bullying é grande e ele acaba ficando amigo de seu professor de Literatura, vivido por Paul Rudd. Há uma enorme identificação entre os dois, pois apesar de ser um aluno super quieto, o professor instiga o aluno a se comunicar, transformando isso em uma bela amizade e temos ali diálogos interessantíssimos no filme.

    Em uma partida de futebol americano, Charlie timidamente se aproxima de Patrick (quem dá vida a essa personagem é o excepcional jovem ator Ezra Miller, que já vimos – e nos surpreendemos – em “Precisamos falar sobre Kevin) e acaba conhecendo também Sam ( Emma Watson – de Harry Potter), a meia-irmã de Patrick, pela qual Charlie vai acabar se apaixonando perdidamente no decorrer do filme. Sam, por sua vez, faz o papel daquela garota que sempre se apaixona pelos homens errados e acabamos agraciados por esse trio de amigos, confidentes, companheiros e acima de tudo leais.

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    “Nós aceitamos o amor que achamos merecer.”

    O filme é produzido por John Malkovich, Lianne Halfon e Russell Smith e foi todo filma do em Pittsburgh, como realmente foi a vida do diretor, já que esse é um filme auto-biográfico.

    Logan Lerman, que interpreta Charlie, começa a descobrir todos os lados bons e ruins da vida, fora do casulo da solidão. O primeiro amor, beijo, porre, chapação. Mas também descobre como é bom se sentir amigo de alguém, ter alguém pra contar e ao mesmo tempo estar totalmente a disposição quando precisam da gente.

    Precisamos falar sobre Ezra Miller, fazendo um trocadilho com o filme de maior sucesso dele, pois ele rouba a cena. De coadjuvante, para mim, passa a ser o ator principal do filme. Um homossexual assumido, que namora escondido um dos jogadores do time da escola, um amigo de fé, uma criatura emblemática, engraçada, incrível. Aquela pessoa que todo mundo deveria ter uma do lado. Dramaticamente belo.

    O filme é romântico, profundo e sincero, como todos os filmes adolescentes tentaram ser e não conseguiram. Conta com uma trilha sonora ótima que vai desde Heroes do David Bowie até Asleep do The Smiths.

    Em uma das cenas mais significantes do filme, Sam prepara um milkshake para Charlie, e é com isso que ele brinda a sua entrada na vida nova, com amigos tão doidos quanto ele, mas que são tão amigos quanto qualquer amigo que se poderia ter.

    Sam…
    Você tem olhos castanhos tão lindos.
    Do tipo que merece se gabar. Entende?
    Está bem, Charlie. Vou preparar o milkshake.
    Que ótima palavra. Milkshake.

    Trailer:

    Então eu pedi a minha amiga Priscila Darre, do Culinarístico, que fizesse um Milkshake para acompanhar o filme de hoje. Não é um milkshake para crianças. É para adultos. Ele é feito com a nossa queridinha cerveja Baden Baden Golden que tem em sua composição canela, o que a deixa com um tom mais adocicado e delicioso. Combina muito com a cremosidade do sorvete, transformando a junção disso um verdadeiro suco dos deuses. Vamos a receita da Pri?

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    Milkshake de Baden Baden Golden

    Preparo: 15 mins
    Serve: 1

    Ingredientes

    • 3/4 de garrafa de Baden Baden Golden Calda para sorvete de café para enfeitar
    • 2 1/2 xícaras de sorvete de baunilha/creme
    • Calda para sorvete de café para enfeitar

    Modo de Fazer

    1. Coloque o sorvete no liquidificador e espere ficar mais cremoso, em seguida adicione a cerveja e bata. Se ficar muito liquido adicione mais sorvete. Enfeite o copo com calda de café pois combina perfeitamente com a canela da Golden!
  • Comédia,  Romance,  Salgados

    Valentin & Talharim ao Funghi Secchi

    Adotei essa frase para a minha vida desde que assisti pela primeira vez a esse filme argentino de 2003:

    Enfim, a vida é um talharim!

    Valentin é um menino de 8 anos que mora com a avó (vivida pela sensacional Carmem Maura). Acho muito sonoro como se diz avó em espanhol “abuela”. Sonoridades a parte, ele é uma daquelas crianças inventivas, que sonha em ser astronauta. Não se priva de tentativas engraçadas, treinando para quando estiver no espaço, luta contra uma falta gravidade inventada e é cheio dos apetrechos.

    Valentin é apaixonante.

    Aquele pequeno garoto com um óculos enorme, um coração gigante e uma vida curta e já tão sofrida. Os pais se separaram e sua mãe foi embora, o deixando com a avó. O pai pouco lhe visita.

    Valentin é o tipo de menino querido, conselheiro dos vizinhos e amigos, do seu modo singelo e sem nenhuma maldade. Ele fica se indagando porque a vida cria tantos obstáculos para ser bem vivida. Um dos requisitos para ele seria ter uma madrasta loira, inteligente e linda. Só isso e algumas coisinhas mais. Com a doçura da pureza de uma criança, Valentin nos pega pela mão e vai nos levando durante o filme, entre lágrimas e risadas é um dos grandes títulos do cinema argentino de todos os tempos, na minha singela opinião.

    Nada mais ÓBVIO que eu fazer uma receita de Talharim hoje, né?

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    Talharim ao Funghi Secchi

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 18

    Ingredientes

    • 200 g de talharim
    • 1 xic. de vinho branco seco (se quiser podes usar água para hidratar, mas o vinho dá um tcham no sabor)
    • 1 lata de creme de leite sem soro
    • 30 g de funghi secchi
    • 1 cebola picada
    • Sal a gosto Pimenta do reino moída na hora a gosto

    Modo de Preparo

    1. Coloque o funghi para hidratar no vinho. Deixe por ali por uns 15 minutos, depois desse tempo escorra e reserve o caldo do vinho. Enquanto isso coloque a água em uma panela para cozinhar a massa.
    2. Quando a agua estiver fervendo adicione um pouco de sal. Despeje a massa, que deve estar cozida em cerca de 10 minutos.
    3. Vamos fazendo o molho colocando as cebolas para dourar no azeite, quando estiverem coradas, acrescente o funghi escorrido (eu geralmente não os corto, deixo do tamanho que eles vem, acho mais saboroso). Tempere com o sal e a pimenta do reino. Despeje o líquido que ficou da hidratação e deixe apurar por uns 3 minutos até que evapore um pouco. Prove o sal, acrescente o creme de leite, mexa bem até incorporar.
    4. Escorra a massa, adicione o molho por cima e sirva em seguida.

     

  • Comédia,  Drama,  Salgados

    Intocáveis & Estrogonofe de carne

    Fazia algum tempo que eu estava para assistir Intocáveis, um filme dirigido por Olivier Nakache e Eric Toledano, que conta a história real de Philippe Pozzo di Borgo com o argelino Abdel Yasmin Sellou. Na história são respectivamente Philippe, um empresário rico que fico tetraplégico (vivido pelo excelente François Cluzet) e Driss (Omar Sy) que passa a ser seu ‘enfermeiro’ logo no início da película. Driss não queria o emprego. Apenas queria uma assinatura para levar ao Seguro Social, que lhe garantiria mais um mês de renda.

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    Omar Sy conquista o telespectador desde o começo do filme, impossível não se contagiar pelo sorriso enorme e a sinceridade daquele ser humano. É isso que faz com que Philippe se sinta tão bem ao lado dele. Meio desajeitado, vai aprendendo como se cuida de uma pessoa deficiente, mas sem nunca deixar isso claro. Não há diferenças. Eles se divertem o filme todo, desde um passeio no meio da noite quando lhe falta o ar, até quando estão em um restaurante e Omar diz: ‘o bolinho estava mole por dentro, por favor me veja uma tarte, mas dessa vez bem cozida’ – falando do petit gateau que comeu de sobremesa.
    Os mundos completamente diferentes dos dois se chocam em uma das coisas mais bonitas que podem existir entre duas pessoas: a amizade. O que era para ser apenas uma relação de trabalho, se torna uma lição de vida e de como se deve tratar as pessoas: sem desigualdade.

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    É um filme divertido e que prenderá a sua atenção do início ao fim.
    Um menção honrosa para cena do aniversário de Philippe, quando Driss, depois de ouvir todas as músicas clássicas do patrão, coloca um soul e começa a dançar, puxando todo mundo para a pista. O que se vê é que ele dança pelo amigo, já que o mesmo só mexe do pescoço pra cima. Épico. Você se pega sorrindo para tv e com o coração cheio de felicidade.Resolvi postar com o filme um Estrogonofe, porque apesar de ser um prato russo, temos dedinhos franceses quando foi introduzido o cogumelo em seu preparo, o que é bem comum em nossa cozinha de hoje.

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    Estrogonofe de Carne

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 2

    Ingredientes

    • 400 gr. de alcatra cortada em tirinhas (podes usar outra carne de sua preferência como filet mignon ou patinho)
    • 1 cebola grande picada
    • 2 dentes de alho
    • 1 colher de sopa de manteiga
    • 1 colher de azeite de oliva
    • 300 ml de creme de leite fresco
    • 200 g de champignon em lascas (usei mini-champignon por isso não cortei)
    • 1 colher de sopa de páprica doce
    • 1 colher de sopa de páprica picante
    • 1 colher de sopa de farinha de trigo
    • 1/2 xíc. de caldo de carne pronto Sal a gosto Conhaque para flambar
    • Sal a gosto Conhaque para flambar
    • Conhaque para flambar

    Modo de Preparo

    1. Em uma panela bem quente coloque a manteiga para derreter com o azeite. Coloque metade da carne para fritar. Quando estiver dourada, retire da panela e leve a outra metade para fazer o mesmo processo. (isso serve para não juntar água e evitar que a carne endureça.)
    2. Volte com a carne toda a panela e adicione a cebola e o alho. Acrescente o conhaque e flambe. Deixe refogar por alguns instantes. Coloque a farinha e misture bem.
    3. Em seguida adicione o caldo de carne, os champignon, as pápricas e o sal. Em fogo baixo, deixe isso apurar por uns 10 minutos.
    4. Com o fogo já desligado coloque o creme de leite e misture bem. Sirva com arroz e batata palha.

     

  • Comédia,  Doces,  Drama

    Toda Forma de Amor & Panquecas com doce de leite

    O filme começa com Oliver (Ewan McGregor) na casa dos pais recolhendo e separando coisas que vai levar consigo ou jogar fora alguns dias após a morte do pai. Hal Fields foi casado durante 44 anos e foi gay uma vida toda, porém só assumiu isso para o filho e a sociedade após a morte de sua esposa.

    Você me faz rir, mas não é engraçado.

    Arthur, o cachorro. Não tem como você não se apaixonar por aquele pequeno Jack Russel simpático ouvinte e conselheiro.

    Vamos falar de Christopher Plummer? O ator de 83 anos dá um banho de atuação que acabou por lhe render o Oscar e Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante em 2012. No papel de Hal ele revela um homem que, apesar da idade avançada e acometido por uma doença grave, não tem medo de viver e curtir muito o que lhe resta ainda. E é esse olhar de admiração que vemos muitas vezes vindas do filho para ele. Poderia ter até uma legenda: “se ele consegue, eu posso arriscar também”. O que falta, as vezes, é um pouco de coragem.

    Seis meses depois, meu pai me disse que era gay. Tinha acabado de fazer 75 anos. Sempre me lembro que ele estava com um suéter roxo quando me contou, mas na verdade ele vestia um robe.

    O filme tem umas cenas narrativas que me lembraram muito “O fabuloso destino de Amelie Poulain” – acredito que esse tipo de coisa faz com que as personagens se aproximem mais do público, quase como uma conversa com um amigo. É um filme leve, que rende de boas risadas a lágrimas bonitas e nada cansativo.

    Em uma festa a fantasia onde Oliver vai vestido de Freud, ele conhece a bela Anna (Mélanie Laurent), uma jovem atriz que mora em um hotel e leva uma vida de idas e vindas por conta de seus testes e gravações. Aquela identificação mágica que se dá quando a gente se apaixona por alguém é o que acontece entre eles dois. Um mix de risadas, papos longos e sérios e olhares que dizem mais do que as palavras poderiam fazer. Teria ele coragem de agora se arriscar nesse romance, contrariando todas as frustradas relações anteriores e, principalmente, tirar da mente a relação morna e estereotipada que via entre o pai e a mãe?

    Seríamos todos nós iniciantes (Beginners – como o título original do filme) no amor, como a bela e jovem Anna, como Oliver e seus 30 e poucos doloridos anos ou como Al que a beira da morte e quase 80 anos se joga em um romance?

    Trailer:

    Assista e depois me conte =)

    Hoje teremos panquecas doces para acompanhar o post. Porque a vida tem um sentido ainda maior quando se tem um bocado de açúcar, amor e pequenas alegrias.

    Panquecas de doce de leite

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 2

    Ingredientes

    • 1 xíc. de farinha de trigo
    • 1 1/2 xíc. de leite
    • 1 colher de café açúcar
    • 1 colher de sopa de manteiga
    • 1 ovo
    • Doce de leite
    • Queijo branco

    Modo de Preparo

    1. Bata no liquidificador o ovo, leite, açúcar e a manteiga por alguns minutos até misturar bem. Em seguida acrescente a farinha e bata ate obter uma mistura homogênea. Deixe descansar por uma meia hora.
    2. Aquela uma frigideira anti-aderente e pincele um pouco de manteiga (você só precisará fazer isso para a primeira panqueca). Com uma concha coloque a massa no centro e vá virando a frigideira para que ela se espalhe por todo o fundo. Espere alguns segundos e vire. Faça o mesmo até acabar a massa.
    3. Recheie com o doce de leite e uma fatia de queijo branco. Sirva em seguida.
  • Comédia,  Doces

    Românticos Anônimos & Bolo de Chocolate

    Românticos Anônimos (Les émotifs anonymes) é um daqueles filmes que servem para alegrar aqueles dias indóceis. Assim como o chocolate, que é praticamente o protagonista do filme.

    – Muitos associam o chocolate aos doces.
    – Quando, de fato…
    – O amargor?
    – Como?
    – O importante no chocolate é o amargor.
    – Sim, o amargor…
    – É o amargor disfarçado que o distingue dos doces.

    Já pensou em um grupo de ajuda para tímidos? Como em uma reunião do AA, as pessoas vão lá para dizer que não conseguem se comunicar, expor seu sentimentos ou emoções para os outros. Do nervosismo ao suor nas mãos em situações que passam, as reuniões são sempre muito cheias de desabafos.

    Temos Angelique e Jean-René. Ela é uma especialista em chocolate que vai em uma entrevista de emprego na pequena fábrica de chocolate dele, que beira a falência. Durante a conversa ela não consegue dizer ao que veio, então acaba por aceitar o cargo de representante de vendas. O que ela não sabe é que ele sofre do mesmo mal dela: é um tímido crônico. Ele se trata com um terapeuta, que passa para ele pequenos exercícios para superar isso.

    O que não se imaginava é que os dois iriam se apaixonar. Já pensou que coisa complicada dois tímidos tentando dar o primeiro passo?

    O filme é delicado e encantador. Bem leve e cheio de momentos de risadas. Um boa comédia romântica para assistir comendo um pedaço de bolo de chocolate e tomando uma xícara de chá.

    – Minhas mãos estão suadas.
    – Não me importo.
    – Meu estômago está roncando.
    – É bonito.
    – Fico sempre ruborizada.
    – Acho deslumbrante.
    <3

    Sabe bolo que sempre dá certo? Assim que considero as receitas do livro da Rita Lobo: Panelinha, receitas que funcionam. Esse é daqueles bolos que fica com uma casquinha em cima e macio por dentro. Verdadeiro desbunde. Vamos a receita?

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    Bolo Fofíssimo de Chocolate

    Prep Time: 60 mins
    Cook Time: 30 mins
    Porções: 8

    Ingredientes

    • 4 ovos
    • 1 xícara (chá) de açúcar
    • 1 xícara (chá) de chocolate em pó
    • 1 xícara (chá) de óleo
    • 1 xícara (chá) de água quente
    • 2 xícaras (chá) de farinha de trigo 1 colher (sopa) de fermento
    • 1 colher (sopa) de fermento

    Modo de Preparo

    1. Ligue o forno a 180ºC (temperatura média). Unte uma forme com buraco no meio com manteiga e polvilhe com farinha de trigo.
    2. Peneire o açúcar e o chocolate em pó. Junte os ovos e o óleo e bata na batedeira por alguns minutos. Vá adicionando a farinha (também peneirada) aos poucos. Intercale adicionando a água. Por último coloque o fermento e mexa com cuidado.
    3. Coloque na forma e leve ao forno por uns 30 minutos, faça o teste do palito, se sair limpo, já sabe…está pronto =)

    Obs:

    Receita original no site do Panelinha
  • Ação,  Comédia,  Drama,  Salgados

    Tampopo & Lámen

    Hoje tem participação ilustre e especial no blog, minha amiga Daiany Dantas, que fazia comigo o antigo blog “Quarto 2046″…E não é que ela fez uma introdução linda contando um pouco de como ficamos amigas?

    “As pessoas mais duras (ia usar empedernidas, mas imagina, nem tenho 124 anos) são meio avessas ao que elas chamam de “amizades virtuais”, imaginam logo uma rede de intrigas, sequestros, chantagem, todo um filme noir dos anos 50. Na verdade, uma amizade virtual é uma conquista posta à prova todos os dias, pela sinceridade, presença (ainda que não seja a física), constância e lealdade das partes envolvidas. Como qualquer outra amizade. A única diferença é que há um computador no meio de campo, mediando tudo. Pois bem, desde 2005 eu e a Sara demos algum trabalho aos nossos computadores. Foram muitas e muitas conversas, jantares, idéias e vinhos divididos entre uma teclada e outra. Se a presença é feita de afeto e de verdade, posso garantir que ela é uma das amigas mais presentes em minha vida. E, com o perdão do trocadilho barato, um verdadeiro presente. Com quem posso contar em dia de chuva, sol, tempestade ou tsunami. Ela está sempre ali, dando força. Durante algum tempo, mantive, junto com a Sara, o blog Quarto 2046, quer dizer, ‘mantive’ é pretensão minha mesmo. Pois no final das contas era bem mais ela quem tocava o barco e não deixava a peteca cair. A idéia surgiu de nossos inúmeros diálogos (insensatos) sobre filmes que víamos e nos apaixonavam perdidamente. Discutíamos desde as questões mais sérias, como direção, narrativa, fotografia, etc, às mais destrambelhadas, sobrando sempre algum espaço para exaltar a beleza dos incríveis atores asiáticos que tanto amamos. E, creiam-me, discutir filmes com a Sara é um prazer à parte. Uma atividade amplamente auto-reflexiva, na qual tomamos parte da história e nos deixamos revelar pelo enredo. Terapia perde. O texto a seguir foi publicado originalmente em nosso antigo blog. Como fã do Cozinha em Cena, agradeço pelo convite super fofo e generoso. Super contente por estar presente neste espaço tão bonito, saboroso e bem cuidado, como tudo o que essa moça faz.”

    Pra comer fazendo barulhinho…

    Apelidado de Lámen western pelo seu diretor – numa época em que a versão italiana para os westerns americanos (o spaghetti western) lotava cinemas – Tampopo é uma divertida história sobre a importância social da comida no Japão, revelando o quanto da honra, amor, luxúria e verdade podem estar contidos numa porção de comida. Um filme sobre comida à altura de grandes como “Festa de Babette” e “Como água para chocolate“, que merece ser visto por cinéfilos e gourmets. Sobretudo por trazer à tona as idiossincrasias da mesa japonesa. Nunca fui grande espectadora dos Westerns, mas acho que Tampopo tangencia o gênero, sobretudo na figura de Goro (Tsumotu Yamazaki, o ‘melancolicamente saboroso’ chefe de “A partida“), um cowboy nipônico do asfalto, que cruza cidades pequenas em seu caminhão, em companhia de seu escudeiro (um jovem e irreconhecível Ken Watanabe), vestindo um ostensivo e raro chapéu de vaqueiro americano.
    É num desses bares da vida que Goro se solidariza com o drama da Sra. Tampopo (Nobuku Myiamoto) – que quer dizer ‘dente de leão’ -, uma mãe solteira que prepara sopas de noodles (o já assimilado em nossa dieta miojão – macarrão japonês) para criar o único filho – um garotinho vítima de bullying, adivinhem por quê? Não deve ser fácil ser filho de mãe solteira no Japão. Menos ainda ser uma mulher que toca o próprio negócio. Encantado pela cozinheira – muito mais por sua simpatia e charme que pelos dotes culinários, que não ganham os elogios do gourmet Goro – o caminhoneiro embrenha-se numa missão de vida: ajudar Tampopo a preparar o melhor Lámen da região. Uma jornada que ganha o curso de todo o filme e revela-se bem mais difícil que parece, ela precisa visitar as pequenas e grandes casas de Lámen, encobrir-se, descobrir os segredos do preparo e no atendimento, saber o ponto certo da água, memorizar o pedido de cada freguês, o tempero adequado e a dose exata de cada ingrediente, e se dedica a isso com uma devoção oriental – como era de se esperar.
    Encantado pela cozinheira – muito mais por sua simpatia e charme que pelos dotes culinários, que não ganham os elogios do gourmet Goro – o caminhoneiro embrenha-se numa missão de vida: ajudar Tampopo a preparar o melhor Lámen da região. Uma jornada que ganha o curso de todo o filme e revela-se bem mais difícil que parece, ela precisa visitar as pequenas e grandes casas de Lámen, encobrir-se, descobrir os segredos do preparo e no atendimento, saber o ponto certo da água, memorizar o pedido de cada freguês, o tempero adequado e a dose exata de cada ingrediente, e se dedica a isso com uma devoção oriental – como era de se esperar. É divertido ver Goro amealhando ajudantes para apoiar Tampopo em sua batalha pelo Lámen perfeito – experts inusitados em Lámen, como o chofer de um velho chefão Yakuza e um professor aposentado. O filme traz um humor bem peculiar, o Lámen western não usa dos artifícios das tortas na cara, em vez disso, questiona relações sociais estabelecidas em sociedades de tradições rígidas como o Japão. Há espaço para o debate de questões de gênero e a lógica oriental da subserviência entre discípulo e aprendiz. Também deixa claro que a comida é algo central na vida dos japoneses e japonesas – algo tão valioso como um membro da família ou um parceiro de cama, pelo qual vale a pena correr riscos, matar ou morrer… Outra coisa que me agradou bastante em Tampopo foi a montagem non sequitur*. O diretor conduz perfeitamente a história central em meio a esquetes curtos e tão ricos em ironia. Como a da velhinha que sente prazer em amassar a comida do mercado ou as participações pra lá de sensuais do misterioso homem do terno branco (Koshi Yakusho, de Shall we dance, jovem e muito gato). Um filme pra sorver sem pejo, fazendo barulhinho, e assistir, de preferência, com um bom prato de lámen nas mãos.

    (Daiany Dantas)

    *Non sequitur (expressão latina para “não se segue”) é uma falácia lógica que acontece quando uma conclusão não segue as suas premissas.

    Lámen de Legumes

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 18

    O que você vai precisar?

    • 250 g de macarrão para lámen
    • 200 g de shimeji
    • 1 folha de nori (em pequenos quadrados)
    • 100 g de brócolis
    • Cebolinha em rodelas
    • 1/2 cebola picada
    • 1 dente de alho
    • 1/2 talo de alho-poró em rodelinhas
    • 4 gotas Óleo de gergelim
    • Manteiga
    • Óleo de girassol
    • Shoyu a gosto
    • 1/2 cubo de caldo de legumes
    • 1 ovo cozido
    • 2 xic. de água (para o caldo)
    • 1 litro de água (para cozinhar o macarrão)

    Como fazer?

    1. Coloque 1 litro de água para aquecer.
    2. Refogue a cebola e o alho no óleo de girassol. Junte a água, o caldo de legumes, nori, brócolis, shoyu, óleo de gergelim e a água. Deixe ferver por uns 10-15 minutos, até que o brócolis esteja cozido (não pode ficar molenga).
    3. Em uma frigideira coloque a manteiga e o shimeji, refogue por alguns minutos, reserve. Ali mesmo coloque o alho-poró para refogar.
    4. Agora que a água já deve estar fervendo, cozinhe o macarrão conforme instrução da embalagem. O que usei leva apenas 1 minuto para ficar pronto. Escorra o macarrão.
    5. Em um bowl coloque o macarrão, junte o caldo de legumes, arrume os legumes em cima, o ovo partido ao meio e por fim coloque as cebolinha em rodelas. Pronto, agora é só comer.
  • Comédia,  Salgados

    Soul Kitchen & Carré de Cordeiro com Crosta de Cogumelos

    Fatih Akin é um diretor turco que sempre me deixou encantada com seus filmes dramáticos e profundos. Foi uma surpresa para mim vê-lo dirigindo uma comédia leve. Acredito que ele conseguiu tirar das pessoas algumas boas risadas em sua primeira experiência com filmes do gênero.
    Soul Kitchen é o nome do um restaurante comandado pelo seu dono, o simpático Zinos, vivido pelo ator alemão Adam Bousdouko. A casa não vai nada bem, devendo impostos ao governo, na mira da vigilância sanitária, um irmão presidiário em liberdade provisória que precisa de ‘um emprego’, a namorada que está indo embora para a China, uma travada nas costas e péssima comida.
    No meio de tudo isso ele conhece o chef vivido por Birol Ünel – e aí voltamos aos ‘atores fetiche’ de alguns diretores, vejo que aqui temos isso com Fatih e Birol, como entre Kar-wai e Tony Leung – que chega para renovar a cozinha do restaurante e, quem sabe assim, dar um “up” na lucratividade do mesmo e possa mantê-lo aberto, como tanto sonha Zinos. O que será que vai dar tanta confusão?
    Apesar de todos os percalços que são enfrentados pelo protagonista e o resto do elenco, vemos que Fatih tentou mostrar que nunca devemos desistir de nossos ideais. É uma coisa que impressiona muito: a persistência de Zinos em manter o modo com o qual resolveu levar sua vida, sua profissão e seu amor.
    A trilha sonora é um caso a parte. Poderia ficar o resto do dia falando dela. De Quincy Jones a Ruth Brown, é algo que deve ser escutado cozinhando e arriscando até uma dancinha no meio da cozinha.

    Carré de cordeiro com crosta de cogumelos

    Prep Time: 15 mins
    Cook Time: 30 mins
    Yields: 18

    O que você vai precisar?

    • 400 g carré de cordeiro
    • 2 fatias de pão de forma branco
    • 75 g de shitake fresco
    • 10 g de funghi seco (hidratado em água morna por uns 15 minutos)
    • 50 ml Azeite de oliva extra virgem
    • 25 g de Manteiga
    • 1/2 cebola
    • 40 g queijo parmesão
    • 2 colheres de sopa de mostarda dijon
    • 2 dentes de alho
    • Alecrim, tomilho e hortelã, a gosto Sal e pimenta-do-reino, a gosto
    • Sal e pimenta-do-reino, a gosto

    Como fazer?

    1. Primeiro faça a crosta: leve ao processador pão, shitake, funghi, manteiga, cebola, queijo parmesão, alho e as ervas. Bata até obter uma pasta.
    2. Agora grelhe de ambos os lados no azeite os carrés em uma frigideira bem quente. Em seguida, disponha os carrés em uma forma, passe a mostarda dijon e coloque uma camada de crosta em cada um deles. Leve ao forno por 15-20 minutos em temperatura média.
    3. Sirva acompanhado de um arroz ou de couscous de legumes, como fizemos. A receita do couscous vem em outro post, em breve =).

    Obs:

    Essa espumante Pinot Noir é divina. Harmonização perfeita.